Efésios 1




Efésios 1 – O Plano Final de Deus

A. Introdução à carta de Paulo aos Efésios.

1. O caráter e os temas da carta de Paulo aos Efésios.

a. A carta de Paulo aos Efésios é diferente em comparação com muitas das outras cartas do Novo Testamento que ele escreveu. Como Romanos, Efésios não foi escrito tanto para tratar de problemas em uma igreja em particular; mais ainda, foi escrito para explicar alguns dos grandes temas e doutrinas do Cristianismo.

i. Os temas elevados de Efésios o tornam altamente elogiado e valorizado pelos comentaristas. Efésios foi chamado de “a Rainha das Epístolas”, “a quintessência do Paulinismo”, “a mais divina composição do homem” e até mesmo “o Waterloo dos comentaristas”. Alguns dizem que Efésios se lê “como um comentário sobre as cartas paulinas” e provavelmente foi mais bem denominado “a coroa do paulinismo”. (Bruce)

ii. “Resume em grande medida os principais temas dos escritos paulinos… Mas faz mais do que isso; leva o pensamento das cartas anteriores para um novo estágio”. (Bruce)

iii. “Entre as epístolas que levam o nome de São Paulo, não há nenhuma maior do que esta, nem qualquer com um caráter mais inteiramente próprio… Há uma elevação peculiar e sustentada em seu ensino que impressionou profundamente as maiores mentes e conquistou para isso, o título da ‘Epístola da Ascensão.” (Salmond)

iv. “A Epístola aos Efésios é um Corpo Divino completo. No primeiro capítulo você tem as doutrinas do evangelho; no próximo, você tem a experiência dos cristãos; e antes que a epístola termine, você tem os preceitos da fé cristã. Quem quer que queira ver o cristianismo em um tratado, deixe-o ‘ler, marcar, aprender e digerir interiormente’ a Epístola aos Efésios.” (Spurgeon)

b. Se a Carta aos Romanos se concentra mais na obra de Deus no cristão individual, Efésios inclui os grandes temas da obra de Deus na igreja, a comunidade dos crentes.

i. Karl Marx escreveu sobre um novo homem e uma nova sociedade, mas via o homem e a sociedade em termos quase puramente econômicos e oferecia apenas respostas econômicas. Em sua carta aos Efésios, Paulo também viu o novo homem e uma nova sociedade, mas ele viu tudo realizado pela obra de Jesus.

c. Efésios tem muitas semelhanças com a carta de Paulo aos Colossenses. Visto que Paulo escreveu a ambos de sua prisão em Roma, sua mente pode ter trabalhado nos mesmos temas quando escreveu cada carta.

i. “Ele escreveu aos colossenses para enfrentar uma situação e perigo específicos na igreja de Colossos. Então, com sua mente ainda trabalhando sobre o tema da grandeza e glória de Cristo, mas avançando para considerar o lugar da Igreja no propósito de Deus, ele escreveu Efésios, desta vez sem a limitação de quaisquer objetivos polêmicos.” (Foulkes)

ii. Ao examinar os grandes e majestosos temas de Efésios, é importante lembrar que Paulo escreveu essa carta da prisão.

d. Paulo escreveu em 1 Coríntios 2:9-10: Mas como está escrito: “Todavia, como está escrito: “Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam”; mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus.

2. (1-2) A saudação de Paulo aos Efésios.

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus, aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso: A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

a. Paulo, apóstolo de Cristo Jesus: O início da carta é breve, sem as saudações mais detalhadas de Paulo frequentemente encontradas em suas outras cartas.

b. Aos santos e fiéis em Cristo Jesus que estão em Éfeso: Em alguns manuscritos antigos, há um espaço em branco em vez das palavras em Éfeso. Baseados parcialmente nisso, alguns acreditam que esta carta era na verdade uma carta circular escrita não para nenhuma congregação, mas destinada a ser passada a muitas congregações diferentes em cidades diferentes.

i. Não há dúvida de que essa carta foi destinada a Éfeso, e Éfeso era uma cidade importante para Paulo. “Aqui estava sua conhecida Éfeso. Aqui, pelo espaço de três anos completos – uma duração única de trabalho estacionário para ele – ele viveu e trabalhou, não apenas como missionário apostólico, mas como pastor apostólico. Aqui ele deu aquele passo crítico e importante, a ‘separação’ dos discípulos da Sinagoga para um local distinto de ensino e, sem dúvida, de adoração, ‘a escola de um chamado Tirano’, a sala de aula, podemos supor, de um professor amigável no que podemos chamar de Universidade de Éfeso. Aqui ele trabalhou, observou e chorou, tanto pela comunidade quanto pelos indivíduos.” (Moule)

ii. Ao mesmo tempo, podemos deduzir que a carta também se destinava a um sentido mais geral – para circular entre os cristãos como uma grande declaração do plano eterno de Deus, executado na igreja e na vida cristã individual. Se há um espaço em branco em um manuscrito onde outros leram em Éfeso, é certamente porque devemos colocar nossa cidade nesse espaço em branco.

c. A vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai: esta saudação é típica de Paulo. O apóstolo conhecia o lugar essencial da graça e paz de Deus na vida do crente, e Ele sabia que receber a graça de Deus é antes de andar em paz com Ele.

B. A obra do Deus Triúno em favor do crente.

No grego antigo (o idioma em que Paulo escreveu originalmente), Efésios 1:3 a 1:14 formam uma longa frase. Assim como uma ópera tem uma abertura, dando o tom para todas as melodias que se seguirão, Efésios 1:3-14 dá o tom para o restante de Efésios.

1. (3-6) A obra de Deus Pai.

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade, para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado.

a. Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo: Paulo clamou por uma bênção sobre o Pai (no sentido de reconhecer Sua glória e honra e bondade), porque o Pai havia abençoado aos crentes com todas as bênçãos espirituais (que abençoou com todas as bênçãos espirituais).

i. Moule escreveu que a ideia por trás de abençoado é: “Louvado com amor e adoração”.

b. Que nos abençoou:esta bênção é nossa. Os recursos de Deus estão sempre disponíveis para nós. Isso fala de uma atitude de certeza e segurança.

i. “Não estamos sentados aqui, gemendo, chorando, preocupando-nos, e perguntando-nos, sobre nossa própria salvação. Ele nos abençoou; e, portanto, vamos abençoá-lo. Se você pensa pouco no que Deus fez por você, você fará muito pouco por ele; mas se você tem uma grande noção de sua grande misericórdia para com você, você será muito grato ao seu misericordioso Deus.” (Spurgeon)

ii. O “nós” inclui judeus e gentios na igreja de Éfeso e além. É importante ressaltar que essas bênçãos são para os crentes judeus e gentios. Os judeus do primeiro século tinham um forte sentimento de serem abençoados, chamados e predestinados. Paulo mostrou que essas coisas agora são dadas aos cristãos, sejam eles judeus ou gentios.

c. Com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo: Isso descreve o tipo de bênçãos e a localização dessas bênçãos. Essas são bênçãos espirituais, muito melhores do que as bênçãos materiais. Essas bênçãos são nossas nos lugares celestiais em Cristo; elas são mais elevadas, melhores e mais seguras do que as bênçãos terrenas.

i. “Nossos agradecimentos a Deus por todas as bênçãos temporais; elas são mais do que nós merecemos.Mas nossa gratidão deve ir a Deus ainda mais por bênçãos espirituais. Um novo coração é melhor do que um novo casaco. Alimentar-se de Cristo é melhor do que ter o melhor alimento terreno. Ser um herdeiro de Deus é melhor do que ser o herdeiro do maior nobre. Ter Deus como nossa porção é abençoado, infinitamente mais abençoado do que possuir vastos hectares de terra. Deus nos abençoou com bênçãos espirituais. Essas são as mais raras, as mais ricas, as mais duradouras de todas as bênçãos; elas não têm preço.” (Spurgeon)

ii. Se não apreciamos as bênçãos espirituais, então vivemos no nível dos animais. Os animais vivem apenas para comer, dormir, se divertir e se reproduzir. Somos feitos à imagem de Deus e Ele tem algo muito mais elevado para nós, mas muitos optam por viver no nível dos animais. Deus quer que conheçamos todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo.

iii. Também observamos que isso inclui todas as bênçãos espirituais.

• Isso significa que toda bênção que recebemos, recebemos em Cristo.

• Isso significa que Deus deseja nos abençoar com todas as bênçãos disponíveis para nós.

d. Porque Deus nos escolheu nele: Nossa posse de todas as bênçãos espirituais é tão certa quanto sermos escolhidos por Ele, e escolhidos antes da fundação do mundo.

i. Não ousamos diminuir o que Paulo escreve aqui. Os crentes são escolhidos por Deus, e são escolhidos antes de fazerem algo ou serem algo para Deus. A grande luz desta verdade projeta algumas sombras; a saber, tentando reconciliar a responsabilidade humana com a soberania divina. No entanto, o propósito da luz não é lançar sombras, mas guiar nossos passos. A luz da seleção de Deus nos dá a garantia da permanência de Seu plano e de Seu amor por nós.

ii. As razões para a escolha de Deus não são caprichosas, nem aleatórias. Embora já não tenhamos descoberto, sabemos que são totalmente sábias e boas, mas as razões estão todas Nele, não em nós. Sua escolha é de acordo com o bom prazer de Sua vontade (Efésios 1:5).

iii. Somos escolhidos Nele. “Pois, se somos escolhidos em Cristo, está fora de nós. Não é do ponto de vista de nosso merecimento, mas porque nosso Pai celestial nos enxertou, por meio da bênção da adoção, no Corpo de Cristo. Em suma, o nome de Cristo exclui todo mérito e tudo o que os homens têm de si”. (Calvino)

e. Para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença:Somos escolhidos não só para a salvação, mas também para a santidade. Qualquer compreensão da escolha soberana de Deus que diminua nossa responsabilidade pessoal pela santidade e santificação pessoal está muito aquém de todo o conselho de Deus.

i. “As palavras [santo e sem culpa] são uma metáfora tirada dos sacrifícios perfeitos e imaculados que a lei exigia que o povo trouxesse ao altar de Deus.” (Clarke)

ii. Não podemos esquecer as palavras de amor. Santidade e irrepreensibilidade não são nada sem amor. “Mas como o amoré o cumprimento da lei, e o amoré a fonte de onde fluiu sua salvação, o amor deve encher seus corações para com Deus e uns para os outros.” (Clarke)

f. Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo: Este é o destino do Pai para os Seus escolhidos – que eles desfrutassem da adoção como filhos. O desdobramento do plano de Deus para nós não inclui apenas a salvação e a transformação pessoal, mas também um relacionamento caloroso e confiante com o Pai.

i. Na lei romana, “Quando a adoção era concluída, ela estava realmente completa. A pessoa adotada tinha todos os direitos de um filho legítimo em sua nova família e perdeu completamente todos os direitos de sua antiga família. Aos olhos da lei, ele era uma nova pessoa. Ele era tão novo que até mesmo todas as dívidas e obrigações relacionadas com sua família anterior eram abolidas como se nunca tivessem existido.” (Barclay)

ii. Gaebelein leva o pensamento ainda mais longe: “Os crentes no Senhor Jesus Cristo não são adotados na família de Deus; eles nascem na família. O grego tem apenas uma palavra para ‘em lugar de filho’. Somos colocados na posição de Filhos.”

iii. Essa posição elevada na família de Deus nos dá algo em Jesus que Adão nunca teve. “Quando as pessoas nos fazem a pergunta especulativa porque Deus seguiu em frente com a criação quando sabia que seria seguida pela queda, uma resposta que podemos dar provisoriamente é que ele nos destinou a uma dignidade mais elevada do que a própria criação nos daria.” (Stott)

g. Para o louvor da sua gloriosa graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado: O aspecto relacional é enfatizado novamente quando Paulo descreve o status de aceito (charito, “altamente favorecido” ou “cheio de graça” como em Lucas 1:28) que é concedido a cada crente por causa da graça de Deus.

i. Jesus foi completamente aceito pelo pai. Todo o Seu caráter, todas as Suas palavras, todas as Suas obras eram aceitáveis a Deus Pai. E agora somos aceitos no Amado.

ii. Paulo percebeu que esse plano deu glória à graça de Deus. “Ao dar a LEI, a justiça e santidade de Deus foram tornadas mais gloriosas; pela dádiva do EVANGELHO, sua graça e misericórdia tornam-se igualmente gloriosas.” (Clarke) O plano de Deus no evangelho é frequentemente rejeitado porque glorifica a Deus e Sua graça e não o esforço ou realização do homem.

iii. Bruce sobre a ideia de ser aceito por Deus na posição da graça: “A graça de Deus se estendeu ao seu povo e os envolveu: ele os ‘agraciou’, diz Paulo (usando um verbo derivado da palavra grega para ‘graça’).”

iv. Crisóstomo, falando da obra pela qual Deus nos torna aceitos no Amado: “É como se alguém pegasse um leproso e o transformasse em um jovem adorável”.

2. (7-8) A obra de Deus o Filho.

Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, a qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento.

a. Nele temos a redenção por meio de seu sangue: O Ele é o Amado de Efésios 1:6. Nele temos redenção e em nenhum outro lugar. Não há redenção possível fora de Jesus e Seu sangue redentor.

i. A redenção sempre implica o pagamento de um preço pela liberdade adquirida. Ele usa a antiga palavra grega lootruo, que significa “libertar mediante o recebimento de um resgate”. (Gaebelein) Aqui o preço é o Seu sangue, mostrando que a bênção do Pai e do Filho não vem apenas de um decreto divino, mas também vem de acordo com Sua justiça e santidade. Ele não pode abençoar em oposição à Sua justiça e santidade.

ii. Jesus não nos redime por Sua vida sem pecado ou Seu exemplo moral, mas apenas por Sua morte em nosso lugar – por Seu sangue. “Observe, não é a redenção pelo seu poder, é pelo seu sangue. Não é redenção por meio de seu amor, é por meio de seu sangue.” (Spurgeon)

iii. Não devemos ter uma visão supersticiosa ou mística do “sangue”. Não foi o sangue físico de Jesus que salvou ninguém, mas o Seu pagamento real e total pelos pecados do homem em toda a Sua pessoa na cruz. Isso é o que o Novo Testamento quer dizer quando fala sobre o “sangue”.

b. De acordo com as riquezas da graça de Deus: A redenção e o perdão que nos foi dado vêm de acordo com a medida das riquezas de Sua graça. Não é uma “pequena” redenção ou perdão conquistado por Jesus na cruz. É imenso.

c. O qual ele derramou sobre nós com toda a sabedoria e entendimento: Muitos pensam que não é sábio da parte de Deus esbanjar tal redenção e perdão aos pecadores culpados. Mas foi com toda a sabedoria e prudência que Ele nos deu isso.

3. (9-12) O mistério de Sua vontade.

E nos revelou o mistério da sua vontade, de acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo, isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos. Nele fomos também escolhidos, tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória.

a. E nos revelou o mistério da sua vontade: Parte do que nos pertence sob as riquezas de Sua graça é o conhecimento do mistério de Sua vontade, o grande plano e propósito de Deus que antes estava oculto, mas agora nos é revelado em Jesus. Por meio do apóstolo Paulo, Deus nos chamou para considerar a grandeza do grande plano de Deus para todos os tempos e nosso lugar nesse plano.

i. “No sentido do Novo Testamento, um mistério é algo que está oculto para os pagãos, mas é claro para o cristão.” (Barclay)

ii. A ideia por trás da palavra dispensação também reflete um plano ou uma estratégia. “O plano que o senhor de uma família, ou seu administrador, estabeleceu para a gestão da família… significa, também, um plano para a gestão de qualquer tipo de negócio.” (Clarke)

b. Para que…de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas: o plano final de Deus é convergir – para resolver definitivamente – todas as coisas em Cristo, seja por meio de Jesus como Salvador ou Jesus como Juiz; isso acontecerá na plenitude dos tempos.

i. A palavra para convergir tem a ideia de “unir” ou “resumir”. Foi usado para o processo de somar uma coluna de números e colocar a soma no topo. A ideia de Paulo é que Deus fará com que todas as coisas “se acumulem” no final, e agora Ele está no processo de chegar a essa soma final.

ii. Isso mostra que Deus deseja unificar todas as coisas em nossas vidas sob ele. “É uma heresia de nossos tempos dividir a vida em sagrada e secular.” (Foulkes)

iii. Esta é a grande resolução e libertação pela qual até a criação geme (Romanos 8:18-22), o dia em que todo erro será corrigido e todo assunto resolvido de acordo com o amor e a justiça santa de Deus.

iv. Bruce sobre a plenitude dos tempos: “Quando chegar o momento da consumação de seu propósito, em sua providencial sobreposição do curso do mundo, essa consumação será realizada.”

c. Nele fomos também escolhidos: para os crentes, Jesus não é um juiz, mas aquele em que temos uma herança. Os crentes são predestinados para isso de acordo com o conselho de Sua vontade– novamente, as razões de Sua escolha residem Nele, não em nós.

d. Tendo sido predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade: Vemos três aspectos do plano de Deus trabalhando juntos. Começa com Seu propósito, depois o conselho de Sua vontade e, finalmente, resulta em Sua obra. Deus fez Seu plano cuidadosamente de acordo com um propósito eterno, aconselhando-se dentro da Deidade, e então Ele trabalha com toda a sabedoria.

i. “Nosso Deus é um Deus que não só quer; Ele trabalha; e Ele trabalha de acordo com a Sua vontade… A palavra conselho significa planejamento e organização deliberados, nos quais as formas e meios de realizar à vontade são considerados e providenciados.” (Morgan)

ii. Pelo conselho de Sua vontade: “Deus tudo faz por conselho e sempre tem uma razão de sua vontade, a qual, embora não vejamos no presente, veremos no último dia. Enquanto isso, se submeta.” (Trapp)

e. Segundo o propósito da sua vontade, a fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo, sejamos para o louvor da sua glória:o propósito de Deus em tudo isso é para que aqueles que confiaram em Cristo existam para o louvor da Sua glória. O objetivo do plano final de Deus é glorificá-lo.

f. A fim de que nós, os que primeiro esperamos em Cristo: Isso fala dos crentes judeus. As palavras quando vocês em Efésios 1:13 falam de crentes gentios. O grande plano de Deus tem um lugar para judeus e gentios e os reúne em Jesus.

4. (13-14) A obra do Espírito Santo.

Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória.

a. Nele, quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade: a escolha soberana de Deus funciona, mas não exclui a cooperação humana. Esses que foram escolhidos com tanta soberania também foram os que confiaram, ouviram a palavra da verdade e creram.

b. Vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa: Também essencial na obra de Deus, é a obra de selamento do Espírito Santo. Sua presença em nossas vidas atua como um selo que indica propriedade e que é uma garantia de nossa herança.

i. “O selo é, portanto, o próprio Espírito Santo, e Sua presença no crente denota propriedade e segurança. O selamento com o Espírito não é um sentimento emocional ou alguma experiência interior misteriosa.” (Gaebelein)

ii. A palavra garantia (“pagamento inicial”) é usada apenas no Novo Testamento do Espírito Santo. Ele é nosso único pagamento pela glória vindoura; nada mais é fornecido – ou necessário.

c. Vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa: o selamento não vem antes de acreditarmos, e aqueles que exigem alguma garantia de Deus antes de crerem tratam Deus como se Sua palavra não fosse confiável.

i. “Para a selagem é necessária a cera amolecida; a impressão do rosto amado; a pressão constante. Tomara que o Espírito imprima o rosto de nosso querido Senhor em nossos corações enternecidos, para que possam guardá-lo para sempre!” (Meyer)

d. Até a redenção daqueles que pertencem a Deus: Temos esta garantia até que sejamos “completamente comprados” por Deus por meio da ressurreição e glorificação – novamente, tudo para o louvor de Sua glória.

C. Paulo ora à luz do plano final de Deus e da obra do Deus Triúno.

1. (15-16) Declaração de oração de Paulo e declaração de agradecimento.

Por essa razão, desde que ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor que demonstram para com todos os santos, não deixo de dar graças por vocês, mencionando-os em minhas orações.

a. Desde que ouvi falar da fé que vocês têm no Senhor Jesus: Quando Paulo ouviu sobre a e o amor dos efésios, ele não pôde fazer mais nada a não ser agradecer por eles. Isso porque sua e amor eram evidências de sua participação nesta grande obra de Deus.

i. A fé e o amor não nos garantem a participação nesta grande obra de Deus. Elas são evidências de nossa participação no plano de Deus.

b. E do amor que demonstram para com todos os santos: Significativamente, Paulo deu graças, não por seu amor a Deus, mas por seu amor por todos os santos. A verdadeira evidência da obra de Deus em nós não é o amor que afirmamos ter por Ele, mas nosso amor por Seu povo que outros podem ver (1 João 4:20, João 13:14 e João 13:34-35).

c. Mencionando-os em minhas orações: Paulo não apenas deu graças pela obra de Deus entre os efésios; ele também orou para que continuasse com mais força, como a oração em Efésios 1:17-23 deixa claro.

i. Paulo nos mostra aqui que os pregadores devem fazer mais do que pregar para seu público – eles também devem orar por eles. “Se um ministro fará mais bem aos outros por meio de suas orações ou pregação, eu não determinarei, mas ele certamente colherá mais conforto para si mesmo por meio de suas orações.” (Trapp)

ii. Paulo frequentemente orava fazendo menção a outros em oração. Quando ele orou, ele mencionou os cristãos em Roma (Romanos 1:9), os cristãos em Tessalônica (1 Tessalonicenses 1:2) e Filemom (Filemom 1:4).

2. (17) Paulo ora para que eles conhecessem a Deus.

Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento dele.

a. Lhes dê espírito de sabedoria e de revelação: Paulo orou para que o Pai concedesse aos efésios o espírito de sabedoria e que Ele lhes desse revelação. Mas estes não são para que possam ver a vida de outras pessoas, ter a capacidade de prever eventos ou fazer o que normalmente chamamos de “coisas de profeta”. Ele queria que eles tivessem o espírito de sabedoria e revelação simplesmente para que tivessem um melhor conhecimento dEle (Deus).

b. No pleno conhecimento dEle: Nossa vida cristã deve estar centrada em torno deste propósito – conhecer a Deus como Ele é em verdade, conforme revelado por Sua Palavra, e corrigir nossas falsas edeias idólatras de quem é Deus.

c. Conhecimento dEle: é importante para nós ter um conhecimento preciso e compreensão de quem somos. No entanto, é muito mais importante (e benéfico) para nós sabermos e compreendermos quem é Deus.

i. Um famoso escritor chamado Alexander Pope escreveu: “Conhece-te então, não presume que Deus escaneie; o estudo adequado da humanidade é o homem.” Charles Spurgeon respondeu a esta famosa declaração: “Alguém disse que ‘o estudo adequado da humanidade é o homem’. Não vou me opor à ideia, mas acredito que seja igualmente verdade que o estudo adequado dos eleitos de Deus é Deus; o estudo adequado de um cristão é a Divindade. A ciência mais elevada, a especulação mais elevada, a filosofia mais poderosa que pode atrair a atenção de um filho de Deus, é o nome, a natureza, a pessoa, a obra, os feitos e a existência do grande Deus a quem ele chama de seu Pai.”

ii. “Pois a filosofia chega ao homem com a mensagem: Conheça a si mesmo; o Evangelho o encontra com a palavra de ordem muito mais gloriosa e fecunda: Conheça o teu Deus.” (Alford)

3. (18-19a) Paulo ora para que eles entendam tudo o que Deus lhes deu em Jesus Cristo.

Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dele nos santos e a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos.

a. Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados: Se os efésios conhecerem tudo o que Deus lhes deu em Jesus, será necessária uma obra sobrenatural. Isso exigirá que os olhos do seu entendimento sejam iluminados por Deus.

i. Paulo usou uma grande expressão ao falar dos olhos do seu entendimento (o coração é mais literal do que a compreensão). Muitos corações cristãos não têm olhos (lugares onde eles ganham conhecimento e entendimento), e muitos olhos cristãos não têm coração – Deus deseja que ambos estejam combinados em nós.

ii. “A palavra ‘coração’ nas Escrituras significa o próprio cerne e o centro da vida, onde a inteligência tem seu posto de observação, onde as reservas de experiência são armazenadas e os pensamentos têm sua fonte.” (Alford)

b. A fim de que vocês conheçam a esperança para a qual ele os chamou: Paulo queria que eles soubessem disso. Poucas coisas nos dão uma esperança mais segura e duradoura na vida do que simplesmente saber que Deus nos chamou e tem um chamado específico para cumprirmos.

i. A esperança de Seu chamado tem sua perspectiva no futuro. O crente tem um futuro glorioso de ressurreição, vida eterna, liberdade do pecado, justificação perfeita e gloriosa elevação acima dos próprios anjos.

c. As riquezas da gloriosa herança dele nos santos: Paulo queria que eles conhecessem a grandeza da herança de Deus em Seu povo. Normalmente pensamos apenas em nossa herança em Deus, mas Paulo queria que os efésios entendessem que eles são tão preciosos para Deus que Ele os considerava Sua própria herança.

i. Vários comentaristas acreditam que Paulo também falou da herança de Deus em Seu povo em Efésios 1:11. Mas essa é certamente a sua ideia aqui, com Paulo provavelmente tirando sua ideia de Deuteronômio 32:8-9: “Quando o Altíssimo deu às nações a sua herança, quando dividiu toda a humanidade, estabeleceu fronteiras para os povos de acordo com o número dos filhos de Israel. Pois o povo preferido do Senhor é este povo, Jacó é a herança que lhe coube.”

ii. Conhecendo nossa pobreza espiritual, nos perguntamos como Deus pode encontrar alguma herança nos santos. Mesmo assim, Deus pode enriquecer homens e mulheres pobres porque Ele investe muito neles. Ele investiu riquezas de amor, riquezas de sabedoria, riquezas de sofrimento, riquezas de glória. Essas coisas resultam em uma rica herança dos santos.

d. E a incomparável grandeza do seu poder para conosco, os que cremos: Paulo queria que eles soubessem quão grande é o poder de Deus para nós que cremos. Os cristãos devem saber que servem e amam um Deus de poder vivo que mostra Sua força em favor de Seu povo.

i. Muitos cristãos não conhecem esse poder – ou o conhecem apenas à distância. Deus deseja que a vida de ressurreição seja realna vida do crente. “O mesmo poder que ressuscitou a Cristo está esperando para tirar o bêbado de sua embriaguez, para tirar o ladrão de sua desonestidade, para tirar o fariseu de sua justiça própria, para tirar o saduceu de sua incredulidade”. (Spurgeon)

ii. Isso termina a parte do “pedido” da oração de Paulo. A seção a seguir explica mais sobre esse grande poder e o que ele fez. Paulo pediu essas coisas porque era importante pedir. Poderíamos dizer que a oração de Efésios 1:17-19 é essencialmente um pedido para que as promessas de Efésios 1:3-14 sejam consideradas reais na vida dos cristãos efésios.

iii. Da mesma forma, suas orações pelo crescimento espiritual e iluminação de outras pessoas são importantes. Se Paulo acreditava que era importante orar essas coisas pelos cristãos efésios, é importante que oremos pelos outros – e por nós mesmos.

4. (19b-21) Uma descrição do grande poder de Deus que Paulo deseja que os efésios conheçam.

Conforme a atuação da sua poderosa força. Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir.

a. Conforme a atuação da sua poderosa força: O poder que opera em nós é o grande poder que ressuscitou Jesus dos mortos. Com esse grande poder disponível para nós, nunca precisa haver uma “falta de poder” na vida cristã.

i. “Se a morte de Cristo é a demonstração suprema do amor de Deus… a ressurreição de Cristo é a demonstração suprema de seu poder.” (Bruce)

b. Fazendo-o assentar-se à sua direita:É o grande poder que elevou Jesus ao céu após Sua ressurreição, elevando-o acima de todos os inimigos demoníacos e de todos os inimigos em potencial de todos os tempos – esse mesmo poder está operando nos cristãos.

ii. “A mão direita é o lugar de amizade, honra, confiança e autoridade.” (Clarke)

c. Muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio: De outras passagens em Efésios (Efésios 3:10 e 6:12), sabemos que isso se refere a seres angelicais, tanto leais quanto letais. Não entendemos completamente as fileiras do reino angelical, mas sabemos que Jesus está acima deles. “Sabemos que o rei está acima de tudo, embora não possamos nomear todos os oficiais de sua corte. Portanto, sabemos que Cristo está acima de tudo, embora não possamos nomear todos os Seus súditos”. (Alford)

i. “Pense no paradoxo. O Apóstolo está falando de um Personagem de história recente, quase contemporânea… Ele trabalhou com as mãos, andou de um lugar para outro como outros homens, e o homem sem dúvida poderia descrever com precisão Sua aparência e maneiras quando Ele falou… Ele está agora ‘sentado à direita de’ Deus Todo-Poderoso, em Seu próprio trono”. (Moule)

5. (22-23) Onde este grande poder colocou Jesus.

Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés para ser como cabeça de todas as coisas para a igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância.

a. Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés: Este grande poder da ressurreição colocou Jesus acima de todas as coisas. Agora todas as coisas estão sob Seus pés. Ele definiu Jesus como a cabeça de todas as coisas, incluindo a igreja.

i. “Ele diz que Cristo em sua exaltação sobre o universo é um presente de Deus para a igreja.” (Wood)

b. A igreja, que é o seu corpo: Se Jesus é a cabeça, então a comunidade dos cristãos constitui o Seu corpo. A ideia da plenitude Dele aqui provavelmente está conectada à maneira como Jesus enche Sua igreja com Sua presença e bênçãos.

i. “Sim, isso é dado aqui como a glória final do Cristo infinitamente exaltado. Anjos e arcanjos estão sujeitos a ele. Mas os homens crentes estão unidos a Ele, com uma união tal que Ele e eles, por este mesmo mensageiro Seu, são chamados em outro lugar (1 Coríntios 12:12) um em ‘Cristo’.” (Moule)

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