Marcos 8




Marcos 8 – Quem é Jesus?

A. Alimentando os quatro mil.

1. (1-4) Jesus dá aos discípulos uma oportunidade de fé.

Naqueles dias, outra vez reuniu-se uma grande multidão. Visto que não tinham nada para comer, Jesus chamou os seus discípulos e disse-lhes: “Tenho compaixão desta multidão; já faz três dias que eles estão comigo e nada têm para comer. Se eu os mandar para casa com fome, vão desfalecer no caminho, porque alguns deles vieram de longe.” Os seus discípulos responderam: “Onde, neste lugar deserto, poderia alguém conseguir pão suficiente para alimentá-los?”

a. Tenho compaixão desta multidão: A situação foi semelhante à recente alimentação dos cinco mil. Vemos tanto uma multidão faminta quanto um Jesus compassivo, então Jesus apresentou o dilema aos discípulos: o que fazemos?

b. Onde, neste lugar deserto, poderia alguém conseguir pão suficiente para alimentá-los? Podemos imaginar Jesus esperando que um dos discípulos dissesse: “Jesus, você fez isso antes. Você pode fazer o mesmo tipo de trabalho novamente.” Jesus esperava que eles considerassem a Sua fidelidade passada como uma promessa de satisfazer as suas necessidades presentes.

2. (5-10) Jesus e os discípulos alimentam a multidão.

“Quantos pães vocês têm?”, perguntou Jesus. “Sete”, responderam eles. Ele ordenou à multidão que se assentasse no chão. Depois de tomar os sete pães e dar graças, partiu-os e os entregou aos seus discípulos, para que os servissem à multidão; e eles o fizeram. Tinham também alguns peixes pequenos; ele deu graças igualmente por eles e disse aos discípulos que os distribuíssem. O povo comeu até se fartar. E ajuntaram sete cestos cheios de pedaços que sobraram. Cerca de quatro mil homens estavam presentes. E, tendo-os despedido, entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta.

a. Quantos pães vocês têm? Jesus pediu-lhes que desta vez desistissem da sua própria comida. Antes eles usavam a comida do menino, mas desta vez Jesus fez com que os discípulos dessem.

b. Ele ordenou à multidão que se assentasse no chão: “Ele pretendia que eles não fossem apenas um banquete contínuo, um pequeno banquete, mas um banquete completo, uma boa refeição, e, portanto, ordenou-lhes que se sentassem e se alimentassem até se saciarem.” (Trap)

c. Partiu-os e os entregou aos seus discípulos, para que os servissem à multidão: Jesus fez o que só Ele podia fazer – o milagre criativo. Mas Jesus deixou que os discípulos fizessem o que pudessem fazer – a distribuição do pão.

d. Tinham também alguns peixes pequenos: Parece que os discípulos esconderam os peixes de Jesus até que viram que Ele poderia multiplicar os pães. Eles precisavam ver que estamos seguros dando tudo para Jesus.

i. “Por que isso não foi mencionado antes? Será que eles foram retidos pelos discípulos incrédulos até que vissem como o pão era multiplicado? Aparentemente, os peixes foram abençoados separadamente e depois distribuídos como o pão.” (Ironside)

e. O povo comeu até se fartar. E ajuntaram sete cestos cheios de pedaços que sobraram: No final da refeição, eles juntaram mais pão do que tinham no início. Esta foi uma provisão milagrosa. Os sete cestos cheios mostravam que Deus proveu com Sua abundância.

i. Alguns estudiosos argumentam que este milagre específico nunca aconteceu. Eles afirmam que isso foi apenas uma recontagem da alimentação de 5.000 pessoas. O seu principal argumento é: “como puderam os discípulos esquecer o trabalho anterior de Jesus tão rapidamente?” No entanto, mesmo os cristãos maduros, tendo experimentado o poder e a provisão de Deus, às vezes agem com incredulidade. Afinal, isso não foi tão surpreendente.

B. O fermento dos fariseus.

1. (11-12) Os fariseus pedem um sinal do céu.

Os fariseus vieram e começaram a interrogar Jesus. Para pô-lo à prova, pediram-lhe um sinal do céu. Ele suspirou profundamente e disse: “Por que esta geração pede um sinal milagroso? Eu afirmo que nenhum sinal será dado a esta geração.”

a. Pediram-lhe um sinal do céu: Na mente dos fariseus, este não era um pedido de outro milagre do tipo que Jesus já havia feito. Eles pediram um sinal dramático vindo do céu, algo semelhante ao fogo do céu de Elias (1 Reis 18:38).

i. Pô-lo à prova: Este não foi um encontro amigável. A palavra prova poderia ser traduzida como tentado. Os fariseus tentaram Jesus a realizar um sinal milagroso, assim como Satanás o tentou a fazê-lo no deserto.

b. Ele suspirou profundamente: Este ataque e a incredulidade que ele demonstrou angustiaram Jesus. Ele ficou surpreso com a incredulidade e a audácia desses líderes religiosos. “O suspiro físico, sua causa espiritual – uma sensação de inimizade irreconciliável, incredulidade invencível e destruição iminente.” (Bruce)

i. Esta exigência de um sinal “especial” foi um exemplo extremo da arrogância e orgulho dos fariseus para com Jesus. Essencialmente, eles disseram: “Você fez muitos pequenos milagres. Venha para as grandes ligas e realmente nos mostre algo.”

c. Nenhum sinal será dado a esta geração: Jesus recusou porque Seus milagres não são feitos com a intenção de convencer os incrédulos endurecidos. Em vez disso, Jesus fez milagres para mostrar o poder de Deus no contexto da misericórdia. Aqueles que acreditam que se as pessoas virem sinais suficientes, chegarão à fé, presumem saber mais do que Jesus sabia. Ele condenou a geração que buscava um sinal.

2. (13-15) Jesus alerta sobre o fermento dos fariseus e de Herodes.

Então se afastou deles, voltou para o barco e foi para o outro lado. Os discípulos haviam se esquecido de levar pão, a não ser um pão que tinham consigo no barco. Advertiu-os Jesus: “Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes.”

a. Tenham cuidado com o fermento dos fariseus: Esse fermento não era apenas fermento, mas um pedaço de massa que sobrou da massa anterior, como no preparo do pão de massa fermentada. Era assim que o pão era comumente fermentado no mundo antigo, e uma pequena parte de massa antiga poderia fazer um novo pedaço de massa crescer e “inchar.” Assim, a obra do fermento foi considerada uma ilustração da obra do pecado e do orgulho. A presença de um pouco pode corromper uma grande quantidade.

i. “Às vezes, os judeus usavam a palavra fermento da mesma forma que usaríamos o termo pecado original, ou o mal natural da natureza humana.” (Barclay)

b. Estejam atentos e tenham cuidado: Jesus disse essencialmente: “Cuidado com a maneira maligna como os fariseus e Herodes pensam sobre o Reino do Messias, pois em pouco tempo eu revelarei a verdade a você.” Tanto Herodes como os fariseus idealizaram o Reino como poder e autoridade dominadores. Herodes via-o mais como poder e autoridade política, e os fariseus viam mais como poder e autoridade espiritual, mas ainda viam o reino desta forma nobre.

3. (16-21) Jesus questiona os doze sobre a sua falta de compreensão.

E eles discutiam entre si, dizendo: “É porque não temos pão.” Percebendo a discussão, Jesus lhes perguntou: “Por que vocês estão discutindo sobre não terem pão? Ainda não compreendem nem percebem? O coração de vocês está endurecido? Vocês têm olhos, mas não veem? Têm ouvidos, mas não ouvem? Não se lembram? Quando eu parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram?” “Doze”, responderam eles. “E, quando eu parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram?” “Sete”, responderam. Ele lhes disse: “Vocês ainda não entendem?”

a. É porque não temos pão: Quando Jesus falou do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes, os discípulos não o relacionaram de forma alguma com uma ideia espiritual. Tudo o que conseguiam pensar era no pão que vai para o estômago, não no pão que vai para a alma.

b. Ainda não compreendem nem percebem? Jesus confrontou Seus discípulos sobre sua falta de compreensão. A partir disso, sabemos que eles poderiam ter feito melhor do que isso. Eles poderiam ter entendido mais se tivessem se aplicado mais.

c. Não se lembram? A compreensão deles deveria ter sido baseada em ver o que Jesus já fez. Sempre podemos considerar a fidelidade passada de Deus como uma promessa de Seu amor e cuidado contínuo.

i. Esta é uma das situações em que gostaríamos de ter uma gravação das palavras de Jesus para ouvir que tom de voz Ele usou. Foi um tom comunicando raiva, preocupação ou frustração?Sabemos que mesmo quando Jesus confrontou Seus discípulos, Ele o fez por amor.

4. (22-26) Os olhos cegos são abertos.

Eles foram para Betsaida, e algumas pessoas trouxeram um cego a Jesus, suplicando-lhe que tocasse nele. Ele tomou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Depois de cuspir nos olhos do homem e impor-lhe as mãos, Jesus perguntou: “Você está vendo alguma coisa?” Ele levantou os olhos e disse: “Vejo pessoas; elas parecem árvores andando.” Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Então seus olhos foram abertos, e sua vista lhe foi restaurada, e ele via tudo claramente. Jesus mandou-o para casa, dizendo: “Não entre no povoado!”

a. Depois de cuspir nos olhos do homem e impor-lhe as mãos: Adam Clarke tinha uma perspectiva interessante sobre isso: “É provável que isso tenha sido feito apenas para separar as pálpebras; pois, em certos casos de cegueira, encontram-se sempre colados. Foi necessário um milagre para restaurar a visão, e isso foi feito em consequência de Cristo ter imposto as mãos sobre o cego: não foi necessário nenhum milagre para separar as pálpebras e, portanto, apenas meios naturais foram empregados – isso foi feito esfregando-os com saliva.”

b. Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem: Esta é a única cura “gradual” ou “progressiva” descrita no ministério de Jesus. É outro exemplo da variedade de métodos de cura que Jesus usou.

i. Provavelmente Jesus escolheu este método neste momento como ilustração aos Seus discípulos, mostrando-lhes então que a sua cegueira espiritual – mostrada na passagem anterior – será curada, mas apenas gradualmente.

C. Jesus revela Sua missão.

1. (27-30) Pedro confessa Jesus como o Messias.

Jesus e os seus discípulos dirigiram-se para os povoados nas proximidades de Cesareia de Filipe. No caminho, ele lhes perguntou: “Quem o povo diz que eu sou?” Eles responderam: “Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, um dos profetas.” “E vocês?”, perguntou ele. “Quem vocês dizem que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Cristo.” Jesus os advertiu que não falassem a ninguém a seu respeito.

a. Quem o povo diz que eu sou? Jesus não fez essa pergunta porque não sabia quem Ele era ou porque tinha uma dependência distorcida da opinião dos outros. Ele fez esta pergunta como uma introdução a uma questão de acompanhamento mais importante.

b. Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, um dos profetas: As pessoas que pensavam que Jesus era João Batista não sabiam muito sobre Ele e não sabiam que Jesus e João haviam ministrado ao mesmo tempo. Mas tanto João como Elias foram reformadores nacionais que enfrentaram os governantes corruptos da sua época.

i. Talvez ao ver Jesus como João Batista ou Elias, as pessoas esperassem por um messias político que derrubaria os poderes corruptos que oprimiam Israel.

c. Quem vocês dizem que eu sou? Foi bom para os discípulos saberem o que os outros pensavam sobre Jesus. Mas Jesus teve que perguntar-lhes, como indivíduos, o que eles acreditavam sobre Jesus.

d. Tu és o Cristo: Pedro sabia que a opinião da multidão – embora elogiosa em relação a Jesus – não era correta. Jesus era muito mais do que João Batista, ou Elias, ou um profeta. Ele foi mais que um reformador nacional, mais que um milagreiro, mais que um profeta. Jesus é o Cristo, o Messias.

i. Chamar Jesus de Messias estava certo, mas era facilmente mal compreendido. No pensamento da maioria das pessoas nos dias de Jesus, o Messias era um super-homem político e nacional. “Perto do final do período do AT, a palavra ‘ungido’ assumiu um significado especial. Denotava o rei ideal ungido e capacitado por Deus para libertar seu povo e estabelecer seu reino justo.” (Wessel)

2. (31-32a) Jesus revela claramente a sua missão: vir e morrer, e depois ressuscitar.

Então ele começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas e fosse rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, fosse morto e três dias depois ressuscitasse. Ele falou claramente a esse respeito.

a. Que era necessário que o Filho do homem sofresse muitas coisas: Esta foi a obra necessária do Messias e foi predita em passagens como Isaías 53:3-12. Era necessário que Ele morresse morto, e era necessário que depois da sua morte Ele ressuscitasse.

i. O sofrimento e a morte de Jesus foram necessários por causa de dois grandes fatos: o pecado do homem e o amor de Deus. Embora Sua morte tenha sido o exemplo máximo do pecado do homem contra Deus, foi também a expressão suprema do amor de Deus pelo homem.

b. Ele falou claramente a esse respeito: Isto foi um choque inacreditável para qualquer um que esperasse ou esperasse que Jesus fosse o messias nacional e político. É como se um candidato presidencial anunciasse no final da sua campanha que iria para a Capital do país para ser rejeitado e executado.

i. “Um Messias sofredor! Impensável! O Messias era um símbolo de força, não de fraqueza.” (Wessel)

ii. “Às vezes o Messias era pensado como um rei da linhagem de Davi, mas mais frequentemente ele era pensado como uma grande figura sobre-humana que colidiu com a história para refazer o mundo e, no final, para vindicar o povo de Deus… O Messias irá ser o conquistador mais destrutivo da história, esmagando seus inimigos até a extinção total.” (Barclay)

3. (32b-33) Pedro repreende Jesus; Jesus repreende Pedro.

Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo. Jesus, porém, voltou-se, olhou para os seus discípulos e repreendeu Pedro, dizendo: “Para trás de mim, Satanás! Você não pensa nas coisas de Deus, mas nas coisas dos homens.”

a. Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo: A intenção de Pedro era amar Jesus, mas ele foi involuntariamente usado por Satanás. Você não precisa estar possuído por demônios para que Satanás o use, e precisamos estar atentos para não sermos usados involuntariamente.

i. Mateus 16:17-19 nos dá um pouco mais de compreensão desta passagem. Lemos lá que depois que Pedro fez a confissão de fé registrada em Marcos 8:29 (Tu és o Cristo), Jesus então disse: “Bem-aventurado é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não foi revelado a você por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus.”Jesus continuou a edificar Pedro depois daquela palavra elogiosa. Não é difícil ver Pedro seguindo estes passos:

·Pedro confessou Jesus como o Messias.

·Jesus elogiou Pedro, dizendo-lhe que Deus lhe revelou isso.

·Jesus falou sobre Seu sofrimento, morte e ressurreição iminentes.

·Pedro sentiu que isso não estava certo e acreditou ter ouvido de Deus.

·Pedro repreendeu Jesus.

ii. Podemos inferir que se Pedro foi ousado o suficiente para repreendê-lo, ele estava confiante de que Deus lhe disse o que era certo e que Jesus estava errado. O que tudo desmoronou foi que Pedro estava confiante demais em sua capacidade de ouvir Deus.

·O que Pedro disse não estava de acordo com as Escrituras.

·O que Pedro disse estava em contradição com a autoridade espiritual sobre ele.

b. Para trás de mim, Satanás! Esta foi uma forte repreensão de Jesus, mas inteiramente apropriada. Embora um momento antes Pedro falasse como mensageiro de Deus, ele então falou como mensageiro de Satanás. Jesus sabia que havia um propósito satânico em desencorajá-lo de Seu ministério na cruz, e Jesus não permitiria que esse propósito tivesse sucesso.

i. Podemos ter certeza de que Pedro não sabia que falava em nome de Satanás, assim como um momento antes não sabia que falava em nome de Deus. Muitas vezes é muito mais fácil ser um instrumento de Deus ou do diabo do que queremos acreditar.

c. Você não pensa nas coisas de Deus, mas nas coisas dos homens: Jesus expôs como Pedro entrou nessa forma satânica de pensar. Ele não fez uma escolha deliberada de rejeitar Deus e abraçar Satanás; ele simplesmente deixou sua mente se concentrar nas coisas dos homens em vez das coisas de Deus, e Satanás se aproveitou disso.

i. Pedro é um exemplo perfeito de como um coração sincero aliado ao pensamento humano pode muitas vezes levar ao desastre.

ii. A repreensão de Pedro a Jesus foi uma evidência do fermento mencionado em Marcos 8:15. Com a mente voltada para as coisas dos homens, Pedro via o Messias apenas como a personificação do poder e da força, em vez de como um servo sofredor. Porque Pedro não conseguia lidar com um Messias sofredor, ele repreendeu Jesus.

4. (34) À luz da sua missão, Jesus adverte aqueles que querem segui-lo.

Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.

a. Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz: Já era ruim o suficiente para os discípulos ouvirem que Jesus sofreria, seria rejeitado e morreria na cruz. Agora Jesus disse-lhes que eles tinham que fazer a mesma coisa

b. Negue-se a si mesmo, tome a sua cruz: Todos sabiam o que Jesus quis dizer quando disse isso. Todos sabiam que a cruz era um instrumento implacável de morte. A cruz não tinha outro propósito.

i. A cruz não se tratava de cerimônias religiosas; não se tratava de tradições e sentimentos espirituais. A cruz era uma forma de executar pessoas. Nestes 20 séculos depois de Jesus, higienizamos e ritualizamos a cruz. Como receberíamos isso se Jesus dissesse: “Ande diariamente pelo corredor da morte e siga-me”? Tomar a sua cruz não era uma jornada; era uma viagem só de ida.

ii. “O suportar a cruz não se refere a alguma irritação na vida. Pelo contrário, envolve o caminho da cruz. A imagem é de um homem, já condenado, obrigado a carregar a sua cruz no caminho para o local da execução, como Jesus foi obrigado a fazer.” (Wessel)

iii. “Todo cristão deve carregar sua cruz, disse Lutero, e fazer um pouco mais do que aqueles monges que faziam para si cruzes de madeira e as carregavam continuamente nas costas, fazendo o mundo inteiro rir deles.” (Trap)

c. Jesus fala de negar-se a si mesmo e tomar a sua cruz. Os dois expressam a mesma ideia. A cruz não era uma questão de autopromoção ou autoafirmação. A pessoa que carregava uma cruz sabia que não poderia se salvar.

i. “Negar a si mesmo não é o mesmo que abnegação. Praticamos a abnegação quando, por um bom propósito, ocasionalmente desistimos de coisas ou atividades. Mas negamos a nós mesmos quando nos entregamos a Cristo e determinamos obedecer à Sua vontade.” (Wiersbe)

ii. Negar a si mesmo significa viver como uma pessoa centrada nos outros. Jesus foi a única pessoa que fez isso perfeitamente, mas devemos seguir Seus passos (e siga-me). Isto é seguir Jesus da forma mais simples: Ele carregou uma cruz e caminhou no corredor da morte; o mesmo deve acontecer com aqueles que o seguem.

5. (35-9:1) Porque devemos tomar a nossa cruz e seguir Jesus.

Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho a salvará. Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma? Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” E lhes disse: “Garanto que alguns dos que aqui estão de modo nenhum experimentarão a morte, antes de verem o Reino de Deus vindo com poder.”

a. Quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho a salvará: Devemos seguir Jesus desta maneira porque é a única maneira pela qual encontraremos a vida. Parece estranho dizer: “Você nunca viverá até caminhar no corredor da morte com Jesus”, mas essa é a ideia. Você não pode ganhar a vida de ressurreição sem morrer primeiro.

i. Você não perde uma semente quando a planta, embora ela pareça morta e enterrada. Em vez disso, você liberta a semente para ser o que sempre foi planejado para ser.

b. Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Evitar caminhar pelo corredor da morte com Jesus significa que podemos ganhar o mundo inteiro e acabar perdendo tudo.

i. O próprio Jesus teve a oportunidade de ganhar o mundo adorando Satanás (Lucas 4:5-8), mas, em vez disso, encontrou vida e vitória na obediência.

ii. Surpreendentemente, as pessoas que viveram assim antes de Jesus são as que estão realmente, genuinamente felizes. Entregar totalmente a nossa vida a Jesus e viver como uma pessoa centrada nos outros não tira a nossa vida, mas acrescenta-a.

c. Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homem se envergonhará dele: Não é fácil caminhar no corredor da morte com Jesus. Significa que temos que nos associar a alguém que foi desprezado e executado. No entanto, se tivermos vergonha Dele, Ele terá vergonha de nós.

i. “Se Jesus Cristo tivesse vindo ao mundo como um homem poderoso e opulento, revestido de glórias e honras terrenas, ele teria tido uma multidão de partidários, e a maioria deles hipócritas.” (Clarke)

ii. Jesus está voltando em glória, e se nos rebelarmos contra o mundo, a carne e o diabo, compartilharemos da glória.

iii. A maioria das pessoas pensam que seguir Jesus está em conformidade com o sistema estabelecido. Na verdade, Jesus nos chamou para nos rebelarmos contra a ordem estabelecida deste mundo. Somos chamados a rebelar-nos contra a tirania da carne, contra o medo e a conformidade do mundo, contra as tradições do homem. Jesus encoraja uma rebelião de escravos, onde os escravos do pecado, de Satanás e do mundo se rebelam contra seus senhores.

d. Alguns dos que aqui estão de modo nenhum experimentarão a morte, antes de verem o Reino de Deus vindo com poder: Caminhar com Jesus não significa apenas uma vida de morte e cruzes. Significa também uma vida de poder e glória do reino de Deus. Jesus prometeu a alguns de Seus discípulos vislumbres desse poder e glória.

i. “A revelação da glória de Jesus na presença dos três discípulos corresponde à certeza de que alguns o verão.” (Lane)

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