Atos 26 – A defesa de Paulo Diante do Rei Agripa
A. Paulo fala em sua audiência diante do Rei Agripa.
1. (1-3) As palavras introdutórias de Paulo.
Então Agripa disse a Paulo: “Você tem permissão para falar em sua defesa”. A seguir, Paulo fez sinal com a mão e começou a sua defesa: “Rei Agripa, considero-me feliz por poder estar hoje em tua presença, para fazer a minha defesa contra todas as acusações dos judeus, e especialmente porque estás bem familiarizado com todos os costumes e controvérsias deles. Portanto, peço que me ouças pacientemente.
a. Então Agripa disse a Paulo: Paulo ficou de pé diante do homem de quem o tataravô tentou matar Jesus quando era bebê; seu avô ordenou João Batista a ser decepado; seu pai martirizou o primeiro apóstolo, Tiago. A história da família de Agripa o tornava improvável a receber Paulo calorosamente.
b. Rei Agripa, considero-me feliz por poder estar hoje em tua presença, para fazer a minha defesa: Embora fosse um prisioneiro, Paulo estava feliz de falar diante de Agripa. Primeiro, porque ele estava contente de ter a evidência de seu caso examinada de perto pelos mais altos oficiais, mas também porque ele estava contente de pregar o evangelho a reis e governantes.
i. Na sala de audiência na cidade de Cesaréia Paulo falou com Festo, Agripa, Berenice, comandantes da Legião Romana, e todos os homens proeminentes da Cesaréia (Atos 25:23). Esta foi uma tremenda oportunidade e Paulo estava certamente feliz por essa oportunidade.
ii. Este foi um cumprimento parcial do que o Senhor prometeu a Paulo em sua conversão: Vá! Este homem é meu instrumento escolhido para levar meu nome perante os gentios e seus reis, e perante o povo de Israel (Atos 9:15).
2. (4-5) O início da vida de Paulo como um judeu e fariseu fiel.
“Todos os judeus sabem como tenho vivido desde pequeno, tanto em minha terra natal como em Jerusalém. Eles me conhecem há muito tempo e podem testemunhar, se quiserem, que, como fariseu, vivi de acordo com a seita mais severa da nossa religião.
a. Tenho vivido desde pequeno, tanto em minha terra natal como em Jerusalém: Paulo nasceu em Tarso a várias milhas de Jerusalém. Contudo, em idade relativamente jovem veio morar em Jerusalém.
b. Como fariseu, vivi de acordo com a seita mais severa da nossa religião: Paulo não era apenas um judeu fiel, mas era conhecido como um homem fiel entre os judeus, vivendo de acordo com a seita mais severa de fariseus.
3. (6-8) Paulo como um judeu fiel e crente confronta Agripa por sua falta de fé.
Agora, estou sendo julgado por causa da minha esperança no que Deus prometeu aos nossos antepassados. Esta é a promessa que as nossas doze tribos esperam que se cumpra, cultuando a Deus com fervor, dia e noite. É por causa desta esperança, ó rei, que estou sendo acusado pelos judeus. Por que os senhores acham impossível que Deus ressuscite os mortos?
a. Agora, estou sendo julgado por causa da minha esperança no que Deus prometeu aos nossos antepassados: Paulo deixou claro que tanto em seu coração quanto em sua mente, ele permanecia um judeu fiel. Sua confiança em Jesus foi um crescimento adicional de sua confiança no que Deus prometeu e ele argumentou que é por causa desta esperança…que estou sendo acusado pelos judeus.
b. Por que os senhores acham impossível que Deus ressuscite os mortos? Como Agripa era bem familiarizado com todos os costumes e controvérsias deles (Atos 26:3), ele deveria ter entendido a crença de que Deus podia, ou ressuscitaria os mortos.
i. Por que os senhores acham impossível que Deus consiga fazer qualquer coisa? Como Jesus disse, para Deus todas as coisas são possíveis (Mateus 19:26). Ainda assim, deveria ser especialmente fácil para Agripa acreditar que Deus ressuscite os mortos, de acordo com declarações claras no Antigo Testamento (como por exemplo Jó 19:25-27), a natureza de Deus, e o entendimento intuitivo do eterno entre a humanidade.
4. (9-11) Paulo explica que uma vez perseguiu os seguidores de Jesus.
“Eu também estava convencido de que deveria fazer todo o possível para me opor ao nome de Jesus, o Nazareno. E foi exatamente isso que fiz em Jerusalém. Com autorização dos chefes dos sacerdotes lancei muitos santos na prisão, e quando eles eram condenados à morte eu dava o meu voto contra eles. Muitas vezes ia de uma sinagoga para outra a fim de castigá-los, e tentava forçá-los a blasfemar. Em minha fúria contra eles, cheguei a ir a cidades estrangeiras para persegui-los.”
a. Eu também estava convencido de que deveria fazer todo o possível para me opor ao nome de Jesus, o Nazareno: Antes de sua conversão, Paulo acreditava que ele deveria perseguir os seguidores de Jesus. Alguns que ele aprisionou (lancei…na prisão), alguns ele matou (eram condenados à morte), e alguns ele forçou a renunciar a Jesus (tentava forçá-los a blasfemar).
i. Paulo mais tarde fala do grande arrependimento que teve sobre sua vida anterior como um perseguidor (1 Coríntios 15:9; 1 Timóteo 1:15). Talvez o fato de que ele tentava forçá-los a blasfemar pesava especialmente em sua consciência.
b. Eu dava o meu voto contra eles: Isto claramente implica que Paulo era um membro do Sinédrio, tendo um voto contra cristãos que eram julgados diante do Sinédrio (como Estêvão foi em Atos 7).
i. Se Paulo foi um membro do Sinédrio, também significa que naquela época ele era casado, porque isso era exigido de todos os membros do Sinédrio. Já que como um cristão ele estava solteiro (1 Coríntios 7:7-9), isso talvez signifique que a esposa de Paulo ou faleceu ou o deixou quando ele se tornou um cristão.
c. Em minha fúria contra eles: Antes de sua conversão, Paulo era um homem nervoso. Sua grande raiva mostrava que seu relacionamento com Deus não era reto, apesar de sua observância religiosa diligente.
5. (12-15) Jesus Se revela para Paulo na estrada para Damasco.
“Numa dessas viagens eu estava indo para Damasco, com autorização e permissão dos chefes dos sacerdotes. Por volta do meio-dia, ó rei, estando eu a caminho, vi uma luz do céu, mais resplandecente que o sol, brilhando ao meu redor e ao redor dos que iam comigo. Todos caímos por terra. Então ouvi uma voz que me dizia em aramaico: ‘Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo? Resistir ao aguilhão só lhe trará dor!’ “Então perguntei: Quem és tu, Senhor? “Respondeu o Senhor: ‘Sou Jesus, a quem você está perseguindo.'”
a. Eu estava indo para Damasco: Até aqui este é o relato mais completo de Paulo sobre sua experiência na estrada para Damasco. Ele primeiro observou que foi nesta missão de ódio e perseguição com a autorização e permissão dos mesmos líderes religiosos que agora o acusavam.
b. Vi uma luz do céu, mais resplandecente que o sol: Paulo literalmente viua luz antes de ele figurativamente ver a luz. Paulo foi para Damasco supremamente confiante que ele estava certo; foi necessária uma luz mais brilhante que o sol do meio-dia para mostrá-lo que estava errado.
c. Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo? Resistir ao aguilhão só lhe trará dor! Paulo repete as palavras de Atos 9:3-6. Estas palavras enfatizam:
·O apelo pessoal de Jesus (Saulo, Saulo).
·A natureza equivocada de sua perseguição (me).
·A tolice de perseguir Jesus (por que).
d. Sou Jesus, a quem você está perseguindo: Estas palavras mudaram o mundo de Paulo. Ele imediatamente entendeu que Jesus estava vivo, e não morto. Ele entendeu que Jesus reinava em glória em vez de estar condenado em vergonha. Ele percebeu que ao perseguir os seguidores de Jesus ele perseguia Jesus, e ao perseguir Jesus ele lutava contra o Deus de seus antepassados.
i. Paulo teve que se arrepender – fazer uma transformação da mente que leva a ação transformadora – instantaneamente. Paulo viveu uma vida moral, então ele não teve que se arrepender da imoralidade – mas sim, do zelo religioso equivocado e ideias erradas sobre Deus.
6. (16-18) Jesus comissiona Paulo na estrada para Damasco.
“‘Agora, levante-se, fique em pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a meu respeito e do que lhe mostrarei. Eu o livrarei do seu próprio povo e dos gentios, aos quais eu o envio para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim.'”
a. Agora, levante-se, fique em pé: Jesus chamou Paulo a ficar de pé. Isto não foi porque sua humildade não era adequada, mas porque ele estava sendo enviado a outro lugar, e ele tinha que levantare ficar em pé se fosse ir para qualquer lugar. Esta foi uma maneira de dizer: “Venha, vamos andando”.
b. Eu lhe apareci: Os líderes religiosos enviaram Paulo a Damasco para um propósito, com autoridade e permissão. Agora ele deve escolher outro propósito, o propósito de Jesus.
c. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha: Paulo foi comissionado a ser um ministro, o que significa que ele deveria ser um servo do que ele viu…e do que Jesus iria lhe mostrar. A comissão do cristão não é fazer a mensagem ou seu testemunho lhe servir; ele é chamado a servir a mensagem.
d. Para constituí-lo servo e testemunha: Paulo também foi chamado a ser uma testemunha daquelas coisas que você viu. A comissão do cristão não é para criar experiência ou criar a mensagem, mas sim para testemunhá-la e experimentá-la.
e. Aos quais eu o envio para abrir-lhes os olhos: Jesus descreveu a obra que Paulo realizaria. Naquele momento na estrada para Damasco Paulo estava cego pela grande luz celestial. Seus olhos ainda não estavam abertos fisicamente, mas Jesus o enviou para abrir os olhos dos outros (judeus e gentios).
i. Jesus então contou a Paulo sobre os quatro resultados que viriam de abrir os olhos:
·A conversão das trevas para a luz.
·A conversão do poder de Satanás para Deus.
·Receber o perdão dos pecados.
·Receber a herança entre os que são do povo de Deus.
f. Entre os que são santificados pela fé em mim: Assim foi como Jesus descreveu Seus seguidores, Seu povo, Sua família. Eles são santificados (separados do pecado e do eu), e eles são santificados pela fé em Jesus (não pelas obras ou conquistas espirituais, mas pela sua conexão de amor e confiança a Jesus).
i. A sala de audiência onde Paulo falou estava cheia de pessoas importantes e dignatários (Atos 25:23), mas poderíamos perfeitamente imaginar Paulo falando estas palavras com atenção e foco em Agripa. Este foi um convite a Agripa a se tornar um daqueles que são santificados pela fé em Jesus. Seus olhos podiam ser abertos como os de Paulo foram na estrada para Damasco.
7. (19-20) A obediência de Paulo a Jesus.
“Assim, rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial. Preguei em primeiro lugar aos que estavam em Damasco, depois aos que estavam em Jerusalém e em toda a Judéia, e também aos gentios, dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento.”
a. Não fui desobediente à visão celestial: Dada a experiência que Paulo acabou de descrever, isto era lógico. Ninguém deveria desobedecer ao Deus que Se revelou tão poderosamente. Paulo criou um caso forte diante de Agripa e todos lá sobre porque ele pregou e viveu da maneira que fez.
b. Dizendo que se arrependessem e se voltassem para Deus, praticando obras que mostrassem o seu arrependimento: Este é um bom resumo da mensagem de Paulo. Paulo coloca arrependimento e voltar-se para Deus perto, entendendo-os como dois aspectos da mesma ação. Você não consegue se voltar para Deus a não ser que se arrependa – e ações confirmarão o verdadeiro arrependimento (praticando obras que mostrassem o seu arrependimento).
8. (21-23) Paulo resume sua defesa.
“Por isso os judeus me prenderam no pátio do templo e tentaram matar-me. Mas tenho contado com a ajuda de Deus até o dia de hoje, e, por este motivo, estou aqui e dou testemunho tanto a gente simples como a gente importante. Não estou dizendo nada além do que os profetas e Moisés disseram que haveria de acontecer: que o Cristo haveria de sofrer e, sendo o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, proclamaria luz para o seu próprio povo e para os gentios.”
a. Por isso os judeus me prenderam no pátio do templo e tentaram matar-me: Paulo afirma claramente a verdade do caso. Foi só porque ele buscou levar o evangelho de Jesus Cristo aos gentios que os judeus o prenderam e tentaram matá-lo. Não era porque ele era um revolucionário político ou porque ele ofendeu a santidade do templo.
b. Tenho contado com a ajuda de Deus até o dia de hoje, e, por este motivo, estou aqui e dou testemunho tanto a gente simples como a gente importante: Durante seus mais de dois anos de confinamento, Paulo sim recebeu ajuda de Deus. Contudo, até aquele momento não foi a ajuda que o libertou; foi a ajuda que lhe deu a oportunidade e habilidade de falar com gente simples e gente importante sobre quem Jesus é e o que Jesus fez.
i. Parece que para Paulo, estava tudo bem. Ele estava mais interessado em contar as pessoas sobre Jesus do que em sua liberdade pessoal.
c. Não estou dizendo nada além do que os profetas e Moisés disseram que haveria de acontecer: Paulo também afirmou seu comprometimento inabalável ao mesmo evangelho, porque aquele evangelho era baseado solidamente na Palavra de Deus (os profetas e Moisés) não nas tradições ou experiências espirituais do homem.
d. Que o Cristo haveria de sofrer e, sendo o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, proclamaria luz para o seu próprio povo e para os gentios: Estes foram os três pontos principais da pregação de Paulo: a morte de Jesus, Sua ressurreição, e a pregação dessa boa nova ao mundo todo, sem diferença entre judeus ou gentios.
B. A resposta de Festo e Agripa.
1. (24-26) Festo se asserta de que Paulo está louco, e Paulo responde.
A esta altura Festo interrompeu a defesa de Paulo e disse em alta voz: “Você está louco, Paulo! As muitas letras o estão levando à loucura!” Respondeu Paulo: “Não estou louco, excelentíssimo Festo. O que estou dizendo é verdadeiro e de bom senso. O rei está familiarizado com essas coisas, e lhe posso falar abertamente. Estou certo de que nada disso escapou do seu conhecimento, pois nada se passou num lugar qualquer.”
a. Você está louco, Paulo! As muitas letras o estão levando à loucura! Paulo era obviamente um homem inteligente, um homem de muitas letras. Ainda, neste momento Festo pensou que ele estava louco, dizendo isto em voz alta entre todos os presentes. Considerando a conduta de Paulo nesta audiência, há algumas razões para alguém como Festo talvez pensar que Paulo estava louco.
·Embora um prisioneiro acorrentado, ele disse que estava feliz (Atos 26:2).
·Ele insistia que Deus podia ressuscitar os mortos (Atos 26:8, 23).
·Ele experimentou uma visão celestial e mudou sua vida por causa dela (Atos 26:14-19).
·Ele estava mais preocupado em proclamar Jesus do que com sua liberdade pessoal (Atos 26:22).
·Ele acreditava em uma mensagem de esperança e redenção para toda a humanidade, não apenas para judeus ou apenas para gentios (Atos 26:23).
i. O evangelho quando propriamente proclamado e vivido, fará algumas pessoas pensarem que estamos loucos. Paulo colocou dessa maneira: a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo (1 Coríntios 1:18).
b. Não estou louco, excelentíssimo Festo. O que estou dizendo é verdadeiro e de bom senso: Ainda assim, Paulo sabia que seu evangelho não era somente verdade, era também razoável. Deus às vezes pode agir acima da razão, mas nunca contrário à razão.
c. O rei está familiarizado com essas coisas… nada disso escapou do seu conhecimento: Festo veio recentemente de Roma e talvez não soubesse muito do que havia acontecido com Jesus e o primeiro movimento cristão. Contudo, Agripa sabia, e Paulo apelou para seu conhecimento dos eventos abertos e históricos que eram a fundação para a fé cristã – coisas que não se passaram num lugar qualquer.
i. A mensagem de Paulo foi caracterizada pela verdade e razão, porque estava foi baseada em eventos históricos (como por exemplo a crucificação e ressurreição de Jesus), coisas as quais não se passaram num lugar qualquer, mas abertas a exame.
ii. A fundação histórica da mensagem de Paulo tornava-a verdade. Sobre a razão, simplesmente não é razoável ignorar ou negar coisas que aconteceram de verdade. Quem Jesus é e o que Ele fez devem ser contabilizados.
2. (27-29) Agripa está quase persuadido a se tornar um cristão.
“Rei Agripa, crês nos profetas? Eu sei que sim”. Então Agripa disse a Paulo: “Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão?” Paulo respondeu: “Em pouco ou em muito tempo, peço a Deus que não apenas tu, mas todos os que hoje me ouvem se tornem como eu, porém sem estas algemas”.
a. Rei Agripa, crês nos profetas? Eu sei que sim: Paulo usou a explosão de Festo para apelar para o que Rei Agripa sabia (Atos 26:26). Então, Paulo trouxe o desafio diretamente a Agripa, perguntando a ele: “crês?”
i. Paulo não perguntou primeiro a Agripa se ele acreditava em Jesus; ele perguntou “crês nos profetas?” Paulo fez isso porque ele sabia que se Agripa acreditasse mesmo nos profetas, na verdade e na razão, o levaria a acreditar em Jesus. Ele queria conectar o que Agripa já acreditava com o que ele deveria acreditar.
ii. Com isto, Paulo trouxe o desafio e um momento de decisão diretamente à Agripa. Esta é uma boa e frequentemente necessária parte da apresentação da mensagem de quem Jesus é e o que Ele fez por nós – chamando o ouvinte à decisão.
b. Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão: Quando Paulo chamou Agripa para a fé nos profetas e em Jesus, Agripa se recusou a acreditar e a dizer que acreditava. Paulo por muito pouco não o persuadiu.
i. A ideia literal por trás de tão pouco é “com um pouco, você busca me persuadir a agir como cristão”. O significado de pouco está em “em pouco tempo” ou poderia significar “há uma pequena distância entre eu e o cristianismo”. O quão perto Agripa estava de se tornar um crente, não foi perto o bastante.
ii. Se o sentido é “pouco”, a resposta de Agripa é especialmente triste. É claro que sendo por pouco um cristão significa que você por pouco tem vida eterna e por pouco será salvo do julgamento do inferno; mas por pouco não é o bastante.
iii. Longe de ser admirado pelo quão longe ele chegou, Agripa condenou a si mesmo ainda mais ao admitir o quão perto ele estava de vir para o evangelho e quão claramente ele o entendia, enquanto ainda o rejeitando.
c. Tornar-me cristão: Poderíamos dizer que Paulo recontou as palavras de Jesus na estrada para Damasco, dizendo o que é um cristão (Atos 26:18). Agripa não queria isso.
·Ele não queria a conversão da escuridão para a luz.
·Ele não queria a conversão do poder de Satanás para o poder de Deus.
·Ele não queria receber o perdão dos pecados.
·Ele não queria um lugar entre o povo de Deus.
·Ele não queria tornar-se um daqueles separados por meio da fé em Jesus.
d. Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão: O que fez Agripa parar tão perto? Por que ele por pouco não se tornou um cristão?
i. Por que Agripa foi somente por pouco persuadido? Uma resposta era a pessoa sentada ao lado dele – Berenice. Ela era uma companheira pecadora e imoral, e ele talvez corretamente tenha percebido que tornar-se um cristão significaria perder a ela e aos seus outros amigos imorais. Ele não estava disposto a fazer este sacrifício.
ii. Do outro lado de Agripa se sentava Festo – um homem de verdade, um homem sensato, um home que pensava que Paulo estivesse louco. Talvez Agripa pensou: “Eu não posso me tornar um cristão. Festo pensará que também estou luco”. Porque ele queria o louvor dos homens, ele rejeitou Jesus. “Infelizmente, quantos são influenciados pelo medo dos homens! Ai de vocês covardes, vocês serão condenados por causa do medo? Vocês deixarão que suas almas pereçam ao invés de mostrar sua masculinidade dizendo a um pobre mortal que você desafia seu desprezo? Você ousa não seguir o correto embora todos os homens no mundo te chamem para fazer o errado? Ai de vocês, covardes! Seus covardes! Como vocês merecem perecer, os que não tem alma o bastante para chamar suas almas de suas, mas acovardam-se diante das zombarias dos tolos!” (Spurgeon)
iii. À frente de Agripa estava Paulo – um homem forte, um homem nobre, e um homem de sabedoria e caráter – porém, um homem acorrentado. “Bem, se eu me tornasse um cristão, eu poderia acabar em correntes como Paulo; ou no mínimo, teria que me associar com ele. Não podemos deixar isso acontecer – eu sou uma pessoa importante”. “Oh, se os homens fossem sábios o bastante para ver que sofrer por Cristo é honra, que a perda por causa da verdade é um ganho, que a dignidade mais verdadeira reside em usar a corrente sobre o braço ao invés de suportar a corrente sobre a alma”. (Spurgeon)
e. Peço a Deus que não apenas tu, mas todos os que hoje me ouvem se tornem como eu, porém sem estas algemas: Paulo declarou sua confiança contínua no evangelho de Jesus Cristo. Ele não recuou de sua posição nem um centímetro, apesar de seu longo aprisionamento por causa do evangelho.
f. Porém sem estas algemas: Com um gesto dramático, Paulo mostrou que mesmo que estivesse acorrentado, ele tinha mais liberdade em Jesus do que qualquer um da realeza o escutando tinha. “Oh, se os homens fossem sábios o bastante para ver que sofrer por Cristo é honra, que a perda por causa da verdade é um ganho, que a dignidade mais verdadeira reside em usar a corrente sobre o braço ao invés de suportar a corrente sobre a alma”. (Spurgeon)
3. (30-32) Agripa admite a inocência de Paulo, contudo o manda para César.
O rei se levantou, e com ele o governador e Berenice, como também os que estavam assentados com eles. Saindo do salão, comentavam entre si: “Este homem não fez nada que mereça morte ou prisão”. Agripa disse a Festo: “Ele poderia ser posto em liberdade, se não tivesse apelado para César”.
a. O rei se levantou: O desafio direto de Paulo foi demais para Agripa, Festo e os outros na plataforma. Estava chegando perto demais, pessoal demais, e eles sentiram que tinham de acabar com aquilo rapidamente levantando-se e encerrando os procedimentos.
b. Este homem não fez nada que mereça morte ou prisão: Agripa viu também que não havia evidência oferecida para apoiar as acusações contra Paulo, e ele respeitou a grande integridade de Paulo até mesmo enquanto rejeitava o evangelho de Paulo. Então, Agripa e os outros deram um veredito de “inocente”.
c. Ele poderia ser posto em liberdade, se não tivesse apelado para César: Contudo, Paulo não podia ser posto em liberdade, porque ele havia apelado para César. Parece que uma vez que o apelo seja feito, não podia ser retirado.
d. Apelado para César: Parece que Paulo poderia ter sido libertado aqui se não tivesse apelado para César. Então, o apelo de Paulo para César foi algo bom ou ruim?
i. Algumas pessoas acreditam que foi algo ruim, e que Paulo estava confiando no poder do sistema de justiça romano em vez de no poder de Deus. Eles dizem que Paulo poderia ter sido libertado por Agripa se não tivesse apelado para César.
ii. No entanto, deveríamos ver o cumprimento da promessa do plano de Deus através de todos estes eventos. Por seu apelo para César, Paulo terá a oportunidade de pregar ao Imperador Romano da maneira que teve com Félix, Festo, e Agripa, assim sendo, cumprindo a promessa de que Paulo iria levar meu nome perante…reis (Atos 9:15).
iii. O apelo para César e sua jornada subsequente para Roma às custas do Império, também foram o cumprimento do plano do Espírito Santo de que Paulo deveria ir à Roma (Atos 19:21, 23:11). Isto também respondia a um desejo muito antigo no coração de Paulo de visitar a comunidade cristã já presente lá (Romanos 1:9-13).
© 2021 The Enduring Word Bible Commentary by David Guzik – ewm@enduringword.com