Efésios 5 – Vida no Espírito
A. Abandonando a escuridão.
1. (1-2) Vivendo no amor.
Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus.
a. Portanto: Aqui, Paulo conclui a reflexão de Efésios 4 onde ele descreveu como cristãos deveriam se relacionar um com o outro.
b. Sejam imitadores de Deus: A ideia é simples – que nós façamos de Deus nosso exemplo e modelo. Não podemos nos contentar nos comparando entre homens. Devemos ouvir a ideia de 1Pedro 1:15-16: Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “Sejam santos, porque eu sou santo”.
i. Ela não diz: “Pense em Deus” ou “Admire Deus” ou “Adore Deus”, apesar de todos serem importantes deveres cristãos. Este é um chamado a ação prática, que vai além de nossa vida interior com Deus.
ii. Poderíamos dizer que esta é uma continuação da mesma ideia que Paulo mencionou em Efésios 4:13 com relação à extensão do crescimento cristão: à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo. Também poderíamos dizer que isto é uma continuação da ideia de Efésios 4:32, onde fomos comandados a viver perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo. O comportamento de Deus para conosco se torna nossa medida para nosso comportamento um para com o outro.
iii. É importante ver que Deus é muito mais do nosso exemplo. Muitos erros entram na igreja quando Jesus está presente só como um exemplo de comportamento. Não somos salvos pelo exemplo de Jesus, mas uma vez salvos, Seu exemplo é significativo para nós. Deus é mais do que nosso exemplo, no entanto Ele também é nosso exemplo.
c. Como filhos amados: Crianças são imitadoras naturais. Elas geralmente fazem apenas o que veem seus pais ou outros adultos fazendo. Quando agimos de acordo com nossa natureza como filhos de Deus, nós O imitaremos.
i. À medida que imitamos a Deus nos tornamos representantes de Deus, especialmente diante daqueles que excluíram Deus de suas vidas. “Para que somos enviados ao mundo? Não é para que possamos manter os homens com Deus em mente, a quem eles estão tão ansiosos para esquecer? Se somos imitadores de Deus como filhos amados, eles serão compelidos a relembrar de que há um Deus, pois eles verão o caráter dele refletido no nosso. Eu ouvi falar de um ateu que disse que conseguia vencer todo argumento exceto o exemplo de sua mãe piedosa: ele não conseguia responder àquilo”. (Spurgeon)
d. Vivam em amor, como também Cristo nos amou: Como em todas as coisas, Jesus é nosso exemplo. Assim como Ele nos amou e se entregou por nós, devemos mostrar o mesmo tipo de amor altruísta.
e. Como oferta e sacrifício: Jesus entregando a si mesmo foi obviamente um sacrifício agradável ao Pai. Também podemos oferecer um sacrifício agradável (aroma agradável) ao nos doarmos em amor para os outros.
i. Frequentemente pensamos que poderíamos dar nossa vida de um jeito dramático para mostrar nosso amor pelos outros. Mas Deus geralmente nos chama a dar nossa vida aos poucos – em pequenas moedas (como era) ao invés de um pagamento grande – contudo, de qualquer maneira, é dar nossa vida.
ii. Adam Clarke sobre como oferta: “Uma oblação, uma oferta eucarística; a mesma que minchah, Levítico 2:1 em diante, o que é explicado como sendo uma oferta de cereal ao Senhor, terá que ser da melhor farinha. Sobre ela derramará óleo, colocará incenso. Isto significa qualquer oferta pela qual foi expressa gratidão por bênçãos temporais recebidas da generosidade de Deus”.
iii. Adam Clarke sobre sacrifício: “Uma oferta de pecado, uma vítima para o pecado; a mesma que zebach, que quase universalmente significa o ato de sacrifício no qual o sangue de um animal era derramado como uma expiação pelo pecado. Estes termos podem ser considerados de maneira justa como incluindo todo tipo de sacrifício, oferta e oblação feita a Deus por qualquer motivo”.
2. (3-4) Um contraste a viver no amor: conduta não adequada para o cristão.
Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual como também de nenhuma espécie de impureza e de cobiça; pois essas coisas não são próprias para os santos. Não haja obscenidade, nem conversas tolas, nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ações de graças.
a. Entre vocês não deve haver nem sequer menção: Paulo agrupa juntamente estas ideias de pecado e impropriedade sexual, indicando que nenhuma delas é própria para os santos e não deveriam ter nem sequer menção entre o povo de Deus.
i. Paulo usou uma lista compreensiva de pecados sexuais:
·Imoralidade (porneia), uma palavra ampla que descreve o pecado sexual.
·Impureza, outra palavra ampla para comportamento moral “sujo”, especialmente no sentido sexual.
·Obscenidade, que tem muito da mesma ideia de impureza.
·Gracejos imorais, que tem a ideia de humor sexual inapropriado, impuro.
ii. Devemos notar o tema de apelo moral. Não é “evite estas coisas para que então você possa ser um santo”. Mas sim, é “você é um santo; agora viva de uma maneira apropriada para um santo”. O apelo moral constante da Novo Testamento é simplesmente esse: seja quem você é em Jesus.
b. São próprias para os santos: Esta ênfase no pecado sexual foi apropriada. A cultura dos dias de Paulo (e na cidade dos Efésios, especialmente) era propensa à imoralidade sexual. O tipo de comportamento que Paulo fala que não é próprio para os santos era completamente aprovado pela cultura de sua época (e da nossa).
c. Cobiça…conversas tolas: Paulo também incluiu cobiça e conversas tolas em sua lista por causa de sua associação próxima ao pecado sexual. Ambos: o desejo de ter algo que não nos pertence e conversas tolas, têm levado muitas pessoas ao pecado sexual. Contudo, cobiça e conversas tolas também possuem uma relevância além de sua relação com o pecado sexual.
i. Conversas tolas é literalmente “uma fácil mudança de discurso”. No contexto, a ideia é de alguém que pode transformar qualquer conversa em um comentário brincalhão sobre questões sexuais, geralmente com duplo-sentido.
d. Mas, ao invés disso, ações de graças: Positivamente, o cristão deve dar graças pelo sexo. Nós o recebemos agradecidamente como um presente e nós apreciamos o sexo de uma maneira que glorifica ao Doador.
i. O propósito de Deus ao dar o sexo não é primeiramente para a gratificação do indivíduo, mas para a união de marido e esposa em um relacionamento de uma só carne. Algumas expressões de sexualidade são pecado não porque Deus quer nos privar de algum aspecto de diversão, mas sim, porque elas operam contra Seu propósito primário pra o sexo.
3. (5-7) As consequências de uma conduta não adequada para cristãos.
Porque vocês podem estar certos disto: nenhum imoral, ou impuro, ou ganancioso, que é idólatra, tem herança no Reino de Cristo e de Deus. Ninguém os engane com palavras tolas, pois é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência. Portanto, não participem com eles dessas coisas.
a. Tem herança no Reino de Cristo e de Deus: As pessoas mencionadas em Efésios 5:3 (o imoral, o impuro, o ganancioso) não possuem herança no reino de Deus. Se o reino de Deus está vivo neles, uma transformação ocorreu para que eles não conseguissem descansar na prática habitual dessas coisas.
i. A ideia de Paulo nesta passagem pode ser aplicada fora de contexto em uma maneira condenadora. Alguém poderia dizer: “Bem, eu pensei em cometer fornicação, então isto significa que eu forniquei em meu coração o que significa que eu sou tão culpado quanto alguém que tenha de fato cometido o ato de fornicar. Já que eu sou tão culpado quanto aquele, e eles não possuem herança no reino de Deus, eu também não possuo, por causa de meus pensamentos sobre fornicação”. Esta maneira enganadora de pensar vai contra o sentido claro da palavra de Deus.
b. Ganancioso, que é idólatra: Significativamente, Paulo diz que o ganancioso é um idólatra. A idolatria acontece de maneiras muito mais sutis (e poderosas) do que simplesmente se curvar diante de uma estátua.
c. Ninguém os engane com palavras tolas: Não podemos permitir que palavras tolas desculpem ou minimizem o julgamento devido à prática desses pecados. É certo que é por causa dessas coisas que a ira de Deus vem sobre os que vivem na desobediência.
d. Portanto, não participem com eles dessas coisas: Paulo presume que cristãos não terão suas vidas habitualmente marcadas pelo imoral, impuro ou ganancioso. Mesmo assim, não deveríamos nem mesmo ocasionalmente participar com eles que têm.
4. (8-12) A passagem da escuridão para a luz.
Porque outrora vocês eram trevas, mas agora são luz no Senhor. Vivam como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade; e aprendam a discernir o que é agradável ao Senhor. Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz. Porque aquilo que eles fazem em oculto, até mencionar é vergonhoso.
a. Porque outrora vocês eram trevas: Paulo condena quem praticou imoralidade, impureza ou ganância como os que vivem na desobediência (Efésios 5:6), ele também reconheceu que esta é exatamente a escuridão de onde os cristãos emergiram. Porém agora, tendo sido iluminados, nós devemos viver como filhos da luz.
i. Novamente o tema é repetido: vocês são filhos da luz, então vivam como filhos da luz.
ii. Paulo não apenas diz que nós estávamos outrora na escuridão. Ele diz que nós outrora éramos as próprias trevas. Agora, nós não somente estamos na luz, nós somos a luz no Senhor.
b. Pois o fruto da luz consiste em toda bondade, justiça e verdade: Em contraste à vida nas trevas e ira está o fruto da luz, descrito de forma mais completa em Gálatas 5:22-23. Bondade, justiça e verdade deveriam nos marcar porque temos o Espírito Santo em nossa vida.
c. Não participem das obras infrutíferas das trevas; antes, exponham-nas à luz: Ao invés de associar-se com a impiedade, nós expomos as obras infrutíferas das trevas. No entanto, não fazemos isso pelo propósito de meramente conversar sobre elas (o que é vergonhoso), mas pelo propósito de nos educarmos o suficiente para evitá-las.
i. Os cristãos devem se proteger contra interesses lascivos nas obras infrutíferas das trevas, até mesmo em tempos de testemunho ou pesquisa.
ii. Paulo foi cuidadoso ao dizer que deveríamos evitar as obras infrutíferas das trevas, não as pessoas que estão nas trevas.
B. Vivendo na luz.
1. (13-14) O fato da presença da luz.
Mas, tudo o que é exposto pela luz torna-se visível, pois a luz torna visíveis todas as coisas. Por isso é que foi dito: “Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo resplandecerá sobre ti”.
a. Mas, tudo o que é exposto pela luz torna-se visível: Até mesmo as coisas feitas em oculto serão expostas. Elas irão se tornar visíveis pela luz do julgamento procurador de Deus.
i. Está é a razão para evitar e expor as obras infrutíferas da escuridão como descritas em Efésios 5:8-12. Já que aquelas obras infrutíferas estão destinadas a serem expostas e seus dias se acabarão, faz sentido para os cristãos evitar tais obras infrutíferas.
b. Desperta, ó tu que dormes, levanta-te dentre os mortos: Nossa participação na luz é mostrada pela nossa ressurreição com Jesus (Ele deu-nos vida em Cristo, Efésios 2:5). Paulo citou o que provavelmente foi um coro de adoração da igreja primitiva para ilustrar esta verdade.
i. Lembre-se que esta exortação de despertar chega aos cristãos. Um cristão pode estar adormecido sem saber. Se você estiver adormecido, você provavelmente não percebe. Assim que você se torna ciente de seu sono, é evidente que você agora está desperto.
ii. “Esta sonolência no cristão é extremamente perigosa, também, porque ele pode fazer grandes feitos enquanto está adormecido que o farão parecer como se estivesse bem desperto”. (Spurgeon)
·Nós podemos falar quando estamos adormecidos.
·Nós podemos ouvir quando estamos adormecidos.
·Nós podemos andar quando estamos adormecidos.
·Nós podemos cantar quando estamos adormecidos.
·Nós podemos pensar quando estamos adormecidos.
iii. “O homem que está adormecido não se importa com o que acontece aos seus vizinhos; como poderia, enquanto está adormecido? E oh! Alguns de vocês cristãos não se importam se almas são salvas ou condenadas…É suficiente para eles se estão confortáveis. Se eles conseguem atingir um lugar respeitável de adoração e ir com os outros para o céu, eles são indiferentes sobre todo o resto”. (Spurgeon)
2. (15-17) Viver na luz significa viver na sabedoria.
Estejam atentos para a maneira como vocês vivem: não vivam como tolos, mas como homens sensatos, aproveitando o tempo presente, porque os dias são maus. Não sejam insensatos; ao contrário, procurem compreender a vontade do Senhor.
a. Estejam atentos para com a maneira como vocês vivem: Porque esta luz foi dada a nós, deveríamos viver atentos– cuidadosamente, sabiamente, não…como tolos.
i. Adam Clarke pensou que a frase: não vivam como tolos, estava conectada às práticas de devoção ao antigo deus Bacchus, uma adoração com bebidas e festas. “Não fiquem loucos. Aqui está uma alusão evidente às orgias de Bacchus, nas quais seus devotos agiam como loucos; correndo para todo lado, chacoalhando suas cabeças de ombro a ombro, parecendo estarem em todos os sentidos completamente frenéticos”.
b. Aproveitando o tempo presente: Havia duas palavras gregas antigas usadas para tempo. Uma tinha a simples ideia de dia após dia, hora após hora. A outra tinha a ideia de uma porção definida de tempo, um tempo em que algo deveria acontecer. É a diferença entre tempo e o tempo. A ideia aqui é de o tempo; é uma época de oportunidade definida que os cristãos devem aproveitar. Esta mesma palavra é traduzida como oportunidade em Gálatas 6:10.
i. Paulo não está nos falando para aproveitar ao máximo todo momento, apesar disso ser um bom conselho. Ele nos fala para aproveitar a oportunidade pela glória de Jesus. Não é para aproveitar o máximo do tempo, mas para aproveitar ao máximo o tempo.
ii. A ideia por trás de aproveitando o tempo é que você compre oportunidades como um empresário astuto. Você aproveita cada oportunidade por Jesus Cristo.
c. Porque os dias são maus: Esta é outra razão por que é importante viver com sabedoria. Jesus falou de um tempo em que numerosos falsos profetas surgirão e enganarão a muitos. Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará (Mateus 24:11-12). Certamente nós estamos nestes tempos, porque os dias são maus.
d. Procurem compreender a vontade do Senhor: Isso é o que é sabedoria verdadeira. É o contraste de ser insensato. Nosso entendimento principal de a vontade do Senhor vem de um bom conhecimento de Sua palavra.
3. (18) Viver na luz significa estar sempre cheio do Espírito Santo.
Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito.
a. Não se embriaguem com vinho: Ao contrário da conduta do mundo (estando embriagado com vinho), nós devemos ser enchidos pelo Espírito. A gramática de Paulo aqui claramente diz: “esteja constantemente sendo cheio com o Espírito Santo”.
b. Deixem-se encher pelo Espírito: O enchimento com o Espírito Santo não é um evento único do qual vivemos dele o resto de nossos dias. É um enchimento constante, pedindo para ser cheio e recebendo o enchimento pela fé.
i. Há uma primeira experiência maravilhosa e significativa com o enchimento do Espírito Santo, frequentemente considerada como o Batismo com o Espírito Santo (Mateus 3:11, Atos 1:5 e 11:16). Esta é uma experiência válida e importante para todo crente.
ii. Muito da fraqueza, derrota e letargia em nossa vida espiritual pode ser atribuída ao fato de que nós não estamos sendo constantemente cheios com o Espírito Santo.
iii. A gramática grega antiga para encher também indica duas coisas importantes. Primeiro, o verbo é passivo, então não é uma experiência manufaturada. Segundo, é imperativo, então não é uma experiência opcional.
c. Não se embriaguem com vinho: O contraste carnal de deixar-se encher com o Espírito Santo é estar embriagado. A Bíblia condena embriaguez sem reserva.
i. Que leva à libertinagem: Paulo diz que embriaguez é libertinagem. Isto significa que embriaguez é um desperdício de recursos que deveriam ser submetidos a Jesus. John Trapp escreve sobre beber “todos os três foras” – “Isto é, cerveja fora do pote, dinheiro fora da bolsa e sabedoria fora da cabeça”. (o comentário de Trapp sobre Gálatas 5:21).
ii. Deveríamos ouvir o que os Provérbios nos dizem sobre embriaguez em passagens como Provérbios 20:1 e 23:29-33.
iii. Não devemos pensar que somente o estado de “caído de bêbado” se qualifica como pecado. Estar comprometido pela bebida de qualquer maneira é pecado, assim como beber com a intenção de ficar comprometido.
iv. “O perigo da embriaguez está não só nela mesmo, mas no que ela pode induzir” (Wood). Praticamente, o mundo paga um preço alto pela ruína do alcoolismo e do vício em drogas. Só falando de álcool, de acordo com O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, em 2010, 88.000 pessoas morreram de causas relacionadas ao álcool nos EUA, e beber excessivamente custou à economia dos EUA $249 bilhões de dólares – quase um quarto de um trilhão de dólares. É justo supor que os números são comparáveis se não piores em muitas outras nações.
d. Deixem-se encher pelo Espírito: Paulo contrasta o efeito do Espírito Santo com o estado de embriaguez. Álcool é um depressivo; ele “relaxa” as pessoas porque deprime seu autocontrole, sua sabedoria, seu equilíbrio e julgamento. O Espírito Santo tem um efeito exatamente oposto. Ele é um estimulante; Ele move todo aspecto de nosso ser para melhorar e aperfeiçoar mais o desempenho.
i. “Nós o encontramos aqui embutido entre os preceitos que estabelecem as grandes leis de autocontrole e vem logo antes das diretrizes especiais que o Apóstolo dá para as tranquilidades santas do lar cristão… Porém, o tempo todo, é uma coisa supernatural. É um estado do homem totalmente inalcançável por treino, por lógica, por desejo e vontade humana. Não é nada mais do que – Deus no comando e controle da vida inteira do homem, fluindo em todos os lugares para dentro dela, para que Ele possa fluir plena e livremente para fora dela fazendo efeitos ao redor”. (Moule)
4. (19-20) A vida cheia de Espírito é marcada pela adoração e gratidão.
Falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
a. Falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor: Quando estamos cheios do Espírito, nós teremos um desejo de adorar a Deus e encorajar outros em sua adoração a Deus.
i. A conexão com o ser cheio do Espírito e o louvor é significante. Aqueles que estão cheios do Espírito irão naturalmente louvar, e louvar é uma maneira de sermos cheios com o Espírito.
b. Salmos, hinos e cânticos espirituais: Esta variedade sugere que Deus se deleita com adoração criativa e espontânea. O local mais importante para nós termos um louvor ao Senhor é em nosso coração. Muitos que não conseguem cantar uma melodia linda com a voz podem ter melodias lindas em seus corações.
i. A ênfase está mais na variedade do que em categorias estritas. “Dificilmente podemos dizer qual é a exata diferença entre estas três expressões”. (Clarke)
c. Dando graças constantemente a Deus: Aquele que está cheio do Espírito também estará cheio de ação de graças. Um coração que reclama e o Espírito Santo simplesmente não se misturam.
i. Paulo recomenda o mesmo modelo para nossa ação de graças como ele praticou em oração em Efésios 3:14 – dando graças a Deus Pai…em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
ii. “Cada hora, não, cada momento trouxe uma vantagem em suas asas. Olhe para baixo e dê graças, pois você está a salvo do inferno; olhe para a mão direita e dê graças, pois você é enriquecido com dons graciosos; olhe para a mão esquerda e dê graças, pois você está protegido de maus mortais; olhe para cima de você e dê graças, pois o céu te aguarda”. (Spurgeon)
5. (21) A vida cheia de Espírito é marcada pela submissão mútua.
Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo.
a. Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo: Quando nós somos cheios do Espírito, isso se mostrará por nossa submissão mútua uns aos outros; e a submissão será feita por temor a Cristo, não por temor ao homem.
b. Sujeitem-se: A palavra sujeitem-se aqui literalmente significa “estar abaixo na hierarquia”. É uma palavra militar. Ela fala da maneira que um exército é organizado através de níveis de hierarquia. Você tem generais e coronéis e majores e capitães e sargentos e soldados. Há níveis de hierarquia e você é obrigado a respeitar aqueles de hierarquia mais alta.
i. Sabemos que como uma pessoa, um soldado pode ser mais inteligente, mais talentoso e uma pessoa melhor do que um general. No entanto, ele ainda está abaixo da hierarquia do general. Ele não está submetido ao general como uma pessoa da maneira que ele está submetido ao general como um general.
ii. A ideia de submissão não tem nada a ver com alguém sendo mais inteligente ou mais talentoso. Tem a ver com uma ordem apontada por Deus. “Qualquer um que serviu nas forças armadas sabe que ‘hierarquia’ tem a ver com ordem e autoridade, não com valor ou habilidade”. (Wiersbe)
iii. Também vemos com isso como é importante estar “abaixo na hierarquia”. No exército, eles têm um nome para isso, quando você não quer mais estar “abaixo na hierarquia”. Eles o chamam de “motim”. “Assim como um exército estaria confuso se não houvesse níveis de autoridade, a sociedade também estaria em caos sem submissão”. (Wiersbe)
c. Sujeitem-se uns aos outros: Para entender o que isto significa, podemos examinar primeiro o que isto não significa. Isto não significa que não há a ideia de “hierarquia” no corpo de Cristo. É possível que alguém possa ter esta impressão. “Isto diz que nós deveríamos nos sujeitar uns aos outros. Então eu deveria ser submisso a você e você deveria ser submisso a mim. Ninguém tem nenhuma obrigação a mais de se sujeitar do que qualquer outro”.
i. Sabemos que isto é o que Paulo não quis dizer por que seria uma contradição clara de outras coisas que ele escreveu. Por exemplo, em 1 Coríntios 5:1-5, Paulo claramente fala aos cristãos Coríntios para se submeterem a sua autoridade e a fazer algo. Você pode imaginar os cristãos Coríntios respondendo de volta: “Bem Paulo, você escreveu que nós deveríamos sujeitar-nos uns aos outros. Então achamos que você deveria se sujeitar a nós aqui”.
ii. Ou, outro exemplo está em Hebreus 13:17, onde diz: “Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Se Paulo quis dizer que não há “hierarquia” ou “ordem de autoridade” entre os crentes, então este comando em Hebreus 13:17 é insignificante.
iii. A ideia dessa palavra militar é mais facilmente aplicada quando uma hierarquia está acima de outra. Contudo aqui Paulo não a usou desse jeito. Ela é facilmente aplicada quando você manda um bando de soldados: “sujeitem-se aos generais”. É um pouco mais difícil entender o significado quando você diz a um grupo de soldados: “Sujeitem-se uns aos outros”. Paulo não está enfatizando a ideia de hierarquia porque ele está falando com todos os cristãos. Mas há outra coisa importante aqui.
iv. Paul quer dizer que deveríamos entender esta atitude dos militares de “abaixo da hierarquia” e aplicá-la em nosso dia a dia lidando uns com os outros. Quando um homem entra para o exército, a primeira coisa que ele faz é se despir de toda sua individualidade. Ele é agora o membro de uma companhia ou um batalhão. Ele não é mais um indivíduo. Quando você entra para o exército, você essencialmente se desfaz do seu direito de decidir o que quer fazer com sua vida e seu tempo. Um exército é cheio de indivíduos, mas eles nunca devem ser individualistas. Esta é a primeira coisa da qual um homem é separado quando ele entra para o exército.
v. “Não permita que um homem seja tão persistente com sua própria vontade ou opinião em assuntos indiferentes, de maneira que perturbe a paz da Igreja; em tais assuntos doem-se uns aos outros e deixem o amor governar”. (Clarke)
vi. Na ação prática, sujeitem-se uns aos outros implica o seguinte, de acordo com a ideia de ser “um jogador de equipe”:
·O cristão não deve deixar de pensar, mas deve pensar nos outros.
·O cristão não deve ser individualista, não deve ser auto afirmativo. “Alto-afirmação é a própria antítese da qual o Apóstolo está falando”. (Lloyd-Jones)
·O cristão não deve nunca ser egoísta.
·Devemos ter uma “atitude de equipe”.
·Devemos ser felizes quando alguém é bem sucedido ou faz o bem.
·Devemos suportar nossos próprios desconfortos e provações com coragem.
d. Por temor a Cristo: Este é um ponto importante porque Paulo repete a ideia por toda a seção estendida falando sobre submissão:
·Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor.
·Filhos, obedeçam seus pais no Senhor, pois isso é justo.
·Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo.
i. As palavras por temor a Cristo descrevem o que deveria ser nosso motivo para que todos sujeitem-se uns aos outros. Nós deveríamos nos sujeitar uns aos outros – não mais vermo-nos de uma maneira individualista, mas como uma unidade, como uma companhia ou um batalhão, por respeito a Deus Pai, por respeito a Jesus Cristo.
ii. O motivo para a submissão não é gentileza social. O motivo para submissão não é a lei de Deus. O motivo para a submissão é respeito por Jesus Cristo. Se nós respeitamos Jesus, devemos então nos sujeitar uns aos outros porque amamos a Jesus. Paulo usa o termo temor nesta passagem, mas é um temor– um respeito – que é compatível com amor. É um temor de decepcionar Jesus, um temor de entristecê-Lo. Isso é totalmente compatível com amor. Quando você realmente respeita alguém, você se importa em agradá-lo(a) e você tem um temor de decepcionar essa pessoa.
C. A vida cheia de Espírito, submissão e responsabilidade no matrimônio.
“O perigo está em pensarmos no matrimônio entre cristãos como essencialmente o mesmo que entre todos os outros, com a única diferença sendo que estas duas pessoas são, por acaso cristãs, enquanto que as outras não. Agora, se isto ainda for nossa concepção de casamento, então consideramos este grande parágrafo totalmente em vão. O matrimônio cristão, a visão cristã de matrimônio, é algo que é essencialmente diferente de todas as perspectivas”. (D. Martyn Lloyd-Jones)
1. (22) Viver na luz significa mulheres submetendo-se aos seus maridos.
Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor.
a. Mulheres: Paulo se dirigiu às mulheres e sua responsabilidade no matrimônio cristão em primeiro lugar. Isto não é porque elas são o maior problema ou porque elas precisam de atenção especial. A razão é que o apóstolo estava particularmente preocupado com esta questão de submissão. Este foi o princípio que ele introduziu em Efésios 5:21. Este aspecto de se sujeitar tem uma aplicação particular a mulheres em um matrimônio cristão.
i. A mesma lógica continua em Efésios 6. Ele se dirige aos filhos antes dos pais porque Paulo estava primeiramente preocupado com a submissão. Ele se dirige aos escravos antes de seus mestres porque o apóstolo estava primeiramente preocupado com a submissão.
ii. Não há dúvida que o apóstolo está continuando o pensamento de Efésios 5:21: “Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo.” Em muitos dos melhores manuscritos gregos antigos, Efésios 5:22 nem mesmo possui a palavra sujeitar-se. Está simplesmente escrito: “Mulheres, cada uma a seu marido.” O tópico é submissão e Paulo focou em uma realidade particular de submissão – o casamento cristão, partindo da mulher para o marido.
iii. É como se Paulo tivesse dito isto: “Eu comandei a você se sujeitar uns aos outros de uma maneira bem genérica. Agora, se você o fizer de uma maneira genérica, quanto mais deveriam as mulheres fazê-lo aos seus próprios maridos nessa relação especial de casamento”.
b. Mulheres, sujeite-se: Sujeitar-se significa que você reconhece que alguém tem autoridade legítima sobre você. Significa que você reconhece que há uma ordem de autoridade, e que você é parte de uma unidade, de um time. Você como um indivíduo não é mais importante do que o trabalho da unidade ou do time.
i. Quando nos sujeitamos a Deus, reconhecemos a autoridade de Deus e agimos de acordo. Quando nós nos sujeitamos à polícia, reconhecemos a autoridade da polícia e agimos de acordo. Quando nós nos sujeitamos ao nosso empregador, reconhecemos a autoridade do nosso empregador e agimos de acordo.
ii. Submissão não significa inferioridade. Como também, submissão não significa silêncio. Submissão significa “sub-missão”. Há uma missão para o casamento cristão, e esta missão é obedecer e glorificar a Deus. A esposa diz: “Eu vou me colocar abaixo dessa missão. Esta missão é mais importante do que meus desejos individuais. Eu não estou me colocando abaixo do meu marido, eu estou me colocando abaixo da missão que Deus tem para nosso casamento, para minha vida”.
c. Cada uma a seu marido: Isto define a esfera da submissão de uma esposa. A Bíblia nunca comanda uma submissão genérica de mulheres aos homens na sociedade. Esta ordem é comandada apenas nas esferas do lar e na igreja. Deus não ordenou em Sua palavra que os homens tenham uma autoridade exclusiva nas áreas da política, negócios, educação e assim por diante.
d. Como ao Senhor: Esta é uma frase crucial. Ela colore todo o resto que nós entendemos sobre esta passagem. Houve duas principais interpretações erradas desta frase, cada uma favorecendo uma certa posição.
i. A interpretação errada que é a interpretação que favorece o marido diz que como ao Senhor significa que a mulher deve se sujeitar ao seu marido como se ele fosse o próprio Deus. A ideia é “você se sujeita a Deus em absolutamente tudo sem questionamento, então você deve se sujeitar ao seu marido da mesma forma absoluta”. Esta interpretação acredita que as palavras “como ao Senhor” definem a extensão da submissão.
ii. Isto está errado. É verdade que a esposa deve ao marido uma grande medida de respeito. Pedro expõe isso ao elogiar Sara, a mulher de Abraão, como um exemplo de uma mulher piedosa, quando ela chamou Abraão de “Senhor”. Isto não significa “Senhor” no mesmo sentido que Deus, mas “Senhor” no sentido de “mestre”. Isto é muito respeito. Contudo, ainda sim, não é o mesmo que dizer: “Você se sujeita completamente a Deus, então você deve se sujeitar ao seu marido da mesma maneira”. Falando de uma forma simples, em nenhum lugar nas Escrituras diz que uma pessoa deveria se sujeitar a outra desta forma. Há limites na submissão que seu empregador pode esperar de você. Há limites na submissão que o governo pode esperar de você. Há limites na submissão que os pais podem esperar de seus filhos. Em nenhum lugar na Escritura ensina uma submissão sem qualificação, sem exceção – exceto a Deus e apenas a Deus. Violar isso é cometer o pecado da idolatria.
iii. A interpretação errada que favorece a mulher diz que como ao Senhor significa: “Eu me sujeitarei a ele, desde que ele faça o que Deus quer”. Então a mulher geralmente pensa que é seu trabalho decidir o que o Deus quer. Esta interpretação pensa que como ao Senhor define o limite da submissão.
iv. Isto está errado. É verdade que há limites na submissão da esposa; porém quando a mulher interpreta como ao Senhor dessa maneira, isso se degenera em um caso de: “Eu me sujeitarei ao meu marido quando eu concordar com ele. Eu me sujeitarei a ele quando ele tomar as decisões certas e as levar a frente da maneira correta. Quando ele tomar uma decisão errada, ele não estará no Senhor, então eu não deveria me sujeitar a ele nessa situação”. Isso não é submissão de maneira alguma. Exceto por aqueles que são claramente rabugentos e argumentativos, todos se sujeitam aos outros quando eles estão de acordo. É apenas quando há uma desavença que a submissão é testada.
e. Como ao Senhor não define a extensão da submissão de uma esposa ou o limite da submissão de uma esposa. Define o motivo da submissão de uma esposa.
i. “Significa: ‘Esposas, sujeitem-se aos seus próprios maridos porque é uma parte do seu dever para com o Senhor, porque é uma expressão de sua submissão ao Senhor’. Ou: ‘Esposas, sujeitem-se aos seus próprios maridos; façam isto desta maneira, façam como uma parte de sua submissão ao Senhor’. Em outras palavras, você não está fazendo isso somente para o marido, você está fazendo isso em primeiro lugar para o próprio Senhor…Você está fazendo isso pelo amor de Cristo; você está fazendo isso porque você sabe que Ele te exorta a fazê-lo, porque é bem agradável aos Seus olhos que você esteja fazendo isso. É parte de seu comportamento cristão, é parte de seu discipulado”. (Lloyd-Jones)
ii. “Pelo amor de Deus que o comandou, para que então vocês não possam estar sujeitos a ele sem estarem sujeitos a eles”. (Clarke)
iii. Como ao Senhor significa…
·A submissão de uma esposa ao seu marido é parte de sua vida e obediência cristã.
·Quando uma mulher não obedece esta palavra de sujeitar-se cada uma com seu marido, como ao Senhor, ela não está apenas falhando como uma esposa; ela está falhando como uma seguidora de Jesus Cristo.
·Isto está completamente fora da realidade da natureza ou personalidade da esposa.
·Isto não tem nada a ver com a inteligência, talento ou capacidade do marido. Tem a ver com honrar ao Senhor Jesus Cristo.
·Isto não tem nada a ver com se o marido está certo ou não em algum assunto em particular. Tem a ver com Jesus estando certo.
·Isto significa que uma mulher deveria cuidar muito bem de como ela escolhe seu marido. Ao invés de procurar por um homem atraente, ao invés de procurar por um homem rico, ao invés de procurar por um homem romântico, uma mulher deve em primeiro lugar procurar por um homem que ela possa respeitar. G. Campbell Morgan relembra a história de uma mulher cristã mais velha que nunca havia casado e ela explicou: “Eu nunca conheci um homem que podia ser meu mestre”. Ela tinha a ideia certa.
·Se você quer agradar a Jesus, se você quer honrá-Lo, então você deve sujeitar-se com seu marido, como ao Senhor.
iv. “Não pode haver um motivo mais convincente para qualquer ação do que este; e toda esposa cristã que está preocupada acima de tudo a agradar ao Senhor Jesus Cristo, não encontrará dificuldade neste parágrafo; na verdade será seu maior deleite fazer o que o Apóstolo nos pede aqui”. (Lloyd-Jones)
2. (23-24) Razões para a submissão de uma esposa cristã.
Pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.
a. Pois: A ordem dada em Efésios 5:22 é difícil. Deus sabe disso, então Ele também inclui razões para Sua ordem. Ele quer que nós entendamos o princípio por trás da ordem.
i. A primeira razão para a submissão de uma esposa cristã ao seu marido é encontrada em Efésios 5:22, nas palavras como ao Senhor. Isto significa que o motivo de sua submissão deve ser obediência e respeito a Jesus, ao invés de obediência e respeito ao seu marido.
b. Pois o marido é o cabeça da mulher: Paulo afirma aqui a segunda razão para a submissão da esposa. É porque o marido é o cabeça da mulher. Em seu sentido total a cabeça tem a ideia de liderança e autoridade. Significa ter a responsabilidade adequada para liderar e a mesma para responder por ela. É correto e adequado nos sujeitar-nos a alguém que é nosso cabeça.
i. Quando consideramos a ideia Bíblica de liderança em outras passagens como em 1 Coríntios 11 e 1 Timóteo 3, a ênfase é constantemente colocada em cima do fato de que o homem foi criado primeiro e não a mulher. Então existe uma prioridade da criação pelo homem. As Escrituras também enfatizam o fato de que aquela mulher foi feita a partir do homem, tirada do homem para mostrar uma conexão a ele, e que ela tinha o propósito de ser uma ajuda ao homem, uma ajuda para o homem, que era adequada a ele.
ii. “Notem que os Apóstolos colocam grande ênfase sobre isso. O homem foi criado primeiro. Mas não somente isso; o homem também foi feito o senhor da criação. Foi ao homem que esta autoridade foi dada sobre a criação bruta dos animais; o homem é quem foi chamado a dar nome a eles. Aqui estão indicações de que o homem foi colocado em uma posição de liderança, senhorio, autoridade e poder. Ele toma as decisões, ele cria as regras. Isto é o ensinamento fundamental com relação a este assunto todo”. (Lloyd-Jones)
iii. Passagens como em 1 Coríntios 11:7-10 criam o argumento de que Deus criou Adão primeiro, e deu a ele responsabilidade sobre Eva. Isto aconteceu antes da queda. Portanto, esta passagem deixa claro que antes e depois da queda, Deus ordenou haver papéis diferentes entre marido e mulher. A diferença nos papéis entre marido e mulher não são o resultado da queda, e não foram apagados por nossa nova vida em Jesus.
iv. “O que ele está dizendo é que a mulher é diferente, que ela é o complemento do homem. O que ele de fato proíbe é que a mulher procure ser a principal, ou seja, que uma mulher procure se comportar como um homem, ou que uma mulher procure usurpar o lugar, a posição e o poder que foram dados ao homem pelo próprio Deus. É só isso que ele está dizendo. Não é escravidão; ele está exortando seus leitores a perceber o que Deus lhes ordenou”. (Lloyd-Jones)
v. “Quando uma mulher se casa ela desiste de seu nome, ela pega o nome do seu marido. Isto é Bíblico e também o costume de todo o mundo. Isto nos ensina o relacionamento entre o marido e a esposa. Não é o marido que muda seu nome, mas sim a esposa”. (Lloyd-Jones)
c. Como também Cristo é o cabeça da igreja… Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos: Paulo apresenta aqui uma terceira razão para submissão de uma esposa cristã ao seu marido. Ela deveria se sujeitar porque o relacionamento de marido e esposa é um modelo da união entre Jesus e a Igreja.
i. Este ponto é simples e claro. Temos um modelo para o relacionamento matrimonial; o relacionamento entre Jesus e a Igreja. Neste relacionamento, a liderança de Jesus Cristo é inquestionável. Então é também o marido o cabeça do “time” que é o relacionamento de uma só carne de marido e esposa.
ii. Talvez a esposa cristã não queira um “cabeça” ou um líder do time entre marido e mulher. Se este é o caso, a mulher não entende o matrimônio Bíblico e sempre trabalhará contra ele de um jeito ou de outro. É a mesma dinâmica de um Cristão dizendo que ele não quer que Jesus seja seu “cabeça”.
d. É o seu corpo, do qual ele é o Salvador: Podemos entender como o marido é o cabeça da mulher da mesma forma que Cristo é o cabeça da igreja. Às vezes é difícil de ver como o marido é o Salvador do corpo da maneira como Jesus é o Salvador do corpo, ou seja, da Igreja.
i. Lloyd-Jones acha que Paulo usou o sentido abrangente da palavra Salvador, que pode simplesmente significar preservador. 1 Timóteo 4:10 fala de Jesus sendo o Salvador de todos os homens, especialmente dos que crêem. Como Jesus pode ser o Salvador de todos os homens? No sentido em que Ele preserva todos os homens e abençoa todos os homens com coisas boas do paraíso acima. É neste sentido que maridos devem ser os salvadores de suas esposas. Paulo essencialmente repete a mesma ideia em Efésios 5:28-29: Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja.
ii. “Qual é então a doutrina? É claramente isso. A esposa é aquela que é mantida, preservada, guardada, protegida, provida pelo marido. Este é o relacionamento – como Cristo nutre e cuida da igreja, então o marido nutre e cuida da esposa – e a esposa deveria perceber que esta é a sua posição neste relacionamento”. (Lloyd-Jones)
e. O seu corpo: A imagem do corpo mostra como a submissão de uma esposa cristã é essencial. “A esposa não deve agir antes do marido. Todo o ensinamento indica que ele é o cabeça, que no final ele controla. Então ela não somente age independentemente dele, ela não age antes dele…é igualmente verdade dizer que ela não deve retardar a ação, ela não deve parar a ação, ela não deve se recusar a agir. Volte para a analogia do corpo. Pense em alguém que teve um ‘derrame’…o braço não está saldável, ele resiste ao movimento”.
i. “Podemos então resumir assim: O ensinamento é que a iniciativa e a liderança são ultimamente do marido, mas a ação deve ser sempre coordenada. Este é o significado desta imagem – ação coordenada, porém liderança no cabeça. Não há nenhum sentido de inferioridade sugerido por isso. A esposa não é inferior ao seu marido; ela é diferente”. (Lloyd-Jones)
f. Assim como: Vemos nesta passagem três razões para a submissão da esposa ao seu marido:
·É parte de sua obediência a Jesus (como ao Senhor).
·É apropriada a ordem da criação (o marido é o cabeça da mulher).
·É apropriado por causa do modelo de relacionamento entre Jesus e a Igreja (como também Cristo é o cabeça da igreja… assim como a igreja está sujeita a Cristo).
i. A primeira razão é convincente o suficiente, mas em si ela não resolve a questão. Se tudo que tivéssemos fosse assim como ao Senhor, poderia ser justo perguntar: “Os homens também não devem viver como ao Senhor? Os homens não deveriam se sujeitar as suas esposas em obediência a Jesus da mesma forma?”. Assim, você não teria um “cabeça” verdadeiro do lar. Este é o objetivo em alguns casamentos. “Ninguém está de fato no comando. Nós somos parceiros igualitários. Eu me sujeito a você algumas vezes e você se sujeita a mim em outras. Deixaremos apenas Jesus ser nossa cabeça e trabalharemos em cada situação do jeito que elas aparecerem e veremos quem se sujeitará a quem”.
ii. Para dizer de maneira simples, isto não é um relacionamento de casamento Bíblico. Ele ignora a ordem essencial da criação e ignora o modelo do relacionamento entre Jesus e a Igreja. Isto nos leva a notar cuidadosamente algo em geral sobre submissão. O princípio da submissão está presente de muitas maneiras diferentes no Novo testamento.
·Jesus se submeteu aos Seus pais (Lucas 2:51).
·Demônios se submeteram aos discípulos (Lucas 10:17).
·Cidadãos deveriam se submeter a autoridade do governo (Romanos 13:1 e 5, Tito 3:1, 1 Pedro 2:13).
·O universo se submeterá a Jesus (1 Coríntios 15:27 e Efésios 1:22).
·Seres espirituais invisíveis se submetem a Jesus (1 Pedro 3:22).
·Cristãos deveriam se submeter aos líderes da igreja (1 Coríntios 16:15-16 e Hebreus 13:17).
·Esposas deveriam se submeter aos maridos (Colossenses 3:18, Tito 2:5, 1 Pedro 3:5, Efésios 5:22-24).
·A igreja deveria se submeter a Jesus (Efésios 5:24).
·Escravos deveriam se submeter aos mestres (Tito 2:9 e 1 Pedro 2:18).
·Cristãos deveria se submeter a Deus (Hebreus 12:9 e Tiago 4:7).
iii. Notamos que nenhuma dessas relações está reversa. Por exemplo, mestres nunca são ditos para se submeter aos servos, Jesus nunca é dito para se submeter à igreja, e assim por diante. O uso consistente da ideia de submissão nas Escrituras ilustra basicamente uma submissão de “mão única” de acordo com como Deus arranjou a ordem de autoridade.
iv. Se Paulo parasse em Efésios 5:24, seria fácil para uma esposa cristã sentir que todas as obrigações estariam com ela. Felizmente, ele continua e mostra quais são as obrigações que um marido cristão tem no casamento. Mas a esposa cristã ainda tem suas obrigações.
·Ambos, marido e mulher são chamados a morrer para si mesmos – submissão é a maneira com que a esposa faz isso.
·Ambos, marido e mulher são chamados ao sacrifício – submissão é a maneira com a esposa faz isso.
·Ambos, marido e mulher são chamados a ver seu casamento como um modelo do relacionamento de Jesus com a igreja – submissão é como a esposa honra este modelo.
·Ambos, marido e mulher são chamados a honrar a ordem da criação – submissão é a maneira com que a esposa cumpre seu papel nesta ordem.
g. Em tudo sujeitas a seus maridos: Paulo diz que a esposa deveria estar sujeita ao marido em tudo. Ele quer realmente dizer tudo? Isto precisa ser entendido da mesma forma que nós entendemos submissão em outras esferas. Por exemplo, quando Paulo diz em Romanos 13 que o cristão deve se submeter ao estado, entendemos que há exceções. Então, quais são as exceções a em tudo?
i. Quando o marido pede ou espera que a mulher peque, ela está livre de sua obrigação de se submeter. Isto se aplica em uma situação de pecado Bíblico claro – como assinar uma declaração de imposto de renda fraudulenta. Isto também se aplica em assuntos de consciência cristã verdadeira. Porém, devemos ter muito cuidado em distinguir entre a consciência cristã verdadeira e mera opinião. Contudo, a esposa não tem que se submeter a um pedido de cometer pecado.
ii. Quando o marido está medicamente incapacitado ou insano, ela está livre de sua obrigação de se submeter. Uma esposa não tem que se submeter aos pedidos que um marido faz quando ele está insano ou medicamente incapacitado.
iii. Quando o marido é abusivo fisicamente e coloca em perigo a segurança da esposa ou dos filhos, a esposa está livre de sua obrigação de se submeter. Ela não tem que se submeter à violência dele.
iv. Quando o marido quebra o contrato matrimonial com adultério. Obviamente a esposa não tem que se submeter ao adultério do seu marido e simplesmente aceitá-lo. A Bíblia diz que ela tem o direito de “sair debaixo de sua hierarquia” em tais casos. ”Se o marido foi culpado de adultério a esposa não tem mais obrigação de obedecê-lo em tudo. Ela pode se divorciar dele, ela é permitida pelas Escrituras a fazer isso. Ela possui esse direito porque o adultério quebra a unidade, quebra o relacionamento. Eles agora estão separados e não são mais um. Ele quebrou a unidade, ele saiu dela. Então não devemos interpretar essa Escritura como o ensinamento em que a mulher é tão irrevogavelmente e inevitavelmente ligada a um marido adultero para o resto de sua vida. Ela pode escolher estar – isso é ela quem decide. Tudo que eu quero dizer é que esta Escritura não manda fazer isso”. (Lloyd-Jones)
3. (25a) O simples comando aos maridos cristãos: ame sua esposa.
Maridos, ame cada um a sua mulher.
a. Maridos, ame cada um a sua mulher: As palavras de Paulo para os maridos cristãos salvaguardam suas palavras anteriores para as esposas. Apesar de as esposas estarem sujeitas aos seus maridos, isso não dá a desculpa para os maridos agirem como tiranos com suas esposas.
i. De acordo com 2 Timóteo 1:7, Deus nos deu o espírito de poder – mas também de amor. O poder, em suas vidas cristãs, é para ser sempre exercitado com amor. “Não poder nu, não é o poder de um ditador ou um pequeno tirano, não é a ideia de um homem que arroga para si mesmo certos direitos e atropela os sentimentos de sua esposa e assim por diante, e se senta em casa como um ditador…Nenhum marido tem o direito de dizer que é o cabeça da mulher a não ser que ame sua esposa…Então o reino do marido deve ser um reino e um governo de amor; é uma liderança de amor”. (Lloyd-Jones)
b. Ame cada um a sua mulher: Paulo usou a palavra grega antiga ágape. Os gregos antigos tinham quatro palavras diferentes que traduzimos como amor. É importante entender a diferença entre as palavras e porque o apóstolo Paulo escolheu a palavra grega ágape aqui.
i. Eros era uma palavra para amor. Ela descrevia, como poderíamos adivinhar pela própria palavra, amor erótico. Ela se refere a um amor motivado pelo desejo.
ii. Storge era a segunda palavra para amor. Ela se refere ao amor de família, o tipo de amor que existe entre pais e filhos ou entre membros familiares em geral. Ele é motivado pelo sangue.
iii. Philia é a terceira palavra para amor. Ela fala sobre uma amizade e afeição fraterna. É o amor de amizade e parceria profunda. Pode ser descrito como o mais alto amor do qual o homem, sem a ajuda de Deus, é capaz de atingir. É carinho ou amor motivado por interesses comuns e afeição.
iv. Ágape é a quarta palavra para amor. Eros, storge e philia cada uma descreve um amor que é sentido. Essas descrevem amor “instintivo”, amor que vem espontaneamente do coração. Paulo presume que eros (desejo) e phileo (carinho) estão presentes. Cristãos não devem agir como se estas coisas não importassem dentro do relacionamento matrimonial. Elas importam sim. Mas o ponto principal de Paulo é abordar um tipo mais elevado de amor, amor ágape. Ágape descreve um tipo diferente de amor. É um amor mais de decisão do que de coração espontâneo. É tanto uma questão da mente quanto do coração, porque escolhe amar os indignos.
v. “Ágape tem a ver com a mente; não é simplesmente uma emoção que surge espontaneamente em nossos corações; é um princípio pelo qual nós devemos viver deliberadamente”. (Barclay) Ágape não tem realmente muito a ver com sentimentos – tem a ver com decisões.
vi. Falando estritamente, ágape não pode ser definida como “amor de Deus”, porque os homens são ditos a ágape o pecado e o mundo (João 3:19 e 1João 2:15). A palavra tem pouco a ver com emoção; tem muito a ver com autonegação pelo bem de outro.
·É amor que ama sem mudar.
·É um amor doador que dá sem exigir ou esperar retribuição.
·É amor tão grande que pode ser dado aos não amáveis ou desagradáveis.
·É amor que ama até mesmo quando é rejeitado.
·Amor ágape dá e ama porque quer; não exige nem espera retribuição pelo amor dado. Ele dá porque ele ama, ele não ama para receber.
vii. Podemos ler esta passagem e pensar que Paulo está dizendo: “Maridos, sejam gentis com suas esposas”. Ou: “Maridos, sejam bons para suas esposas”. Não há dúvida que para muitos casamentos isto seria uma grande melhoria. Porém, não é sobre isso que Paulo escreveu. O que ele realmente quis dizer é: “Maridos, decidam continuamente a praticar a autonegação pelo bem de suas esposas”.
4. (25b-27) O modelo e exemplo de um amor de marido Cristão.
Assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela para santificá-la, tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra, e para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável.
a. Assim como Cristo amou a igreja: A atitude de Jesus com relação a igreja é um padrão para o amor do marido cristão para com sua esposa. Isto mostra que o casamento sem amor não agrada a Deus e não cumpre Seu propósito. Isto é amor dado ao indigno. Isto é amor dado primeiro. Isto é amor que pode ser rejeitado, mas ainda ama.
i. “É possível que alguns maridos possam dizer: ‘Como eu posso amar tal esposa como eu amei?’ Poderia ser um caso suposto que algum cristão foi colocado em jugo desigual com um incrédulo, e se encontrou ligado para sempre por um grilhão a alguém que possui uma disposição taciturna, de temperamento perverso, de espírito amargurado. Ele poderia então dizer: “Certamente eu tenho desculpa para não amar num caso como este. Não se pode ser esperado que eu ame aquilo que em si mesmo é tão desagradável’. Mas marquem, amados, a sabedoria do apóstolo. Ele silencia esta desculpa, que pode ter ocorrido na mente dele enquanto escrevia esta passagem, tirando o exemplo do Salvador, que amou, não porque havia beleza em sua igreja, mas para fazer dela amável”. (Spurgeon)
b. Assim como Cristo amou a igreja: Poderíamos dizer que Paulo ensinou duas coisas ao mesmo tempo aqui. Ele ensinou sobre a natureza do relacionamento entre marido e mulher, e ensinou sobre o relacionamento entre Cristo e Sua Igreja. Cada uma ilustra princípios importantes sobre a outra.
i. Isto demonstra que Jesus ama sua igreja com um amor especial. Jesus ama o mundo e morreu pelo mundo; mas assim como um marido pode ter um amor genérico por todos, ele também deve ter um amor especial por sua noiva.
ii. “Eu peço a você para notar o que não é sempre o caso com relação ao marido e a esposa, que o Senhor Jesus ama sua igreja altruisticamente; isso quer dizer que ele nunca a amou pelo que ela tem, mas pelo que ela é; não, eu devo ir além do que isso, e dizer que ele a amou, não tanto pelo que ela é, mas pelo que ele faz dela como o objeto de seu amor. Ele não a ama pelo que vem para ele dela, ou com ela, mas pelo que ele é capaz de conceder a ela. Dele é o amor mais forte que já existiu”. (Spurgeon)
iii. Usando o amor de um marido ideal como um modelo, poderíamos dizer que Jesus tem um amor constante pelo Seu povo, um amor duradouro pelo Seu povo, e um amor caloroso pelo Seu povo.
c. E entregou-se por ela: A ação de Jesus para com a igreja é um modelo. Isto nos ajuda a definir tudo sobre o que o amor ágape significa: é um amor de auto sacrifício. Como um marido deveria amar sua esposa? Assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela. O isso envolveu? Talvez a melhor afirmação com relação a este assunto está em Filipenses 2:5-8, onde mostra que o foco de Jesus estava na igreja. Foi pela igreja que Ele fez o que fez, não para Si mesmo.
i. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz! (Filipenses 2:5-8).
ii. Esta palavra é especialmente necessária para maridos que veem a liderança na submissão com compreensão mundana ao invés de compreensão piedosa. Alguns maridos pensam que porque Deus disse que eles são a cabeça do lar e a esposa é obrigada a se submeter a eles que eles não têm que ser humildes, dar suas vidas, e se sacrificar pelo benefício de suas esposas. Eles precisam entender a diferença de pensar entre liderança terrena e liderança piedosa.
·A liderança mundana diz: “Eu sou sua cabeça, então você recebe suas ordens de mim e deve fazer o que quer que eu queira”.
·A liderança piedosa diz: “Eu sou sua cabeça, então eu devo cuidar de você e lhe servir”.
·A submissão mundana diz: “Você deve se submeter a mim, então aqui estão as coisas que eu quero que você faça para mim”.
·A submissão piedosa diz: “Você deve se submeter a mim, então eu sou responsável por você diante de Deus. Eu devo cuidar de você e lhe servir”.
iii. Este não é o ápice do amor romântico como o mundo o conhece. Este amor não e baseado em aparência, imagem, na capacidade de ser cortês e descolado modernamente. Isto é amor expressado através do sacrifício.
d. Tendo-a purificado pelo lavar da água mediante a palavra: Quando Jesus entregou-se pela igreja na cruz, também providenciou a limpeza de toda mancha que o pecado cria. Já que a obra de Jesus na cruz vem a nós através da Palavra de Deus e a palavra pregada, pode ser dito que nós somos lavados com a água mediante a palavra.
i. Quando Paulo escreveu lavar da água mediante a palavra, ele usou a palavra grega antiga rhema. “É verdade que rhema não é exatamente a mesma coisa que logos, porém carrega consigo o sentido definitivo da palavra falada…ela pode ter o sentido daquela verdade como proclamada, a Palavra do Evangelho pregada”. (Salmond) Há algo purificador sobre estar debaixo do ensinamento da Palavra.
ii. “Eu não acredito que o batismo aqui é a intenção, nem mesmo referido. Eu sei que a maioria dos comentadores dizem que é. Eu acho que não. Me parece que uma palavra explica o todo. Cristo se sacrifica e nos purifica pelo lavar da água, mas que tipo de água? Pela Palavra. A água que lava o pecado, que limpa e purifica a alma é a Palavra”. (Charles Spurgeon, Um batismo confirmado).
iii. Isto fala sobre o trabalho de Jesus pela igreja. Obviamente, um marido não pode limpar sua esposa espiritualmente do mesmo jeito que Jesus limpa a igreja. Contudo, um marido pode criar um interesse ativo e carinhoso pela saúde espiritual de sua esposa. Como o padre do lar, ele a ajuda a se manter “limpa” diante do Senhor.
e. Para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa: Isto significa que Jesus em pessoa compartilha Seus prospectos, Seu futuro com Sua noiva. Um marido cristão deveria também compartilhar seus prospectos e futuro com sua esposa. Até mesmo como a esposa compartilhará do futuro do marido, então nós compartilharemos do glorioso futuro de nosso Senhor.
i. “Visto que a Igreja não é adequada para Cristo por natureza, ele decidiu torná-la assim pela graça. Ele não podia estar em comunhão com o pecado. Portanto ele deve ser expurgado. A santidade perfeita foi absolutamente necessária para alguém que iria se tornar a noiva de Cristo. Ele propõe trabalhar isto nela e fazê-la digna de ser sua esposa eternamente. O grande meio pelo qual ele tenta fazer isto é: ‘entregou-se por ela’”. (Spurgeon)
f. Sem mancha nem ruga: A ideia não é que a noiva esteja neste estado antes do dia do casamento, mas no dia do casamento. Somos feitos puros dessa maneira no céu quando nos juntamos a Jesus Cristo de um modo que vai além de qualquer experiência anterior.
i. “O Espírito Santo parece usar o máximo da linguagem para descrever esta pureza. Ele diz: ‘sem mancha nem ruga ou coisa semelhante!’ Ela não terá nada como uma mancha, nada que possa ser interpretado como uma ruga; ela deve ser justa, e o mundo será compelido a reconhecer que ela o é”. (Spurgeon)
ii. “Quando Ele a apresenta a Ele mesmo, com todas as principalidades e poderes e hierarquias cerradas por todos os potentados do céu olhando para esta coisa maravilhosa e investigando e examinando ela, não haverá um único defeito, não haverá uma mancha sobre ela. O exame mais cuidadoso não será capaz de detectar um resquício de indignidade ou de pecado”. (Lloyd-Jones)
5. (28-29) A aplicação dos princípios sob os deveres de um marido Cristão.
Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja.
a. Da mesma forma, os maridos: Em Efésios 5:22-24, Paulo deu três razões para a submissão da esposa cristã ao seu marido. Ao dirigir-se aos maridos cristãos, Paulo também dá três razões para amarem sua esposa:
i. A primeira é: eles deveriam amar suas esposas dessa maneira porque isto é o que o amor é. Paulo indica isso em Efésios 5:25: Maridos, ame cada um a sua mulher.
ii. A segunda: eles deveriam amar suas esposas dessa maneira porque o relacionamento entre marido e mulher tem um modelo: o relacionamento de Jesus e Sua igreja. Paulo indica isso em Efésios 5:25-29: Assim como Cristo amou a igreja…Da mesma forma os maridos devem amar cada um sua mulher…como também Cristo faz com a igreja.
iii. A terceira razão é encontrada em Efésios 5:28-32. O marido cristão deve amar sua esposa desta maneira porque você é um com ela, assim como Jesus é um com a igreja.
b. Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua mulher como a seu próprio corpo: A expressão como é importante. Paulo não disse: “Assim então, os homens devem amar suas esposas do mesmo jeito que amam seus corpos”. Isto seria uma melhora em muitos casos, mas não é este o significado. O significado é: “Assim então, os homens devem amar suas esposas porque elas são seus próprios corpos”.
i. Um homem deve amar sua esposa como amaria seu próprio corpo, como uma parte dele mesmo. Assim como Eva era uma parte de Adão, tirada de seu lado, da mesma forma é a esposa para o homem porque ela é uma parte dele. A realidade dessa unidade deve dominar o pensamento e ações do marido no casamento.
ii. “O Apóstolo coloca isso desta forma para que o marido veja que ele não pode se separar da sua esposa. Você não consegue se separar do seu corpo, então você não pode se separar de sua esposa. Ela é uma parte de você, diz o Apóstolo, então sempre se lembre disso”. (Lloyd-Jones)
iii. “O marido deve perceber que sua esposa é uma parte dele mesmo. Ele não sentirá isto instintivamente; isso deve ser ensinado a ele; e a Bíblia ensina isto em todas as suas partes. Em outras palavras, o marido deve entender que ele e sua esposa não são dois; eles são um”. (Lloyd-Jones)
iv. Isto significa que para haver sucesso no relacionamento matrimonial, devemos pensar e entender. O mundo depende de ideias românticas demais sobre amor e de sentimentos para fazer um casamento funcionar, e nunca realmente faz uma pessoa pensar sobre e entender o casamento.
c. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo: De maneira simples, quando você ama sua esposa, você se beneficia. Talvez seja melhor colocar na negativa: quando você negligencia sua esposa, você negligencia a si mesmo, e isto vai voltar para te prejudicar.
i. Todos nós sabemos como é negligenciar algo – como um barulho ou questão de manutenção de um automóvel – e isso volta para nos prejudicar. Maridos, isto é ainda mais verdade com relação a sua esposa, porque ela é parte de você. Somente um tolo negligencia seu próprio braço quebrado ou perna infectada; ainda sim, há muitos maridos tolos que prejudicam ou negligenciam suas esposas e eles o fazem e sofrem por isso.
ii. “Em nível prático, portanto, todo o pensamento do marido deve incluir também sua esposa. Ele nunca deve pensar nele mesmo isolada ou separadamente. O momento em que ele o faz, ele quebrou o princípio mais fundamental do casamento. De certa forma, o momento que um homem pensa nele mesmo isoladamente, ele quebrou o casamento. E ele não tem o direito de fazer isto! Há um sentido no qual ele não pode fazer isso, por que a esposa é uma parte dele mesmo. Mas se isto acontecer, ele certamente infligirá um grave dano à sua esposa; e é um dano no qual ele mesmo estará envolvido porque ela é uma parte dele”. (Lloyd-Jones)
d. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida: Qualquer homem de mente sã vai tomar conta de seu próprio corpo, até mesmo se for somente no sentido de alimentar, vestir e cuidar de seu próprio corpo. Ele sabe que se não o fizer, ele sofrerá por isso. Da mesma forma, uma vez que sabemos sobre o fato Bíblico desta união, se estamos de mente sã nós iremos nutrir e cuidar de nossas esposas porque ela é parte de nós.
e. Como também Cristo faz com a igreja: O princípio da união também é dominante no relacionamento entre Jesus e Seu povo.
·Há união de vida: Nós compartilhamos da mesma vida ressuscitada vital que reside no próprio Jesus.
·Há união de serviço: Temos o privilégio de sermos companheiros de trabalho de nosso Senhor.
·Há união de sentimento: Jesus sente uma simpatia única por nós, e nós sentimos uma simpatia única por Ele.
·Há união de necessidade mútua: Não podemos existir sem Ele e Ele não pode existir sem nós, no sentido em que um redentor não é um redentor sem nenhum redimido; um salvador não é um salvador sem nenhum salvo.
·Há união de natureza: O mesmo código genético nos liga com nosso Salvador e nós somos participantes da natureza divina.
·Há união de posse: Compartilhamos das riquezas de Sua glória tanto agora quanto na era que está para vir.
·Há união da condição presente: Quando nosso Salvador é elevado às alturas, Seu povo também é elevado com Ele.
·Há união do destino futuro: Seremos glorificados com Ele.
6. (30-32) A união mística entre Jesus e a Igreja e sua relação com o casamento.
Pois somos membros do seu corpo. “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne.” Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja.
a. Pois somos membros do seu corpo: Paulo aqui fecha a analogia como um círculo. Primeiro, o relacionamento entre Jesus e a igreja falou para nós sobre o relacionamento entre marido e mulher. Agora o relacionamento matrimonial fala para nós sobre o relacionamento entre Jesus e Seu povo.
b. Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne: Paulo citou essa passagem essencial do Gênesis 2:24. Relevante ao casamento, ela mostra que assim como o primeiro homem e a primeira mulher foram um – ela foi tirada dele, e então trazida de volta a ele – então poderia ser dito o mesmo de cada homem casado hoje que ele está unido à sua esposa. Deus fez a união. Os maridos podem ressenti-la, eles podem resistir a ela, eles podem ignorá-la, mas isso não muda o fato.
i. Isto mostra um princípio fundamental para promover união no casamento: deve haver uma partida (de associações anteriores) e uma fusão (juntando-se como um).
c. Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja: Seria fácil pensar que a passagem de Gênesis 2:24 (também citada por Jesus em Mateus 19:5) somente fala sobre casamento. Paulo quer que nós saibamos que ela também fala do relacionamento entre Cristo e a igreja.
i. Isso é verdade com relação ao modelo do primeiro homem e a primeira mulher. “A mulher foi feita no começo como o resultado de uma operação que Deus fez no homem. Como a igreja nasceu? Como o resultado de uma operação que Deus fez no Segundo Homem, Seu filho primogênito e amado no Monte do Calvário. Um sono profundo caiu sobre Adão. Um sono profundo caiu sobre o Filho de Deus, Ele deu o espírito, Ele expirou e lá da operação a igreja foi tirada. Como a mulher foi tirada do lado de Adão, da mesma forma a igreja é tirada de Cristo. A mulher foi tirada do lado de Adão; e é do lado ensanguentado e ferido do Senhor que vem a igreja”. (Lloyd-Jones)
ii. Isto também é verdade com relação ao modelo de casamento no geral.
·Isso nos mostra que Jesus quer mais do que um relacionamento apenas externo e superficial.
·Isso nos mostra que Jesus quer que sejamos um com Ele.
·Isso nos mostra que há um sentido no qual Jesus está incompleto sem nós. Adão estava incompleto sem Eva; podemos dizer que Eva cria a “plenitude” de Adão e cria aquilo que estava faltando nele. E isso é exatamente o que a igreja faz por Jesus; Efésios 1:23 fala sobre igreja: que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas.
iii. Isso mostra a conexão comum de unidade e união os dois relacionamentos. “Unidade, marque você, pois essa é a essência do vínculo matrimonial. Somo um com Cristo que fez dele mesmo um com seu povo”. (Spurgeon)
7. (33) Um comentário resumido aos maridos e mulheres.
Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito.
a. Portanto: Paulo realmente ensinou duas coisas ao mesmo tempo. Ele ensina sobre casamento, mas ele também ensina sobre o modelo de casamento de Deus – o relacionamento entre Jesus e Seu povo. Então em Efésios 5:31 e 32 ele focou no relacionamento entre Jesus e Seu povo e está ficando bem animado com isso. Então Paulo pareceu lembrar-se de que seu tópico principal era casamento, então por isso ele usou a palavra portanto em Efésios 5:33.
i. Este foi o modo de Paulo dizer: “Eu sei que eu saí um pouco do tópico. Então, vamos voltar à questão do casamento e eu vou resumir para vocês. Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito”.
b. Cada um de vocês: Isto significa que todos estão incluídos. Podemos dizer isto de todo o ensinamento sobre casamento. É fácil dizer – “Bem, eu apenas não sou esse tipo de pessoa, então eu nunca foi fazer bem isso”. Maridos façam, dizendo: “Eu apenas não sou muito amoroso”. Esposas façam, dizendo: “Eu apenas não sou do tipo submissa”. Contudo, não importando qual é nossa disposição natural, temos um alvo a acertar e cada um de vocês significa que todos nós deveríamos focar nosso olhar no alvo que a Bíblia nos mostra.
c. Também ame a sua mulher como a si mesmo: Paulo mais uma vez enfatizou a unidade que um marido deve reconhecer e deixar formar seu pensamento e ações.
i. “A unidade é o princípio central do casamento; e a razão pela qual, muitas pessoas deste mundo moderno nunca tiveram nenhuma ideia do que envolve um casamento, a partir do ponto da unidade, da qual que eles estão andando tão largados e quebrando seus votos e promessas, tanto que o divórcio se tornou um dos maiores problemas de nossa época. Eles nunca viram esta unidade; eles estão pensando nos termos de suas individualidades, daí então você tem duas pessoas buscando seus direitos e, portanto você tem confrontos e discórdia e separação. A resposta para tudo isso, diz Paulo, é entender este grande princípio de unidade”. (Lloyd-Jones)
ii. “A ele é dada a posição de dignidade e liderança e de chefia; e se ele entender o que isso significa ele nunca irá abusar dela, ele nunca irá usá-la de forma errônea, sendo duro e ditatorial ou cruel ou injusto. Ser culpado de tal comportamento é uma negação do princípio matrimonial, e significa que há uma ausência do Espírito”. (Lloyd-Jones)
d. E a mulher: Aqui, Paulo pediu a esposa para prestar uma atenção especial. Este pode ser um ponto onde muitas esposas podem se desculpar por uma razão ou outra, mas Paulo enfatizou: “E a mulher”.
e. A mulher trate o marido com todo o respeito: Esta palavra respeito é a mesma palavra geralmente usada para o temor e espanto reverencial que os discípulos tinham por Jesus. É uma afirmação forte, mas ela indica que a mulher deveria respeitar tanto o marido que aponta para essa direção.
i. “O Apóstolo usou uma palavra muito marcante aqui. Ela é corretamente traduzida na Versão Autorizada como ‘reverência’; porém a palavra quer realmente dizer ‘medo’. ‘E a mulher tenha certeza de que tema a seu marido’. Porém devemos lembrar que há diferentes tipos de medo…ele fala do medo ‘reverencial’ aqui. O que realmente significa é ‘deferência’, ‘com obediência reverencial’”. (Lloyd-Jones)
ii. “A esposa deve tratar seu marido com deferência; em outras palavras, ela deve reconhecer esta visão Bíblica e Cristã do casamento, ela deve considerar o marido como seu cabeça, a cabeça dessa nova unidade. Ambos são um, mas há uma cabeça na unidade, assim como há uma cabeça em nosso corpo, assim como Cristo é a Cabeça da igreja”. (Lloyd-Jones)
f. Cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito: Se a mensagem de Paulo nesta grande passagem pudesse ser resumida em dois princípios que devem governar nosso pensamento e nossas ações como pessoas casadas, eles são:
·Maridos: Entendam que vocês e sua esposa são um, são uma unidade.
·Esposas: Entendam que sua unidade tem uma cabeça – seu marido.
i. Esposas são rápidas a abraçar e entender o princípio do marido, e elas querem que este seja o princípio governante do casamento.
ii. Maridos são rápidos a abraçar e entender o princípio da esposa, e eles querem que este seja o princípio governante do casamento.
iii. Mas devemos deixar nosso princípio nos governar. Quando você tem um marido pensando: “Eu sou um com minha esposa, e eu devo pensar e agir dessa maneira”, e uma esposa pensando: “Meu marido é a cabeça de nossa unidade e eu preciso respeitar e deferir a ele como a cabeça”, aí então você terá um casamento Bíblico saudável.
iv. “A coisa suprema está sempre em considerar nosso Senhor Jesus Cristo. Se um marido e esposa estão juntos considerando Ele, você não precisa se preocupar sobre seu relacionamento um com o outro”. (Lloyd-Jones)
(c) 2021 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com