Hebreus 7




Hebreus 7 – Um Sacerdócio Melhor, um Sumo Sacerdote Melhor

A. O tema de Hebreus 7.

1. O escritor de Hebreus explica agora um tema que ele introduziu anteriormente em Hebreus 2:17: Jesus como nosso Sumo Sacerdote.

a. Ele começou a discutir o assunto em Hebreus 5:10, mas teve que passar algum tempo avisando esses cristãos desanimados sobre o perigo de não continuar e progredir em sua vida cristã.

b. Como um escritor de uma boa história de detetive, o escritor de Hebreus tira um personagem do Antigo Testamento que muitos poderiam achar insignificante, e destaca esse personagem.

2. Estes cristãos de descendência judaica estavam interessados em Jesus como seu Sumo Sacerdote, mas tinham uma objeção intelectual significante a ideia. Isso é porque Jesus não veio da tribo de sacerdotes (a tribo de Levi) ou da família de sacerdotes naquela tribo (a família de Arão).

a. O escritor de Hebreus queria remover esses problemas intelectuais que os cristãos judeus tinham com o evangelho. Essas travas intelectuais os impediam de seguir para a maturidade em Jesus.

b. Da mesma maneira, muitos cristãos estão presos em assuntos intelectuais que poderiam ser resolvidos permitindo-os seguir em frente com Jesus. Se um cristão está preso em assuntos como criação e evolução, a validade de milagres, ou outras coisas dessa natureza, eles deveriam resolver esses assuntos para que consigam seguir em frente com Jesus.

3. Este capítulo também é importante porque nos mostra como deveríamos pensar sobre as instituições do sacerdócio e da Lei do Antigo Testamento.

B. Melquisedeque e sua relação com o sacerdócio de Abraão.

1. (1-3) O que sabemos sobre Melquisedeque vindo de Gênesis 14:18-20.

Esse Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis, e o abençoou; e Abraão lhe deu o dízimo de tudo. Em primeiro lugar, seu nome significa “rei de justiça”; depois, “rei de Salém” quer dizer “rei de paz.” Sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre.

a. Encontrou-se com Abraão quando este voltava, depois de derrotar os reis: Depois que Abraão derrotou a confederação de reis que sequestrou seu sobrinho Ló, ele se encontrou com um sacerdote misterioso chamado Melquisedeque, que também era um rei da cidade de Salém (um antigo nome para a cidade de Jerusalém).

i. A História mostra o perigo de combinar religião e autoridade civil. Portanto Deus não permitiu que os reis de Israel fossem sacerdotes e os sacerdotes fossem reis. Melquisedeque, que era o rei de Salém e sacerdote doDeus Altíssimo foi uma exceção única.

b. Sacerdote do Deus Altíssimo: Melquisedeque não foi meramente um adorador do verdadeiro Deus. Ele possuía o honroso título de sacerdote do Deus Altíssimo. A grandeza de Deus magnificou a grandeza do sacerdócio de Melquisedeque.

i. “Qualquer sacerdócio é avaliado de acordo com o status da divindade que é servida, o que significa que a de Melquisedeque deve ter sido de um tipo altamente exaltada.” (Guthrie)

c. E o abençoou: Melquisedeque abençoou Abraão e Abraão deu a Melquisedeque um dízimo, que é a décima parte de tudo (todos os despojos da batalha como mencionado em Gênesis 14:20).

d. Em primeiro lugar, seu nome significa “rei da justiça”; depois, “rei de Salém” quer dizer “rei de paz”: O nome Melquisedeque significa “rei da justiça” e ele também era “rei de paz” (porque o nome Salém significa “paz”).

i. A ordem é sutil, porém importante. Primeiro, Melquisedeque em seu próprio nome era chamado de “rei da justiça.” Depois ele era chamado de “rei da paz.” Como sempre, a justiça vem antes da paz. A justiça é o único caminho verdadeiro para a paz. As pessoas procuram essa paz na fuga, na evasão ou em acordos, mas elas a encontrarão apenas na justiça. “Paz sem justiça é como a superfície lisa do riacho antes de dar seu mergulho terrível no Niágara.” (Spurgeon)

ii. O fato de que esses nomes possuam significado e de que o Espírito Santo explica o significado, mostra que cada palavra é importante e inspirada por Deus. “O Espírito Santo pretendeu ensinar nos nomes: para que o apóstolo nos instrua na passagem diante de nós. Eu creio na inspiração verbal das Escrituras; por isso, consigo ver como pode haver instrução para nós até mesmo nos nomes próprios das pessoas e dos lugares. Aqueles que rejeitam a inspiração verbal devem de fato condenar o grande apóstolo dos gentios, cujo ensino é tão frequentemente baseado em uma palavra. Ele faz mais com palavras e nomes do que qualquer um de nós pensaríamos em fazer, e ele foi guiado ali pelo Espírito do Senhor, e, portanto, estava certo. Da minha parte, eu tenho muito mais medo de fazer muito pouco da Palavra do que ver muito nela.” (Spurgeon)

e. Sem pai, sem mãe: Não há nada dito sobre a genealogia de Melquisedeque na passagem de Gênesis 14 ou em qualquer outro lugar. De acordo com o registro Bíblico, ele não tem pai ou mãe, é sem princípio de dias nem fim de vida. “O que vemos dele é pequeno, no entanto, não vemos nada de pequeno nele.” (Spurgeon)

i. Embora virtualmente todos os comentaristas discordem entre si nesse ponto, alguns acham que sem pai, sem mãe, sem genealogia, sem genealogia, sempre princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus significa que Melquisedeque era um ser celestial, se não uma aparência pré-encarnada do próprio Jesus.

f. Feito semelhante ao Filho de Deus: Melquisedeque foi feito semelhante ao Filho de Deus. Realmente não é que Jesus tem o tipo de sacerdócio de Melquisedeque. Ao invés disso, Melquisedeque tem o tipo de sacerdócio de Jesus.

i. Feito semelhante em Hebreus 7:3 traduz a antiga palavra grega aphomoiomenos, uma palavra não usada em nenhum outro lugar no Novo Testamento. “É uma palavra sugestiva, usada no ativo de ‘uma cópia ou modelo similar’ e no passivo de ‘ser feito semelhante a’.” (Guthrie)

ii. “Foi como se o Pai não pudesse esperar pelo dia da entrada sacerdotal do Seu Filho para dentro do véu; mas precisa antecipar as maravilhas do Seu ministério, incorporando suas características principais em miniatura.” (Meyer)

g. Permanece sacerdote para sempre: Ou isso se refere à continuação da ordem sacerdotal de Melquisedeque, ou é evidência de que Melquisedeque era na verdade Jesus aparecendo no Antigo Testamento. O sacerdócio de Jesus permanece até hoje e por toda a eternidade.

2. (4-10) Melquisedeque é maior do que Abraão porque Abraão pagou dízimo a Melquisedeque e porque Melquisedeque abençoou Abraão.

Considerem a grandeza desse homem: até mesmo o patriarca Abraão lhe deu o dízimo dos despojos! A Lei requer dos sacerdotes dentre os descendentes de Levi que recebam o dízimo do povo, isto é, dos seus irmãos, embora estes sejam descendentes de Abraão. Este homem, porém, que não pertencia à linhagem de Levi, recebeu os dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas. Sem dúvida alguma, o inferior é abençoado pelo superior. No primeiro caso, quem recebe o dízimo são homens mortais; no outro caso é aquele de quem se declara que vive. Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão, pois, quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda não havia sido gerado.

a. Abraão lhe deu o dízimo dos despojos! A Lei requer que os descendentes de Levi que recebem o dízimo do povo: O sacerdócio de Levi recebeu dízimos de Israel como a lei requer. Abraão voluntariamente pagou dízimos a Melquisedeque. Isso faz da doação de Abraão a Melquisedeque maior do que o pagamento de dízimos de Israel ao sacerdócio instituído por Moisés.

i. O dízimo dos despojos: Despojos é literalmente o topo da pilha, se referindo aos despojos de guerra mais escolhidos. Quando Abraão pagou dízimos a Melquisedeque ele literalmente “tirou do topo.”

b. Pode-se dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão, pois, quando Melquisedeque se encontrou com Abraão, Levi ainda não havia sido gerado: Porque a tribo inteira de Levi não havia sido gerada geneticamente por Abraão quando ele fez isso, vemos o sacerdócio do Antigo Testamento pagando dízimos ao sacerdócio de Melquisedeque. Isso mostra que Melquisedeque está em uma posição de autoridade acima de Abraão e seu descendente Levi.

i. A frase “Pode-se dizer” em Hebreus 7:9 é importante. O escritor de Hebreus sabe que ele está fazendo um argumento alegórico, então ele não quer ser interpretado de forma literal demais.

c. O inferior é abençoado pelo superior: Este princípio também mostra que Melquisedeque era superiora Abraão porque ele abençoou Abraão. Nessa parte Abraão aceitou que Melquisedeque era superior quando aceitou a bênção.

i. “A bênção aqui falada… não é o simples desejar o bem aos outros, O que pode ser feito de inferiores para superiores; mas é a ação de uma pessoa autorizada a declarar a intenção de Deus de conceder coisas boas a outro.” (Macknight, citado por Clarke)

C. A necessidade de um novo sacerdócio.

1. (11) O sacerdócio levítico nunca tornou nada perfeito.

Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico (visto que em sua vigência o povo recebeu a Lei), por que haveria ainda necessidade de se levantar outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque e não de Arão?

a. Se fosse possível alcançar a perfeição por meio do sacerdócio levítico: Isso mostra a necessidade de uma ordem diferente de sacerdócio. Se a perfeição pudesse vir por meio do sacerdócio levítico, não haveria necessidade para outro sacerdócio. Ainda assim, Deus descreveu um outro sacerdócio no Salmo 110:4.

i. O simples fato de que Deus descreve um sacerdócio… segundo a ordem de Melquisedeque no Salmo 110:4, mostra que há algo faltando no sacerdócio de Arão. Deus nunca estabeleceria um sacerdócio desnecessário.

ii. O termo sacerdócio levítico simplesmente descreve o sacerdócio judaico do Antigo Testamento. Ele é chamado de levítico porque a maioria das instruções para o sacerdócio do Antigo Testamento são encontradas no Livro de Levítico.

b. Em sua vigência o povo recebeu a Lei: O sacerdócio do Antigo Testamento é o sacerdócio associado à Lei de Moisés. O sacerdócio de Melquisedeque é associado a Abraão, não a Moisés.

2. (12) O sacerdócio em mudança e a mudança do lugar da Lei de Moisés.

Certo é que, quando há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei.

a. Mudança no sacerdócio: Isso é desenvolvido de forma lógica a partir do Salmo 110:4. Deus nunca introduziria um novo sacerdócio se não fosse necessário, e Ele nunca introduziria um sacerdócio inferior. A simples menção da ordem de Melquisedeque (no Salmo 110:4 e Hebreus 7:11) mostra que Deus queria mudança no sacerdócio.

b. É necessário: O sacerdócio de Arão estava conectado à Lei de Moisés. Então se o sacerdócio é mudado deveríamos também esperar alguma mudança no status ou no lugar da Lei.

3. (13-14) Jesus não poderia ser um sacerdote segundo a Lei Mosaica porque Ele vem da tribo errada.

Ora, aquele de quem se dizem estas coisas pertencia a outra tribo, da qual ninguém jamais havia servido diante do altar, pois é bem conhecido que o nosso Senhor descende de Judá, tribo da qual Moisés nada fala quanto a sacerdócio.

a. A outra tribo, da qual ninguém jamais havia servido diante do altar: Sob a Lei de Moisés, Deus comandou estritamente que apenas aqueles vindos da família de Arão poderiam servir diante do altar em sacrifício.

b. Aquele de quem se dizem estas coisas pertencia a outra tribo: Jesus obviamente não é da família de Arão nem mesmo da tribo de Levi. A tribo de Judá (a tribo da linhagem de Jesus) não tinha nada a ver com um sacerdócio de Arão, o sacerdócio associado à Lei de Moisés. Por isso, de acordo com o sacerdócio de Arão e a Lei de Moisés, Jesus nunca poderia ser um sacerdote. Se ele é nosso Sumo Sacerdote, deve ser a partir de outro princípio.

4. (15-17) A declaração de Deus de que o Messias pertence a outra ordem de sacerdócio no Salmo 110:4.

O que acabamos de dizer fica ainda mais claro quando aparece outro sacerdote semelhante a Melquisedeque, alguém que se tornou sacerdote, não por regras relativas à linhagem, mas segundo o poder de uma vida indestrutível. Porquanto sobre ele é afirmado:

“Tu és sacerdote para sempre,
Segundo a ordem de Melquisedeque.”

a. Não por regras relativas à linhagem: O sacerdócio de Jesus não é baseado na lei ou na hereditariedade (regras relativas à linhagem), mas no poder da vida indestrutível de Deus.

b. Tu és sacerdote para sempre: Isso poderia ser dito sobre o Messias, que foi um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Isso nunca poderia ser dito sobre um sacerdote segundo a ordem de Arão, nenhum dos quais tinha o poder de uma vida indestrutível e onde cada um deles serviu por um período limitado como sacerdote – limitado pelo seu próprio tempo de vida.

c. Segundo o poder de uma vida indestrutível: Mateus 27:1 diz: De manhã cedo, todos os chefes dos sacerdotes e líderes religiosos do povo tomaram a decisão de condenar Jesus à morte. Entre aqueles que conspiraram para condenar Jesus à morte, havia sacerdotes da ordem de Arão. Porém pelo poder de uma vida indestrutívelJesus mostrou que Seu sacerdócio era superior quando Ele triunfou sobre a morte.

5. (18-19) Porque a lei é deixada de lado como a forma de estabelecer nosso relacionamento com e acesso a Deus.

Desse modo, o antigo requisito, por ser fraco e inútil, foi cancelado. Pois a lei nunca tornou perfeita coisa alguma. Agora, porém, temos certeza de uma Esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus.

a. Por ser fraco e inútil: Por ser fraca e inútil, a lei nunca tornou perfeita coisa alguma. A lei faz um grande trabalho ao criar o padrão perfeito de Deus, porém não concede o poder de manter esse padrão.

i. “Que todos os legalistas marquem isso: a lei nunca tornou perfeita coisa alguma. Que todos os Adventista do Sétimo Dia marquem: a lei nunca tornou perfeita coisa alguma. Que todos aqueles que sonham com a Lei como uma regra da vida lembrem-se: a lei nunca tornou perfeita coisa alguma.” (Newell)

b. A Lei nunca tornou perfeita coisa alguma: Portanto a lei é valiosa quando nos mostra o padrão perfeito de Deus, mas, em última análise, não tinha a intenção de ser a base da caminhada de um homem com Deus. Isso é porque a lei é fraca e inútil quando se trata de salvar minha alma ou me dar poder sobre o pecado.

i. A lei provê um diagnóstico especialista de nosso problema de pecado, o que é absolutamente essencial. Mas a lei não fornece a cura para nosso problema de pecado. Somente Jesus pode nos salvar de nosso problema de pecado.

c. Agora, porém: Como agora em Jesus nós temos uma Esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus, é errado para nós voltarmos a construir nossa caminhada cristã na lei. Portanto a lei é “cancelada” ou colocada de lado no sentido de que não é mais o princípio dominante de nossa vida, especialmente de nosso relacionamento com Deus.

i. “A palavra grega traduzida para anulado [cancelado], athetesis, é a mesma que aparece em Hebreus 9:26 para aniquilar o pecado ‘mediante o sacrifício de si mesmo’. O desaparecimento da Lei é tão absoluto, portanto, como a aniquilação do pecado!” (Newell)

ii. A lei não te dá uma Esperança superior. A lei não te aproxima de Deus da maneira que aproxima a graça de Deus concedida em Jesus. Contudo, muitos cristãos vivem um relacionamento legal com Deus em vez de um relacionamento de graça com Ele.

iii. “Embora a lei realizou uma função valiosa, sua fraqueza essencial era que ela não podia conceder vida e vitalidade nem mesmo a aqueles que a obedecessem, muito menos a aqueles que não a obedecessem. Na verdade, a função dela não era fornecer força, mas sim, um padrão pelo qual o homem pudesse medir seu próprio estado moral. Sua inutilidade não deve ser considerada no sentido de ser totalmente sem valor, mas no sentido de não ser eficaz em fornecer um meio constante de aproximação de Deus baseada em um sacrifício totalmente adequado.” (Guthrie)

d. O antigo requisito…foi cancelado…temos certeza de uma Esperança superior: O escritor chegou na mesma conclusão que Paulo sobre a lei em Gálatas 3:19-25, mas ele chegou lá por um caminho totalmente diferente. Em Gálatas, Paulo mostrou a lei como um tutor que nos leva a Jesus. Em Hebreus a lei é associada ao sacerdócio que se tornou obsoleto por um sacerdócio superior.

i. “Pare de pensar em purificação e considere o Purificador; abstenha-se de especular sobre a libertação e lide com o Libertador.” (Meyer)

e. Uma Esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus: Por nós termos um sacerdócio superior e um Sumo Sacerdote superior, também temos uma Esperança e uma aproximação de Deus superior. Nossa esperança está em Jesus, não na Lei de Moisés ou em nossa habilidade de obedecê-la.

i. Isso deveria moderar nossa empolgação com a reconstrução do templo em Jerusalém. Os grupos pequenos de judeus dedicados completamente comprometidos com a reconstrução do templo possuem um lugar empolgante no plano profético de Deus. Mas qualquer um que restaure o sacerdócio de Arão e continue o sacrifício levítico (especialmente para a expiação dos pecados) nega o sacerdócio superior e sacrifício final de Jesus.

D. A superioridade de nosso Sumo Sacerdote.

1. (20-21) Jesus foi feito Sumo Sacerdote pelo juramento direto de Deus.

E isso não aconteceu sem juramento! Outros se tornaram sacerdotes sem qualquer juramento, mas ele se tornou sacerdote com juramento, quando Deus lhe disse:

“O Senhor jurou
E não se arrependerá:
‘Tu és sacerdote para sempre.’”

a. E isso não aconteceu sem juramento! O sacerdócio de Jesus foi estabelecido com um juramento. Ele está registrado no Salmo 110:4: O senhor jurou e não se arrependerá: “Tu és sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedeque.”

b. Outros se tornaram sacerdotes sem qualquer juramento: O sumo sacerdote da ordem de Arão era nomeado por hereditariedade, não por caráter pessoal ou um juramento de Deus. Não é assim com Jesus e a ordem sacerdotal de Melquisedeque. Deus até selou Sua escolha com um juramento.

2. (22) Jesus: nossa garantia de uma aliança superior.

Jesus tornou-se, por isso mesmo, a garantia de uma aliança superior.

a. Jesus tornou-se…a garantia: A antiga palavra grega traduzida para garantia (egguos) descreveu alguém que concedia segurança, que era fiador de um empréstimo para garantir o pagamento, ou pagava fiança para um prisioneiro. O próprio Jesus é a garantia de uma aliança superior.

b. Uma aliança superior: A Antiga Aliança tinha um mediador (Moisés), mas ninguém para garantir o lado do povo na aliança. Portanto eles falharam continuamente dentro dela. Mas a Nova Aliança – uma aliança superior – tem um fiador para garanti-la em nosso favor. Portanto, a Nova Aliança depende do que Jesus fez, não do que nós fazemos. Ele é a garantia e nós não somos.

c. Aliança: A palavra usada para aliança (a antiga palavra grega diatheke) não é o termo comum para “aliança” (syntheke). O significado literal de diatheke está mais perto da ideia de um “testemunho” no sentido de um “testamento.” Talvez o escritor esteja tentando enfatizar que enquanto uma aliança poderia ser considerada como um acordo a que duas partes iguais chegam, o testador dita um testamento. O “acordo” sobre o qual nós chegamos com Deus por meio de Jesus não é algo que negociamos com Ele. Ele ditou os termos para nós e nós aceitaremos ou rejeitaremos os termos.

d. Por isso mesmo: Este por isso mesmo – a superioridade avassaladora de Jesus Cristo – prova que ele é digno e capaz de ser nossa garantia, nosso fiador de uma aliança superior.

3. (23-25) Um sacerdócio imutável significa uma salvação duradoura.

Ora, daqueles sacerdotes tem havido muitos, porque a morte os impede de continuar em seu ofício; mas, visto que vive para sempre, Jesus tem um sacerdócio permanente. Portanto, ele é capaz de salvar definitivamente aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus, pois vive sempre para interceder por eles.

a. Ora, daqueles sacerdotes tem havido muitos: O sacerdócio sob a Lei de Moisés mudava constantemente, e por isso era melhor ou pior através dos anos dependendo do caráter do sacerdote. Em contraste, Jesus tem um sacerdócio permanente. Jesus nunca morrerá e tem um sacerdócio permanente. Não precisamos nos preocupar com um “sacerdote ruim” O substituindo.

b. Vive para sempre: Esta antiga palavra grega tem a ideia de “permanecendo como um servo.” Jesus vive para sempre, e Ele vive como um servo, mesmo depois de ter ascendido ao céu.

c. Ele é capaz de salvar definitivamente: A natureza permanente do sacerdócio de Jesus significa que a salvação que Ele concede também é permanente, imutável e segura. A maioria das pessoas leem esse versículo como se ele dissesse que Jesus é capaz de salvar do definitivo. Mas ela realmente diz que Jesus é capaz de salvar definitivamente. Porque ele é nosso sumo sacerdote para sempre, ele pode salvar para sempre.

i. O evangelista Billy Sunday deu um grande sermão falando apaixonadamente sobre como Deus o salvou “da sarjeta-definitiva”, porque ele era um bêbado de sarjeta quando Deus o salvou. Essa foi uma grande frase de um grande pregador, mas não era verdadeira sobre o que a Bíblia diz – nós não somos salvos do, mas para sempre.

ii. “O verbo ‘salvar’ é usado absolutamente, o que significa que Cristo salvará no sentido mais compreensivo; ele salva de tudo que a humanidade precisa de salvamento.” (Morris)

d. Aqueles que, por meio dele, aproximam-se de Deus: Isso nos diz a quem Jesus é capaz de salvar. Significa aqueles que permanecem no filho e têm comunhão com o Pai. Isso também mostra para onde devemos vir para a salvação – para Deus. Uma coisa é vir para a igreja; outra coisa é aproximar-se de Deus.

i. Isso mostra o lugar de permanecer na segurança do crente. Quando nós por meio dele, aproximamo-nos de Deus, Ele nos salva definitivamente. Em Jesus há segurança completa de salvação.

e. Vive sempre para interceder por eles: Nos fortalece saber que Jesus ora por nós e que Ele vive para sempre para orar por nós. Isso é um encorajamento tremendo para qualquer um que sente vontade de desistir.

i. Romanos 8:33-34 mostra que o Apóstolo Paulo considera essa obra intercessora de Jesus em nosso favor importante. Lá, ele imaginou Jesus nos defendendo contra qualquer acusação ou condenação por meio de Sua intercessão.

ii. “Nosso abençoado Senhor está intercedendo por nós, porém ele não está em nenhum sentido apaziguando a Deus. Tudo que o Ser santo e governo justo de Deus poderiam exigir foi de uma vez por todas, completamente e para sempre, satisfeito na cruz.” (Newell)

iii. A intercessão de Jesus em nosso favor não é uma questão de aplacar um Pai irado que quer nos destruir. Não é uma questão de continuamente cantar orações em favor do Seu povo. Isso significa que Ele continuamente nos representa diante do Pai para que possamos nos aproximar Dele, e que Ele nos defende contra as acusações e ataques de Satanás.

iv. Lucas 22:31-32 dá um exemplo da intercessão de Jesus para o seu povo: Simão, Simão, Satanás pediu vocês para a peneirá-los como trigo. Mas eu orei por você, para que a sua fé não desfaleça. E quando você se converter, fortaleça os seus irmãos. Jesus ora para nos fortalecer nas provações e temporadas de ataque e contra as acusações de Satanás.

4. (26-28) Jesus é mais qualificado para ser um Sumo Sacerdote do que qualquer sacerdote da ordem da Lei de Moisés.

É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: santo, inculpável, puro, separado dos pecadores, exaltado acima dos céus. Ao contrário dos outros sumos sacerdotes, ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. E ele o fez uma vez por todas quando a si mesmo se ofereceu. Pois a Lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas; mas o juramento, que veio depois da Lei, constitui o Filho perfeito para sempre.

a. É de um sumo sacerdote como este que precisávamos: Os sacerdotes sob a Lei de Moisés não tinham o caráter pessoal do Filho de Deus. Jesus é santo, inculpável (sem malícia ou enganação), puro, separado dos pecadores (no sentido de não compartilhar do pecado deles). Jesus é muito superior em seu caráter pessoal do que qualquer sacerdote terreno.

i. O crente deveria gloriar nessas passagens exaltando Jesus e mostrando Sua superioridade. “A superioridade de nosso Senhor Jesus Cristo é um tema que não interessará a todos. Para muitas pessoas vai parecer um pedaço de êxtase devocional, se não um conto ocioso. No entanto, sempre haverá um remanescente segundo a eleição da graça para quem essa meditação será inexprimivelmente doce.” (Spurgeon)

b. Exaltado acima dos céus: Dois fatos provam o caráter perfeito de Jesus. Primeiro, Sua exaltação no céu. Segundo que Ele não necessitou oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados– o que os outros sacerdotes necessitam fazer dia após dia.

c. Quando a si mesmo se ofereceu: Isso é totalmente único. Um sacerdote pode trazer um sacrifício ou outro para o altar. Mas Jesus era tanto o sacerdote quanto o sacrifício. Este é o melhor sacrifício trazido a Deus Pai pelo melhor sacerdote.

i. Quando Ele se ofereceu foi uma oferta voluntária. “Oh, isso torna o sacrifício de Cristo tão abençoado e glorioso! Arrastavam os novilhos e levavam as ovelhas ao altar; atavam os bezerros com cordas, mesmo com cordas à ponta do altar; mas não foi assim com o Cristo de Deus. Ninguém o obrigou a morrer; ele deu sua vida voluntariamente, pois ele tinha o poder para dá-la e tomá-la novamente.” (Spurgeon)

d. Pois a lei constitui sumos sacerdotes a homens que têm fraquezas: Sob a Lei de Moisés os sacerdotes sempre foram homens com fraquezas. Porém Jesus é um Filho perfeito para sempre. Porque Ele é um Sumo Sacerdote perfeito, foi capaz de se oferecer como um sacrifício perfeito para nosso pecado. Jesus é perfeitamente qualificado para ser nosso sumo sacerdote perfeitoperfeito para sempre.

© 2022 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com 

Categories: New Testament

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