Hebreus 6 – Um Aviso aos Crentes Desanimados
A. A natureza essencial da maturidade.
1. (1a) Indo além do básico.
Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade,
a. Portanto: O escritor repreendeu seus leitores por sua imaturidade espiritual, mas ele sabia que nada foi ganho por tratá-los como imaturos. Ele continuou com sua instrução e avisos.
b. Ensinos elementares: Isso possui a ideia de “rudimentares” ou “ABCs.” Eles são blocos de construção básicos que são necessários, mas algo deve construído em cima – senão, tem apenas uma base e nenhuma estrutura.
c. Maturidade: Esta é a antiga palavra grega teleiotes, que é muito melhor compreendida como “maturidade.” O escritor de Hebreus disse que não alcançamos a perfeição deste lado da eternidade, mas que podemos e deveríamos alcançar uma posição de maturidade em Jesus. O chamado é simples: avancemos para a maturidade.
i. “Teleiotes não implica conhecimento completo, mas uma certa maturidade na fé cristã.” (Barclay)
2. (1b-2) Um pouco do “básico” para ir além.
Sem lançar novamente o fundamento do arrependimento de atos que conduzem à morte, da fé em Deus, da instrução a respeito de batismos, da imposição de mãos, da ressurreição dos mortos e do juízo eterno.
a. Sem lançar novamente o fundamento: Estes ensinos elementares são dados em três pares. Arrependimento e fé andam juntos. Batismo e imposição de mãos andam juntos. Ressurreição dos mortos e juízo eterno formam um par.
b. Sem lançar novamente o fundamento: Muitas pessoas consideram isso como uma lista Bíblica de princípios elementares importantes para a vida cristã. O estudo da Bíblia e séries de discipulado têm sido ensinados desenvolvendo cada um desses tópicos com o pensamento de que essa é uma boa lista de doutrinas básicas. Mas isso aqui não foi o ponto do escritor de maneira alguma.
i. Para entender essa lista você deve fazer perguntas básicas:
·O que é distintamente cristão sobre essa lista?
·Onde está a menção específica de Jesus ou da salvação apenas pela graça?
·Poderia alguém acreditar ou praticar essas coisas e ainda não ser um seguidor de Jesus Cristo, e não crer que Ele é o Messias?
ii. “Quando consideramos os ‘rudimentos’ um por um, é notável quão pouco na lista é distinto do cristianismo, pois praticamente todos os itens poderiam ter seu lugar em uma comunidade judaica bastante ortodoxa… Cada um deles, de fato, adquire um novo significado em um contexto cristão; mas a impressão que temos é de que crenças e práticas judaicas existentes foram usadas como a base na qual se constrói a verdade cristã.” (Bruce)
iii. “É profundamente significativo observar quão pouco distintamente cristão há nessa declaração. Arrependimento, fé, ressurreição e julgamento eram certamente judeus, e por esse motivo a referência parece ser a base judaica, e eles são incitados a evitar essas coisas elementares que eles devem abandonar por algo mais alto e mais rico.” (Griffith Thomas)
c. Da instrução a respeito de batismos: Nem mesmo batismos, como é usado nesta passagem, é necessariamente cristão. A antiga palavra grega específica traduzida aqui para batismos (baptismos) não é a palavra geralmente usada no novo testamento para descrever o batismo cristão (baptizo). Baptismos é a palavra usada em três outras instâncias específicas para se referir as cerimônias judaicas de purificação com água (Hebreus 9:10, Marcos 7:4 e Marcos 7:8).
i. A tradução da Nova Versão Internacional da Bíblia reflete isso, traduzindo “doutrinas dos batismos” como instrução a respeito de batismos. Na Versão Almeida Revista e Corrigida é onde temos: doutrinas dos batismos.
ii. Bruce cita Naime: “‘Doutrinas dos batismos’ – que antinatural são as tentativas de explicar esse plural referindo-se ao batismo cristão.”
d. O fundamento: Neste caso, os princípios elementares para ir além são todos os itens em um senso comum de crença entre o cristianismo e o judaísmo. Este foi um senso comum seguro para onde estes cristãos judeus desanimados podiam voltar.
i. Porque o cristianismo nasceu do judaísmo, era uma tentação mais sutil para um cristão judeu escorregar de volta para o judaísmo do que era para um cristão anteriormente pagão voltar aos seus costumes pagãos. “Parte do problema enfrentado pelos hebreus era a semelhança superficial entre os princípios elementares do cristianismo e os do judaísmo, que tornavam possível para judeus cristãos pensar que conseguiriam se manter em ambos.” (Guthrie)
ii. É claro que estes judeus cristãos não queriam abandonar a religião, porém queriam fazê-la distintamente menos cristã. Portanto, eles retornaram a este senso comum para evitar a perseguição. Vivendo neste senso comum confortável, ninguém se destacaria muito. Um judeu e um cristão juntos poderiam dizer: “Vamos nos arrepender, vamos ter fé, vamos realizar cerimônias de purificação”, e assim por diante. Isto era uma sutil, mas ainda assim certa negação de Jesus.
iii. Isso é inteiramente característico daqueles que se sentem desanimados e desejam desistir. Sempre existe a tentação de ainda ser religioso, mas não tão fanático sobre Jesus.
3. (3) Uma declaração de esperança e dependência em Deus.
Assim faremos, se Deus o permitir.
a. Se Deus o permitir: Isso não deveria ser tomado como insinuando que Deus pode não querer que eles alcancem a maturidade, passando do básico comum ao cristianismo e judaísmo.
b. Se Deus o permitir: Em vez disso, isso expressa a completa dependência dos crentes em Deus. Se nós de fato passarmos para a maturidade, percebemos que isso só acontece na vontade de Deus.
B. O perigo de cair.
Prefácio: Entendendo uma abordagem de passagens controvérsias como esta.
a. Existe uma grande tentação de moldar uma passagem difícil para o que achamos que deveria dizer, segundo o nosso sistema teológico ou inclinação. Contudo, devemos primeiro nos preocupar em compreender o que o texto diz (exposição), antes de nos preocuparmos em encaixarmos o que ele diz em um sistema de teologia.
b. Sistemas de teologia tem algum valor, pois eles mostram como ideias Bíblicas estão conectadas e mostram que a Bíblia não se contradiz. Mas o caminho para sistemas corretos começa com uma compreensão correta do texto, não uma que molda o texto para se encaixar em um sistema.
i. “Chegamos nesta passagem com a intenção de lê-la com a simplicidade de uma criança, e o que quer que encontrarmos nela para declará-la; e se parecer não concordar com algo que temos sustentado até agora, estamos preparados para rejeitar todas as nossas próprias doutrinas, em vez de uma passagem das Escrituras.” (Spurgeon)
ii. “É muito, muito melhor sermos inconsistentes com nós mesmos do que com a Palavra inspirada. Eu fui chamado de um Calvinista Arminiano ou de um Arminiano Calvinista, e fico muito contente com tanto que eu possa continuar próximo da minha Bíblia.” (Spurgeon)
c. Satanás conhece a Escritura, e essa passagem foi corretamente chamada de “uma das passagens favoritas do Diabo” pela maneira que consegue (fora de contexto) condenar o crente em dificuldade. Muitos cristãos sentem vontade de desistir após ouvirem Satanás “pregar um sermão” neste texto.
1. (4-6) A impossibilidade de arrependimento para aqueles que caem após receberem a bênção de Deus.
Ora, para aqueles que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir, e caíram, é impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento; pois para si mesmos estão crucificando de novo o Filho de Deus, sujeitando-o à desonra pública.
a. É impossível: A palavra impossível é colocada em uma posição de ênfase. O escritor de Hebreus não diz que isso é meramente difícil, mas que isso não tem possibilidade.
i. Observe os outros usos de impossível em Hebreus:
·É impossível que Deus minta (Hebreus 6:18).
·É impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados (Hebreus 10:4).
·Sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6).
ii. “Esta palavra impossível permanece imutável.” (Alford)
b. Que uma vez foram iluminados, provaram o dom celestial, tornaram-se participantes do Espírito Santo, experimentaram a bondade da palavra de Deus e os poderes da era que há de vir: O escritor de Hebreus fala de pessoas com impressionantes experiências espirituais. O grande debate é se essa é a experiência de salvação ou a experiência de algo próximo a salvação. Olhando para cada palavra descritiva ajuda a ver que tipo de experiência isso descreve.
i. Iluminados: Essa antiga palavra grega tem o mesmo significado que a palavra em português. Ela descreve a experiência da luz iluminando alguém, de uma “nova luz” iluminando a mente e o espírito.
ii. Provaram: A ideia de “provar” pode significar “testar” algo. Mas outros usos desta palavra indicam uma experiência plena e real da forma como Jesus experimentou a morte em Hebreus 2:9. O dom celestial é provavelmente a salvação (como em Romanos 6:23 e Efésios 2:8).
iii. Participantes do Espírito Santo: Esse é um termo único no Novo Testamento. Visto que significa “compartilhar” o Espírito Santo, tem a ver com receber e ter comunhão com o Espírito Santo.
iv. Experimentaram a bondade da palavra de Deus: Isso significa que eles experimentaram a bondade da palavra de Deus e viram sua bondade trabalhando neles.
v. Os poderes da era que há de vir: Esta é uma forma de descrever o poder Sobrenatural de Deus. O escritor de Hebreus descreve aqueles que experimentaram o poder sobrenatural de Deus.
c. E caíram…que sejam reconduzidos ao arrependimento: Um dos debates mais pesados sobre qualquer passagem do Novo Testamento é focado neste texto. A questão é simples: Estas pessoas com essas experiências espirituais impressionantes são de fato cristãos? Eles são eleitos de Deus, escolhidos antes da criação do mundo?
i. Comentaristas se dividem sobre esse assunto, geralmente decidindo a questão com grande certeza, porém sem concordarem.
ii. Por um lado vemos claramente que alguém pode ter grandes experiências espirituais e ainda não ser salvo (Mateus 7:21-23). Pode-se até mesmo fazer muitas coisas religiosas e ainda não ser salvo. Os fariseus do tempo do Novo Testamento são um bom exemplo desse princípio. Esses homens fizeram muitas coisas religiosas, mas não foram salvos ou submetidos a Deus. Estes antigos fariseus:
·Evangelizaram de forma energética (Mateus 23:15).
·Oravam de maneira impressionante (Mateus 23:14).
·Criavam rigorosos comprometimentos religiosos (Mateus 23:16).
·Pagavam dízimo rigorosa e cuidadosamente (Mateus 23:23).
·Honravam tradições religiosas (Mateus 23:29-31).
·Praticavam o jejum regularmente (Lucas 18:12).
·Contudo, Jesus os chamou de filhos do inferno (Mateus 23:15).
iii. Ainda assim, a partir de uma perspectiva humana, é duvidoso que alguém que parecia ter as credenciais mencionadas em Hebreus 6:4-5 não fosse considerado um verdadeiro cristão. Deus conhece seu destino final e tomara que o indivíduo também saiba – no entanto, por toda aparência externa, uma experiência cristã como essa poderia qualificar o homem a ser um ancião em muitas igrejas. Contudo, além do conhecimento oculto na mente de Deus e do indivíduo em questão, a partir de toda observação humana, devemos dizer que estes são os cristãos de quem Hebreus 6:4-5 fala. Um bom exemplo disso é Demas.
·Paulo cumprimentava calorosamente outros cristãos em seu nome (Colossenses 4:14).
·Demas é chamado de cooperador (Filemón 24).
·No entanto, Paulo condenou Demas, pelo menos insinuando apostasia (2 Timóteo 4:10).
iv. Levando em consideração tudo isso, vemos que é possível demonstrar algum fruto ou crescimento espiritual – e em seguida morrer espiritualmente, mostrando que “o solo do coração” nunca esteve certo (Marcos 4:16-19).
v. Portanto, a posição eterna daqueles escritos em Hebreus 6:4-6 é uma pergunta com duas respostas. Podemos seguramente dizer que a partir de uma perspectiva humana, eles tinham toda a aparência de salvação. No entanto, pela perspectiva da sabedoria perfeita de Deus é impossível dizer desse lado da eternidade.
d. É impossível que sejam reconduzidos ao arrependimento: Apesar de sua impressionante experiência espiritual – ou pelo menos a aparência dela – estes estão em grande perigo. É impossível que eles sejam reconduzidos a se arrepender se caírem.
i. Se estes são cristãos genuínos que “perderam sua salvação”, o fato terrível é que eles nunca podem recuperá-la. Na igreja primitiva alguns grupos (como os Montanistas e os Novacionistas) usavam esta passagem para ensinar que não havia a possibilidade de restauração se alguém pecasse significativamente depois de seu batismo.
ii. Outros explicam dizendo que isso é tudo meramente um aviso hipotético (à luz da declaração em Hebreus 6:9). Neste raciocínio, o escritor de Hebreus nunca pretendeu dizer que seus leitores estavam realmente em perigo de condenação. Ele apenas usou um perigo hipotético para motivá-los. No entanto, deve-se dizer que existe um valor questionável em avisar alguém contra algo que não pode acontecer.
iii. Ainda, outros acham que é essa penalidade lida apenas com recompensa, não com a salvação em si. Eles enfatizam a ideia de que ele diz que o arrependimento é impossível, não a salvação. Portanto, estes são cristãos de baixo comprometimento e experiência que arriscam uma perda de toda a recompensa celestial, salvos apenas “por um triz.”
iv. Essa passagem difícil é compreendida melhor no contexto de Hebreus 6:1-2. O escritor de Hebreus quer dizer que se eles recuarem de volta ao judaísmo, todo o “arrependimento” religioso do mundo não faria diferença para eles. Recuando do cristianismo distinto para ideias e costumes “seguros” de sua experiência religiosa anterior é abandonar Jesus, e essencialmente crucificá-Lo de novo. Isso é especialmente verdade para aqueles antigos cristãos de origem judaica, já que os costumes religiosos que eles voltaram a ter provavelmente incluíam sacrifício animal para a expiação, negando a obra completa que Jesus fez por eles na cruz.
e. E caíram: Há uma distinção necessária entre duas formas de cair. Esse cair é mais do que cair no pecado; é na verdade abandonar o próprio Jesus. Pois ainda que o justo caia sete vezes, tornará a erguer-se, mas os ímpios são arrastados pela calamidade (Provérbios 24:16). A diferença está entre um Pedro e um Judas. Se você abandona Jesus (caíram) não há esperança.
i. A mensagem para esses cristãos com vontade de desistir foi clara: se vocês não continuarem com Jesus, não achem que vão encontrar salvação apenas continuando com as ideais e experiência que o cristianismo e o judaísmo têm em comum. Se vocês não forem salvos em Jesus, vocês não serão salvos. Não há salvação em um “senso comum” seguro que não seja distintamente cristão.
ii. Se alguém cai devemos entender por que ele ou ela não pode se arrepender – é porque eles não querem. Não é como se Deus proibisse o seu arrependimento. Visto que o arrependimento em si é uma obra de Deus (Romanos 2:4), o desejo de se arrepender é evidência de que ele ou ela não caiu de verdade.
iii. A ideia não é de que “se você cair, você não pode jamais voltar para Jesus.” Ao invés disso, a ideia é “se você der suas costas para Jesus, não esperem encontrar a salvação em qualquer outro lugar, especialmente na prática da religião separada da plenitude de Jesus.”
iv. “Esta passagem não tem nada a ver com aqueles que temem que ela os condene. A presença dessa ansiedade, como o choro que traiu a verdadeira mãe nos dias de Salomão, estabelece sem dúvida que você não é um daqueles que caíram para além da possibilidade de renovação para o arrependimento.” (Meyer)
2. (7-8) Uma ilustração das consequências sérias de cair.
Pois a terra, que absorve a chuva que cai freqüentemente, e dá colheita proveitosa àqueles que a cultivam, recebe a bênção de Deus. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil e logo será amaldiçoada. Seu fim é ser queimada.
a. Pois a terra, que absorve a chuva…e dá colheita proveitosa …recebe a bênção de Deus: Quando a terra recebe chuva e dá plantas úteis, ela cumpre seu propósito e justifica a bênção da chuva enviada sobre ela. O escritor de Hebreus aplica o ponto: “Você foi abençoado. mas onde está o fruto?” Deus procura pelo que cresce em nós depois que nos abençoa, procurando especialmente pelo que cresce em termos de maturidade.
b. Mas a terra que produz espinhos e ervas daninhas, é inútil: Se o solo é abençoado pela chuva, mas se recusa a dar frutos, ninguém culpa o fazendeiro por queimá-lo. A ideia mostra que crescer e dar frutos são importantes para não cair. Quando realmente damos fruto, permanecermos em Jesus (João 15:5) e não estamos em perigo de cair.
C. Não desanime.
1. (9) O escritor admite que ele é um pouco mais severo do que precisa.
Amados, mesmo falando dessa forma, estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês, coisas próprias da salvação.
a. Estamos convictos de coisas melhores em relação a vocês: Embora tenha falado tão severamente, o escritor de Hebreus estava confiante que seus leitores continuariam com Jesus. Ele pensa na permanência deles na fé como uma das coisas próprias da salvação.
b. Mesmo falando dessa forma: Essas palavras encorajadoras após o aviso forte de Hebreus 6:4-8 não deveriam ser entendidas como significando que os avisos nos versículos anteriores não são sérios, ou que o escritor avisou sobre consequências impossíveis. Na verdade, o versículo nove mostra o quanto esses cristãos em dificuldade precisavam de encorajamento. Seu perigo espiritual não vinha tanto de uma rebelião calculada, mas mais por causa de um desânimo depressivo. Eles precisam de aviso, porém também precisavam de encorajamento.
2. (10-12) Não desanime porque Deus não se esqueceu de você.
Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e continuam a ajudá-los. Queremos que cada um de vocês mostre essa mesma prontidão até o fim, para que tenham a plena certeza da esperança, de modo que vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida.
a. Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e do amor: Quando estamos desanimados às vezes pensamos que Deus se esquece de nós e de tudo o que fizemos por Ele e por Seu povo. Mas Deus negaria a sua própria natureza se Ele se esquecesse de tais coisas (Ele seria injusto). Deus vê e se lembra.
i. Às vezes nosso medo de que Deus se esqueceu que nosso trabalho… e…amor vem da dependência da atenção e aplauso das pessoas. É verdade que algumas pessoas podem esquecer do trabalho de vocês e do amor, mas Deus nunca esquecerá.
b. Queremos que cada um de vocês mostre essa mesma prontidão até o fim: O escritor de Hebreus encorajou como um técnico, instigando crentes a seguir em frente. Os seguidores de Jesus devem continuar com o seu bom trabalho; seguir em frente com aquela esperança até o fim; e imitar aqueles que recebem a herança (não ganham) das promessas de Deus. Quando falhamos em fazer isso, o desânimo frequentemente nos torna negligentes.
c. Mas imitem aqueles que, por meio da fé e da paciência, recebem a herança prometida: Ao invés de ceder ao desânimo, imite aqueles que encontraram a chave para receber as promessas de Deus – fé e… paciência, como demonstrado por Abraão.
i. Somos gratos por lembrar da vida de Abraão e de ver que ele não teve uma fé perfeita ou uma paciência perfeita. Se Abraão tivesse um pouco de nossa fraqueza então podemos ter um pouco de sua fé e… paciência.
d. Não se tornem negligentes: A ideia é que não deveríamos deixar o desanimo nos tornar negligentes, levando para o sentimento de que é melhor desistirmos. Primeiro perdemos o desejo de seguir em frente; depois perdemos o desejo de continuar caminhando.
i. Antes de ser rei, Davi mostrou uma grande resposta ao desânimo: Davi, porém, fortaleceu-se no Senhor, o seu Deus (1 Samuel 30:6). É uma bênção quando outros nos encorajam, mas nós não precisamos esperar por isso. Nós podemos nos encorajar no Senhor.
3. (13-18) Não desanime, porque as promessas de Deus são confiáveis.
Quando Deus fez a sua promessa a Abraão, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: “Esteja certo de que o abençoarei e farei numerosos os seus descendentes.” E foi assim que, depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa. Os homens juram por alguém superior a si mesmos, e o juramento confirma o que foi dito, pondo fim a toda discussão. Querendo mostrar de forma bem clara a natureza imutável do seu propósito para com os herdeiros da promessa, Deus o confirmou com juramento, para que, por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados, nós, que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta.
a. Depois de esperar pacientemente: Uma razão da resistência paciente é uma época de ataque espiritual. Parece que nunca vamos obter a promessa de Deus em nossa vida. É fácil imaginar: “Deus realmente virá em minha situação?”
b. Depois de esperar pacientemente, Abraão alcançou a promessa: Deus veio para Abraão, até mesmo selando Sua promessa com um juramento. Na verdade, por não haver ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo. Esse Juramento mostrou que as promessas de Deus (assim como Seu caráter) são imutáveis. A confiança de Abraão nisso foi a porta de entrada para o cumprimento da promessa.
i. “Essa passagem nos ensina… que um juramento pode ser usado legalmente pelos cristãos; e isso deve ser particularmente observado, por causa de homens fanáticos que estão dispostos a revogar as práticas de juramento solene que Deus prescreveu em sua Lei.” (Calvin)
c. Por meio de duas coisas imutáveis nas quais é impossível que Deus minta, sejamos firmemente encorajados: As duas coisas imutáveis (que não mudam) são a promessa e o juramento de Deus. É impossível que Deus minta sobre uma dessas duas coisas.
i. A confiança absoluta na promessa de Deus deveria nos impressionar. “Agora, irmãos, quem entre nós ousa duvidar disso? Onde está o pecador que ousa vir à frente e dizer: ‘Eu contesto o juramento de Deus?’ Oh! Deixe-nos corar o escarlate mais profundo, e escarlate é apenas branco comparado com o rubor que deveria cobrir a face de todo filho de Deus que pensa que até mesmo os próprios filhos de Deus, deveriam, de fato, acusar seu Pai celestial de perjúrio. Oh, que vergonha para nós.” (Spurgeon)
d. Firmemente encorajados: Deus não se contenta em nos dar apenas encorajamento. Ele quer nos deixar firmemente encorajados. Spurgeon descreveu algumas características sobre estar firmemente encorajado:
·O firmemente encorajado não depende da saúde corporal.
·O firmemente encorajado não depende da animação de serviços públicos e comunhão cristã.
·O firmemente encorajado não pode ser abalado pela razão humana.
·O firmemente encorajado é mais forte do que nossa consciência pesada.
i. “É estando firmemente encorajado que se pode lidar com provações externas quando um homem encara a pobreza cara a cara e ouve seus filhos pequenos chorando por pão; quando é provável que a falência venha sobre ele através de perdas inevitáveis; quando o homem pobre acabou de perder sua esposa e seus queridos filhos foram colocados na mesma sepultura; quando um após o outro todos os adereços e confortos terrenos cederam, é preciso então estar firmemente encorajado; não em suas provações da imaginação, mas em suas provações reais, não em suas aflições fantasiosas imaginárias, mas nas aflições reais, e nas tempestades estrondosas da vida. Regozijar-se e então dizer: ‘Embora essas coisas não aconteceram para mim como eu gostaria que acontecessem, contudo ele fez comigo uma aliança eterna em todas as coisas e certa’; isso é ser firmemente encorajado.” (Spurgeon)
e. Que nos refugiamos nele para tomar posse da esperança a nós proposta: Esta é outra razão para o encorajamento, saber que Deus tem um refúgio de esperança a nós proposta. Podemos pensar que esse refúgio de esperança é como as cidades de refúgio comandadas pela Lei de Moisés, como descrito em Números 35.
·Tanto Jesus quanto as cidades de refúgio são fáceis de se alcançar para a pessoa em necessidade. Um local de refúgio é inútil se não pode ser alcançado.
·Tanto Jesus quanto as cidades de refúgio são abertos a todos, não apenas aos israelitas. Ninguém que vem para um local de refúgio é barrado no momento da necessidade.
·Tanto Jesus quanto as cidades de refúgio eram lugares para habitar. No momento da necessidade, ninguém veio a uma cidade de refúgio apenas para dar uma olhada.
·Tanto Jesus quanto as cidades de refúgio são a única alternativa para aquele que está em necessidade. Sem esse refúgio a destruição é certa.
·Tanto Jesus quanto as cidades de refúgio provêm proteção somente dentro de seus limites. Ir para fora do refúgio provido significa a morte.
·Tanto Jesus quanto as cidades de refúgio proveram liberdade total com a morte do sumo sacerdote.
·No entanto, há uma distinção crucial entre Jesus e as cidades de refúgio. As cidades de refúgio ajudaram apenas os inocentes; os culpados podem vir a Jesus e encontrar refúgio.
4. (19-20) Não desanime, porque Jesus nos levará à glória do Pai.
Temos esta esperança como âncora da alma, firme e segura, a qual adentra o santuário interior, por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
a. Temos esta esperança como âncora: A âncora era uma figura comum para esperança no mundo antigo. Aqui a ideia é que nós estamos ancorados a algo firme, mas invisível (a qual adentra o santuário interior, por trás do véu).
i. Você não precisa de uma âncora para mares calmos. Quanto pior o clima, mais importante é sua âncora.
·Precisamos que a âncora segure o barco e não o deixe naufragar.
·Precisamos que a âncora estabilize o navio e o mantenha mais confortável para aqueles a bordo.
·Precisamos que a âncora permita que o navio mantenha o progresso que fez.
ii. O navio deve se segurar a âncora, assim como devemos lançar mão da esperança. A âncora em si pode ter um aperto forte, e estar presa ao fundo do oceano, contudo, se não estiver firmemente presa ao navio, não terá utilidade. Mas existe também um sentido no qual a âncora segura o navio, assim como a esperança nos segura.
iii. Porém, a analogia da âncora não se aplica perfeitamente. Estamos ancorados acima no céu, não abaixo no chão; e estamos ancorados para nos mover, não para ficarmos parados.
iv. “Nossa âncora é como qualquer outra, quando tem alguma utilidade está fora de vista. Quando um homem vê a âncora ela não está fazendo nada, a não ser que seja uma pequena ancora de córrego ou um arpéu em águas rasas. Quando a âncora é útil ela se foi; lá foi ao mar com um respingo; bem lá embaixo entre todos os peixes, está a fortaleza de ferro totalmente fora de vista. Onde está a sua esperança, irmão? Você crê porque consegue ver? Isso não é crer.” (Spurgeon)
b. Por trás do véu, onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar: Esta esperança confiante como uma âncora nos leva para a própria presença de Deus. A esperança é exatamente o remédio que os cristãos desanimados precisam.
c. Onde Jesus, que nos precedeu: Quando somos garantidos esse acesso para a presença de Deus porque Jesus entrou como o que nos precedeu. O Sumo Sacerdote do Antigo Testamento não adentrou o véu como o que nos precedeu, apenas como um representante. Porém Jesus entrou na presença imediata de Deus Pai para que Seu povo possa segui-Lo até lá.
i. O que precedeu (a antiga palavra grega prodromos), o precursor, era um soldado de reconhecimento. O precursor vai em frente sabendo que outros seguirão atrás dele.
ii. “Em seguida nos dizem que como um precursor nosso Senhor entrou por nós – ou seja, entrou para tomar posse em nosso nome. Quando Jesus Cristo foi para o céu ele foi como se para olhar em volta para todos os tronos, todas as palmeiras, todas as harpas e todas as coroas, e dizer: ‘Eu tomo posse de tudo isso em nome dos meus redimidos. Eu sou o seu representante e reivindico os lugares celestiais em seu nome’.” (Spurgeon)
iii. No entanto, se Jesus é o que nos procedeu, nós somos então os posteriores. Não há precursor se não houver posteriores. Devemos seguir arduamente a Jesus, e correr arduamente atrás Dele. Ele foi antes de nós e é o nosso modelo.
d. Por trás do véu…tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque: A analogia do templo (por trás do véu) lembra ao escritor de Hebreus de ser o começo anterior sobre o assunto de Jesus como nosso sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (em Hebreus 5:6-10). Este pensamento continua no próximo capítulo.
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