Romanos 7 – Expondo a Fraqueza da Lei
A. Morto para a Lei.
1. (1-3) A lei só tem autoridade sobre os vivos.
Meus irmãos, falo a vocês como a pessoas que conhecem a lei. Acaso vocês não sabem que a lei tem autoridade sobre alguém apenas enquanto ele vive? Por exemplo, pela lei a mulher casada está ligada a seu marido enquanto ele estiver vivo; mas, se o marido morrer, ela estará livre da lei do casamento. Por isso, se ela se casar com outro homem enquanto seu marido ainda estiver vivo, será considerada adúltera. Mas se o marido morrer, ela estará livre daquela lei, e mesmo que venha a se casar com outro homem, não será adúltera.
a. A lei tem autoridade: Em Romanos 6:14, Paulo nos disse que você não está sob a lei, mas sob a graça. Após a discussão em Romanos 6:15-23 sobre as implicações práticas disso, ele agora explica mais completamente como é que não estamos mais sob o domínio da lei.
b. Que a lei tem autoridade sobre alguém: O antigo texto grego aqui não tem a palavra “o” antes da lei. Isso significa que Paulo fala de um princípio mais amplo do que a Lei mosaica. A lei que tem domínio sobre o homem inclui a Lei de Moisés, mas há um princípio mais amplo de lei comunicado pela criação e pela consciência, e estes também têm domínio sobre o homem.
c. Alei tem autoridade sobre alguém apenas enquanto ele vive? Paulo afirma que a morte acaba com todas as obrigações e contratos. A esposa não está mais ligada ao marido se ele morrer porque a morte encerra aquele contrato. Se seu marido morrer, ela estará livre dessa lei.
2. (4) Nossa morte com Jesus nos liberta da lei.
Assim, meus irmãos, vocês também morreram para a lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerem a outro, àquele que ressuscitou dos mortos, a fim de que venhamos a dar fruto para Deus.
a. Vocês também morreram para a lei, por meio do corpo de Cristo: Em Romanos 6:3-8, Paulo explicou cuidadosamente que morremos com Jesus e também ressuscitamos com Ele, embora Paulo ali apenas falasse de nossa morte para o pecado. Agora ele explica que também morremos para a lei.
i. Alguns podem pensar: “Sim, fomos salvos pela graça, mas devemos viver pela lei para agradar a Deus”. Aqui, Paulo deixa claro que os crentes morreram para a lei, desde que ela represente um princípio de vida ou uma posição correta perante Deus.
ii. “Os crentes acabaram com a lei. Não é para eles uma opção como meio de salvação. Eles não procuram ser justos com Deus obedecendo a alguma forma de lei, como os adeptos de quase todas as religiões têm feito.” (Morris)
b. Para pertencerem a outro: No entanto, não estamos livres da lei, portanto podemos viver para nós mesmos. Somos livres para nos “casar” com Jesus e para dar frutos para Deus.
3. (5) O problema com a lei.
Pois quando éramos controlados pela carne, as paixões pecaminosas despertadas pela lei atuavam em nossos corpos, de forma que dávamos fruto para a morte.
a. Quando éramos controlados pela carne: Sob a lei, não dávamos fruto para Deus. Em vez disso, geramos frutos até a morte, porque a lei despertou em nós as paixões dos pecados.
b. Dávamos fruto para a morte: Paulo explicará este problema da lei mais detalhadamente em Romanos 7:7-14. Mas agora vemos seu ponto de vista – que só chegamos plenamente ao lugar de dar fruto para Deus quando estamos livres da lei.
4. (6) Libertados da lei.
Mas agora, morrendo para aquilo que antes nos prendia, fomos libertados da lei, para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito, e não segundo a velha forma da lei escrita.
a. Mas agora fomos libertados da lei: Aqui Paulo resume o tema de Romanos 7:1-5. Porque morremos com Jesus no Calvário, estamos mortos para a lei e libertos de seu domínio sobre nós como um princípio de justificação ou de santificação.
i. A lei não nos justifica; não nos torna justos para com Deus. A lei não nos santifica; não nos leva mais profundamente com Deus e nos torna mais santos diante dEle.
b. Para que sirvamos conforme o novo modo do Espírito: Nossa liberdade não é dada para que possamos deixar de servir a Deus, mas para que possamos servi-lo melhor, sob a novidade de Espírito e não na velha forma da lei escrita.
i. Você serve bem na novidade do Espírito? É uma pena que muitos sirvam ao pecado ou ao legalismo com mais devoção do que aqueles que deveriam servir a Deus desde o novo modo do Espírito. É lamentável quando o medo nos motiva mais do que o amor.
B. Nosso problema com a lei perfeita de Deus.
1. (7a) Paulo pergunta: A lei é (igual a) pecado?
Que diremos então? A lei é pecado? De maneira nenhuma
a. A lei é pecado? Se seguirmos a linha de pensamento, podemos entender como alguém pode inferir isso. Paulo insistiu que devemos morrer para a lei se quisermos dar frutos para Deus. Alguém deve pensar: “Certamente há algo errado com a lei!”
2. (7b) Não, a lei é boa porque nos revela o pecado.
De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: “Não cobiçarás”.
a. De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei: A lei é como uma máquina de raios-x; revela o que está lá, mas oculto. Você não pode culpar um raio-x pelo que ele expõe.
b. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: “Não cobiçarás”. A lei define o “limite de velocidade” para que saibamos exatamente se estamos indo rápido demais. Podemos nunca saber que estamos pecando em muitas áreas (como a cobiça) se a lei não nos mostrasse especificamente.
3. (8) O pecado corrompe o mandamento (lei).
Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, produziu em mim todo tipo de desejo cobiçoso. Pois, sem a lei, o pecado está morto.
a. Mas o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento: Paulo descreve a dinâmica em que o aviso “Não faça isso!” pode se tornar um chamado à ação por causa de nossos corações pecaminosos e rebeldes. Não é culpa do mandamento, mas é nossa culpa.
i. Em seu livro Confissões, o grande teólogo da antiga igreja Agostinho descreveu como essa dinâmica funcionou em sua vida de jovem: “Havia uma pereira perto de nossa vinha, carregada de frutas. Numa noite de tempestade, nós, jovens malandros, partimos para roubá-lo e levar nossos despojos embora. Tiramos uma grande carga de peras – não para nos banquetearmos, mas para jogá-las aos porcos, embora comêssemos apenas o suficiente para ter o prazer do fruto proibido. Eram lindas peras, mas não eram as peras que minha miserável alma cobiçava, pois eu tinha muito melhor em casa. Eu os escolhi simplesmente para me tornar um ladrão. O único banquete que recebi foi um banquete da iniquidade, e que apreciei ao máximo. O que foi que amei no roubo? Foi o prazer de agir contra a lei? O desejo de roubar foi despertado simplesmente pela proibição de roubar.”
ii. Na história brasileira, sabemos que a Lei de Proibição de beber, não faz a pessoa parar de beber. De muitas maneiras, isso tornou a bebida mais atraente para as pessoas por causa de nosso desejo de quebrar os limites impostos pelo mandamento.
iii. Uma vez que Deus traça um limite para nós, somos imediatamente induzidos a cruzar esse limite – o que não é culpa de Deus ou de Seu limite, mas sim de nossos corações pecaminosos.
b. Aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento: A fraqueza da lei não está na lei – está em nós. Nossos corações são tão perversos que podem encontrar oportunidades para todos os tipos de desejos maus em algo bom como a lei de Deus.
i. “A palavra oportunidade no original é um termo militar que significa uma base de operações. A proibição fornece um trampolim do qual o pecado está muito pronto para decolar.” (Harrison)
ii. Um hotel à beira-mar na Flórida estava preocupado com a possibilidade de as pessoas tentarem pescar nas sacadas, então colocaram placas dizendo: “NÃO PESCAR NA VARANDA”. Eles tinham problemas constantes com pessoas pescando nas sacadas, com linhas e pesos quebrando janelas e incomodando as pessoas nos quartos abaixo. Eles finalmente resolveram o problema simplesmente retirando as placas – e ninguém pensou em pescar nas varandas. Por causa de nossa natureza decaída, a lei pode realmente funcionar como um convite ao pecado.
c. Pois, sem a lei, o pecado está morto: Isso mostra quão grande é o mal do pecado – ele pode pegar algo bom e santo como a lei e distorcê-lo para promover o mal. O pecado transforma o amor em luxúria, um desejo honesto de sustentar a família em ganância e a lei em um promotor do pecado.
4. (9) O estado de inocência de Paulo antes de conhecer a lei.
Antes, eu vivia sem a lei, mas quando o mandamento veio, o pecado reviveu, e eu morri.
a. Antes, eu vivia sem a lei: As crianças podem ser inocentes antes de saber ou entender o que a lei exige. É a isso que Paulo se refere quando diz que antes, eu vivia sem a lei.
i. “Ele não está vivo com a vida de que tanto falam os escritores do Novo Testamento. Ele está vivo no sentido de que nunca foi condenado à morte como resultado de um confronto com a lei”. (Morris)
ii. “Ele estava bastante seguro em meio a todo o seu pecado e pecaminosidade. Ele viveu no sentido de que o golpe mortal ainda não o matou. Ele se sentou seguro na casa de sua ignorância como um homem que vive em um vulcão e pensou que tudo estava bem.” (Lenski)
b. Mas quando o mandamento veio, o pecado reviveu e eu morri: Quando conhecemos a lei, a lei nos mostra nossa culpa e excita nossa rebelião, trazendo mais pecado e morte.
5. (10-12) O pecado corrompe a lei e frustra seu propósito de dar vida; uma vez que a lei é corrompida pelo pecado, ela traz a morte.
Descobri que o próprio mandamento, destinado a produzir vida, na verdade produziu morte. Pois o pecado, aproveitando a oportunidade dada pelo mandamento, enganou-me e por meio do mandamento me matou. De fato a lei é santa, e o mandamento é santo, justo e bom.
a. Descobri que o próprio mandamento, destinado a produzir vida, na verdade produziu morte: O pecado o faz por engano. O pecado nos engana:
·Porque o pecado falsamente promete satisfação.
·Porque o pecado afirma falsamente uma desculpa adequada.
·Porque o pecado promete falsamente uma fuga da punição.
b. Pelo mandamento, enganou-me: Não é a lei que nos engana, mas é o pecado que usa a lei como uma ocasião para rebelião. É por isso que Jesus disse: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará” (João 8:32). A verdade nos liberta dos enganos do pecado.
c. Por meio do mandamento me matou: O pecado, quando seguido, leva à morte – não à vida. Um dos maiores enganos de Satanás é nos fazer pensar no pecado como algo bom que um Deus desagradável quer nos privar. Quando Deus nos alerta para evitar o pecado, Ele nos alerta para evitar algo que nos matará.
d. De fato a lei é santa: Paulo entende como alguém pode tomá-lo como dizendo que ele é contra a lei – mas ele não é de todo. É verdade que devemos morrer para o pecado (Romanos 6:2) e devemos morrer para a lei (Romanos 7:4). Mas isso não deve significar que Paulo acredita que o pecado e a lei estão no mesmo cesto. O problema está em nós, não na lei. No entanto, o pecado corrompe a obra ou o efeito da lei, por isso devemos morrer para ambos.
C. O propósito e caráter da lei.
1. (13) A lei expõe e magnifica o pecado.
E então, o que é bom se tornou em morte para mim? De maneira nenhuma! Mas, para que o pecado se mostrasse como pecado, ele produziu morte em mim por meio do que era bom, de modo que por meio do mandamento ele se mostrasse extremamente pecaminoso.
a. Mas, para que o pecado se mostrasse como pecado, ele produziu morte em mim: Embora a lei provoque nossa natureza pecaminosa, ela pode ser usada para o bem porque expõe de maneira mais dramática nossa pecaminosidade profunda. Afinal, se o pecado pode usar algo tão bom quanto a lei a seu favor para promover o mal, isso mostra o quão mau é o pecado.
i. Precisamos que o pecado pareça pecado, porque ele sempre quer se esconder em nós e ocultar sua verdadeira profundidade e força. “Este é um dos resultados mais deploráveis do pecado. Isso nos prejudica mais porque nos tira a capacidade de saber o quanto estamos feridos. Mina a constituição do homem e ainda o leva a se gabar de uma saúde infalível; isso o mendiga e diz que ele é rico; isso o desnuda e o glorifica em suas vestes fantasiosas.” (Spurgeon)
ii. “A lei, portanto, é o grande instrumento nas mãos de um ministro fiel, para alarmar e despertar os pecadores.” (Clarke)
b. De modo que por meio do mandamento ele se mostrasse extremamente pecaminoso: O pecado “se torna mais pecaminoso” à luz da lei de duas maneiras. Primeiro, o pecado se torna extremamente pecaminoso em contraste com a lei. Em segundo lugar, o pecado se torna extremamente pecaminoso porque a lei provoca sua natureza maligna.
i. “Em vez de ser um dínamo que nos dá força para superar, a Lei é um ímã que extrai de nós todos os tipos de pecado e corrupção.” (Wiersbe)
ii. Extremamente pecaminoso: “Por que ele não disse, ‘extremamente preto’, ou ‘extremamente horrível’ ou ‘extremamente mortal’? Porque não há nada no mundo tão ruim quanto o pecado. Quando ele quis usar a pior palavra que encontrou para chamar de pecado, ele a chamou pelo seu próprio nome e reiterou: ‘pecado’, ‘extremamente pecaminoso’.” (Spurgeon)
2. (14) A lei espiritual não pode restringir um homem carnal.
Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado.
a. A lei é espiritual; eu, contudo, não o sou: Paulo se considera carnal, a palavra carnal significa simplesmente “da carne”. Paulo reconhece que uma lei espiritual não pode ajudar um homem carnal.
i. Carnal usa a antiga palavra grega sarkikos, que significa “caracterizado pela carne”. Nesse contexto, fala da pessoa que pode e deve fazer diferente, mas não o faz. Paulo vê essa carnalidade em si mesmo, e sabe que a lei, embora seja espiritual, não tem resposta para sua natureza carnal.
b. Pois fui vendido como escravo ao pecado: Paulo está em cativeiro sob o pecado e a lei não pode ajudá-lo. Ele é como um homem preso por um crime e jogado na prisão. A lei só o ajudará se for inocente, mas Paulo sabe que ele é culpado e que a lei argumenta contra ele, não por ele.
c. Mesmo que Paulo diga que ele é carnal, não significa que ele não seja um cristão. Sua consciência da carnalidade mostra que Deus fez uma obra nele.
i. Lutero continua, mas sou carnal, vendido sob o pecado: “Essa é a prova do homem espiritual e sábio. Ele sabe que é carnal e está descontente de si mesmo; na verdade, ele se odeia e louva a Lei de Deus, que ele reconhece porque é espiritual. Mas a prova de um homem tolo e carnal é que ele se considera espiritual e se agrada de si mesmo.”
D. A luta da obediência em nossas próprias forças.
1. (15-19) Paulo descreve sua sensação de desamparo.
Não entendo o que faço. Pois não faço o que desejo, mas o que odeio. E, se faço o que não desejo, admito que a lei é boa. Neste caso, não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Sei que nada de bom habita em mim, isto é, (em minha carne). Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo.
a. Não entendo o que faço: O problema de Paulo não é falta de desejo – ele quer fazer o que é certo (pois não faço o que desejo). Seu problema não é o conhecimento – ele sabe o que é a coisa certa. Seu problema é falta de força: tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Ele não tem poder porque a lei não dá poder.
i. A lei diz: “Aqui estão as regras e é melhor você cumpri-las”. Mas não nos dá poder para guardar a lei.
b. Não sou mais eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim: Paulo está negando sua responsabilidade como pecador? Não. Ele reconhece que, ao pecar, age contra sua natureza como um novo homem em Jesus Cristo. Um cristão deve confessar seu pecado, mas perceber que o impulso para pecar não vem de quem realmente somos em Jesus Cristo.
i. “Para ser salvo do pecado, o homem deve ao mesmo tempo possuí-lo e negá-lo; é este paradoxo prático que se reflete neste versículo. Um verdadeiro santo pode dizer isso em um momento de paixão, mas é melhor um pecador não fazer disso um princípio.” (Wuest)
2. (20-23) A batalha entre duas pessoas.
Ora, se faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, mas o pecado que habita em mim. Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quando quero fazer o bem, o mal está junto a mim. Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus; mas vejo outra lei atuando nos membros do meu corpo, guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado que atua em meus membros.
a. Assim, encontro esta lei que atua em mim: Quem já tentou fazer o bem está ciente desta luta. Nunca sabemos como é difícil parar de pecar até tentarmos. “Nenhum homem sabe, o quão ele é ruim, até que ele tente ser bom.” (C.S. Lewis)
b. Pois, no íntimo do meu ser tenho prazer na lei de Deus: Paulo sabe que no íntimo do seu ser ele tem prazer na lei de Deus. Ele entende que o impulso para o pecado vem de outra lei atuando nos membros do seu corpo. Paulo sabe que o “eu verdadeiro” é aquele que tem prazer na lei de Deus.
i. O velho homem não é o verdadeiro Paulo; o velho homem está morto. A carne não é o verdadeiro Paulo; a carne está destinada a passar e ser ressuscitada. O novo homem é o verdadeiro Paulo; agora o desafio de Paulo é viver como Deus o fez.
ii. Há um debate entre os cristãos se Paulo era cristão durante a experiência que descreve. Alguns olham para sua luta contra o pecado e acreditam que deve ter acontecido antes de ele nascer de novo. Outros acreditam que ele é apenas um cristão lutando contra o pecado. Em certo sentido, esta é uma questão irrelevante, pois esta é a luta de qualquer um que tenta obedecer a Deus em suas próprias forças. Esta experiência de luta e derrota é algo que um cristão pode experimentar, mas algo que um não-cristão pode apenas experimentar.
iii. Morris citando Griffith Thomas: “O único ponto das passagens é que descrevem um homem que está tentando ser bom e santo por seus próprios esforços e é sempre derrotado pelo poder do pecado interior; portanto, se refere a qualquer pessoa, regenerada ou não regenerada.”
c. Guerreando contra a lei da minha mente, tornando-me prisioneiro da lei do pecado: O pecado é capaz de guerrear dentro de Paulo e vencer porque não há nenhum poder nele além de si mesmo, para parar de pecar. Paulo é pego na desesperada impotência de tentar lutar contra o pecado com o próprio poder.
E. A vitória encontrada em Jesus Cristo.
1. (24) O desespero e a perspectiva de Paulo.
Miserável homem que eu sou! Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?
a. Miserável homem que eu sou! A palavra grega antiga miserável é mais literalmente, “miserável devido à exaustão do trabalho duro”. Paulo está completamente esgotado e miserável por causa de seu esforço malsucedido para agradar a Deus sob o princípio da lei.
i. “Vale a pena ter em mente que os grandes santos através dos tempos não costumam dizer: ‘Como eu sou bom!’ Em vez disso, eles costumam lamentar sua pecaminosidade.” (Morris)
ii. O legalismo sempre coloca a pessoa cara a cara com sua própria miséria e, se ela continuar no legalismo, reagirá de uma das duas maneiras. Ou eles negarão sua miséria e se tornarão fariseus hipócritas, ou se desesperarão por causa de sua miséria e desistirão de seguir a Deus.
b. Miserável homem que eu sou! Todo o tom da declaração mostra que Paulo está desesperado por libertação. Ele está sobrecarregado com a sensação de sua própria impotência e pecaminosidade. Devemos chegar ao mesmo lugar de desespero para encontrar a vitória.
i. Seu desejo deve ir além de uma vaga esperança de ser melhor. Você deve clamar contra si mesmo e clamar a Deus com o desespero de Paulo.
c. Quem me libertará: A perspectiva de Paulo finalmente se transforma em algo (na verdade, alguém) fora de si mesmo. Paulo se referiu a si mesmo cerca de 40 vezes desde Romanos 7:13. No poço de sua luta malsucedida contra o pecado, Paulo tornou-se totalmente focado em si mesmo e obcecado por si mesmo. Este é o lugar de qualquer crente que vive sob a lei, que olha para si e para o desempenho pessoal ao invés de olhar primeiro para Jesus.
i. As palavras “Quem me libertará” mostram que Paulo desistiu de si mesmo e pergunta: “Quem me libertará?” em vez de “Como vou me entregar?”
ii. “Não é a voz de alguém desanimado ou duvidoso, mas de alguém respirando e ofegando após a libertação.” (Poole)
d. Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte? Quando Paulo descreve esse corpo morto, alguns comentaristas veem uma referência a reis antigos que atormentavam seus prisioneiros acorrentando-os a cadáveres em decomposição. Paulo ansiava por se libertar do miserável corpo da morte que se apegava a ele.
i. “Era costume dos antigos tiranos, quando desejavam impor aos homens os mais terríveis castigos, amarrar-lhes um cadáver, colocando-os de costas um para o outro; e lá estava o homem vivo, com um cadáver amarrado a ele, apodrecendo, pútrido, corrompendo, e este ele deve arrastar com ele aonde quer que fosse. Agora, isso é exatamente o que o cristão tem que fazer. Ele tem dentro de si a nova vida; ele tem um princípio vivo e imortal, que o Espírito Santo colocou dentro dele, mas ele sente que todos os dias tem que arrastar consigo este cadáver, este corpo de morte, uma coisa tão repugnante, tão hedionda, tão abominável para ele na nova vida, como uma carcaça fedorenta seria para um homem vivo.” (Spurgeon)
ii. Outros vêem uma referência ao pecado em geral, como Murray: “O corpo significa massa e corpo morto, toda a massa do pecado. Portanto, o que Paulo deseja ser libertado é o pecado em todos os seus aspectos e consequências”.
iii. “Por corpo de morte ele quer dizer toda a massa do pecado, ou aqueles ingredientes de que todo o homem é composto; exceto que nele restaram apenas relíquias, pelos laços cativos dos quais ele foi mantido.” (Calvin)
2. (25) Paulo finalmente olha fora de si mesmo para Jesus.
Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado.
a. Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! Finalmente, Paulo olha para fora de si mesmo e para Jesus. Assim que ele olha para Jesus, ele tem algo pelo o que dar graças a Deus– e ele dá graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.
i. Por meio de que Paulo vê Jesus se colocando entre ele e Deus, preenchendo a lacuna e provendo o caminho para Deus. Senhor significa que Paulo colocou Jesus no lugar certo – como Senhor e mestre de sua vida.
b. De modo que, com a mente, eu próprio sou escravo da lei de Deus; mas, com a carne, da lei do pecado: Ele reconhece o estado de luta, mas agradece a Deus pela vitória em Jesus. Paulo não finge que olhar para Jesus acaba com a luta – Jesus opera através de nós, não em nosso lugar na batalha contra o pecado.
i. A gloriosa verdade permanece: há vitória em Jesus! Jesus não veio e morreu apenas para nos dar mais ou melhores regras, mas para viver Sua vitória por meio daqueles que crêem. A mensagem do evangelho é que há vitória sobre o pecado, ódio, morte e todo o mal quando entregamos nossas vidas a Jesus e o deixamos viver a vitória através de nós.
c. Por Jesus Cristo, nosso Senhor! Paulo mostra que, embora a lei seja gloriosa e boa, ela não pode nos salvar – e precisamos de um Salvador. Paulo nunca encontrou paz, nenhum louvor a Deus, até que olhou para fora de si mesmo e além da lei para seu Salvador, Jesus Cristo.
i. Você pensava que o problema era que não sabia o que fazer para se salvar – mas a lei veio como um professor, ensinou-lhe o que fazer e você ainda não conseguia. Você não precisa de um professor, você precisa de um Salvador.
ii. Você pensou que o problema era que você não estava motivado o suficiente, mas a lei veio como um treinador para encorajá-lo a fazer o que você precisa fazer e você ainda não fez. Você não precisa de um treinador ou palestrante motivacional, você precisa de um Salvador.
iii. Você pensou que o problema era que você não se conhecia bem o suficiente. Mas a lei veio como um médico e diagnosticou perfeitamente o seu problema de pecado, mas a lei não poderia curá-lo. Você não precisa de um médico, você precisa de um Salvador.
© 2022 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com