Gênesis 33 – O Encontro de Jacó e Esaú
A. As calorosas boas-vindas de Esaú.
1. (1-2) Os cuidadosos preparativos de Jacó.
Quando Jacó olhou e viu que Esaú estava se aproximando, com quatrocentos homens, dividiu as crianças entre Lia, Raquel e as duas servas. Colocou as servas e os seus filhos à frente, Lia e seus filhos depois, e Raquel com José por último.
a. Esaú estava se aproximando, com quatrocentos homens: Jacó ouviu que Esaú estava a caminho com esse grande grupo de homens (Gênesis 32:6). Agora ele viu esse grupo enorme se aproximando em direção à sua família e teve que confiar nas promessas de proteção de Deus (Gênesis 28:13-15, 31:3), já que a crise estava sobre ele.
b. Dividiu as crianças entre Lia, Raquel e as duas servas: Esses preparativos não eram necessariamente exemplos de incredulidade ou de confiança na sabedoria e na força humanas. No entanto, a ordem dos grupos mostra que Jacó favoreceu abertamente Raquel e seu filho José, sendo Raquel com José por último.
c. Colocou as servas e os seus filhos à frente: Lia e seus filhos estavam mais protegidos do que as duas servas, Bila e Zilpa, e seus respectivos filhos.
2. (3) Jacó demonstra sua submissão a Esaú.
Ele mesmo passou à frente e, ao aproximar-se do seu irmão, curvou-se até o chão sete vezes.
a. Ele mesmo passou à frente: Depois de ser conquistado por Deus (Gênesis 32:14-32), Jacó agora liderava a procissão para encontrar Esaú. Isso demonstra uma mudança de caráter.
b. Curvou-se até o chão: Jacó já havia enviado presentes (Gênesis 32:13-21) e, com isso, mostrou que não queria receber nada material de Esaú. Então, ao se curvar, ele mostrou que era submisso ao irmão e não queria ter poder social sobre ele.
i. Se Jacó não tivesse tentado supersticiosamente roubar a bênção 20 anos antes, tudo isso teria sido desnecessário. A promessa de Isaque a Jacó: “Que as nações o sirvam e os povos se curvem diante de você. Seja senhor dos seus irmãos” (Gênesis 27:29) teria sido cumprida mais cedo.
ii. Ainda é comum que os crentes sofram alguns problemas ao tentar realizar o que pensam ser a vontade de Deus ou, na incredulidade, se protejam com energia e sabedoria meramente humanas. Deus nunca precisa que Seu povo peque no esforço de ajudá-lo a cumprir Seu plano em suas vidas.
3. (4-7) Esaú cumprimenta calorosamente Jacó e sua família.
Mas Esaú correu ao encontro de Jacó e abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram. Então Esaú ergueu o olhar e viu as mulheres e as crianças. E perguntou: “Quem são estes?” Jacó respondeu: “São os filhos que Deus concedeu ao teu servo.” Então as servas e os seus filhos se aproximaram e se curvaram. Depois, Lia e os seus filhos vieram e se curvaram. Por último, chegaram José e Raquel, e também se curvaram.
a. Esaú correu ao encontro de Jacó: A visão de Esaú correndo em sua direção provavelmente aterrorizou Jacó. Certamente, ele pensou que sua vida acabaria logo. Em vez disso, Deus havia trabalhado em Esaú, e ele só queria trazer uma bênção a Jacó.
b. Abraçou-se ao seu pescoço, e o beijou. E eles choraram: O choro de Esaú foi porque ele reencontrou seu irmão gêmeo depois de mais de 20 anos de separação. As lágrimas de Jacó provavelmente foram de alívio por seu irmão não ter assassinado a ele e à sua família como vingança, como havia jurado anteriormente (Gênesis 27:41).
i. Aparentemente, Esaú e Jacó não sentiram a necessidade de discutir e resolver o passado. Deus trabalhou no coração de ambos, e não havia necessidade de discutir ou argumentar sobre tudo novamente. O que era passado era passado.
ii. A maneira como Esaú cumprimentou Jacó nos faz lembrar das palavras de Jesus na parábola do Filho Perdido (o Filho Pródigo). “Estando ainda longe, seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e beijou” (Lucas 15:20).
c. Quem são estes? Em uma cena comovente, Jacó apresentou sua grande família a seu irmão Esaú.
4. (8-11) Esaú recebe os presentes de Jacó.
Esaú perguntou: “O que você pretende com todos os rebanhos que encontrei pelo caminho?” “Ser bem recebido por ti, meu senhor”, respondeu Jacó. Disse, porém, Esaú: “Eu já tenho muito, meu irmão. Guarde para você o que é seu.” Mas Jacó insistiu: “Não! Se te agradaste de mim, aceita este presente de minha parte, porque ver a tua face é como contemplar a face de Deus; além disso, tu me recebeste tão bem! Aceita, pois, o presente que te foi trazido, pois Deus tem sido favorável para comigo, e eu já tenho tudo o que necessito.” Jacó tanto insistiu que Esaú acabou aceitando.
a. O que você pretende com todos os rebanhos que encontrei pelo caminho? Os presentes generosos de Jacó confundiram Esaú. Ele não esperava por isso, mostrando que não tinha um senso de superioridade sobre Jacó ou que não tinha um forte sentimento de que Jacó lhe devia algo.
b. Eu já tenho muito… eu já tenho tudo o que necessito: Tanto Esaú quanto Jacó têm um testemunho abençoado; ambos podem dizer: “Eu já tenho muito.” “De fato, a piedade com contentamento é grande fonte de lucro” (1 Timóteo 6:6). A paz e o contentamento de Esaú mostraram que ele era um homem extraordinariamente abençoado, embora não tenha recebido a promessa da aliança abraâmica como esperava.
i. “Embora Esaú não tenha recebido a grande bênção – a bênção da aliança – que foi para Jacó, que a obteve por meio de engano, Esaú recebeu uma grande bênção de tipo temporal, que Isaque pronunciou sobre ele com todo o fervor de um pai que amava ardentemente seu filho. Esaú recebeu assim o que mais desejava, pois pouco se importava com a bênção espiritual – não sendo um homem espiritual – e quando obteve a bênção temporal, isso satisfez seu coração, e ele disse: ‘Basta’.” (Spurgeon)
c. Jacó tanto insistiu que Esaú acabou aceitando: O fato de Esaú ter recebido os presentes foi tão importante para a reconciliação quanto o fato de Jacó ter dado os presentes. Quando Jacó deu presentes tão generosos, foi sua maneira de dizer a Esaú que estava arrependido, e quando Esaú aceitou os presentes, foi sua maneira de aceitar Jacó e dizer que estava perdoado.
i. Naquela cultura, nunca se aceitava um presente de um inimigo, somente de um amigo. Aceitar o presente era aceitar a amizade.
B. As viagens de Jacó na Terra Prometida.
1. (12-17) Jacó e Esaú se separam; Jacó vai para Sucote.
Então disse Esaú: “Vamos seguir em frente. Eu o acompanharei.” Jacó, porém, lhe disse: “Meu senhor sabe que as crianças são frágeis e que estão sob os meus cuidados ovelhas e vacas que amamentam suas crias. Se forçá-las demais na caminhada, um só dia que seja, todo o rebanho morrerá. Por isso, meu senhor, vai à frente do teu servo, e eu sigo atrás, devagar, no passo dos rebanhos e das crianças, até que eu chegue ao meu senhor em Seir.” Esaú sugeriu: “Permita-me, então, deixar alguns homens com você.” Jacó perguntou: “Mas para quê, meu senhor? Ter sido bem recebido já me foi suficiente!” Naquele dia Esaú voltou para Seir. Jacó, todavia, foi para Sucote, onde construiu uma casa para si e abrigos para o seu gado. Foi por isso que o lugar recebeu o nome de Sucote.
a. Por isso, meu senhor, vai à frente do teu servo: Jacó estava feliz por ter se reconciliado com seu irmão, mas não queria ficar muito perto dele. Ele ainda tinha medo de Esaú.
b. Jacó, todavia, foi para Sucote: Infelizmente, Jacó ainda agia como o velho Jacó em vez de como o novo Israel, pois disse que iria para o sul com Esaú, para a região do Monte Seir. Em vez disso, permitiu que Esaú fosse alguns dias além dele e seguiu para o norte, em direção a Sucote.
i. É difícil tentar ser Jacó e Israel ao mesmo tempo. Poderíamos tê-lo chamado de uma combinação dos dois nomes, Jak-iel ou Israe-ob.
c. Construiu uma casa para si e abrigos para o seu gado: Deus havia designado Abraão, Isaque e Jacó para viverem na terra, mas em tendas, como peregrinos. A construção de uma casa era uma desobediência e um estabelecimento insensato.
i. “No entanto, em Sucote, lemos que ele construiu cabanas – casas escassas, suponho, mas mais do que tendas. Foi um compromisso, e um compromisso é muitas vezes pior do que uma desobediência direta e evidente da ordem. Ele não ousa erguer uma casa, mas constrói uma cabana e, assim, demonstra seu desejo de ter uma vida estável.” (Spurgeon)
2. (18-20) Jacó chega a Siquém.
Tendo voltado de Padã-Arã, Jacó chegou a salvo à cidade de Siquém, em Canaã, e acampou próximo da cidade. Por cem peças de prata comprou dos filhos de Hamor, pai de Siquém, a parte do campo onde tinha armado acampamento. Ali edificou um altar e lhe chamou El Elohe Israel.
a. E acampou próximo da cidade: Ainda bem que Jacó chegou à Terra Prometida e se estabeleceu ali. Mas ele não chegou a obedecer plenamente, pois parece que Deus o orientou a voltar a Betel (Gênesis 31:13). Esse tempo em Siquém não seria bom para Jacó e sua família.
b. Ali edificou um altar e lhe chamou El Elohe Israel: O altar era bom, mas a obediência completa era melhor. Deus quer primeiro a obediência, depois o sacrifício. Jacó e sua família sofrerão nesse período de desperdício e desobediência.
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