Hebreus 8




Hebreus 8 – Uma Nova e Superior Aliança

A. Jesus, nosso sacerdote celestial.

1. (1-2) Um resumo dos pontos feitos anteriormente a respeito de Jesus como nosso Sumo Sacerdote.

O mais importante do que estamos tratando é que temos um Sumo Sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem.

a. O mais importante do que estamos tratando: O escritor de Hebreus reúne o mais importante do capítulo anterior. Temos um Sumo Sacerdote– Jesus Cristo – que nos serve de uma posição de toda autoridade no céu (o qual se assentou à direita do trono da Majestade).

b. O qual se assentou à direita do trono: Além disso, Jesus está sentado no céu, em contraste com o serviço contínuo do sacerdócio sob a Lei de Moisés.

i. O tabernáculo e o templo da Antiga Aliança tinham belos móveis, mas não havia lugar para os sacerdotes se sentarem porque seu trabalho nunca estava terminado. A obra de Jesus está consumada, portanto Ele se assentou no céu.

c. Nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo: Jesus não serve como sacerdote em um tabernáculo ou templo terrestre. Ele serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, o verdadeiro feito por Deus. O tabernáculo de Moisés era uma cópia deste verdadeiro, e foi feito pelo homem (Êxodo 25:8-9).

i. Alguns supõem que o verdadeiro tabernáculo é a Igreja ou o corpo terreno de Jesus. Mas é melhor entendê-la como a realidade celestial que o tabernáculo terrestre imitou.

2. (3) O sacerdócio de Jesus teve um sacrifício – e um sacrifício melhor.

Todo sumo sacerdote é constituído para apresentar ofertas e sacrifícios, e por isso era necessário que também este tivesse algo a oferecer.

a. Todo sumo sacerdote é constituído para apresentar ofertas e sacrifícios: O sacrifício pelo pecado é essencial para o conceito de sacerdócio. Jesus representou um sacerdócio superior e ofereceu um sacrifício superior. Ele deu Sua própria vida para expiar o pecado.

b. Por isso era necessário que também este tivesse algo a oferecer: Embora Jesus nunca tenha oferecido um sacrifício de acordo com a Lei de Moisés, Ele ofereceu um sacrifício melhor – o sacrifício de Si mesmo.

3. (4-5) O sacerdócio de Jesus tinha um templo – e um templo melhor.

Se Ele estivesse na terra, nem seria sumo sacerdote, visto que já existem aqueles que apresentam as ofertas prescritas pela lei. Eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus, já que Moisés foi avisado quando estava para construir o tabernáculo: “Tenha o cuidado de fazer tudo segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte.”

a. Se Ele estivesse na terra, nem seria sumo sacerdote: Jesus não estava qualificado para servir no sacerdócio terrestre inferior. Visto que já existem – muitos deles – que foram qualificados para servir no sacerdócio de acordo com a Lei de Moisés.

b. Eles servem num santuário que é cópia e sombra daquele que está nos céus: Havia muitos sacerdotes que serviam num santuário que é cópia e sombra na terra. No entanto, Jesus é o único qualificado para servir no sacerdócio celestial superior. O serviço terreno, embora glorioso aos olhos do homem, era realmente apenas uma cópia e sombra do serviço celestial superior.

c. Cópia e sombra daquele que está nos céus: Êxodo 25:40 nos diz que o tabernáculo de Moisés construído na terra foi feito de acordo com um modelo que existia no céu. Este foi o modelo que foi mostrado a você [Moisés] no monte (Êxodo 25:40). Portanto, há um templo que está nos céus que serviu de modelo para o tabernáculo e templo terrestre. O ministério de Jesus como nosso Sumo Sacerdote acontece neste templo que está nos céus, não na cópia e sombra daquele construído na terra.

i. Os judeus do primeiro século tinham um enorme orgulho do templo e o fizeram por uma boa razão: foi uma conquista arquitetônica espetacular. Por mais glorioso que fosse o templo de Jerusalém, era do homem (e principalmente construído por Herodes, o Grande, um homem corrupto e ímpio). Portanto, não era nada comparado à glória do templo celestial em que Jesus serviu.

4. (6) O resultado: Jesus preside um sacerdócio superior com uma melhor aliança e melhores promessas.

Agora, porém, o ministério que Jesus recebeu é superior ao deles, assim como também a aliança da qual ele é mediador é superior à antiga, sendo baseada em promessas superiores.

a. O ministério que Jesus recebeu é superior ao deles: Nenhum sacerdote terreno poderia tirar o pecado da maneira que Jesus o fez. Portanto, o ministério de Jesus é muito melhor do que o ministério do sacerdócio sob a Lei de Moisés.

b. A aliança da qual ele é mediador é superior à antiga: Jesus mediou para nós uma aliança superior, uma aliança de graça e não de obras, garantida para nós por um fiador (Hebreus 7:22). É uma aliança marcada por crer e receber em vez de ganhar e merecer.

i. Jesus é nosso Mediador para esta aliança maior. Mediador é a palavra grega antiga mesistes, que significa “aquele que fica no meio entre duas pessoas e as une.” (Barclay)

ii. Moisés foi o mediador da Antiga Aliança porque ele “uniu as duas partes.” Jesus é o Mediador da Nova Aliança, uma aliança superior, levando-nos a Deus Pai.

iii. A aliança de Jesus é uma aliança superior, melhor do que qualquer uma das alianças anteriores que Deus fez com os homens. A aliança de Jesus cumpre as outras alianças descritas na Bíblia.

·Existe uma aliança eterna entre os membros da Divindade que possibilitou a salvação do homem (Hebreus 13:20).

·O plano redentor de Deus foi continuado através da aliança que Ele fez com Abraão (Gênesis 12:1-3).

·A aliança Mosaica foi mais um passo no plano redentor de Deus (Êxodo 24:3-8).

·A aliança Davídica foi mais um passo no plano redentor de Deus (2 Samuel 7:1-16).

·O plano redentor de Deus foi cumprido na Nova Aliança (Lucas 22:14-20).

c. Baseada em promessas superiores: Jesus tem promessas superiores para nós. Estas são promessas para nos ver através dos tempos mais desesperados e sombrios. Estas são promessas que se tornam vivas para nós através do Espírito de Deus. Estas são promessas de bênção e favor imerecido em vez de promessas de amaldiçoar e julgar.

B. A superioridade da Nova Aliança.

1. (7) O fato de Deus mencionar outra aliança é prova de que há algo faltando na Antiga Aliança.

Pois se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra.

a. Se aquela primeira aliança fosse perfeita: É da natureza do homem inventar coisas que são “novas”, mas não necessárias. Deus não é assim. Se Deus estabeleceu uma Nova Aliança, isso significa que havia algo faltando na Antiga Aliança.

2. (8-12) A Nova Aliança como é apresentada nas Escrituras Hebraicas (citando Jeremias 31:31-34).

E, de fato, repreendendo-os, diz: “Estão chegando os dias, declara o SENHOR, eu vou fazer uma Nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados quando os tomei pela mão para tirá-los do Egito; visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança, eu me afastei deles”, diz o SENHOR. “Esta é a aliança que farei com a comunidade de Israel depois daqueles dias”, declara o SENHOR. “Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo. Ninguém mais ensinará ao seu próximo nem ao seu irmão, dizendo: ‘Conheça ao SENHOR, porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Porque eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados.”

a. Repreendendo-os, diz: Nesta passagem de Jeremias 31, Deus mostra que algo estava faltando na Antiga Aliança – porque uma Nova Aliança foi prometida. Nos dias de Jeremias, a Nova Aliança ainda estava no futuro, por isso ele escreveu: “Estão chegando os dias.”

i. Em seu contexto, a profecia de Jeremias provavelmente vem dos dias da renovação da aliança de Josias depois de encontrar a lei (2 Reis 23:3). Essa renovação foi boa, mas não foi suficiente porque Jeremias ansiava por uma Nova aliança.

b. Eu vou fazer: O Senhor deixou claro que essa aliança se originaria de Deus, e não do homem. No Sinai, sob a Antiga Aliança, as palavras-chave eram se você (Êxodo 19:5), mas na Nova Aliança, as palavras-chave são eu vou.

c. Uma Nova aliança: Esta aliança é verdadeiramente Nova, não meramente “Nova e melhorada” na forma como as coisas são comercializadas para nós hoje. Hoje, os produtos são considerados “novos e aprimorados” quando não há diferença substancial no produto. Mas quando Deus diz “novo”, Ele quer dizer novo.

i. Existem duas palavras gregas antigas que descrevem o conceito de “novo.” Neos descreve novidade em relação ao tempo. Algo pode ser uma cópia de algo antigo, mas se for feito recentemente, pode ser chamado de neos. A antiga palavra grega kainos (a palavra usada aqui) descrevia algo que não é apenas novo em referência ao tempo, mas é verdadeiramente novo em sua qualidade. Não é simplesmente uma Nova reprodução de algo antigo.

d. Com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá: A Nova Aliança definitivamente começou com Israel, mas nunca teve a intenção de terminar com Israel (Mateus 15:24 e Atos 1:8).

e. Não será como a aliança que fiz com os seus antepassados: Esta aliança não é como a aliança que Deus fez com seus antepassados. Novamente, isso enfatiza que há algo substancialmente diferente sobre a Nova Aliança.

f. Visto que eles não permaneceram fiéis à minha aliança: A fraqueza da Antiga Aliança não estava na própria Aliança. Estava na fraqueza e incapacidade do homem. A razão pela qual a Antiga Aliança não “funcionou” foi porque eles não permaneceram fiéis à minha aliança.

g. Porei minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações: A Nova Aliança apresenta transformação de dentro, não regulação por meio de leis externas.

i. A Antiga Aliança veio com tanto temor e terror que deveria ter feito todos obedecerem por medo. Mas eles pecaram contra a Antiga Aliança quase imediatamente. A Nova Aliança opera obediência através da lei escrita em suas mentes e em seus corações.

h. Serei o Deus deles, e eles serão o meu povo: A Nova Aliança também apresenta uma maior intimidade com Deus do que a que estava disponível na Antiga Aliança.

i. “A melhor maneira de fazer um homem cumprir uma lei é fazê-lo amar o legislador.” (Spurgeon)

i. Não me lembrarei mais dos seus pecados: A Nova Aliança oferece uma verdadeira e completa purificação do pecado, diferente e melhor do que a mera “cobertura” do pecado na Antiga Aliança.

3. (13) O significado de uma Nova Aliança.

Chamando “Nova” esta aliança, ele tornou antiquada a primeira; e o que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer.

a. Ele tornou antiquada a primeira: Agora que a Nova Aliança foi inaugurada, a Antiga Aliança é, portanto, antiquada.

b. O que se torna antiquado e envelhecido, está a ponto de desaparecer: A mensagem era clara para esses cristãos desencorajados de origem judaica, que pensavam em voltar para uma fé mais judaica. Eles simplesmente não podem voltar para uma aliança inferior, que está a ponto de desaparecer.

i. O sistema de sacrifício sob a Lei de Moisés logo vai desaparecer com a destruição vindoura do Templo e a destruição romana de Jerusalém.

Diferenças entre a Antiga Aliança e a Nova Aliança:

1. Elas foram instituídas em épocas diferentes.

·A Antiga Aliança por volta de 1446 a.C.

·A Nova Aliança por volta de 33 d.C.

2. Elas foram instituídas em lugares diferentes.

·A Antiga Aliança no Monte Sinai

·A Nova Aliança no Monte Sião

3. Elas foram faladas de maneiras diferentes.

·A Antiga Aliança foi trovejada com medo e pavor no Monte Sinai (Êxodo 19:17-24)

·Jesus Cristo, Deus Filho, declarou a Nova Aliança com amor e graça

4. Elas têm mediadores diferentes.

·Moisés mediou a Antiga Aliança

·Jesus é o mediador da Nova Aliança

5. Elas são diferentes em seu assunto.

·A Antiga Aliança exigiu uma aliança de obras

·A Nova Aliança cumpre a aliança de obras através da obra completa de Jesus

6. Elas são diferentes na forma como foram dedicadas.

·A Antiga Aliança foi dedicada com sangue de animais aspergido sobre o povo (Êxodo 24:5-8)

·A Nova Aliança foi dedicada com o sangue de Jesus (significando Sua morte sacrificial) aplicada espiritualmente ao Seu povo

7. Elas são diferentes em seus sacerdotes.

·A Antiga Aliança é representada pelo sacerdócio da Lei de Moisés e sumos sacerdotes descendentes de Arão

·A Nova Aliança tem um sacerdócio de todos os crentes e um Sumo Sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque

8. Elas são diferentes em seus sacrifícios.

·A Antiga Aliança exigia repetição sem fim de sacrifícios imperfeitos

·A Nova Aliança fornece um sacrifício perfeito de uma vez por todas do próprio Filho de Deus

9. Elas são diferentes em como e onde foram escritas.

·A Antiga Aliança foi escrita por Deus em tábuas de pedra

·A Nova Aliança é escrita por Deus nos corações de Seu povo

10. Elas são diferentes em seus objetivos.

·O objetivo da Antiga Aliança era descobrir o pecado, condená-lo e colocar uma “cerca” ao redor dele

·O objetivo da Nova Aliança é declarar o amor, graça e misericórdia de Deus, e dar arrependimento, remissão de pecados e vida eterna

11. Elas são diferentes em seu efeito prático sobre a vida.

·A Antiga Aliança termina em escravidão (sem culpa própria)

·A Nova Aliança fornece a verdadeira liberdade

12. Elas são diferentes em sua doação do Espírito Santo.

·Sob a Antiga Aliança o Espírito Santo foi dado a certas pessoas para certos deveres específicos

·Sob a Nova Aliança o Espírito Santo é derramado gratuitamente sobre todos os que o receberem pela fé

13. Elas são diferentes em sua ideia do Reino de Deus.

·Sob a Antiga Aliança, o Reino de Deus é visto principalmente como o governo supremo de Israel sobre as nações

·Sob a Nova Aliança, o Reino de Deus é tanto uma realidade espiritual presente quanto um fato literal vindouro

14. Elas são diferentes em sua substância.

·A Antiga Aliança tem sombras vívidas

·A Nova Aliança tem a realidade

15. Elas são diferentes na extensão de sua administração.

·A Antiga Aliança foi confinada aos descendentes de Abraão através de Isaque e Jacó segundo a carne

·A Nova Aliança é estendida a todas as nações e raças debaixo do céu

16. Elas são diferentes no que realmente realizam.

·A Antiga Aliança não fez nada perfeito

·A Nova Aliança pode e trará a perfeição do povo de Deus

17. Elas são diferentes em sua duração.

·A Antiga Aliança foi projetada para preparar o caminho para a Nova Aliança e depois passar como um princípio do trato de Deus com os homens

·A Nova Aliança foi projetada para durar para sempre

“Observe por estas coisas, que o estado do evangelho, ou da Igreja sob o Novo Testamento, sendo acompanhado dos mais altos privilégios e vantagens de que é capaz neste mundo, há uma grande obrigação de todos os crentes para santidade e frutificação na obediência, para a glória de Deus; e a vergonha do seu pecado, por quem esta aliança é negligenciada ou desprezada, é abundantemente manifestada.” (John Owen)

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Categories: New Testament

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