Hebreus 1




Hebreus 1 – Um Salvador Superior

A. Jesus, o Salvador Superior.

1. (1-2a) Jesus trouxe uma revelação superior às dos profetas da antiguidade.

Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho,

a. Deus: O Livro de Hebreus começa sem mencionar o autor, apenas Deus. O autor humano de Hebreus permanece desconhecido, mas a inspiração do livro pelo Espírito Santo é evidente.

i. A primeira declaração sobre a autoria de Hebreus é de Clemente de Alexandria, que disse que Paulo o escreveu em hebreu e Lucas o traduziu para o grego (Eusébio, History 6.14.2). Talvez a maioria dos mestres e comentaristas da Bíblia acreditem que o Apóstolo Paulo escreveu Hebreus sem colocar seu nome, embora seus leitores originais o conhecessem (indicado por passagens como Hebreus 13:18-19 e 13:23-24).

ii. No entanto, muitos outros comentaristas acreditam ser improvável que Paulo escreveu este livro. Dods cita Farrar: “O escritor cita diferentemente de São Paulo; ele escreve de forma diferente; ele argumenta de forma diferente; ele declama diferentemente; ele constrói e conecta suas frases de forma diferente; ele constrói seus parágrafos em um modelo completamente diferente… Seu estilo é o estilo de um homem que tanto pensa quanto escreve em grego; enquanto São Paulo escreveu em grego, porém pensou em siríaco.”

iii. F. F. Bruce citou Calvin neste ponto: “O modo de ensino e o estilo mostram de forma suficiente que Paulo não foi o autor, e o próprio escritor confessa no segundo capítulo (Hebreus 2:3) que ele foi um dos discípulos dos apóstolos, o que é completamente diferente da maneira com que Paulo escreveu sobre si mesmo.”

iv. O antigo comentarista Tertuliano (que escreveu no começo dos anos 200) disse que Barnabé escreveu Hebreus, mas não ofereceu nenhum apoio para esta afirmação a não ser que Barnabé era um Levita (Atos 4:36) e um homem de encorajamento (Atos 4:36).

v. Martin Luther acreditou que Apolo escreveu o livro de Hebreus, pois Atos nos diz que Apolo era eloquente e tinha um grande domínio sobre o Antigo Testamento (Atos 18:24).

vi. Adolf Harnack achava que Priscila (com seu marido Áquila) escreveu Hebreus, e isso permaneceu anônimo para esconder sua autoria feminina controversa. Mas quando o escritor de Hebreus escreve sobre si mesmo em Hebreus 11:32, a gramática masculina da passagem argumenta contra a ideia de que uma mulher escreveu a carta.

vii. Independentemente de quem foi o autor humano de Hebreus, existem indicações de que ele foi escrito bem cedo no período do Novo Testamento, provavelmente em algum momento entre 67 e 69 d.C. A referência a Timóteo (Hebreus 13:23) o coloca bem cedo. Finalmente, a falta de qualquer referência à destruição do templo provavelmente o coloca antes de 70 d.C., quando Jerusalém e o segundo templo foram destruídos. Como o escritor de Hebreus estava tão preocupado com a passagem da Antiga Aliança, parece improvável que ele ignoraria a destruição do templo se já tivesse acontecido antes de ele ter escrito.

b. Deus: É assim que o livro começa. Não há nenhuma tentativa de provar a existência de Deus; As Escritures presumem que aprendemos sobre a existência de Deus e alguns de seus atributos com a natureza (Salmo 19:1-4 e Romanos 1:20). O escritor de Hebreus sabia que Deus existia e que Ele falava com o homem.

i. “A Divindade não deve ser explicada, mas sim adorada; e a Filiação de Cristo deve ser aceita como uma verdade da revelação, apreendida pela fé, embora não possa ser compreendida pelo entendimento.” (Spurgeon)

c. Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras: A revelação dada por meio dos profetas foi trazida de muitas maneiras diferentes – às vezes através de parábolas, narrativas históricas, confronto profético, apresentação dramática, salmos, provérbios e afins.

i. É verdade que Deus falou em uma variedade de maneiras no Antigo Testamento.

·Ele falou com Moisés através de uma sarça em chamas (Êxodo 3).

·Ele falou com Elias através de uma voz mansa e delicada (1 Reis 19).

·Ele falou com Isaías através de uma visão celestial (Isaías 6).

·Ele falou com Oséias através de sua crise familiar (Oséias 1:2).

·Ele falou com Amós através de um cesto de frutas (Amós 8:1).

ii. Contudo a ideia é que é de que os profetas falaram com os ancestrais em muitas maneiras; não de que Deus falou com os profetas em muitas maneiras (embora isso também seja verdade).

iii. Usando as propriedades da luz como uma ilustração, podemos dizer que Deus falou em um espectro no Antigo Testamento. Jesus é um prisma que reuniu todas aquelas faixas de luz e focou-as em um feixe puro.

iv. A referência ao Antigo Testamento será repetida muitas vezes através do Livro de Hebreus. Hebreus é um livro profundamente arraigado no Antigo Testamento. Hebreus possui 29 citações e 53 alusões ao Antigo Testamento, em um total de 82 referências. Significantemente, Hebreus não se refere nem mesmo uma vez aos livros dos Apócrifos.

d. Nestes últimos dias: Este termo se refere a era do Messias. Pode ser um longo período, mas é o último período.

e. Falou-nos: Esta é a primeira menção geral dos leitores, mas eles não são especificamente identificados. Ainda assim o contexto da obra claramente a identifica como uma carta – ou talvez até mesmo como um sermão ou uma dissertação – escrita para cristãos judeus no primeiro século.

i. A estrutura do Livro de Hebreus é diferente de outros livros do Novo Testamento. Ela começa como uma dissertação, continua como um sermão e termina como uma carta.

ii. Hebreus foi obviamente escrito para cristãos de origem judaica, mas também foi escrito para uma mentalidade grega com sua análise de Jesus como a realidade final. Esta abordagem da natureza de Jesus explica o Salvador à mentalidade dos filósofos gregos.

iii. Hebreus é basicamente um livro que exorta aos cristãos desencorajados a continuarem firmes com Jesus à luz da completa superioridade de quem Ele é e o que Ele fez por nós.

f. Falou-nos por meio do Filho: Não é que Jesus trouxe a mensagem do Pai; Ele é a mensagem do Pai. A ideia é que Jesus é muito mais do que o último ou melhor profeta. Ele revelou algo que nenhum outro profeta poderia.

i. A revelação do próprio Jesus foi única, pois ela não foi apenas puramente a mensagem de Deus (como foi o caso com todos os outros escritores inspirados), mas também foi a personalidade de Deus por meio da qual a mensagem veio. A personalidade de Paulo, Pedro, João e outros escritores Bíblicos está clara em seus escritos. Contudo, na revelação vinda de Jesus vemos a personalidade de Deus.

ii. O Livro de Hebreus (na maior parte) não apresenta Jesus falando sobre Si mesmo. Existe um sentido no qual o Filho não fala em Hebreus; O Pai fala a respeito do Filho. O livro de Hebreus é Deus Pai falando para nós tudo o que Deus Filho significa. “Se os homens não conseguem aprender sobre Deus com o Filho, nenhuma quantidade de vozes ou ações proféticas os convenceria.” (Guthrie)

2. (2b-3) Uma descrição em sete partes do Filho glorioso.

A quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo. O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas,

a. Herdeiro de todas as coisas: Isso começa uma sessão gloriosa descrevendo Jesus primeiro como o herdeiro de todas as coisas. Essa é a ideia de que Jesus é preeminente. Está conectada à posição de Jesus como primogênito sobre toda a criação (Colossenses 1:15).

b. Fez o universo: A antiga palavra grega traduzida para universo é aion, de onde tiramos nossa palavra portuguesa “séculos.” Ela significa que Jesus fez mais do que o mundo material, Ele também fez os próprios séculos – a história em si é a criação do Filho de Deus.

c. O resplendor da glória de Deus: Jesus é o resplendor da glória do Pai. A antiga palavra grega traduzida para resplendor é apaugasma, que fala sobre o esplendor que brilha de uma fonte de luz.

i. Neste sentido Jesus é o “feixe” da glória de Deus. Nós nunca vimos o Sol, somente os raios de sua luz quando chegam a nós. Assim também, nunca vimos Deus Pai, mas O vemos por meio dos “raios” do Filho de Deus.

ii. O antigo filósofo grego Fílon usou a palavra apaugasma para descrever o Logos, o ser ou mente inteligente que ordenou o universo. O escritor de Hebreus explicou Jesus em termos que fez sentido tanto para judeus do primeiro século quanto para aqueles familiarizados com a filosofia grega.

d. A expressão exata do seu ser: A ideia é de uma semelhança exata como aquela feita por um carimbo. Jesus representa Deus de forma exata para nós.

e. Sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa: A ideia por trás da palavra traduzida para sustentando é melhor considerada como “mantendo.” A palavra não possui a ideia de segurando algo passivamente (como o mítico Atlas sustentava a terra), mas sim de ativamente mantendo.

i. Em seu ministério terreno Jesus constantemente demonstrou o poder de Sua palavra. Ele podia curar, perdoar, expulsar demônios e acalmar a fúria da natureza tudo na expressão de uma palavra. Aqui vemos que sua palavra é tão poderosa que ela pode sustentar todas as coisas.

ii. “O tempo do verbo ‘sustentando’ é significativo da obra constante de Cristo em relação ao mundo (Colossenses 1:17).” (Griffith Thomas)

f. Realizado a purificação dos pecados: Com a descrição anterior sabemos que o Filho de Deus é um ser de grande poder e sabedoria. Agora sabemos que ele também é um ser de grande amor, que purificou a culpa e vergonha de nossos pecados. Ele fez isso em pessoa, mostrando que mais ninguém podia fazer isso por nós e não podíamos fazer isso por nós mesmos.

g. Se assentou à direita da Majestade nas alturas: Esta é uma posição de majestade, de honra, de glória e de obra concluída. Esta posição de Jesus O coloca muito acima de toda a criação.

3. (4) Portanto, Jesus é tão superior aos anjos.

Tornando-se tão superior aos anjos quanto o nome que herdou é superior ao deles.

a. Tornando-se tão superior aos anjos: Esta descrição de Jesus nos versículos anteriores nos mostra que ele é muito superior a qualquer ser angelical. Contudo isso nos diz que Jesus tornou-se superior aos anjos. Poderíamos dizer que Ele é eternamente superior aos anjos, mas Ele também se tornou superior aos anjos.

i. Jesus se tornou superior no sentido em que foi criado perfeito (completo como nosso redentor) mediante o sofrimento (Hebreus 2:10) – algo que nenhum anjo jamais fez.

ii. Griffith Thomas conectou as descrições de Jesus feitas nestes primeiros poucos versículos, culminando em Hebreus 1:4:

·Cristo o Herdeiro.

·Cristo o Criador.

·Cristo o Revelador.

·Cristo o Sustentador.

·Cristo o Redentor.

·Cristo o Governante.

·Cristo Supremo.

b. O nome que herdou é superior ao deles: A posição superior de Jesus é demonstrada por um nome superior, que não é meramente um título, mas sim uma descrição de Sua natureza e caráter. Existem muitas razões pelas quais é importante compreender a excelência superior de Jesus, O colocando tão acima de todos os seres angelicais.

·Muitas vezes entendemos as coisas melhor quando elas são colocadas em contraste com outras coisas.

·Embora a Antiga Aliança tenha vindo pelas mãos dos anjos a Moisés, uma aliança melhor veio por um ser melhor, Jesus. Judeus do primeiro século poderiam pensar que o evangelho veio das mãos de meros homens – os apóstolos. Mas na verdade, o evangelho veio por meio de Jesus que é superior aos anjos.

·Havia uma tendência perigosa de adorar anjos se desenvolvendo na primeira igreja (Colossenses 2:18, Gálatas 1:8), e Hebreus mostra que Jesus está muito acima de qualquer anjo.

·Havia a ideia herética de que o próprio Jesus era um anjo, um conceito que degrada a sua glória e majestade.

·Compreendendo como Jesus é melhor do que os anjos nos ajuda a compreender como Ele é melhor do que qualquer um ou qualquer coisa em nossa vida.

i. Neste sentido, o propósito de Hebreus é como o propósito da Transfiguração de Jesus mencionada nos Evangelhos. Cada um deles grita e diz: “Este é o meu filho amado. Ouçam-no!” (Marcos 9:7)

B. As Escrituras provam que Jesus é superior aos anjos.

1. (5) Jesus é superior aos anjos porque Ele é o Filho de Deus, como mostrado no Salmo 2:7 e em 2 Samuel 7:14.

Pois a qual dos anjos Deus alguma vez disse:

“Tu és meu Filho;
Eu hoje te gerei”?

E outra vez:

“Eu serei seu Pai,
E ele será meu Filho”?

a. Pois a qual os anjos de Deus alguma vez disse: O autor de Hebreus provou que Jesus é superior a qualquer ser angelical porque Deus Pai diz coisas para Deus Filho que Ele nunca disse para anjos.

i. “Os judeus veneravam anjos por causa de sua posição de dar a Lei (Atos 7:53, Gálatas 3:19), e era essencial que cristãos judeus aprendessem por esta comparação algo sobre a superioridade infinita de nosso Senhor sobre aqueles seres celestiais que tinham uma posição tão proeminente na vida judaica.” (Thomas)

ii. As coisas menores, se for permitido mais foco, ocupam um lugar maior do que as coisas maiores e mais importantes.

iii. Alguma vez disse: O escritor de Hebreus claramente achava que Deus falou por meio de autores humanos do Antigo Testamento.

b. Tu és meu Filho: O Salmo 2:7, mostra que Deus Pai chamou Jesus de “Filho” – o nome…superior de Hebreus 1:4. Isso mostra que Jesus é maior do que os anjos, pois a nenhum anjo jamais foi dado este grande nome.

i. Embora os anjos possam coletivamente ser chamados de “filhos de Deus” (como em Jó 1:6), contudo a nenhum anjo jamais é dado individualmente esse título.

c. Eu hoje te gerei: Deus Pai também falou com Deus Filho e O descreveu como gerado. A palavra “gerado” fala da igualdade de substância e natureza essencial entre o Pai e o Filho. Significa que o Pai e o Filho compartilham o mesmo ser.

d. Eu serei seu Pai, e ele será meu Filho: Esta citação de 2 Samuel 7:14 é um outro exemplo de algo que Deus Pai disse a Deus Filho que nunca disse a nenhum anjo.

i. Esta afirmação é um bom exemplo de uma profecia do Antigo Testamento que possuía dois cumprimentos em mente. Em um sentido próximo e imperfeito, a promessa de 2 Samuel 7:14 foi cumprida no filho de Davi, Salomão. Em um sentido mais distante e perfeito ela está cumprida no filho de Davi, Jesus Cristo.

2. (6-7) Jesus é superior aos anjos porque anjos adoram e servem Jesus que é seu Deus, como mostrado em Deuteronômio 32:43 (na Septuaginta e nos Pergaminhos do Mar Morto) e no Salmo 104:4.

E ainda, quando Deus introduz o Primogênito no mundo, diz:

“Todos os anjos de Deus o adorem.”

Quanto aos anjos, ele diz:

“Ele faz dos seus anjos ventos,
E dos seus servos, clarões reluzentes.”

a. Quando Deus introduz o Primogênito: A palavra foi usada como uma ideia e para designar aquele que nasceu primeiro. Como o filho primogênito era “o primeiro na linhagem” e recebia a posição de favor e honra, o título “primogênito” poderia indicar que alguém possuía a maior posição e honra.

i. A muitos daqueles que não nasceram primeiro na Bíblia foi dado o título “primogênito.” Davi é um exemplo disso (Salmo 89:27) e também Efraim (Jeremias 31:9).

ii. De acordo com o rabino Behai (citado em Lighfoot) os rabinos antigos chamavam a Javé de “Primogênito do Mundo.” Era um título, não uma descrição de origem.

iii. Rabinos usavam primogênito como um título especificamente Messiânico. Um antigo rabino escreveu: “Deus disse: ‘Como eu fiz de Jacó um primogênito (Êxodo 4:22), também farei do rei Messias um primogênito (Salmo 89:28)’.” (R. Nathan em Shemoth Rabba, citado em Lighfoot)

b. Todos os anjos de Deus o adorem: Deuteronômio 32:43, mostra que Jesus é superior porque Ele é o objeto de adoração angelical, não um adorador angelical. Os anjos adoram a Ele; Ele não adora entre eles. Apocalipse 5 dá um vislumbre da adoração angelical de Jesus.

c. Ele faz dos seus anjos ventos, e dos seus servos, clarões reluzentes: O Salmo 104:4 demonstra que Jesus Messias é Senhor dos anjos. Eles são seus anjos e seus servos. Os anjos pertencem a Jesus e Ele não está entre eles.

3. (8-12) Jesus é superior aos anjos porque o Pai em pessoa o chama (e a nenhum anjo) de Deus e SENHOR (Javé), como mostrado no Salmo 45:6-7 e 102:25-27 da Septuaginta.

Mas a respeito do Filho, diz:

“O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre;
Cetro de equidade é o cetro do teu Reino.
Amas a justiça e odeias a iniqüidade;
Por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te dentre
Os teus companheiros, ungindo-te com óleo de alegria.”

E também diz:

“No princípio, Senhor, firmaste os fundamentos da terra,
E os céus são obras das tuas mãos.
Eles perecerão, mas tu permanecerás;
Envelhecerão como vestimentas.
Tu os enrolarás como um manto,
Como roupas eles serão trocados.
Mas tu permaneces o mesmo,
E os teus dias jamais terão fim.”

a. Mas a respeito do Filho, diz: Novamente, a ênfase é que Deus Pai diz coisas a Deus Filho que nunca são ditas a seres angelicais.

b. O teu trono, é Deus: O Salmo 45:6-7 claramente diz que Deus pai chama o Filho de Deus. Quando a Primeira Pessoa da Trindade falou com a Segunda Pessoa da Trindade, Ele o chamou de Deus. Isso é prova única e poderosa da divindade de Jesus.

i. Alguns argumentam que existem muitos seres chamados de “deuses” na Bíblia, como por exemplo Satanás (2 Coríntios 4:4) e juízes terrenos (Salmo 82:1 e 6). Mas esses outros são deuses supostos, pretendentes aos seus tronos. Se Jesus não é o verdadeiro Deus, Ele é um deus falso, como Satanás e os juízes ímpios do Salmo 82.

ii. Mas Jesus é o Deus Verdadeiro e Vivo, assim chamado aqui por Deus Pai; e também por João em João 1:1, por Tomé em João 20:28, e por Paulo em Tito 2:13 e Tito 3:4.

c. Por isso Deus, o teu Deus, escolheu-te: Essa passagem mostra uma interação marcante entre as Pessoas da Trindade. “Deus, o teu Deus” fala do Pai e da Sua posição de autoridade sobre a Segunda Pessoa da Trindade. “Te” se refere ao Filho. “Escolheu” tem em mente o ministério e essência do Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade.

d. No princípio, Senhor: O Salmo 102:25-27 mostra que o Filho não é somente chamado de Deus, mas também de Senhor (Javé). Então o Filho é descrito com atributos e termos que pertencem apenas a Deus.

i. No princípio, Senhor, firmaste os fundamentos da terra: Isso mostra que Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade é o Criador. Javé é especificamente dito ser o Criador (Isaías 45:12, Isaías 45:18).

ii. Eles perecerão, mas tu permanecerás: Isso mostra que Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade é autoexistente, assim como o Salmo 102:25-27 diz isso de Javé.

iii. Tu os enrolarás como um manto, como roupas eles serão trocados: Isso mostra que Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade é soberano, com autoridade sobre toda a criação e história, assim como o Salmo 102:25-27 diz isso de Javé.

iv. Tu permaneces o mesmo: Isso mostra que Jesus Cristo, a Segunda Pessoa da Trindade é imutável, inalterável e eterno (os teus dias jamais terão fim). O Salmo 102:25-27 diz isso de Javé e o escritor de Hebreus diz que isso claramente se aplica também a Jesus.

4. (13-14) Jesus é superior aos anjos porque Ele sentou-se após completar Sua obra, enquanto os anjos seguem trabalhando continuamente, como mostrado no Salmo 110:1.

A qual dos anjos Deus alguma vez disse:

“Senta-te à minha direita,
Até que eu faça dos teus inimigos um estrado para os teus pés”?

Os anjos não são, todos eles, espíritos ministradores enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação?

a. A qual dos anjos Deus alguma vez disse: Agora pela sétima vez neste capítulo, o escritor de Hebreus cita as Escrituras Hebraicas para demonstrar que Jesus Messias é muito superior a qualquer ser angelical. Ele citou o Salmo 110:1 para mostrar novamente que Deus pai disse coisas a Jesus Messias nunca ditas a seres angelicais.

b. Senta-te à minha direita: O Salmo 110:1 diz que o Messias possui este lugar exaltado e postura no céu. Qualquer um que se senta na presença divina mostra que tem o direito perfeito de estar lá. Não há assentos para os anjos em volta do trono de Deus porque eles estão constantemente ocupados louvando a Deus e O servindo. Contudo, Jesus pode – com o convite de Deus Pai – sentar-se à direita de Deus Pai.

i. Não é bom ficar confortável demais na presença da majestade. Há uma história sobre um homem chamado Lear que foi contratado para dar aulas de arte à Rainha Vitória. As coisas correram bem e Lear começou a se sentir bem confortável no palácio. Ele gostava de ficar de pé na frente do fogo, encostado na lareira se aquecendo de uma maneira relaxada, mas toda vez que ele fazia isso um dos assistentes da Rainha o convidava para olhar alguma coisa do outro lado da sala, o fazendo se mover. Ninguém explicou para ele, mas depois de um tempo ele entendeu a ideia: bons modos ditavam que era errado para um súdito ter uma atitude tão relaxada na presença de sua Rainha. Jesus não é um súdito – Ele é o Soberano, então Ele se senta na presença da majestade.

c. A qual dos anjos Deus alguma vez disse: “Senta-te à minha direita”: Não é permitido aos anjos relaxar diante de Deus. Eles ficam de pé diante do Pai, mas o Filho se senta – porque Ele não é um súdito, Ele é o Soberano.

d. Os anhos não são, todos eles, espíritos ministradores: Anjos são espíritos ministradores, não espíritos governantes; serviço, não domínio é seu chamado. Neste aspecto anjos são como um brinquedo que nunca estraga. Eles continuam trabalhando enquanto o Filho toma uma postura de descanso porque Ele é o Filho.

i. Jesus também é chamado de servo e ministro, mas isso faz parte de Sua humilhação voluntária, não de Sua natureza essencial – como está na natureza essencial dos anjos serem servos.

e. Enviados para servir aqueles que hão de herdar a salvação? Os anjos são comandados a servirem a Deus, mas Ele compartilha Seus servos com homens e mulheres redimidos. Isso mostra o grande amor de Deus por nós e como Ele quer compartilhar todas as coisas conosco.

i. Comparando Hebreus 1:2 e 1:14: “É particularmente digno de nota, devido ao tema principal da Epístola que ambos, Cristo e os cristãos, sejam descritos como herdeiros.” (Thomas)

© 2022 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com 

Categories: New Testament

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