Marcos 14 – A Traição, a Prisão e o Julgamento de Jesus
A. Preparativos para a morte.
1. (1-2) Os líderes decidem matar Jesus.
Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de flagrar Jesus em algum erro e matá-lo. Mas diziam: “Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.”
a. Faltavam apenas dois dias para a Páscoa: O período é significativo, porque na Páscoa não só havia uma grande expectativa do Messias, mas Jerusalém também estava lotada com essas multidões que esperavam o Messias. Como a Páscoa lembrava a época em que Deus levantou um grande libertador e libertou Israel da opressão estrangeira, era um momento de grande expectativa patriótica e messiânica. Os romanos estavam de guarda e prontos para qualquer indício de revolta.
i. Todos os preparativos possíveis foram feitos para a Páscoa. Com um mês de antecedência, o significado da Páscoa era explicado em cada sinagoga e escola judaica para que ninguém estivesse despreparado. À medida que os peregrinos chegavam a Jerusalém, notavam que todos os túmulos próximos a uma estrada eram pintados com cal fresca, para evitar que se contaminassem acidentalmente ao esbarrar em um túmulo.
ii. Todos os judeus do sexo masculino que viviam em um raio de 25 quilômetros de Jerusalém tinham de vir a Jerusalém para a Páscoa. Muitos outros vinham de grandes distâncias, inclusive da Galileia. Muitas pessoas que ouviram e viram Jesus na região da Galileia estavam aqui, com grande respeito e grande expectativa em relação a Jesus.
iii. As festas da Páscoa e para a festa dos pães sem fermento eram realizadas uma após a outra. “No uso popular, as duas festas eram fundidas e tratadas, para fins práticos, como a ‘festa da Páscoa’ de sete dias”. (Lane)
b. Um meio de flagrar Jesus em algum erro: Como os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei planejaram o assassinato de um homem inocente, isso mostrou que eles não temiam a Deus. No entanto, eles temiam o povo (para que não haja tumulto entre o povo). Esses líderes religiosos não tinham medo de assassinar o Filho de Deus; eles apenas acreditavam que precisavam fazer isso de uma maneira politicamente inteligente.
c. Não durante a festa: Os líderes religiosos não queriam matar Jesus durante a festa da Páscoa, mas acabaram fazendo isso durante esse período de qualquer maneira. Isso mostra claramente que Jesus estava no comando e, embora os líderes tenham agido de acordo com a má inclinação de seus corações, suas ações cumpriram a profecia e o plano de Jesus.
i. Em João 11:57, parece que os líderes religiosos originalmente pretendiam prender Jesus durante a festa. Quando viram a popularidade de Jesus na entrada triunfal e Sua autoridade no monte do templo, mudaram de ideia e decidiram fazer isso depois da festa. O plano deles mudou novamente quando Judas se ofereceu para organizar uma prisão particular e silenciosa.
2. (3) O que a mulher fez: Jesus foi ungido com perfume.
Estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de um homem conhecido como Simão, o leproso, aproximou-se dele certa mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.
a. Aproximou-se dele certa mulher: O relato de João sobre esse incidente (João 12:1-8) nos diz que se tratava de Maria de Betânia, irmã de Lázaro e Marta.
i. Esse não é o mesmo evento de quando uma mulher pecadora trouxe a caixa de alabastro com unguento, quebrou-a e ungiu os pés de Jesus. Aquela ocasião foi preciosa, mas foi diferente pelo fato de a mulher ter sido dominada por seu próprio senso de pecado e pela adoração ao Senhor que a perdoou. Maria parece estar concentrada somente em Jesus, nem mesmo em seu próprio pecado perdoado. É muito bom amar Jesus por tudo o que Ele fez por nós; pode ser ainda maior amá-Lo simplesmente por quem Ele é em toda a Sua maravilha e majestade.
b. Com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro: Essa era uma demonstração extravagante de devoção a Jesus. Muitas vezes, especiarias e unguentos eram usados como investimentos porque eram pequenos, portáteis e podiam ser facilmente vendidos.
i. No início do primeiro século, Plínio, o Velho, observou que “o melhor unguento é preservado em alabastro”. O valor do perfume e sua identificação como nardo sugerem que ele era uma herança de família que era passada de uma geração para outra, de mãe para filha. (Lane)
c. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus: O frasco era uma pequena garrafa com um gargalo fino e quebrar o gargalo da garrafa a abriu. As palavras de Marcos indicam que ela derramou todo o conteúdo do frasco sobre a cabeça de Jesus.
i. Quando um convidado chegava para uma refeição, era costume ungir a cabeça do convidado com um pouco de óleo. Aqui, essa mulher foi muito além da saudação habitual. Ela derramou todo o conteúdo de um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro sobre a cabeça de Jesus.
ii. Esse foi um ato maravilhoso e perspicaz de Maria. Jesus acabara de entrar em Jerusalém como Rei – e os reis não deveriam ser ungidos? Maria entendeu isso, mas os discípulos não.
iii. Maria fez isso sem dizer uma palavra. Percebemos que sua irmã Marta era muito falante, mas Maria era uma praticante. Ela não anunciou o que ia fazer e não o descreveu enquanto o fazia. Tampouco explicou o que ia fazer depois de tê-lo feito. Ela simplesmente o fez.
iv. “Se todos pudéssemos fazer mais e falar menos, seria uma bênção para nós mesmos, pelo menos, e talvez para os outros. Em nosso serviço ao Senhor, esforcemo-nos para ficar cada vez mais ocultos; por mais que o orgulhoso deseje chamar a atenção do homem, esforcemo-nos para evitá-la.” (Spurgeon)
v. Quando Maria terminou, ela não olhou para os discípulos e pediu a opinião deles sobre o que havia feito. “Vocês deveriam se elevar acima dessa dependência ociosa da opinião dos homens; o que importa para vocês o que seu companheiro de serviço pensa? Para seu próprio Mestre você está de pé ou cai. Se você fez uma coisa boa, faça-a novamente. Você conhece a história do homem que vem cavalgando até o capitão e diz: “Senhor, pegamos uma arma do inimigo”. ‘Vá e pegue outra’, disse o oficial, que era muito prático. Esse é o melhor conselho que posso dar a um amigo que está exultante com seu próprio sucesso. Ainda há tanto a ser realizado que não temos tempo para pensar no que já foi feito.” (Spurgeon)
3. (4-9) A reação ao que a mulher fez.
Alguns dos presentes começaram a dizer uns aos outros, indignados: “Por que este desperdício de perfume? Ele poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro ser dado aos pobres”. E a repreendiam severamente. “Deixem-na em paz”, disse Jesus. “Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo. Pois os pobres vocês sempre terão com vocês, e poderão ajudá-los sempre que o desejarem. Mas a mim vocês nem sempre terão. Ela fez o que pôde. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-o para o sepultamento. Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória.”
a. Alguns dos presentes… indignados: João 12:1-8 nos diz que foi especificamente Judas que ficou indignado com a despesa. Sua indignação foi totalmente egoísta. João 12:6 diz: “Ele não falou isso por se interessar pelos pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro, costumava tirar o que nela era colocado.”
i. E a repreendiam severamente: É fácil criticar aqueles que demonstram mais amor a Jesus do que nós. Às vezes, queremos definir um fanático como alguém que é mais devotado a Jesus do que nós.
ii. Judas pode ter começado a crítica, mas ele não ficou sozinho por muito tempo. Marcos deixou claro que eles a repreendiam severamente. Cada um deles olhou para o óleo na cabeça de Jesus e o considerou um desperdício. Maria provavelmente começou a se perguntar se havia feito algo errado.
iii. É interessante que a palavra traduzida como “desperdício” em Marcos 14:4 é traduzida como “perdição” em João 17:12 e aplicada a Judas! Judas criticou Maria por ‘desperdiçar dinheiro’, mas ele desperdiçou toda a sua vida! (Wiersbe)
b. Ele poderia ser vendido por trezentos denários: Esse frasco de alabastro em particular parece ter valido mais do que o salário de um ano de um trabalhador. “Sempre me sentirei grato a Judas por ter calculado o preço daquela caixa de nardo caro. Ele fez isso para culpá-la, mas deixaremos que seus números se mantenham e pensaremos que, quanto mais ela fosse, mais ele colocaria na conta do desperdício. Eu nunca saberia quanto custou, nem vocês saberiam, se Judas não tivesse anotado em sua carteira.” (Spurgeon)
c. “Deixem-na em paz”, disse Jesus. “Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo”: Os discípulos acharam que essa unção extravagante com óleo era um desperdício, mas Jesus a recebeu como uma boa ação. Com seu amor simples e sua devoção a Jesus, Maria entendeu o que os discípulos não entenderam – que Jesus estava prestes a morrer, e ela queria que esse presente fosse uma preparação para o seu sepultamento.
i. Ela praticou uma boa ação: No grego, há duas palavras para boa. Há agathos, que descreve uma coisa que é moralmente boa; e há kalos, que descreve uma coisa que não é apenas boa, mas adorável. Uma coisa pode ser agathos e, ainda assim, ser dura, severa, austera, sem atrativos. Mas uma coisa que é kalos é cativante e adorável, com um certo encanto. (Barclay)
ii. Jesus lhe fez o maior elogio: ela fez o que pôde. Deus não espera de nós mais do que aquilo que podemos fazer; mas tome cuidado para não colocar seus objetivos tão baixos a ponto de acreditar que não fazer nada é fazer o que você pode. “Não pode haver elogio maior do que este. Nem todos podem fazer grandes coisas por Cristo, mas é bom que cada um faça o que puder como se fosse para o próprio Senhor.” (Ironside)
d. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-o para o sepultamento: O ato de Maria foi ainda mais precioso porque foi planejado (antecipadamente). Não foi uma ação espontânea, tomada pelo momento. Foi cuidadosamente planejada antecipadamente.
i. Aparentemente, Maria ouviu e acreditou nos ensinamentos de Jesus de uma forma que os outros discípulos simplesmente não acreditaram. Quando Ele disse que seria entregue nas mãos de homens perversos, zombado, açoitado e crucificado, ela acreditou. Ela disse: “Se o meu precioso Jesus será zombado e torturado dessa forma, então me permita dar a Ele alguma honra especial.”
ii. Parece que os discípulos não queriam pensar na morte de Jesus. Quando Pedro soube do fato, tentou convencer Jesus a não o fazer. Maria tinha uma devoção diferente e, em vez de debater ou negar a morte de Jesus, ela a transformou em uma ocasião de profunda devoção.
iii. “Nada dá mais vida aos homens do que um Salvador moribundo. Aproxime-se de Cristo e leve a lembrança Dele consigo dia após dia, e você praticará atos reais e corretos. Venham, vamos matar o pecado, pois Cristo foi morto. Venham, enterremos todo o nosso orgulho, pois Cristo foi sepultado. Venham, ressuscitemos para uma nova vida, pois Cristo ressuscitou. Unamo-nos ao nosso Senhor crucificado em seu único e grande objetivo – vivamos e morramos com Ele, e então cada ação de nossa vida será muito bela.” (Spurgeon)
e. Onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo: Jesus sabia que ia morrer, mas não vacilou nem um pouco em sua confiança. Ele também sabia que ressuscitaria dos mortos e que esse evangelho seria anunciado em todo o mundo.
f. Contado em sua memória: Os discípulos ansiavam por fama e influência, mas essa mulher encontrou um memorial duradouro. Ela o encontrou não por almejar uma posição, mas simplesmente por amar Jesus e servi-Lo.
i. Há uma tendência em todos nós de olhar para essa história e dizer: “Eu também amo Jesus. Diga-me o que devo fazer para demonstrar isso”. Mas parte do grande amor da mulher foi demonstrado pelo fato de ela ter tido a ideia de expressar seu amor por Jesus dessa forma. Se houvesse uma ordem para fazer isso, ela nunca seria tão preciosa. “‘Oh’, grita um irmão, ‘diga-me o que eu poderia fazer por Jesus!’ Não, mas, irmão, não devo lhe dizer. A melhor parte de toda a questão estará na sagrada engenhosidade de seu espírito em inventar algo para Ele a partir de sua própria alma fervorosa.” (Spurgeon)
4. (10-11) Judas concorda em trair Jesus, mudando os planos dos governantes judeus.
Então Judas Iscariotes, um dos Doze, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes a fim de lhes entregar Jesus. A proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro. Assim, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo.
a. Judas Iscariotes, um dos Doze: Muitos especulam sobre o motivo de Judas. Talvez seus sentimentos tenham sido feridos quando Jesus o repreendeu depois que Maria derramou o unguento sobre os pés de Jesus. Talvez tenha sido pura ganância. Alguns especulam que Judas queria forçar Jesus a fazer uma exibição aberta da glória messiânica.
i. Mateus 26:15 deixa claro que Judas negociou com os líderes religiosos a vida de Jesus. Ele lhes perguntou: “O que me darão se eu o entregar a vocês?” Certamente, parte de sua motivação era pura ganância.
ii. Qualquer que fosse o motivo de Judas, era o motivo dele. Deus usou a obra perversa de um Satanás disposto, que usou um Judas disposto. Deus ordenou que essas coisas acontecessem, mas Ele não induziu Judas a pecar.
b. A proposta muito os alegrou: Os líderes religiosos queriam destruir Jesus há muito tempo (Marcos 3:6). Agora eles tinham um aliado precioso – um discípulo disposto a entregá-lo.
B. A última Páscoa de Jesus com Seus discípulos.
1. (12-16) Preparação para a Páscoa; a festa que lembra a redenção de Israel.
No primeiro dia da festa dos pães sem fermento, quando se costumava sacrificar o cordeiro pascal, os discípulos de Jesus lhe perguntaram: “Aonde queres que vamos e te preparemos a refeição da Páscoa?” Então ele enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: “Entrem na cidade, e um homem carregando um pote de água virá ao encontro de vocês. Sigam-no e digam ao dono da casa em que ele entrar: O Mestre pergunta: Onde é o meu salão de hóspedes, no qual poderei comer a Páscoa com meus discípulos? Ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior, mobiliada e pronta. Façam ali os preparativos para nós”. Os discípulos se retiraram, entraram na cidade e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. E prepararam a Páscoa.
a. Um homem carregando um pote de água: Essa era uma visão incomum. As mulheres normalmente carregavam líquidos em potes de água, e os homens normalmente carregavam líquidos em recipientes de pele de animais. Portanto, um homem carregando um pote de água era um sinal distintivo para os discípulos.
b. O Mestre pergunta: “Onde é o meu salão de hóspedes”: A cena aqui implica sigilo, e Jesus tinha boas razões para fazer os preparativos para a Páscoa em silêncio. Jesus não queria que Judas O traísse antes que Ele pudesse fazer um último discurso importante aos discípulos.
i. “O Senhor deve ter tido muitos discípulos desconhecidos, em quem Ele podia confiar em tais momentos para prestar serviço inquestionável.” (Cole)
c. E prepararam a Páscoa: Parece haver uma diferença entre os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos, Lucas) e João sobre a Páscoa. A implicação nos evangelhos sinóticos é que Jesus foi crucificado no dia seguinte à Páscoa e que essa refeição foi no dia anterior. João parece dizer que Jesus foi crucificado no dia da própria Páscoa, como um cordeiro pascal (João 18:28 e 19:14).
i. “Possivelmente, a melhor explicação é que havia calendários diferentes em uso. Jesus morreu quando as vítimas da Páscoa estavam sendo mortas, de acordo com o calendário oficial; mas ele havia celebrado a Páscoa com seus seguidores na noite anterior, de acordo com um calendário não oficial.” (Morris)
ii. Nenhum dos evangelhos sinóticos menciona um cordeiro na refeição da Páscoa. Alguns acreditam que isso se deve ao fato de não terem conseguido um cordeiro antes do dia “oficial” da Páscoa. Jesus pode ter desejado que fosse assim para enfatizar a ideia de que Ele era o sacrifício da Páscoa.
2. (17-21) Jesus dá a Judas uma chance de se arrepender.
Ao anoitecer, Jesus chegou com os Doze. Quando estavam comendo, reclinados à mesa, Jesus disse: “Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá, alguém que está comendo comigo”. Eles ficaram tristes e, um por um, lhe disseram: “Com certeza não sou eu!” Afirmou Jesus: “É um dos Doze, alguém que come comigo do mesmo prato. O Filho do homem vai, como está escrito a seu respeito. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria não haver nascido.”
a. Jesus chegou com os Doze: Na primeira Páscoa, Deus ordenou que eles comessem a refeição de pé e prontos para deixar o Egito (Êxodo 12:11). Desde que Israel entrou na Terra Prometida, eles acreditavam que poderiam comer a Páscoa sentados ou reclinados, porque agora estavam em repouso na terra que Deus lhes deu.
b. Um de vocês me trairá: Os discípulos ouviram muitas coisas surpreendentes de Jesus, mas certamente essa foi uma das coisas mais surpreendentes que já ouviram. Nenhum deles suspeitava de Judas, e a ideia de que um deles procuraria trair e matar Jesus deve ter parecido absurda.
c. É um dos Doze, alguém que come comigo do mesmo prato: Ao dizer que come comigo do mesmo prato, Jesus não destacou Judas (embora Judas, sentado no lugar de honra, tivesse recebido a porção especial). Todos os discípulos comiam do mesmo prato com Ele, de modo que essa frase identificou o traidor como um amigo.
i. Na cultura do Oriente Médio, trair um amigo depois de comer uma refeição com ele era e é considerado o pior tipo de traição.
d. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Judas é considerado, com razão, um dos pecadores mais notórios de todos os tempos. Embora suas ações tenham cumprido a profecia (o Filho do homem vai, como está escrito a seu respeito), seu próprio motivo perverso o condenou. Judas nunca será capaz de se justificar diante de Deus no Dia do Juízo Final alegando: “Eu estava cumprindo a profecia.”
i. Na advertência de Jesus, vemos um profundo amor por Judas. Essa foi sua última e fugaz oportunidade de voltar atrás em sua trama maligna. Um fato notável a ser lembrado é que Jesus amava tanto Maria quanto Judas. Quase queremos pensar que Ele amava Maria e odiava Judas, mas esse não é o caso. Se não percebermos Seu amor por Judas – amor rejeitado, é claro -, se não percebermos esse amor, não entenderemos toda a história.
3. (22-25) A Última Ceia.
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o, e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomem; isto é o meu corpo”. Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam. E lhes disse: “Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Eu lhes afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus.”
a. Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o: Quando o pão era levantado na Páscoa, o chefe da refeição dizia: “Este é o pão da aflição que nossos pais comeram na terra do Egito. Todo aquele que tem fome venha e coma; todo aquele que é necessitado venha e coma a refeição da Páscoa”.
i. Tudo o que era comido na refeição da Páscoa tinha um significado simbólico. As ervas amargas lembravam a amargura da escravidão; a água salgada lembrava as lágrimas derramadas sob a opressão do Egito. O prato principal da refeição – um cordeiro recém-sacrificado para aquela família em particular – não simbolizava nada relacionado às agonias do Egito. Era o sacrifício pelo pecado que permitiu que o julgamento de Deus passasse sobre a família que acreditava.
b. Tomem; isto é o meu corpo… Isto é o meu sangue da aliança: Jesus não deu a explicação normal do significado de cada um dos alimentos. Ele os reinterpretou em si mesmo, e o foco não estava mais no sofrimento de Israel no Egito, mas no sofrimento de Jesus, que carregou o pecado em favor deles.
c. Isto é o meu corpo: Os cristãos têm debatido por séculos sobre a verdadeira natureza do pão e do cálice nessa ceia.
i. A Igreja Católica Romana defende a ideia da transubstanciação, que ensina que o pão e o vinho de fato se tornam o corpo e o sangue de Jesus.
ii. Martinho Lutero defendia a ideia da consubstanciação, que ensina que o pão continua sendo pão e o vinho continua sendo vinho, mas, pela fé, eles são o mesmo que o corpo real de Jesus. Lutero não acreditava na doutrina católica romana da transubstanciação, mas não se afastou muito dela.
iii. João Calvino ensinou que a presença de Jesus no pão e no vinho era real, mas apenas espiritual, não física. Zwingli ensinou que o pão e o vinho são símbolos que representam o corpo e o sangue de Jesus.
iv. De acordo com as Escrituras, podemos entender que o pão e o cálice não são meros símbolos, mas são imagens poderosas das quais podemos participar – nas quais podemos entrar – ao vermos a Mesa do Senhor como a nova Páscoa.
d. Tomem, isto é o meu corpo: Não podemos ficar tão envolvidos em descobrir o que o pão e o cálice significam que nos esqueçamos de fazer o que Jesus disse para fazermos com eles. Devemos tomar e comer.
i. Tomar significa que não será forçado a você. Você precisa recebê-lo. Comer significa que isso é absolutamente vital para você. Sem comida e bebida, nós perecemos. Sem Jesus, perecemos. Isso também significa que você deve levar Jesus para o seu íntimo.
e. Isto é o meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos: Além de toda a controvérsia sobre o que realmente são os elementos dessa ceia e o que eles realmente significam, destaca-se o anúncio de que Jesus traz uma nova aliança.
i. Nenhum mero homem poderia instituir uma nova aliança entre Deus e o homem, mas Jesus é o Deus-homem. Ele tem a autoridade para estabelecer uma nova aliança, selada com sangue, assim como a antiga aliança foi selada com sangue (Êxodo 24:8).
ii. Essa aliança se concentra em uma transformação interior que nos purifica de todo pecado: “Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados” (Jeremias 31:34). Essa transformação coloca a Palavra e a vontade de Deus em nós: “Porei a minha lei no íntimo deles e a escreverei nos seus corações” (Jeremias 31:33). Essa aliança tem tudo a ver com um relacionamento novo e íntimo com Deus: “Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33).
f. Até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus: Jesus ainda não celebrou uma Páscoa no céu. Ele ainda espera que todo o Seu povo seja reunido a Ele e, então, haverá um grande banquete – o banquete do casamento do Cordeiro (Apocalipse 19:9). Esse é o cumprimento no Reino de Deus que Jesus desejava.
4. (26-31) Jesus prevê a deserção dos discípulos e a negação de Pedro.
Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras. Disse-lhes Jesus: “Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito:
‘Ferirei o pastor,
E as ovelhas serão dispersas.’
Mas, depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia”. Pedro declarou: “Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!” Respondeu Jesus: “Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará”. Mas Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei”. E todos os outros disseram o mesmo.
a. Depois de terem cantado um hino: Não é comum pensarmos em Jesus cantando, mas Ele cantou. Ele ergueu Sua voz em adoração e culto a Deus, o Pai. Podemos ficar imaginando como era Sua voz, mas sabemos com certeza que Ele cantou com mais do que Sua voz e elevou todo o Seu coração em louvor. Isso nos lembra que Deus quer ser louvado com cânticos.
i. É notável que Jesus tenha conseguido cantar nessa noite antes de Sua crucificação. Você conseguiria cantar em tais circunstâncias? Você deixaria Jesus ser seu líder de adoração? “Um cristão fica em silêncio quando os outros estão louvando seu Mestre? Não; ele deve participar da música. Satanás tenta fazer com que o povo de Deus fique mudo, mas ele não consegue, pois o Senhor não tem uma criança com língua presa em toda a sua família. Todos eles podem falar e todos podem chorar, mesmo que nem todos possam cantar, e acho que há momentos em que todos eles podem cantar; sim, eles devem, pois você conhece a promessa: ‘Então a língua do mudo cantará.’ Sem dúvida, quando Jesus conduz a melodia, se houver algum silencioso na família do Senhor, ele deve começar a louvar o nome do Senhor.” (Spurgeon)
ii. Isso significa que devemos cantar para Deus, nosso Pai – assim como Jesus fez – porque isso é algo que O agrada, e quando amamos alguém, queremos fazer as coisas que o agradam. Realmente não importa se isso nos agrada ou não.
iii. “O que é o canto senão expressão emocional? Oh! O valor e o poder da emoção. A emoção má mata o Senhor da vida e da glória! A emoção pura torna possível a salvação dos que matam.” (Morgan)
b. Cantado um hino: É maravilhoso que Jesus tenha cantado, mas o que Ele cantou? A refeição da Páscoa sempre terminava com o canto de três Salmos conhecidos como Hallel, Salmos 116-118. Certamente, as palavras desses Salmos foram ministradas a Jesus quando Ele os cantou na noite anterior à Sua crucificação.
i. “Quando Jesus se levantou para ir ao Getsêmani, o Salmo 118 estava em seus lábios. Ele forneceu uma descrição apropriada de como Deus guiaria seu Messias através da angústia e do sofrimento até a glória.” (Lane)
c. Saíram para o monte das Oliveiras: “Jesus permaneceu com eles no Cenáculo para o maravilhoso discurso e oração em João 14 a 17. Eles podem ter saído para a rua depois de João 14:31.” (Robertson)
i. “Nosso Senhor sabia que era chegada a hora de ser realmente entregue nas mãos de seus inimigos. Portanto, para que não causasse nenhum distúrbio nem ao chefe da família em que estava, nem à cidade, embora fosse meia-noite, ele saiu da cidade.” (Ironside)
d. Vocês todos me abandonarão: Jesus disse isso não para condenar Seus discípulos, mas para mostrar a eles que Ele realmente estava no comando da situação e para demonstrar que as Escrituras referentes ao sofrimento do Messias deviam ser cumpridas.
i. Essa não foi a primeira vez que Jesus advertiu Pedro e os outros discípulos de que eles O abandonariam. A partir de uma reconstrução cuidadosa dos Evangelhos, descobrimos que Jesus primeiro os advertiu sobre isso no cenáculo, e agora novamente no Jardim do Getsêmani.
e. Mas, depois de ressuscitar: Isso mostra que Jesus já estava olhando para além da cruz. Ele tinha os olhos fixos na alegria que lhe fora proposta (Hebreus 12:2).
f. Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei! Nós nos perguntamos como Pedro pôde dizer uma coisa dessas. Tragicamente, Pedro não estava ciente da realidade espiritual e da batalha espiritual que Jesus viu claramente. Pedro só olhava para o que estava sentindo no momento e, naquele momento, ele se sentia muito corajoso.
i. “Às vezes, é mais fácil suportar uma grande carga por Cristo do que uma pequena. Alguns de nós poderiam ser mártires na fogueira mais facilmente do que confessores entre vizinhos zombeteiros.” (Maclaren)
g. Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará: Pedro, apesar de sua ousada proclamação de que nunca tropeçaria, falharia naquilo que ele achava ser seu ponto forte – coragem e ousadia. Por meio desse aviso solene, Jesus deu a Pedro a oportunidade de prestar atenção e considerar sua própria fraqueza.
i. Infelizmente, foi uma oportunidade que Pedro não aproveitou. Mas Pedro insistia ainda mais: “Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei” Jesus conhecia Pedro muito melhor do que ele mesmo e, ao superestimar a si mesmo, Pedro estava preparado para cair.
ii. Mas Pedro insistia ainda mais: “Esse forte advérbio composto [é encontrado] somente em Marcos e provavelmente preserva a declaração do próprio Pedro sobre a observação.” (Robertson)
iii. O restante dos discípulos também superestimou sua força e não confiou no Senhor na hora crítica: E todos os outros disseram o mesmo. O Apóstolo Paulo nos alertou para não cairmos onde achamos que somos fortes: “Assim, aquele que julga estar firme, cuide-se para que não caia!” (1 Coríntios 10:12). Quando achamos que estamos fora do alcance de alguns pecados, estamos prontos para cair.
C. A oração e a prisão de Jesus no Getsêmani.
1. (32-36) A oração de angústia de Jesus.
Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: “Sentem-se aqui enquanto vou orar”. Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a ficar aflito e angustiado. E lhes disse: “A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem”. Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora. E dizia: “Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres.”
a. Getsêmani: Esse era um lugar a leste da área do monte do templo em Jerusalém, do outro lado da ravina do riacho Cedrom e nas encostas mais baixas do Monte das Oliveiras. Cercado por oliveiras antigas, Getsêmani significa “prensa de azeitonas”. Era um lugar onde as azeitonas da vizinhança eram esmagadas para a extração do azeite. Assim também, o Filho de Deus seria esmagado aqui.
b. Começou a ficar aflito e angustiado… A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal: Jesus sabia qual era a vontade do Pai, mas ainda assim suportou essa agonia. Isso aconteceu porque Jesus deveria ser um sacrifício pelos pecados, e Ele não era um animal sacrificado sem saber. Tampouco foi vítima das circunstâncias. Ele decidiu voluntariamente dar Sua vida.
i. Não foi tanto o horror da tortura física que afetou tanto Jesus, mas foi o horror espiritual da cruz – de ter se tornado pecado (2 Coríntios 5:21). Foi isso que deixou Jesus aflito e angustiado.
ii. Hebreus 5:7-8 descreve a agonia de Jesus no Getsêmani: “Durante os seus dias de vida na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em alta voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão. Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu.”
iii. “Sua alma santa se encolheu diante do horror de ser feito pecado no madeiro. Não foi a morte, mas a ira divina contra o pecado, a imputação a Ele de todas as nossas iniquidades que encheu Sua alma de horror. Não houve conflito de vontades.” (Ironside)
c. Aba, Pai: Nesse momento de profunda angústia, Jesus não se sentiu longe de Deus, o Pai. Ele se sentiu tão próximo do Pai que usou o nome Aba, o nome familiar de uma criança para papai.
d. Afasta de mim este cálice: Em resposta às orações profundamente comovidas de Jesus, o Pai não tirou o cálice de Jesus. Em vez disso, Ele fortaleceu Jesus para que fosse capaz de tomar e beber o cálice.
i. Repetidamente no Antigo Testamento, o cálice é uma imagem poderosa da ira e do julgamento de Deus (Salmo 75:8, Isaías 51:17, Jeremias 25:15). Jesus se tornou, por assim dizer, um inimigo de Deus, que foi julgado e forçado a beber o cálice da fúria do Pai para que nós não tivéssemos que beber desse cálice – essa foi a fonte da agonia de Jesus.
ii. Mateus 20:22-23 fala de um cálice que os seguidores de Jesus também devem beber. “De qualquer forma, nosso cálice nunca poderá ser tão profundo ou tão amargo quanto o dele, e havia em seu cálice alguns ingredientes que nunca serão encontrados no nosso. A amargura do pecado estava lá, mas ele a removeu para todos os que acreditam nele. A ira de Seu Pai estava lá, mas Ele bebeu tudo isso e não deixou um único pingo para nenhum de Seu povo.” (Spurgeon)
e. Contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres: Jesus chegou a um ponto de decisão no Getsêmani. Não é que Ele não tivesse decidido ou consentido antes, mas agora Ele chegou a um ponto de decisão único. Ele bebeu o cálice no Calvário, mas decidiu, de uma vez por todas, bebê-lo no Getsêmani. A luta da cruz foi vencida no Jardim do Getsêmani.
i. Essa luta no Getsêmani – o lugar de esmagamento – tem um papel importante no cumprimento do plano de redenção de Deus. Se Jesus fracassasse aqui, Ele teria fracassado na cruz. Seu sucesso aqui tornou possível a vitória na cruz.
f. Se possível: Jesus não estava pedindo permissão para deixar a humanidade perecer no inferno; Ele estava pedindo ao Pai: “Se houver alguma outra maneira possível de salvar a humanidade além da agonia que Me espera na cruz – que seja”. No entanto, não havia outra maneira, então Jesus foi para a cruz.
i. Essa oração de Jesus elimina qualquer outra forma de salvação. Se há outra maneira, Sua morte não era necessária e Sua oração não foi respondida.
g. Não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres: Alguns criticam esse tipo de oração na boca de um cristão, dizendo que é uma oração que carece de fé. Mas orar não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres é uma oração de grande fé e confiança em Deus. Se essa oração insulta a Deus, então Jesus insultou Seu Pai nesse momento crucial no Jardim do Getsêmani.
2. (37-42) Os discípulos dormindo.
Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. “Simão”, disse ele a Pedro, “você está dormindo? Não pôde vigiar nem por uma hora? Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.” Mais uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras. Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. Voltando pela terceira vez, ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se e vamos! Aí vem aquele que me trai!”
a. Voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo: Nesse momento de grande agonia, Jesus estava sozinho. Seus discípulos não lhe deram nenhum apoio. Embora isso não fosse mérito deles – eles falharam com Jesus – era assim que tinha de ser – Jesus teve de enfrentar o terror da cruz sozinho.
b. “Simão”, disse ele a Pedro, “você está dormindo?” Não é necessário ver Jesus irritado com Seus discípulos. Ele disse isso com amor e compreensão compassiva. Ele os conhecia melhor do que eles mesmos.
i. Pedro deve ter ficado um pouco assustado ao ouvir Jesus chamá-lo de Simão. Esse era o velho Simão adormecido, não o novo Pedro. Pedro estava pronto para resistir a qualquer ataque, exceto o ataque do Mestre dos Sonhos.
c. Vigiem e orem para que não caiam em tentação: Jesus sabia que Pedro falharia, mas o encorajou a vencer, sabendo que os recursos são encontrados na vigilância e na oração. Se Pedro acordasse (tanto física quanto espiritualmente) e se aproximasse na dependência de Deus, ele poderia ter evitado negar Jesus na hora crítica.
i. Jesus encontrou a vitória na cruz ao ser bem-sucedido na luta no Getsêmani. Pedro – assim como nós – falhou na tentação posterior porque não vigiou e orou. A batalha espiritual geralmente é vencida ou perdida antes da crise chegar.
d. Mais uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras: Jesus repetiu a oração descrita em Marcos 14:34-36. Alguns dizem que não é espiritual, ou que reflete falta de fé, repetir orações, mas nunca poderíamos acusar Jesus de não ser espiritual ou de não ter fé.
e. Quando voltou, de novo os encontrou dormindo… Voltando pela terceira vez, ele lhes disse: “Vocês ainda dormem e descansam?” Três vezes Jesus orou; três vezes Jesus verificou se Seus discípulos estariam ao Seu lado em oração e orariam por sua própria força na provação que se aproximava. Todas as vezes eles estavam dormindo.
i. Já era ruim o suficiente o fato de os discípulos não vigiarem e orarem por si mesmos, mas eles deveriam estar dispostos a vigiar e orar simplesmente por causa de Jesus. Por meio da oração e do companheirismo, devemos estar ao lado dos outros em seus momentos de necessidade.
ii. “Ele lhes disse: ‘Durmam agora’; e eles dormiram; e Ele os observava enquanto dormiam… Ele disse, de fato: ‘Vão dormir fora; eu posso vigiar’; e Ele os observou enquanto dormiam.” (Morgan)
f. Basta! Não devemos pensar que Jesus estava zangado ou irritado porque Seus discípulos não O ajudaram. Ele queria que os discípulos O ajudassem e permanecessem em oração, não para o Seu próprio bem, mas para o benefício deles. Jesus poderia enfrentar sozinho a provação da cruz, mas eles, sem oração, não conseguiriam.
3. (43-52) A prisão de Jesus de Nazaré no Jardim do Getsêmani.
Enquanto ele ainda falava, apareceu Judas, um dos Doze. Com ele estava uma multidão armada de espadas e varas, enviada pelos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos. O traidor havia combinado um sinal com eles: “Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele: prendam-no e levem-no em segurança”. Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: “Mestre!”, e o beijou. Os homens agarraram Jesus e o prenderam. Então, um dos que estavam por perto puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha. Disse Jesus: “Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês venham me prender com espadas e varas? Todos os dias eu estive com vocês, ensinando no templo, e vocês não me prenderam. Mas as Escrituras precisam ser cumpridas”. Então todos o abandonaram e fugiram. Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus. Quando tentaram prendê-lo, ele fugiu nu, deixando o lençol para trás.
a. Aquele a quem eu saudar com um beijo: Aparentemente, a aparência de Jesus era normal o suficiente para que Judas precisasse identificá-Lo. Ele escolheu identificar Jesus cumprimentando-o com um beijo. Com crueldade, Judas fingiu ser carinhoso e depois acrescentou Mestre! à saudação.
b. Um dos que estavam por perto puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote: João 18:10 identificou esse espadachim não identificado como Pedro. Aqui Pedro foi um grande exemplo de alguém que, empunhando o poder deste mundo em suas mãos, só podia cortar orelhas. Quando empunhava a Palavra de Deus, Pedro perfurava corações para a glória de Deus (Atos 2:37).
i. “Quando a Igreja pega a espada na mão, ela geralmente mostra que não sabe como manejá-la e, com frequência, atinge o homem errado.” (Maclaren)
ii. Lucas nos diz que Jesus curou o dano causado por Pedro (Lucas 22:51). Não foi a última vez que Jesus teve de deixar para trás uma bagunça deixada por um de Seus seguidores. “Se Jesus não tivesse curado Malco, Pedro também teria sido preso, e talvez houvesse quatro cruzes no Calvário.” (Barclay)
c. Mas as Escrituras precisam ser cumpridas: Jesus ficou admirado com o fato de terem enviado um pequeno exército para prendê-Lo. No entanto, Ele estava no comando; com uma palavra, Ele poderia destruir todos aqueles que vieram prendê-Lo. Mas Jesus foi junto, a fim de cumprir as Escrituras.
d. Então todos o abandonaram e fugiram: Nesse momento, todos os discípulos se dispersaram e correram para sua própria segurança. Alguns (Pedro e João, pelo menos) seguiram atrás para ver o que aconteceria à distância. Nenhum deles ficou ao lado de Jesus e disse: “Eu dei a minha vida a este Homem. Do que vocês o acusam, podem me acusar também”. Em vez disso, cumpriu-se o que Jesus disse: “Vocês todos me abandonarão” (Marcos 14:27).
e. Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus… ele fugiu nu, deixando o lençol para trás: Jesus foi abandonado até mesmo por um jovem seguidor, que, na confusão, fugiu nu. Desde os primeiros dias da igreja, os comentaristas supõem que esse jovem seja o próprio Marcos. Era sua maneira humilde de dizer: “Eu estava lá”.
i. Muitas pessoas supõem que o cenáculo onde Jesus realizou a última ceia apenas algumas horas antes ficava em uma casa da família de Marcos. Atos 12:12 diz que os discípulos costumavam se reunir na casa da mãe de Marcos. É possível que o exército que prendeu Jesus, liderado por Judas, tenha ido primeiro à casa de Marcos, porque foi lá que Judas deixou Jesus pela última vez. Quando Judas e o grupo chegaram e os encontraram fora, teria sido fácil para Judas supor que eles foram para o Getsêmani, porque Jesus estava acostumado a ir para lá (Lucas 22:39). Quando Judas e o grupo partiram para o Getsêmani, podemos imaginar que o jovem Marcos se vestiu apressadamente com um simples lençol de linho e partiu com Judas e seu bando até o Getsêmani para que pudesse avisar Jesus.
ii. “Em geral, supõe-se que o próprio Marcos, filho de Maria (Atos 12:12), em cuja casa eles provavelmente tinham observado a refeição da Páscoa, seguiu Jesus e os apóstolos até o Jardim.” (Robertson)
iii. “O espírito modesto de Marcos parecia dizer: ‘Amigo Pedro, enquanto o Espírito Santo me impele a contar a tua culpa e deixá-la registrada, ele também me obriga a escrever a minha própria como uma espécie de prefácio a ela, pois eu também, em minha loucura insana, teria corrido, despido como estava, sobre a guarda para resgatar meu Senhor e Mestre; No entanto, à primeira vista dos ásperos legionários, ao primeiro brilho de suas espadas, fugi, tímido, desanimado e com medo de ser tratado com muita violência.’” (Spurgeon)
D. O julgamento perante o Sinédrio.
1. Marcos não registrou o julgamento preliminar perante Anás, que era o verdadeiro poder por trás do cargo de sumo sacerdote (registrado em João 18:12-13 e 19-23), nem registrou o segundo julgamento de Jesus perante o Sinédrio, o julgamento “oficial” à luz do dia registrado em Lucas 22:66-71.
a. Há semelhanças entre os julgamentos porque as mesmas pessoas estavam envolvidas. Na verdade, houve três fases do julgamento de Jesus perante as autoridades judaicas e três fases do Seu julgamento perante as autoridades romanas, e elas não devem ser confundidas.
b. Ao ser preso, Jesus foi levado primeiro para Anás, depois para um tribunal noturno ilegal do Sinédrio (que Marcos descreverá a seguir), depois para um julgamento oficial à luz do dia do Sinédrio, depois para Pilatos, que enviou Jesus para Herodes, que enviou Jesus de volta para Pilatos, onde Ele foi para a cruz.
2. (53-59) Jesus é acusado perante o Sinédrio.
Levaram Jesus ao sumo sacerdote; e então se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei. Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote. Sentando-se ali com os guardas, esquentava-se junto ao fogo. Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando depoimentos contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte, mas não encontravam nenhum. Muitos testemunharam falsamente contra ele, mas as declarações deles não eram coerentes. Então se levantaram alguns e declararam falsamente contra ele: “Nós o ouvimos dizer: ‘Destruirei este templo feito por mãos humanas e em três dias construirei outro, não feito por mãos de homens’”. Mas, nem mesmo assim, o depoimento deles era coerente.
a. Levaram Jesus ao sumo sacerdote: Esse julgamento de Jesus foi terrivelmente ilegal de acordo com a lei judaica. Havia muito no processo legal judaico para proteger os direitos do acusado, e tudo isso foi ignorado e deliberadamente violado por aqueles que estavam determinados a levar Jesus à morte.
b. Nós o ouvimos dizer: ‘Destruirei este templo’: Jesus, conforme registrado em João 2:19, falou claramente sobre o templo do Seu corpo. Jesus nunca disse as palavras relatadas por Seus falsos acusadores – “este templo feito por mãos”. Essencialmente, eles acusaram Jesus de ser um terrorista que queria destruir o templo.
i. “A acusação era extremamente séria, pois em todo o mundo greco-romano a destruição ou profanação de locais de culto era considerada uma ofensa capital.” (Lane)
ii. Morgan sobre a acusação deles: “Essa é a forma mais diabólica de falsidade, porque é uma falsidade na qual há um elemento de verdade. Lembramos as palavras de Tennyson: ‘Uma mentira que é só mentira pode ser enfrentada e combatida de imediato; mas uma mentira que é parcialmente verdade é difícil de combater.’”
c. Mas, nem mesmo assim, o depoimento deles era coerente: Embora fosse um caso falso, os acusadores de Jesus não conseguiam montar um bom caso. As falsas testemunhas continuavam discordando umas das outras.
i. “Era mais difícil concordar em uma mentira consistente do que dizer a simples verdade.” (Cole)
3. (60-62) Jesus testemunha em seu próprio julgamento.
Depois o sumo sacerdote levantou-se diante deles e perguntou a Jesus: “Você não vai responder à acusação que estes lhe fazem?” Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu. Outra vez o sumo sacerdote lhe perguntou: “Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito?” “Sou”, disse Jesus. “E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu.”
a. Depois o sumo sacerdote levantou-se diante deles e perguntou a Jesus: “Para maior solenidade, ele se levantou para compensar com fanfarronice a falta de provas.” (Robinson)
i. “Sugerindo que o sumo sacerdote se levantou de seu assento e avançou para o semicírculo do conselho em direção a Jesus – a ação de um homem irritado e perplexo.” (Bruce)
ii. “Foi uma confissão tácita de que Cristo havia sido provado inocente até então. O sumo sacerdote não teria precisado extrair algo do acusado se houvesse material suficiente contra ele em outro lugar. O julgamento havia sido um fracasso total até aquele momento, e ele sabia disso, e ficou vermelho de raiva. Agora ele tenta intimidar o prisioneiro para extrair dele alguma declaração que possa poupar todo o trabalho adicional das testemunhas e encerrar o assunto.” (Spurgeon)
b. Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu: Jesus poderia ter montado uma defesa magnífica aqui, invocando todas as várias testemunhas de Sua divindade, poder e caráter. As pessoas que Ele ensinou, as pessoas que Ele curou, os mortos ressuscitados, os cegos que enxergam e até mesmo os próprios demônios testemunharam a Sua divindade. Mas Jesus não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca (Isaías 53:7).
c. “Sou”, disse Jesus. “E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso”: Jesus, quando solicitado sob juramento formal a se incriminar, disse essencialmente: “Vocês agora estão me julgando, mas eu serei o juiz final.” Essas palavras teriam dado uma pausa a qualquer juiz sábio, mas não abrandaram Seus acusadores.
i. Aqui vemos que Jesus estava sendo julgado – Ele parecia perder, mas realmente ganhou. Sua conduta no julgamento mostrou Sua inocência e tudo fazia parte do plano de redenção, que devemos receber como dádiva de Deus.
ii. Em um sentido real, não era Jesus que estava sendo julgado – era mais correto dizer que os líderes religiosos estavam sendo julgados. Eles pareciam ter ganhado, mas na verdade perderam. De fato, todos nós estamos sendo julgados por Jesus e seremos responsabilizados pelo que fizermos com Ele.
4. (63-65) O Sinédrio condena Jesus à morte.
O sumo sacerdote, rasgando as próprias vestes, perguntou: “Por que precisamos de mais testemunhas? Vocês ouviram a blasfêmia. Que acham?” Todos o julgaram digno de morte. Então alguns começaram a cuspir nele; vendaram-lhe os olhos e, dando-lhe murros, diziam: “Profetize!” E os guardas o levaram, dando-lhe tapas.
a. O sumo sacerdote, rasgando as próprias vestes… Vocês ouviram a blasfêmia: Primeiro eles reagiram com horror melodramático e hipócrita, depois com abuso e brutalidade (alguns começaram a cuspir nele… dando-lhe murros).
b. E os guardas o levaram, dando-lhe tapas: Por mais terrível que tenha sido o julgamento dos líderes religiosos contra Jesus, pelo menos ele tinha um motivo – inveja e medo de Jesus. Esses guardas, que tinham um prazer bizarro em torturar Jesus, não tinham nem mesmo um motivo. Eles fizeram isso apenas por causa do que os outros (os líderes religiosos) disseram sobre Jesus.
i. “Espantem-se, ó céus, e tenham um medo terrível. Seu rosto é a luz do universo, sua pessoa é a glória do céu, e eles ‘começaram a cuspir nele’. Ai de mim, meu Deus, que o homem seja tão vil!” (Spurgeon)
c. Então alguns começaram a cuspir nele; vendaram-lhe os olhos e, dando-lhe murros: Entender que Jesus suportou tamanha dor e humilhação deve nos levar a reagir de três maneiras.
i. Devemos suportar com coragem a dor e a humilhação por causa de Jesus. “Quão prontos devemos estar para ouvir calúnias e ridicularizações por causa de Jesus. Não fique irritado e não ache estranho que as pessoas zombem de você. Quem é você, caro senhor? Quem é o senhor? O que você pode ser se comparado a Cristo? Se cuspiram nele, por que não cuspiriam em você? Se o esbofetearam, por que não o esbofeteariam a você? Será que seu Mestre terá toda a aspereza disso? Ele deve ficar com todo o amargo, e você com todo o doce? Que belo soldado você é, para exigir algo melhor do que seu capitão!” (Spurgeon)
ii. Devemos ser mais diligentes em louvar a Jesus. “Quão sinceramente devemos honrar nosso querido Senhor. Se os homens estavam tão ansiosos para envergonhá-Lo, sejamos dez vezes mais diligentes para glorificá-Lo. Há algo que possamos fazer hoje para honrá-Lo? Vamos nos dedicar a isso. Podemos fazer algum sacrifício? Podemos realizar alguma tarefa difícil que o glorifique? Não vamos deliberar, mas imediatamente fazer isso com toda a nossa força. Sejamos inventivos nos modos de glorificá-lo, assim como seus adversários foram engenhosos nos métodos de sua vergonha.” (Spurgeon)
iii. Devemos ter mais certeza e confiança ao receber a obra concluída de Jesus para nossa redenção. “Certamente sei que aquele que sofreu isso, uma vez que era verdadeiramente o Filho do Abençoado, deve ter a capacidade de nos salvar. Tais sofrimentos devem ser uma expiação completa por nossas transgressões. Glória a Deus, aquela saliva em seu semblante significa um rosto claro e brilhante para mim. Aquelas falsas acusações em seu caráter não significam nenhuma condenação para mim.” (Spurgeon)
5. (66-72) A negação de Pedro.
Estando Pedro em baixo, no pátio, uma das criadas do sumo sacerdote passou por ali. Vendo Pedro a aquecer-se, olhou bem para ele e disse: “Você também estava com Jesus, o Nazareno”. Contudo ele o negou, dizendo: “Não o conheço, nem sei do que você está falando”. E saiu para o alpendre. Quando a criada o viu lá, disse novamente aos que estavam por perto: “Esse aí é um deles”. De novo ele negou. Pouco tempo depois, os que estavam sentados ali perto disseram a Pedro: “Certamente você é um deles. Você é galileu!” Ele começou a se amaldiçoar e a jurar: “Não conheço o homem de quem vocês estão falando!” E logo o galo cantou pela segunda vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: “Antes que duas vezes cante o galo, você me negará três vezes”. E se pôs a chorar.
a. Estando Pedro em baixo, no pátio: Quando Marcos conclui a história da negação de Pedro em Marcos 14:66-72, ele o faz como um flashback. Isso não aconteceu quando Jesus foi espancado, mas quando Ele estava sendo julgado.
i. O primeiro problema de Pedro foi que ele o seguiu de longe (Marcos 14:54). Quando nos distanciamos de Jesus, é difícil defendê-Lo adequadamente em um momento crítico.
ii. Em seguida, Pedro sentou-se ali com os guardas, esquentava-se junto ao fogo (Marcos 14:54). Pedro encontrou comunhão e calor na companhia dos ímpios, tendo abandonado a comunhão dos discípulos que estavam fugindo. Pedro queria parecer apenas mais um na multidão, não um seguidor de Jesus.
iii. Os guardas de Marcos 14:65 que feriram Jesus são as mesmas pessoas que os guardas de Marcos 14:54, porque a mesma palavra grega antiga é usada para os dois grupos. Pedro se sentou e se associou aos mesmos homens que bateram em Jesus, e eles bateram Nele só porque outra pessoa lhes disse que Jesus era um homem mau.
b. Não o conheço, nem sei do que você está falando: Um homem hostil e com autoridade interrogou Jesus. Pedro não enfrentou esse tipo de interrogatório, apenas uma das criadas. Mas ela foi suficiente para fazer Pedro negar Jesus. “Uma moça tola assusta e desanima este robusto campeão.” (Trapp)
i. Não o conheço, nem sei: “Pedro negou a acusação, usando a forma comum na lei rabínica para uma negação formal e legal.” (Lane)
ii. “No entanto, todo esse mal surgiu do medo do homem. Quantas negações de Cristo e de sua verdade surgiram desde então, pela mesma causa!” (Clarke)
iii. Pensando que isso poderia ajudar a se distanciar da associação com Jesus, Pedro começou a se amaldiçoar e a jurar. Quando ouvimos esse tipo de linguagem, presumimos que a pessoa não é seguidora de Jesus Cristo.
c. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito… E se pôs a chorar: Pedro finalmente se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito, mas lembrou-se dela tarde demais – foi depois de ter pecado. Então, tudo o que Pedro pôde fazer foi chorar amargamente – mas ele será restaurado.
i. “Não foi o cantar do galo que condenou Pedro; foi a lembrança das palavras de Cristo.” (Wiersbe)
ii. Há um contraste significativo entre Judas e Pedro. Ambos negaram Jesus de uma forma ou de outra, mas um foi restaurado e o outro não. Restaurar Pedro era importante para Jesus; após Sua ressurreição, Jesus teve um encontro particular com Pedro (Lucas 24:34) e uma restauração pública com Pedro (João 21). Judas acabou se tornando um apóstata, e Pedro era um apóstata que sofreu um declínio espiritual por causa de uma experiência que ele havia desfrutado.
© 2024 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com