Judas – Batalhando pela Fé
Essas cartas mais curtas do Novo Testamento são frequentemente negligenciadas, mas negligenciar esta carta importante diz mais sobre nós do que sobre o livro de Judas. “Negligencia-la reflete mais a superficialidade da geração que a negligência do que a irrelevância da sua mensagem ardente.” (Guthrie)
A. O perigo que leva Judas a escrever esta carta
1. (1) O autor e os leitores
Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados por Jesus Cristo,
a. Judas: O nome é literalmente “Judas”, mas para evitar a conexão com Judas Iscariotas, o homem infame que traiu Jesus, a maioria dos tradutores ingleses usou o nome “Judas”.
i. Há seis pessoas chamadas “Judas” mencionadas no Novo Testamento, mas a melhor evidência identifica essa referência como aquela mencionada em Mateus 13:55 e Marcos 6:3. Judas, o meio-irmão de Jesus.
ii. Judas, como os outros meios-irmãos de Jesus (incluindo Tiago), não acreditava em Jesus como o Messias até depois de sua ressurreição (João 7:5 e Atos 1:14).
b. Servo de Jesus Cristo: Judas era um parente consanguíneo de Jesus. Mas ele se considerava apenas um servo de Jesus Cristo. O fato de ele querer ser conhecido assim, em vez de se apresentar como “Judas, meio-irmão de Jesus”, nos diz algo sobre a humildade de Judas e a pouca importância de estar ligado a Jesus pelas relações humanas.
i. Jesus falou dessa falta de importância entre parentes em passagens como Marcos 3:31-35 e Lucas 11:27-28.
ii. Sem dúvida, Judas apreciava o fato de Jesus ser seu meio-irmão e de ter crescido na mesma casa que Jesus. Mas ainda mais valioso para ele foi seu novo relacionamento com Jesus. Para Judas, o sangue da cruz que o salvou era mais importante do que o sangue da família em suas veias que o ligava a Jesus. Judas poderia dizer como Paulo: “Ainda que antes tenhamos considerado Cristo dessa forma, agora já não o consideramos assim.” (2 Coríntios 5:16).
c. E irmão de Tiago: Tiago foi um importante líder da igreja em Jerusalém e o autor da carta do Novo Testamento que leva seu nome. Ambos, Tiago e Judas, eram meios-irmãos de Jesus.
d. Aos que foram chamados: Judas escreveu aos cristãos. Não se trata de um panfleto evangelístico. Este livro trata das coisas que os crentes precisam ouvir, mas muitas vezes não querem.
i. Judas identificou seus leitores como cristãos de três maneiras específicas:
• Foram chamados: Uma pessoa é cristã porque Deus a chamou. O importante é atender a chamada quando ela acontecer, como quando atendemos o telefone quando ele está tocando.
• Foram amados por Deus Pai: Isso significa que eles foram separados; separados do mundo e separado para Deus.
• Foram guardados por Jesus Cristo: Jesus é nosso guardião e protetor.
2. (2) Judas dá uma saudação calorosa e típica
Misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados.
a. Misericórdia, paz e amor: Esta não é exatamente a mesma saudação encontrada na maioria das cartas de Paulo (que geralmente é começa com alguma variação de “Graça e paz para você”); porém, é substancialmente a mesma coisa.
b. Lhes sejam multiplicados: Na mente e no coração de Judas, não bastava que somente misericórdia, paz e amor fossem acrescentados à vida do cristão. Ele procurava multiplicação em vez de uma simples adição.
3. (3) A chamada para defender a fé
Amados, embora estivesse muito ansioso por lhes escrever acerca da salvação que compartilhamos, senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos.
a. Embora estivesse muito ansioso por lhes escrever: O desejo inicial de Judas era escrever sobre a salvação que compartilhamos, mas algo inesperado aconteceu; Judas sentiu que era necessário escrever uma carta diferente. Podemos dizer que esta era a carta que ele não queria que fosse escrita.
i. A carta de Judas é essencialmente um sermão. Nela, Judas prega contra as práticas e doutrinas que colocam o evangelho de Jesus Cristo em perigo. Eram questões sérias e Judas as trata seriamente.
ii. Devemos ficar felizes porque Judas foi sensível ao Espírito Santo. O que poderia ter sido apenas uma carta de um líder cristão para uma determinada igreja, tornou-se um precioso instrumento inspirado pelo Espírito Santo e valioso como um aviso nestes últimos dias.
b. Acerca da salvação que compartilhamos: A salvação que compartilhamos e temos em comum, não é comum no sentido de barata ou que qualquer a possa ter. É comum no sentido de que fomos salvos em comum e compartilhamos dela. Na comunidade Deus não tem um caminho para os ricos e outro para os pobres, ou um caminho para o bem e outro para o mal. Todos nós temos acesso a Deus da mesma maneira. Se não for uma salvação que compartilhamos, não é a salvação de Deus, e não é salvação de forma alguma.
i. Um cristão individual pode não saber, compreender ou se beneficiar disso; mas ser cristão é fazer parte da comunidade. Ser cristão significa estar ombro a ombro com milhões de cristãos que já se foram. Estamos juntos com Cristãos fortes e Cristãos fracos; Cristãos corajosos e Cristãos covardes; Cristãos velhos e Cristãos jovens. Somos parte de um poderoso exército invisível que se estende através das gerações.
ii. “Sobre outros assuntos, há diferenças entre os crentes, mas ainda há uma salvação comum desfrutada pelo Arminiano, assim como pelo Calvinista, possuída pelo Presbiteriano, bem como pelo Episcopal, apreciada tanto pelo Quacres quanto pelo Batista. Os que estão em Cristo estão mais intimamente relacionados do que pensam, e a intensa unidade na verdade essencial profunda é uma força maior do que a maioria deles imagina: conceda espaço e maravilhas acontecerão”. (Spurgeon).
iii. Na década de 1980, uma pesquisa descobriu que 70% dos americanos que vão à igreja dizem que podem ser bons cristãos sem ir à igreja. Esta não é a ideia de Judas de uma salvação que compartilhamos.
c. Insistindo que batalhassem pela fé: Esta foi a grande necessidade pela qual Judas interrompeu a carta que teria escrito. A antiga palavra grega traduzida como “batalhar” vem do mundo atlético – luta livre. É uma forma reforçada da palavra, que significa “agonizar”. Portanto, “batalhar” se trata de trabalho árduo e diligente.
i. O verbo traduzido por “batalhar” (na gramática do grego antigo) está no tempo presente, o que mostra que a luta cristã é contínua.
ii. Batalhamos pela fé porque ela é valiosa. Se você entra em uma galeria de arte e não há guardas ou qualquer tipo de sistema de segurança, sua conclusão imediata é: não há nada de muito valioso naquela galeria de arte. Objetos de valores são protegidos; coisas que não valem nada não.
d. Insistindo que batalhassem pela fé: Se enfatizássemos a palavra “vocês”, entenderíamos que isso era algo que Judas realmente queria que cada cristão fizesse. Existem várias maneiras pelas quais todo cristão pode batalhar pela fé.
i. Batalhamos pela fé de maneira positiva quando prestamos testemunho inabalável, distribuímos folhetos, possibilitamos a formação de fiéis embaixadores de Jesus ou quando fortalecemos as mãos de pastores fiéis que honram a Palavra de Deus em seus púlpitos. Essas são algumas das muitas maneiras pelas quais podemos batalhar pela fé de forma positiva.
ii. Batalhamos pela fé de maneira negativa, quando retemos apoio e encorajamento de falsos mestres.
iii. Batalhamos pela fé de maneira prática, quando vivemos uma vida cristã intransigente e damos crédito ao Senhor, o qual nos transformou.
iv. Obviamente, missionários fiéis e evangelistas batalham pela fé. Mas o mesmo é verdade para o professor da escola dominical ou o líder célula, que são fiéis às Escrituras. Pessoas assim lutam pela fé, tanto quanto aqueles que o fazem como missionários enviados, e cada um de nós deve batalhar pelo evangelho onde Deus nos coloca.
e. Batalhassem pela fé de uma vez por todas confiada aos santos: Aqui Judas nos diz pelo o que estão batalhando. Há muita batalha no mundo, mas geralmente não pelas coisas certas. A fé de uma vez por todas confiada aos santos é algo pelo qual vale a pena batalhar.
i. “Pela fé” não significa nossa crença pessoal, ou fé no sentido de nossa confiança em Deus. A frase “pela fé” significa “a verdade essencial do evangelho que todo verdadeiro cristão tem em comum”. Pela fé é usada neste sentido várias vezes no Novo Testamento (Atos 6:7, 13:8, 14:22, 16:5, 24:24; Romanos 1:5 e 16:26; Colossenses 2:7 e 1 Timóteo 1:2 são apenas alguns dos exemplos). Devemos batalhar pela verdade. “A fé é o corpo da verdade que muito cedo na história da igreja assumiu uma forma definida.” (cf. Atos 2:42, Romanos 6:17, Gálatas 1:23).” (Blum)
ii. “De uma vez” significa que a fé foi confiada uma vez e não precisa ser confiada novamente. É claro que distribuímos essa verdade repetidamente. Mas foi confiada por Deus ao mundo por meio dos apóstolos e profetas uma vez (Efésios 2:20). Deus pode falar hoje, mas nunca da maneira autoritária que Ele falou por meio dos primeiros apóstolos e profetas, conforme registrado no Novo Testamento. “Não há outro evangelho e nem haverá. Seu conteúdo será mais plenamente compreendido, suas implicações se desdobrarão, suas previsões serão cumpridas; mas nunca será complementado, substituído ou suplantado.” (Erdman)
iii. “Por todas” significa que esta fé inclui todos. Não temos a opção de simplesmente criar nossa própria fé e ainda ser verdadeiros a Deus. Essa fé é para todos, mas hoje não é popular realmente crer na fé de uma vez por todas confiada aos santos. Em vez disso, muitas pessoas querem acreditar na fé que constroem à medida que vivem e decidem que é a certa. É mais comum as pessoas acreditarem na “fé que está em seus corações” do que na fé de uma vez por todas confiada aos santos.
iv. No livro Os Hábitos do Coração, Robert Bellah e seus colegas escreveram sobre uma entrevista com uma jovem enfermeira chamada Sheila Larson, que eles descrevem como representante das experiências e pontos de vista religiosos de muitos americanos. Falando sobre sua própria fé e como ela atua em sua vida, ela disse: “Eu acredito em Deus, mas não sou uma fanática religiosa. Não consigo me lembrar da última vez que fui à igreja. Minha fé me levou longe: ‘Sheilanismo’, apenas minha própria voz.” Poderíamos dizer que esta fé individualista é a religião mais popular do mundo. Mas a ideia de que podemos ou devemos criar nossa própria fé está errada. O Cristianismo é baseado em uma fé que foi uma vez por todas confiada aos santos.
4. (4) Devemos batalhar pela fé, porque existem homens perigosos ao redor dos cristãos
Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor.
a. Certos homens infiltraram-se dissimuladamente: Em parte, isso é o que os rende tão perigosos – eles entram dissimuladamente. Ninguém percebeu que eles eram perigosos. Eles não carregavam um crachá com o nome “Perigo: Falso Mestre”. Esses “certos homens” provavelmente afirmavam ser mais bíblicos do que qualquer outra pessoa pudesse ser.
i. Infiltraram-se significa “entrar secretamente pela porta dos fundos” (Robertson). “Satanás sabe muito bem que um demônio na igreja pode fazer muito mais mal do que mil demônios fora de seus limites.” (Spurgeon)
b. Cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo: Esses certos homens têm um destino – o destino de todo líder e falso mestre. Eles estão sentenciados a esta condenação, e é o suficiente dizer que eles são homens ímpios. Eles são ímpios no sentido de que não são como Deus e, independentemente de aparências externas, desconsideram Deus.
i. Passaram dissimuladamente pelos homens, mas não por Deus. O Senhor não está agitado no céu preocupado com aqueles que enganam os outros por meio de seus ensinamentos e estilo de vida. Eles podem passar despercebidos por alguns crentes; mas, no que diz respeito a Deus, suas condenações foram sentenciadas há muito tempo. Seus julgamentos estão garantidos. A verdade triunfará; nossa responsabilidade é estar do lado da verdade.
c. E transformam a graça de nosso Deus em libertinagem: Esses certos homens haviam recebido algo da graça de Deus. Mas depois de receberem, o converteram em desculpa para libertinagem.
i. A ideia por trás da velha palavra libertinagem é um pecado que se pratica sem vergonha, sem nenhum senso de consciência ou decência. Normalmente, a palavra é usada no sentido de pecados sensuais, como imoralidade sexual, mas também pode ser usada no sentido de ensino antibíblico descarado, quando a verdade é negada e a mentira é ensinada sem vergonha. Judas provavelmente tinha as duas ideias em mente aqui, pois, como fica evidente no restante da carta, esses certos homens tinham ambos, problemas morais e doutrinários.
ii. Essas palavras de Judas mostram que há perigo na pregação da graça. Existe aqueles que pegam a verdade da graça de Deus transformam a graça de nosso Deus em libertinagem. Mas isso não significa que haja algo de ruim ou perigoso na mensagem da graça de Deus. Simplesmente mostra o quão corrupto é o coração humano.
d. E negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor: Esses certos homens negam o Senhor Jesus Cristo. Eles fazem isso recusando-se a reconhecer quem Jesus disse que era e, consequentemente, também negando quem Deus Pai é.
i. Não nos é dito especificamente como esses homens negam nosso único Soberano e Senhor. Pode ser que eles o negavam com suas vidas ímpias ou com suas doutrinas heréticas. Provavelmente ambos eram verdadeiros.
B. Três exemplos que demonstram a certeza do juízo de Deus contra alguns homens.
1. (5) O exemplo do povo de Israel
Embora vocês já tenham conhecimento de tudo isso, quero lembrar-lhes que o Senhor libertou um povo do Egito mas, posteriormente, destruiu os que não creram.
a. Embora vocês já tenham conhecimento de tudo isso, quero lembrar-lhes: Judas sabia que não estava lhes contando nada novo. Eles já haviam aprendido esse exemplo, mas precisavam ouvi-lo novamente para que o aplicassem à situação atual em que estavam.
i. O ideal é que todo cristão leia essas alusões do Antigo Testamento e diga: “Sim, Judas, eu sei exatamente do que você está falando”. Não saber sobre o que Judas escreveu, mostra que precisamos aprofundar nosso conhecimento da Bíblia.
ii. “Quanto à raiz dos fatos, às doutrinas fundamentais, às verdades principais da Escritura, devemos insistir continuamente nelas. Nunca devemos dizer: ‘Todo mundo as conhece’, pois, todos as esquecem”. (Spurgeon)
iii. “O uso da Palavra de Deus não é apenas para nos ensinar o que não conhecemos, mas também para nos encorajar a uma meditação séria sobre o que já entendemos, sem que nos tornemos letárgicos num conhecimento frio.” (Calvin)
b. Que o Senhor libertou um povo do Egito: Judas nos lembra o que aconteceu em Números 14. Deus libertou os israelitas da escravidão no Egito. Eles deixaram o Egito e, sem demora imprevista, chegaram a um lugar chamado Cades-Barnéia, às portas da Terra Prometida. Mas em Cades-Barnéia, o povo recusou-se a confiar em Deus e entrar na terra prometida de Canaã. Portanto, quase nenhum membro da geração adulta que deixou o Egito entrou na Terra Prometida.
i. Pense no que Deus fez pelo povo de Israel nessa situação e como eles responderam a ele. Eles experimentaram a libertação milagrosa de Deus no Mar Vermelho. Eles ouviram a própria voz de Deus no Monte Sinai. Eles receberam seu cuidado diário e suprimento de maná no deserto. No entanto, eles ainda caíram na descrença, e nunca entraram na bênção e descanso que Deus tinha para eles.
c. Destruiu os que não creram: Aqueles que duvidaram e rejeitaram a Deus em Cades-Barnéia pagaram um preço maior do que simplesmente não entrar na Terra Prometida. Eles também receberam o julgamento de Deus. O Salmo 95 descreve como o Senhor respondeu a eles: “Por quarenta anos tive nojo daquela geração e disse: Durante quarenta anos fiquei irado contra aquela geração e disse: “Eles são um povo de coração ingrato; não reconheceram os meus caminhos. Por isso jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso.” (Salmo 95:10-11).
i. A advertência de Judas é clara. O povo de Israel deixou o Egito o relativamente bem. Receberam muitas bênçãos de Deus ao longo do caminho, mas não perseveraram até o fim, porque não creram na promessa da proteção e do poder de Deus.
ii. Duas lições são dadas neste exemplo: primeiro, temos a certeza de que os certos homens que causam problemas, sem dúvida, serão julgados; mesmo que tenham começado bem a caminhada com Deus. Judas diz: “Alguns homens podem ter começado bem. Mas o mesmo aconteceu com os filhos de Israel, e Deus destruiu os que não creram”. Em segundo lugar, somos advertidos de que devemos seguir Jesus até o fim e nunca estar entre os que não creram. A prova final do nosso cristianismo é a resistência. Alguns começam a corrida, mas nunca a terminam.
2. (6) O exemplo dos anjos que pecaram
E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia.
a. E, quanto aos anjos que não conservaram suas posições de autoridade: A carta de Judas é famosa por trazer à tona pontos obscuros ou controversos, e este é um deles. Judas fala dos anjos que pecaram, que agora estão encarcerados e aguardam um futuro dia de juízo.
i. “Não é exagero dizer que não há nenhum outro lugar no Novo Testamento onde tais fenômenos estranhos ocorrem, ou tantas perguntas curiosas surgem em um espaço tão estreito.” (Salmond, Comentário do Púlpito)
b. Anjos que não conservaram suas posições de autoridade: Há alguma controvérsia sobre a identidade desses anjos em particular. Temos apenas dois pontos na Bíblia onde fala de anjos cometendo pecado. Primeiro, houve a rebelião original dos anjos contra Deus (Isaías 14:12-14, Apocalipse 12:4). Depois, houve o pecado dos filhos de Deus que é descrito em Gênesis 6:1-2.
i. Gênesis 6:1-2 é uma passagem controversa. “Quando os homens começaram a multiplicar-se na terra e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram que as filhas dos homens eram bonitas, e escolheram para si aquelas que lhes agradaram”. Há um debate considerável sobre se os filhos de Deus são seres angélicos ou se é apenas outra maneira de se referir a “seguidores de Deus” entre os seres humanos. Judas nos ajuda a responder a essa pergunta.
c. Não conservaram suas posições de autoridade mas abandonaram sua própria morada: Esse delito estava relacionado a algum tipo de pecado sexual, como a união sexual entre seres angélicos rebeldes (os filhos de Deus em Gênesis 6:2) e seres humanos (as filhas dos homens em Gênesis 6:2). Sabemos que havia algum aspecto sexual nesse pecado, pois Judas nos diz no versículo seguinte, Judas 7: De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais. As palavras de maneira semelhante a essas, referem-se novamente aos anjos de Judas 6, e as palavras se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais referem-se à união sexual não natural que praticavam.
i. Sabemos algumas coisas sobre essa união sexual antinatural em Gênesis 6. Sabemos que essa união antinatural produziu descendentes não antinaturais. A união antinatural corrompeu o fundo genético da humanidade, então Deus teve que encontrar Noé, um homem íntegro entre o povo da sua época (Gênesis 6:9) – isso é “puro em sua genética”. Essa união antinatural trouxe um julgamento muito drástico de Deus: um dilúvio global que varreu toda a humanidade, exceto apenas oito pessoas.
ii. Podemos acrescentar outra peça do conhecimento de Judas 6. Essa união antinatural levou Deus a prender apenas os anjos que pecaram dessa forma. Ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia.
iii. Quanto às especificidades dessa união antinatural, é inútil especular. Não sabemos como o material genético do “anjo caído” poderia se misturar com o material genético humano. Talvez tenha passado por uma forma única de possessão demoníaca e o anjo caído operou por meio de um hospede humano. Sabemos que os anjos têm a capacidade de assumir a aparência humana, pelo menos temporariamente, mas não sabemos mais do que isso.
d. Ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande Dia: Deus julgou esses anjos pervertidos, colocando-os em correntes eternas. Aparentemente, alguns anjos caídos estão em cativeiro, enquanto outros estão soltos e ativos entre a humanidade como demônios.
i. Por não manterem sua própria morada, eles agora são mantidos em correntes. A busca pecaminosa pela libertação desses anjos, os colocou em cativeiro. Da mesma forma, aqueles que insistem na liberdade de fazer o que quiserem são como esses anjos – presos com correntes eternas. A verdadeira liberdade vem da obediência.
ii. Se os anjos não podem quebrar as correntes que o pecado trouxe sobre eles, somos tolos em pensar que os humanos podem quebrá-las. Não podemos nos libertar dessas correntes sozinhos, só podemos ser libertados por Jesus.
iii. Isso nos lembra que esses anjos que pecaram com a união sexual antinatural já não estão mais ativos. Com Seu julgamento radical nos dias de Noé, Deus colocou um fim a esse tipo de união sexual antinatural.
iv. Este exemplo dá duas lições: Primeiro, nos garante que os certos homens que causam problemas serão julgados, independentemente de seus status espiritual. Esses anjos antes estavam na gloriosa presença de Deus, e agora estão em correntes eternas. Se Deus julgou os anjos que pecaram, Ele também julgará esses certos homens. Em segundo lugar, nos adverte que devemos também continuar caminhando com Jesus. Se a experiência espiritual passada desses anjos não garantiu o estado espiritual futuro deles, o nosso também não será. Temos que continuar caminhando e vigiar.
3. (7) O exemplo de Sodoma e Gomorra
De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades em redor se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais. Estando sob o castigo do fogo eterno, elas servem de exemplo.
a. De modo semelhante a este, Sodoma e Gomorra: Essas duas cidades (e as cidades em redor) também servem como exemplos do julgamento de Deus. O pecado deles, que era mais conspicuamente a homossexualidade, mas incluía outros pecados também, trouxe o julgamento de Deus
i. Sodoma e Gomorra foram abençoadas, lugares privilegiados. Eram cidades localizadas em uma área abençoada: era todo bem irrigado… como o jardim do Senhor (Gênesis 13:10).
b. Se entregaram à imoralidade e a relações sexuais antinaturais: Judas se refere ao relato em Gênesis 19, onde a conduta homossexual dos homens de Sodoma é descrita. Ezequiel 16:49 nos fala de outros pecados de Sodoma: Ora, este foi o pecado de sua irmã Sodoma: ela e suas filhas eram arrogantes, tinham fartura de comida e viviam despreocupadas; não ajudavam os pobres e os necessitados. A depravação sexual não era o único pecado deles, mas certamente estava entre seus pecados e Judas deixou isso claro.
i. Os pecados descritos em Ezequiel 16:49 mostram que Sodoma e Gomorra eram, de fato, áreas prósperas e abençoadas. Não é possível ter fartura de comida e vida despreocupada, se não temos bençãos materiais. Mas apesar da grande bênção de Deus e da prosperidade material, eles pecaram e foram julgados.
c. Estando sob o castigo do fogo eterno, elas servem de exemplo: Em Gênesis 19, Sodoma e Gomorra foram destruídas com fogo do céu. Mas esse não foi o fim do julgamento pelo fogo. Muito pior do que aconteceu descrito em Gênesis 19, eles sofreram o castigo do fogo eterno.
i. Este exemplo dá duas lições: Primeiro, nos garante que os certos homens que causam problemas serão julgados, independentemente de quanto tenham sido abençoados no passado. Como Sodoma e Gomorra, que uma vez foram maravilhosamente abençoadas, mas no final sofreram castigo do fogo eterno, assim também será com esses certos homens. Em segundo lugar, nos alerta que devemos também continuar caminhando com Jesus. Se as bênçãos do passado não garantiram o estado espiritual futuro desses homens, o nosso também não será.
C. Mais pecados de certos homens
1. (8) O caráter desses perigosos certos homens
Da mesma forma, estes sonhadores contaminam o próprio corpo, rejeitam as autoridades e difamam os seres celestiais.
a. Da mesma forma: Judas associou esses certos homens com o povo de Sodoma e Gomorra em sua sensualidade (contaminam o próprio corpo) e em sua rejeição da autoridade de Deus (rejeitam as autoridades).
i. Quando Judas apontou que esses certos homens rejeitaram as autoridades, ele quis dizer que eles queriam ter autoridade. Portanto, eles rejeitaram a autoridade de Deus e aqueles a quem Deus colocou em autoridade.
ii. Hoje em dia, nossa cultura nos incentiva a rejeitar as autoridades e estabelecer a nós mesmos como a única autoridade real em nossas vidas. Podemos fazer isso com a Bíblia, escolhendo acreditar apenas em certas passagens. Podemos fazer isso com nossas crenças, escolhendo no “bufê de salada” das religiões. Ou podemos fazer isso com nosso estilo de vida, estabelecendo nossas próprias regras e não reconhecendo as autoridades competentes que Deus estabeleceu.
iii. Nos dias mais sombrios de Israel, a sociedade era caracterizada por um padrão: cada um fazia o que lhe parecia certo (Juízes 21:25). Hoje, esse é o modelo de todo o mundo e principalmente da civilização ocidental.
b. Estes sonhadores: É possível que Judas quisesse dizer que os certos homens estavam desconectados com a realidade. Mas é mais provável que ele quisesse dizer que eles afirmavam ter sonhos proféticos que na verdade eram enganos.
c. Difamam os seres celestiais: Provavelmente, esses seres celestiais eram os apóstolos ou outros líderes na igreja. A rejeição às autoridades estava conectada com a difamação dos seres celestiais.
2. (9) O Arcanjo Miguel como exemplo de quem não fala mal dos seres celestiais
Contudo, nem mesmo o Arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: “O Senhor o repreenda!”
a. O Arcanjo Miguel… o Diabo: Judas mencionou dois tipos de seres angelicais. Miguel está entre os seres angelicais fiéis a Deus, que são os servos de Deus e do homem. O Diabo está entre os seres angelicais que se rebelam contra Deus, que são os inimigos do homem.
i. Existem seres angelicais invisíveis que nos rodeiam. Existem espíritos ministradores enviados por Deus para nos ajudar, e espíritos demoníacos que querem nos derrotar. O diabo não tirar a salvação de uma pessoa salva; mas por meio de seus enganos pode corromper e contaminar um cristão que deveria caminhar em pureza e liberdade. Para o Diabo, somos bombas-relógio, prontas para arruinar seu trabalho – bombas que ele gostaria de desarmar e tornar ineficazes.
ii. Muitas pessoas hoje em dia não acreditam que o Diabo exista, mas a Bíblia afirma que ele existe. Ou, se creem que ele existe, o imaginam como uma imagem engraçada da Idade Média. Naquela época, as obras milagrosas eram a principal forma de entretenimento. Era uma espécie de espetáculo público em que histórias religiosas eram encenadas no palco. O público era instruído a procurar um personagem que sempre se vestia de vermelho, usava chifres na cabeça e tinha um rabo pendurado atrás dele. Seus sapatos pareciam cascos fendidos e ele tinha um tridente na mão. O público se divertia com essa caracterização boba de Satanás e tinham a ideia de que ele era algum tipo de personagem cômico. O Diabo não se importa ser visto assim.
b. Arcanjo Miguel: Este ser angelical é mencionado pelo nome em quatro passagens da Bíblia: Daniel 10, Daniel 12, Apocalipse 12 e aqui em Judas. Cada vez que Miguel aparece, é no contexto de batalha ou prontidão para lutar. Ele é um Arcanjo, o que simplesmente significa um “anjo líder”.
i. Se o Diabo tiver um oposto, certamente não é Deus. É o Arcanjo Miguel – outro ser angelical de alto escalão.
ii. “Observa-se que a palavra arcanjo não se encontra no plural nas escrituras sagradas. Pode haver, devidamente, apenas um arcanjo, um chefe ou cabeça de toda a hoste angelical. Nem a palavra Diabo, como atribuído ao grande inimigo da humanidade, nunca foi encontrada no plural; pode-se haver apenas um monarca de todos os espíritos caídos.” (Clarke).
c. Quando estava disputando… acerca do corpo de Moisés: Esta é uma outra referência obscura de Judas. A última coisa que lemos sobre o corpo de Moisés está em Deuteronômio 34:5-6: “Moisés, o servo do Senhor, morreu ali, em Moabe, como o Senhor dissera. Ele o sepultou em Moabe, no vale que fica diante de Bete-Peor, mas até hoje ninguém sabe onde está localizado seu túmulo”.
i. Não sabemos onde Judas recebeu as informações sobre essa disputa. É possível que ele tenha recebido uma revelação única de Deus. Mas, de acordo com os mestres da igreja primitiva, Judas se referiu a um livro apócrifo conhecido como a Assunção de Moisés, do qual apenas pequenas porções ainda existem.
ii. Ainda não sabemos por que houve uma disputa acerca do corpo de Moisés. Alguns já disseram que o Diabo queria usar o corpo de Moisés como objeto de culto para conduzir Israel ao caminho da idolatria. Outros acharam que Satanás queria profanar o corpo de Moisés, reivindicando o direito de fazer isso porque Moisés havia matado um egípcio.
iii. É mais provável considerar a possibilidade de que o Diabo antecipou um propósito que Deus tinha com o corpo de Moisés e tentou arruinar esse plano. Sabemos que depois de sua morte, Moisés apareceu em forma corporal na Transfiguração (Mateus 17:1-3), com Elias (cujo corpo foi elevado ao céu em 2 Reis 2). Talvez Moisés e Elias sejam também as duas testemunhas de Apocalipse 11, e Deus precisa do corpo de Moisés para esse plano futuro.
iv. Mas para Judas, o ponto principal não é porque Miguel disputou, mas como ele disputou com o Diabo.
d. Ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: “O Senhor o repreenda!”: A forma como Miguel luta é um modelo de guerra espiritual. Em primeiro lugar, vemos que Miguel estava em uma batalha. Em segundo lugar, vemos que ele combateu com a autoridade do Senhor.
i. Isso nos mostra que Miguel não é Jesus como alguns grupos heréticos pensaram. Jesus repreendeu o demônio por Sua própria autoridade; Miguel não o fez. “O ponto de contraste é que Miguel não pôde rejeitar a acusação do Diabo em sua própria autoridade.” (Bauckham)
ii. Significativamente, Miguel não ousou fazer acusação injuriosa contra ele. Miguel não zombou nem acusou o Diabo. Deus não nos chamou para julgar o Diabo, condená-lo, zombá-lo ou acusá-lo, mas para combater contra ele em nome do Senhor.
iii. Isso tem relação com os certos homens, numa linha de pensamento “quanto mais”. Se Miguel não ousou fazer acusação injuriosa contra o Diabo, quanto mais esses certos homens não deveriam difamar esses seres celestiais?
3. (10) Mais sobre o mau caráter dos certos homens
Todavia, esses tais difamam tudo o que não entendem; e as coisas que entendem por instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem.
a. Todavia, esses tais difamam: Ao contrário de Miguel, que não ousava fazer acusação injuriosa contra o Diabo, esses certos homens difamavam, especialmente quando rejeitavam as autoridades e falavam contra os seres celestiais.
b. Tudo o que não entendem: Os certos homens nem mesmo sabiam das coisas ou das pessoas que difamavam. Seus discursos de ódio se agravavam por causa da ignorância.
i. Visto que também difamavam seres celestiais e rejeitavam autoridades, esses certos homens não entendiam sobre a verdadeira liderança e autoridade espiritual; então achavam fácil difamar contra essas coisas.
c. E as coisas que entendem por instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem: Esses certos homens fingiam ser espirituais, mas o único conhecimento que tinham era natural. Até o que entendiam por instinto, ainda costumavam se corromper com uma mente não espiritual.
i. Animais irracionais podem ser instintivamente inteligentes ou engenhosos, mas obviamente não têm o conhecimento espiritual. Era o mesmo que sucedia com aqueles certos homens.
ii. “É irônico que, quando os homens afirmam ser conhecedores, realmente são ignorantes; quando se pensam superiores ao homem comum, na realidade deveriam estar no mesmo nível que os animais e serem corrompidos pelas mesmas práticas com as quais buscam a liberdade e a expressão pessoal.” (Green)
D. Três exemplos de certos homens
1. (11a) Os certos homens seguiram o caminho de Caim
Ai deles! Pois seguiram o caminho de Caim…
a. O caminho de Caim: A história de Caim se encontra em Gênesis 4. Cada um dos filhos de Adão e Eva trouxe uma oferta ao Senhor. Caim (sendo um agricultor) trouxe uma oferta da sua colheita. Abel (sendo um pastor) trouxe uma oferta do seu rebanho. Deus aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou o sacrifício de Caim.
i. Muitas pessoas presumem que a diferença entre as duas ofertas era o sangue sacrificial, porque Abel trouxe uma oferta de sangue e Caim trouxe uma oferta de grãos. Mas a verdadeira diferença estava entre fé e incredulidade. Hebreus 11:4 deixa claro: “Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício superior ao de Caim. Pela fé ele foi reconhecido como justo, quando Deus aprovou as suas ofertas. Embora esteja morto, por meio da fé ainda fala”.
ii. O sacrifício de Caim provavelmente foi mais agradável aos sentidos do que o de um cordeiro morto. Mas seu sacrifício foi oferecido sem fé e, portanto, inaceitável para Deus. Você pode dar a Deus tudo o que você tem, ou é, mas você deve oferecer com fé.
b. O caminho de Caim: Gênesis 4:5 diz que depois que Deus rejeitou seu sacrifício, Caim se enfureceu e o seu rosto se transtornou. Ele ficou com raiva porque sabia que havia sido rejeitado por Deus. Num ataque de raiva, Caim matou Abel e depois mentiu para Deus.
i. 1 João 3:12 nos diz que Caim matou seu irmão porque as obras de Abel eram justas (pela fé), enquanto as de Caim eram más. A falha de Caim não foi nas obras, mas na fé.
c. O caminho de Caim: Judas diz que Caim tipifica um caminho que certos homens seguem. É o caminho da incredulidade e da religião vazia, que leva ao ciúme, a perseguição do verdadeiramente piedoso e, por fim, à raiva assassina.
i. Não há maior maldição na terra do que a religião vazia e vã; aqueles que têm uma aparência de piedade, mas negam o seu poder (2 Timóteo 3:5). Não é surpreendente que Paulo acrescentou: Afaste-se desses também.
ii. Muitos cristãos têm medo do humanismo secular, do ateísmo ou do mundo. Mas a religião morta é muito mais perigosa, e manda mais pessoas para o inferno do que qualquer outra coisa. Esses certos homens estavam no caminho de Caim, que é o caminho da religião morta.
2. (11b) Os certos homens estão no erro de Balaão
Buscando o lucro caíram no erro de Balaão
a. No erro de Balaão: A história de Balaão está em Números 22 a 25 e 31. Durante o tempo do Êxodo, Israel foi para a terra de Moabe, após derrotar os amorreus. Quando os israelitas se aproximaram, Balaque, rei de Moabe, procurou a ajuda de um profeta chamado Balaão.
i. A primeira delegação do rei Balaque chegou e Deus disse a Balaão para não se envolver com eles. As primeiras palavras de Deus a Balaão foram: “Não vá com eles. Você não poderá amaldiçoar este povo, porque é povo abençoado” (Números 22:12).
ii. Após a primeira visita, outra delegação de maior prestígio chegou com grandes riquezas. Balaão queria ir com eles e Deus permitiu que ele fosse. Balaão cobiçava a riqueza e o prestígio que eles lhe ofereciam, e Deus o deixou ao seu pecado.
iii. Deus avisou Balaão para recuar quando ele estava a caminho para ver Balaque. No entanto, seu coração estava determinado na rica recompensa que o rei Balaque lhe havia prometido e então seguiu em frente. Balaão até mesmo ignorou um burro falante enviado para avisá-lo para recuar.
iv. Balaão sabia que havia errado. Em Números 22:34, ele disse a Deus: “Pequei… Agora, se o que estou fazendo te desagrada, eu voltarei”. Mas ele não voltou atrás. Ele continuou recusando a aceitar que, quando Deus diz não, deve ser entendido como não. Em vez disso, Deus deu a Balaão o que seu coração pecaminoso desejava.
v. Depois de se encontrar com o rei Balaque de Moabe, Balaão profetizou quatro vezes sobre Israel. Mas ao pronunciar a palavra de Deus, ele não amaldiçoou Israel, em vez disso, ele os abençoou todas as vezes. Quando ele não teve sucesso em amaldiçoar Israel, Balaão o aconselhou sobre como trazer uma maldição sobre eles. Em vez de tentar fazer com que um profeta amaldiçoe Israel, ele deveria levá-los à fornicação e idolatria e então Deus amaldiçoaria o Israel desobediente.
vi. Balaque fez exatamente isso, enviando seus jovens ao acampamento de Israel para conduzi-los à imoralidade sexual e a idolatria. Por causa do pecado do povo, Deus amaldiçoou Israel com um julgamento; uma praga que matou 24.000 pessoas. Portanto, Balaão era culpado por um dos maiores pecados: conduzir deliberadamente outros ao pecado e, pior ainda, ele o fez por dinheiro.
b. Buscando o lucro caíram no erro de Balaão: O ganancioso erro de Balaão foi que ele estava disposto a arriscar tudo por dinheiro. Os certos homens que Judas alertou a respeito, tinham o mesmo coração.
i. Muitos cristãos nunca negariam a Jesus sob perseguição, mas poderiam negá-lo se recebessem uma grande quantia em dinheiro. Não há um único pecado que o homem corrupto não cometerá por causa do dinheiro. A ganância é um pecado tão perigoso que matou Jesus, pois 30 moedas de prata ajudaram a colocá-lo na cruz.
ii. Caíram é literalmente “foram derramados” (Robertson). Esta é uma imagem forte de excesso de indulgência. Mas Paulo também usa o mesmo termo para se referir à maneira extravagante como Deus nos ama: “Deus derramou seu amor em nossos corações”. (Romanos 5:5).
3. (11c) Os certos homens experimentam a Rebelião de Corá
E foram destruídos na rebelião de Corá.
a. Na rebelião de Corá: A história de Corá se encontra em Números 16. Ele era um homem de destaque em Israel e um dia veio a Moisés, dizendo: “Basta! A assembleia toda é santa, cada um deles é santo, e o Senhor está no meio deles. Então, por que vocês se colocam acima da assembleia do Senhor?” (Números 16:3). Corá e seus seguidores resistiram à autoridade que Deus deu a Moisés e Arão.
i. Quando Corá disse isso, Moisés se prostrou sobre seu rosto, sabendo que o juízo de Deus viria em breve. Moisés então propôs um teste: cada grupo pegava os incensários (para queimar incenso) e se apresentava ao Senhor. O próprio Senhor escolheria o homem que Ele queria que O representasse: Moisés ou Corá.
ii. Quando os dois chegaram diante de Deus, o Senhor disse a Moisés para se retirar. A terra se abriu e engoliu Corá e seus seguidores. Em seguida, fogo desceu do céu que queimou todos os seus apoiadores. Todos eles foram destruídos.
b. Rebelião: Corá era levita, mas não da família sacerdotal de Arão. Como levita, ele tinha tido a sua própria esfera no ministério designada por Deus; no entanto, ele não estava feliz com isso. Ele queria o ministério e autoridade de Moisés.
i. Corá teve que aprender esta lição essencial: devemos trabalhar duro para cumprir tudo o que Deus nos chamou para ser. Ao mesmo tempo, não devemos nunca almejar ser o que Deus não nos chamou para ser.
c. Na rebelião de Corá: Esta foi também uma rejeição dos líderes designados por Deus, especialmente o mediador designado por Deus. Quando os certos homens rejeitaram a autoridade e difamaram os seres celestiais, eles caminharam na rebelião de Corá.
i. A rebelião de Corá “está na ideia mais ampla de uma afirmação desdenhosa e determinada de si mesmo contra as ordenanças divinamente designadas”. (do livro de Salmond, The Pulpit Commentary)
ii. Esses três homens vieram de origens muito diferentes: Caim era um agricultor, Balaão era um profeta e Corá era um líder em Israel. A apostasia não se limita a um grupo de pessoas. “Há apóstatas no púlpito, no palácio e na casa dos pobres.” (Coder)
E. O que o futuro reserva para esses certos homens.
1. (12-13) Uma descrição vívida da depravação desses certos homens.
Esses homens são rochas submersas nas festas de fraternidade que vocês fazem, comendo com vocês de maneira desonrosa. São pastores que só cuidam de si mesmos. São nuvens sem água, impelidas pelo vento; árvores de outono, sem frutos, duas vezes mortas, arrancadas pela raiz. São ondas bravias do mar, espumando seus próprios atos vergonhosos; estrelas errantes, para as quais estão reservadas para sempre as mais densas trevas.
a. Rochas submersas nas festas de fraternidade: Os primeiros cristãos costumavam se reunir para comerem juntos, algo como um almoço comum. Eles chamavam essas refeições de festas de fraternidade ou “Festas de Ágape”. Quando esses certos homens chegaram, eles só cuidavam de si mesmos. Comiam vorazmente nas festas de fraternidade, enquanto outros passavam fome.
i. Na Festa do Ágape, todos traziam o que podiam: uns traziam pouco, outros traziam bastante; mas todos compartilhavam juntos. Para alguns escravos que eram cristãos, essa era a única refeição decente que conseguiam comer regularmente. O egoísmo desses certos homens arruinava a comunhão. Em 1 Coríntios 11:17-34, um problema semelhante é descrito na igreja de Corinto.
ii. A comunhão sempre é prejudicada quando vamos à igreja com uma atitude egoísta do tipo, “me abençoe”. Muitos daqueles que nunca comeriam egoisticamente em uma refeição na igreja, ainda vão à igreja preocupados em só cuidarem de si mesmos.
iii. Rochas submersas: Alguns estudiosos gregos acham que esta palavra deveria ser traduzida como “pedras escondidas” em vez de rochas submersas. De uma forma ou de outra, não faz muita diferença no significado da passagem.
iv. Só cuidavam de si mesmos: Literalmente, no grego antigo, isso é “pastorear a si mesmos” (Robertson). Eles eram pastores de algum tipo, pastoreando a si mesmos.
b. São nuvens sem água, impelidas pelo vento: Nuvens sem água são inúteis. Não trazem chuva vivificante, apenas bloqueiam o sol. Elas existem apenas para si próprias. Os certos homens eram como essas nuvens.
i. Certa vez, enquanto passava de carro por uma fábrica, minha filha Aan-Sofie olhou para as nuvens de fumaça branca que saíam das chaminés. Ela disse: “É aí que as nuvens são feitas!” Esses certos homens eram como aquelas nuvens vazias; inúteis, impelidas pelo vento, flutuando na brisa de uma moda passageira para a outra.
c. Árvores de outono, sem frutos: Até o final do outono, as árvores deveriam dar frutos. Mas esses certos homens não davam frutos, mesmo quando deveriam. Eram como árvores que apenas recebem em vez de dar.
d. São ondas bravias do mar: Para o homem moderno, o mar costuma ser algo bonito. Mas para o homem antigo, especialmente nas culturas bíblicas, o mar era um terror incontrolável. Isaías 57:20 expressa esta ideia: Mas os ímpios são como o mar agitado, incapaz de sossegar e cujas águas expelem lama e lodo. Esses certos homens estavam ocupados e ativos como as ondas bravias do mar, mas tudo o que fizeram foi espumar seus próprios atos vergonhosos.
i. Estar ocupado não é sinônimo de correção. O fruto desses homens era como espuma suja na praia. Judas tem em mente o litoral que fica sujo e feio depois de uma tempestade que lançou todo tipo de madeira flutuante, algas e detritos.
e. Estrelas errantes: como cometas cruzando o céu, esses certos homens surpreenderam o mundo por um tempo, depois desapareceram na escuridão. Uma estrela imprevisível não era boa para orientação e a navegação. Da mesma forma, esses enganadores eram inúteis e indignos de confiança.
f. Para sempre as mais densas trevas: Isto descrevia o destino deles. Ao menos que se arrependessem, acabariam no inferno e ficariam lá para sempre.
i. O castigo do inferno é para sempre, porque um homem simples está pagando por seus próprios pecados, oferecendo um sacrifício imperfeito que deve ser repetido indefinidamente por toda a eternidade. Um homem perfeito pode oferecer apenas um sacrifício; mas um homem imperfeito deve oferecer sacrifício continuamente.
ii. Nossas obrigações para com Deus são infinitas e, portanto, somente cumpridas em Jesus, uma pessoa infinita.
2. (14-15) A certeza do julgamento sobre esses certos homens.
Enoque, o sétimo a partir de Adão, profetizou acerca deles: “Vejam, o Senhor vem com milhares de milhares de seus santos, para julgar a todos e convencer todos os ímpios a respeito de todos os atos de impiedade que eles cometeram impiamente e acerca de todas as palavras insolentes que os pecadores ímpios falaram contra ele”.
a. Enoque: Aqui Judas cita Enoque, que é descrito em Gênesis 5 e mencionado em Hebreus 11. O antigo livro de Enoque não foi recebido como Escritura, mas era altamente respeitado entre os judeus e os cristãos primitivos.
i. “Tertuliano nos diz que o livro das profecias de Enoque foi conservado por Noé na arca, e que foi continuado e lido até o tempo dos apóstolos. Mas porque continha muitos testemunhos famosos sobre Jesus Cristo, os judeus maliciosamente suprimiram e eliminaram todo o livro.” (Trapp)
ii. Judas não citou Enoque para nos contar algo novo, mas para dar uma descrição vívida do que a Bíblia já ensinava. O apóstolo Paulo também citou fontes não bíblicas em pelo menos três ocasiões diferentes (Atos 17:28, 1 Coríntios 15:33 e Tito 1:12). Não era para proclamar uma nova verdade, mas para apoiar um princípio bíblico já estabelecido.
iii. O fato de Judas ter citado o livro de Enoque, não significa que todo o livro de Enoque foi inspirado pelas Escrituras, apenas a parte que Judas citou. Da mesma forma, quando Paulo cita um poeta pagão, ele não quer dizer que toda a obra do poeta foi inspirada por Deus.
b. Para julgar a todos e convencer todos os ímpios: Nesta citação do livro de Enoque, Judas enfatizou as palavras todos e os ímpios. Deus vem para julgar todos os ímpios.
c. Para julgar a todos: Muitas pessoas consideram o julgamento de Deus levianamente. Mas a maior questão do mundo é: “Deus vai me julgar? Eu sou responsável perante Ele?” Se somos verdadeiramente responsáveis perante Deus, seremos tolos se não nos prepararmos para enfrentar esse julgamento.
i. Pense em alguém que foi preso por um crime e, com data agendada para comparecer ao tribunal, não se preparou para se apresentar perante o juiz. Essa pessoa é tola. Não devemos ser tão tolos assim; em vez disso, deveríamos aproveitar as vantagens de nosso advogado nomeado pelo tribunal: Jesus Cristo (1 João 2:1).
3. (16-18) Os métodos dos certos homens.
Essas pessoas vivem se queixando, descontentes com a sua sorte, e seguem os seus próprios desejos impuros; são cheias de si e adulam os outros por interesse. Todavia, amados, lembrem-se do que foi predito pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles diziam a vocês: “Nos últimos tempos haverá zombadores que seguirão os seus próprios desejos ímpios”.
a. Se queixando, descontentes com a sua sorte… são cheias de si e adulam os outros por interesse: Judas diz que os métodos desses homens giravam em torno de palavras. Além de terem vidas duvidosas, eles eram essencialmente pessoas de engano, deturpando tudo, desde a fundação de Jesus Cristo até os apóstolos e profetas.
b. Essas pessoas vivem se queixando, descontentes: Esse povo se queixava. Foi corretamente observado que toda vez que um homem perde o contato com Deus, é provável que comece a reclamar de alguma coisa.
i. Murmurar “é um insulto a Deus, que nos dá todas as coisas; é esquecer que nada do que nos acontece pode nos separar de seu amor, ou nos privar do mais precioso de todos os tesouros, a presença do Senhor em nossa vida. (Green)
ii. “Você sabe o tipo de gente a que aqui referimos, nada os satisfaz. Estão infelizes até mesmo com o evangelho. O pão do céu deve ser cortado em três pedaços e servido em delicados guardanapos, ou eles não conseguem comê-lo; e logo a própria alma deles odeia até mesmo este pão leve. Não há como um cristão servir a Deus para agradá-los. Eles encontrarão defeitos no casaco de cada pregador e, se o próprio grande Sumo Sacerdote estiver aqui, eles encontrarão defeitos na cor das pedras de seu peitoral.” (Spurgeon).
c. Adulam os outros: Esses certos homens sabiam usar palavras suaves e lisonjeiras para obter vantagem sobre os outros. Eles diriam qualquer coisa – boa ou ruim – para obter uma vantagem.
d. Todavia, amados, lembrem-se do: Devemos ser diferentes. Devemos nos lembrar das coisas que Jesus e os apóstolos disseram, que foi predito pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo. A Palavra de Deus é sempre a resposta aos perigos dentro ou fora da igreja.
i. Os apóstolos haviam avisado que essas coisas aconteceriam, e ainda mais quando o dia se aproximasse: Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; ao contrário, sentindo coceira nos ouvidos, juntarão mestres para si mesmos, segundo os seus próprios desejos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. (2 Timóteo 4:3-4).
e. Nos últimos tempos haverá zombadores: Talvez Judas tivesse em mente aos que zombam da ideia da volta de Jesus. Ou ele poderia ter se referido à classe de homens que zombam daqueles que não seguem o mesmo caminho de destruição que eles seguem.
i. Zombadores que seguirão os seus próprios desejos ímpios: Aqueles que seguem os seus próprios desejos ímpios, amam zombar daqueles que desejam agradar a Deus. Judas quer que os cristãos esperem esse tipo de zombaria, assim que não sejam pegos de surpresa.
4. (19) O status espiritual desses certos homens.
Estes são os que causam divisões entre vocês, os quais seguem a tendência da sua própria alma e não têm o Espírito.
a. Estes são os que causam: Essencialmente, esses homens não eram espirituais; eles eram carnais e insensíveis ao Espírito Santo.
i. Sensual: Este contexto não tem nada a ver com atratividade sexual. Descreve a pessoa que vive apenas por e para o que pode obter de seus sentidos físicos e vive de forma egoísta. Seu lema é “Se eu me sentir bem, eu faço” ou “Como posso estar errado se me sinto tão bem?”
b. Que causam divisões: Esses certos homens tinham o instinto de se separar e causar divisões. “A palavra, encontrada apenas uma vez na Bíblia, denota aquelas pessoas superiores que se guardam a si mesmas – cristãos fariseus.” (Green)
c. E não têm o Espírito: Esta mesma descrição poderia ser escrita sobre muitas igrejas, ou projetos de igrejas, ou campanhas evangelísticas, ou grupos domésticos, ou mesmo vidas cristãs individuais. A igreja e o mundo realmente precisam de homens e mulheres espiritualmente genuínas hoje.
F. O que fazer a respeito do perigo de certos homens?
Significativamente, Judas não está nos dizendo para atacar os certos homens que são um perigo para a igreja. Em vez disso, ele nos diz para nos concentrarmos em nossa caminhada com o Senhor, ajudar outros afetados por certos homens, e se concentrar em Deus. Nós simplesmente não devemos prestar atenção nesses certos homens, exceto no que é preciso para a nossa segurança. Deus cuidará deles.
1. (20-21) Dê uma olhada internamente.
Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna.
a. Mantenham-se no amor de Deus: Sabemos que Deus ama até os ímpios (Romanos 5:6). Portanto, Judas não quer dizer: “Viva de maneira que lhe faça digno de ser amado por Deus”. Em vez disso, “mantenham-se no amor de Deus” significa manter-se em harmonia com o amor sempre presente de Deus.
i. Mas você tem que entender o que significa quando a Bíblia diz que Deus ama os ímpios. A importância da ideia de que Deus ama a todos nós foi consideravelmente distorcida. Considere o pecador que defende sua prática pecaminosa dizendo: “Deus me ama assim como eu sou”. Sua implicação é que “Se Deus me ama, devo ser muito bom”. Na verdade, o fato de Deus o amar é um reflexo da bondade de Deus, não da sua própria. A perspectiva não é: “Eu sou tão bom que até Deus me ama”, mas sim, “Deus é tão grande que ama até a mim”.
ii. O amor de Deus se estende por toda parte e nada pode nos separar dele. Mas podemos negar a nós mesmos os benefícios do amor de Deus. Pessoas que não se mantem no amor de Deus acabam vivendo como se estivessem no lado escuro da lua. O sol está sempre lá, sempre brilhante, mas eles nunca estão em posição de receber sua luz ou calor. Um exemplo disso é o filho pródigo, em Lucas 15, que sempre foi amado por seu pai, mas em uma ocasião ele não se beneficiou desse amor.
b. Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm: Esta é uma maneira pela qual podemos permanecer no amor de Deus. Significa continuar a crescer espiritualmente e a nos edificar. Judas nos diz: “Edifiquem-se… na santíssima fé que vocês têm.” Isso significa que somos responsáveis por nosso próprio crescimento espiritual, que não podemos esperar que nosso crescimento espiritual simplesmente aconteça, ou esperar que outros nos façam crescer.
i. Judas nos mostrou a fragilidade dos homens e como enganadores se infiltraram na igreja. Se você confiar seu crescimento espiritual a outra pessoa, isso não apenas afetará seu crescimento espiritual, mas também poderá ser conduzido pelo caminho do mal.
ii. Os outros podem ajudar a criar um ambiente propício ao crescimento espiritual. Mas você não pode fazer uma outra pessoa crescer em seu relacionamento com o Senhor.
iii. Na santíssima fé que vocês têm: A santíssima fé é a mesma fé de uma vez por todas confiada aos santos (Judas 3). Judas não estava falando sobre o crescimento na santíssima fé (embora essa seja uma ideia válida). Judas está falando sobre o crescimento individual de cada um: Na santíssima fé que vocês têm. Crescemos no fundamento da verdade.
c. Orando no Espírito Santo: Esta é outra maneira de nos mantermos no amor de Deus. A batalha contra a maneira errada de viver e a forma errada de ensinar é uma batalha espiritual. Portanto, requer oração no Espírito Santo.
i. Muitas de nossas orações são motivadas por nossas próprias necessidades, por nosso intelecto ou por nossos desejos e vontades. Mas existe um nível superior de oração: Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós” (Romanos 8:26).
ii. O Espírito Santo pode nos ajudar a orar nos dando as palavras certas, ou Ele pode falar com gemidos inexprimíveis (Romanos 8:26). Ou o Espírito Santo pode fazê-lo por meio do dom de línguas, um dom que Deus dá aos corações que O buscam, que desejam se comunicar com Ele em um nível mais profundo do que uma conversa normal.
iii. “Tal é a nossa indolência, e a frieza da nossa carne, que ninguém pode orar bem, a menos que seja despertado pelo Espírito de Deus… ninguém pode orar corretamente sem ter o Espírito como seu guia”. (Calvin)
d. Enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna: Esta é a terceira forma de permanecer no amor de Deus. Enquanto guardamos a bendita esperança do breve retorno de Jesus em nossos corações, realmente nos mantemos no amor de Deus, e temos a força de não abandonar nossa fé.
2. (22-23) Dê uma olhada externamente, aos que nos rodeiam.
Tenham compaixão daqueles que duvidam; a outros, salvem, arrebatando-os do fogo; a outros ainda, mostrem misericórdia com temor, odiando até a roupa contaminada pela carne.
a. Tenham compaixão daqueles que duvidam: Judas aqui começa a nos dizer o que fazer com aqueles que foram influenciados por esses certos homens. Precisamos fazer uma distinção, considerando de onde eles vêm. Certamente, tenham compaixão daqueles que duvidam.
i. Usando a sabedoria, abordamos pessoas diferentes de maneiras diferentes. Por sermos sensíveis ao Espírito Santo, podemos saber quando consolar e quando repreender. Os cristãos não devem abandonar um amigo que flerta com falsos ensinamentos. Eles devem ajudá-lo a passar por isso com amor.
ii. O jeito é continuar amando-os. Não importa o quão má uma pessoa seja, ou quão enganosa e terrível seja sua doutrina; não temos permissão para odiá-la ou tratar com indiferença a sua salvação.
iii. Compaixão geralmente significa cuidar de alguém, ajudando-o com responsabilidade. “No meio tempo, cuide dos outros e de você mesmo; e dê-lhes a ajuda que suas várias necessidades exigem.” (Wesley)
b. A outros, salvem, arrebatando-os do fogo: Este segundo grupo deve ser confrontado com mais força; arrebatando-os, não com uma superioridade hipócrita. Talvez seja preciso arrebatando-os do fogo, mas nunca o faça com orgulho.
i. Essa olhada externamente é importante. Mostra que não estamos preocupados apenas com nosso próprio bem-estar espiritual. Mostra que realmente nos importamos com outros cristãos que estão caindo em erros significativos.
3. (24-25) Olhe para cima, para o Deus de toda a glória
Àquele que é poderoso para impedi-los de cair
E para apresentá-los
Diante da sua glória sem mácula e com grande alegria,
Ao único Deus, nosso Salvador,
Sejam glória, majestade,
Poder e autoridade,
Mediante Jesus Cristo, nosso Senhor, antes de todos os tempos,
Agora e para todo o sempre!
Amém!
a. Àquele: Judas fecha a carta com uma famosa doxologia (uma breve declaração de louvor a Deus). A doxologia de Judas nos lembra do cuidado de Deus e de nosso destino.
b. Que é poderoso para impedi-los de cair e para apresentá-los diante da sua glória sem mácula: A mensagem de advertência e castigo de Judas poderia ter deprimido e desencorajado seus leitores. Talvez os primeiros leitores pensassem que com tantos falsos ensinamentos e imoralidade que existia, poucos cristãos alcançariam o céu. Aqui Judas os lembra que a resposta está apenas no poder de Deus. Ele é poderoso para impedi-los de cair; eles não eram.
i. Na escalada, o iniciante se atenta aos especialistas para que, caso ele perda o equilíbrio, não tropece e caia para a morte. Da mesma forma, se permanecermos conectados com Deus, não cairemos. Ele nos mantém salvos.
ii. Ao comparar as passagens das escrituras, também descobrimos quem é realmente responsável por nossa custódia. Judas começou a carta dirigindo-se àqueles que estão guardados em Jesus Cristo (Judas 1). Em seguida, exortou os cristãos a evitarem os homens perigosos e permanecerem no amor de Deus (Judas 21). Aqui, no final, ele concluiu reconhecendo que é Deus quem nos impede de tropeçar e cair. Paulo colocou a mesma ideia em Filipenses 2:12-13: ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele.
iii. Manter-nos espiritualmente seguros é obra de Deus. Mas é sempre possível ver em quem Ele está operando, porque elas também estão trabalhando. Deus não nos chama simplesmente para deixar a vida cristã acontecer, nem nos ordena que nos salvemos a nós mesmos. Ele nos chama para uma aliança com ele.
c. Diante da sua glória… com grande alegria: Assim como Deus é fiel, não devemos escapar envergonhados diante da presença Dele. Podemos nos apresentar a Ele com grande alegria.
d. Ao único Deus… sejam glória, majestade, poder e autoridade: Tudo isso nos lembra da sabedoria, glória e poder de Deus. Judas não está tentando dizer que podemos ou devemos dar essas coisas a Deus. Quando reconhecemos e declaramos a verdade de Deus, nós O glorificamos. Não estamos dando a Deus mais majestade ou poder do que Ele tinha antes; estamos apenas reconhecendo e declarando isso.
i. Agora e para todo o sempre: Isso também poderia ser traduzido “para todas as eras”. Esta é “essa é a mais completa declaração de eternidade que se possa fazer em linguagem humana”. (Robertson). Nossa vitória, nosso triunfo em Deus, é para sempre.
ii. Há um sério engano no mundo e frequentemente entre os chamados cristãos. Existem inimigos do evangelho que se infiltraram na igreja. Porém, apesar da grandeza da ameaça, Deus ainda é maior. Ele vence e, se simplesmente permanecermos com Ele, também teremos a vitória garantida.
iii. Judas é um livro cheio de advertências, mas encerrado com a suprema confiança em Deus. Os tempos perigosos devem nos fazer confiar em um Deus poderoso.
(c) 2021 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com