Apocalipse 21




Apocalipse 21 – Um Novo Céu, uma Nova Terra e uma Nova Jerusalém

A. Todas as coisas se fizeram novas.

1. (1) O novo céu e a nova terra.

Então vi novos céus e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado; e o mar já não existia.

a. Então vi: Podemos dizer que o capítulo 21 de Apocalipse inicia uma nova seção do Livro de Apocalipse:

·Jesus, o Senhor das Igrejas (Apocalipse 1:1 a 3:22).

·Jesus, o Leão sobre as nações (Apocalipse 4:1 a 20:15).

·Jesus, o Cordeiro entre os crentes (Apocalipse 21:1 a 22:21).

i. A nova perspectiva dessa última seção é gloriosa. “Da fumaça, da dor e do calor, é um alívio passar para a atmosfera clara e limpa da manhã eterna, onde o sopro do céu é doce e a vasta cidade de Deus brilha como um diamante no esplendor de Sua presença.” (Moffatt)

b. Novos céus e nova terra: A ideia de uma nova Terra, com uma nova atmosfera e um novo céu, é um tema familiar nas Escrituras. Muitos dos profetas, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, falaram desses novos céus e dessa nova terra.

i. “Pois vejam! Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente! Alegrem-se, porém, e regozijem-se para sempre no que vou criar, porque vou criar Jerusalém para regozijo, e seu povo para alegria” (Isaías 65:17-18).

ii. “No princípio firmaste os fundamentos da terra, e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; envelhecerão como vestimentas. Como roupas tu os trocarás e serão jogados fora. Mas tu permaneces o mesmo, e os teus dias jamais terão fim” (Salmo 102:25-27).

iii. “Esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2 Pedro 3:12-13).

iv. Vale a pena lembrar que os novos céus mencionado não significa o céu onde Deus está entronizado. A Bíblia usa a palavra céu em três sentidos. O primeiro céu é a atmosfera da Terra, o “céu azul”. O segundo céu é o espaço sideral, o “céu noturno”. O terceiro céu é o lugar onde Deus vive em glória. Quando as Escrituras falam de um novos céus, elas se referem a um novo “céu azul” e a um novo “céu noturno”, não a um novo céu onde Deus habita.

c. Novos céus… nova terra: A palavra grega antiga traduzida como novos aqui (kaine) significa “novo em caráter, ‘fresco’.” Não significa “recente” ou “novo no tempo”. Esse não é apenas o próximo céu e a próxima terra; esse é o melhor céu e a melhor terra substituindo o antigo (o primeiro céu e a primeira terra tinham passado).

i. Embora alguns discordem (como Seiss, que argumentou apaixonadamente que esta terra nunca será destruída), devemos entender que aqui se trata realmente de novos céus e uma nova terra, não apenas um céu e uma terra “refeitos”. Sabemos disso porque Jesus disse que o céu e a terra passarão, mas que Sua Palavra viverá para sempre (Lucas 21:33). Além disso, em Isaías 65:17, Deus disse profeticamente que criará um novo céu e uma nova terra, e a antiga palavra hebraica para “criar” (bara) significa “criar do nada”, em vez de remodelar o material existente.

ii. Alguns consideram essa “novidade” apenas como uma mudança espiritual e moral. Mas parece haver uma transformação física genuína em mente: e o mar já não existia.

d. Novos céus e nova terra: Esses novos céus e essa nova terra são a Terra Milenar mostrada em Apocalipse 20, ou é algo além? Definitivamente, parece estar além da Terra Milenar. Isso é o que pensamos como “céu” e “eternidade”.

i. “Neste capítulo, vemos que a história do tempo está terminada; a história da eternidade está prestes a começar.” (Barnhouse)

ii. “O estado eterno é claramente indicado pela ausência de mar, pois a menção frequente de corpos de água ocorre em passagens milenares (cf. Salmo 72:8; Isaías 11:9, 11; Ezequiel 47:10, 15, 17, 18, 20; 48:28; Zacarias 9:10; 14:8). A evidência de Apocalipse 21:1 é tão específica que a maioria dos comentaristas não questiona que o estado eterno está em vista.” (Walvoord)

e. O mar já não existia: Para a mente judaica, o mar era um lugar de separação e maldade. Já no livro do Apocalipse, ele é mostrado como a fonte da besta satânica (Apocalipse 13:1) e o lugar dos mortos (Apocalipse 20:13).

i. Em outras passagens das Escrituras, o mar é associado aos pagãos (Isaías 57:20) e, em um sentido mais geral, aos oponentes do Senhor que precisam ser vencidos (Salmo 89:9).

2. (2-4) A Nova Jerusalém desce do céu.

Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou.”

a. A Cidade Santa, a nova Jerusalém: Essa é a Jerusalém da esperança (Hebreus 12:22), a Jerusalém do alto (Gálatas 4:26), o lugar de nossa verdadeira cidadania (Filipenses 3:20).

i. Os termos santa e nova distinguem a cidade. Por ser santa e nova, ela é diferente de qualquer cidade terrena. O nome Jerusalém lhe dá continuidade com a terra, especialmente com o lugar de nossa redenção.

ii. É significativo que esse glorioso lugar de habitação de Deus e de Seu povo seja descrito como a Cidade Santa. As cidades são lugares com muitas pessoas, e as pessoas interagem umas com as outras. Não se trata de isolamento, mas de uma comunidade perfeita do povo de Deus.

iii. O conceito cristão do céu como uma cidade – um lugar de vida, atividade, interesse e pessoas – é muito diferente da concepção hindu de um Nirvana vazio. “A consumação da esperança cristã é extremamente social. Não se trata de uma ‘fuga do solitário para o solitário’, mas da vida na comunidade redimida do céu.” (Hunter)

iv. O homem nunca conheceu uma comunidade sem ser marcada pelo pecado. Adão e Eva conheceram apenas uma comunidade limitada, e a comunidade em um contexto mais amplo só surgiu muito depois da Queda. Aqui, na nova Jerusalém, temos algo totalmente único: uma comunidade de justiça, pura e sem pecado, uma cidade santa.

v. Os problemas surgem quando os crentes esperam esse tipo de comunidade agora ou não percebem que ela desce dos céus. Essa cidade não é e nunca poderá ser uma conquista do homem, mas apenas um presente de Deus.

b. Preparada como uma noiva adornada para o seu marido: João usou a imagem mais impressionante e bela que pôde imaginar. A coisa mais linda que um homem pode ver é sua noiva descendo o corredor, pronta para encontrá-lo. João disse que essa é a beleza da Nova Jerusalém.

c. O tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá: O tabernáculo de Moisés representava a morada de Deus na Terra. Isso já era a representação da morada de Deus; esse tabernáculo de Deus é a realidade de Sua presença.

i. Com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos: Isso declara sucintamente a essência do desejo de Deus e o propósito do homem. Simplesmente, o desejo de Deus é viver em íntima comunhão com o homem, e o propósito do homem é ser um povo para Deus.

ii. Essa é a maior glória do céu e a restauração definitiva do que foi perdido na Queda. “Não creio que a glória do Éden estivesse em seus passeios gramados ou nos ramos que se curvavam com frutos exuberantes, mas sua glória estava no fato de que o ‘Senhor Deus passeava no jardim no frescor do dia’. Ali estava o maior privilégio de Adão, que tinha a companhia do Altíssimo”. (Spurgeon)

d. Pois a antiga ordem já passou: A Nova Jerusalém se distingue pelo que ela não tem – sem lágrimas, sem tristeza, sem morte ou dor. Mais tarde, será mostrado que a Nova Jerusalém não tem templo, nem sacrifício, nem sol, nem lua, nem escuridão, nem pecado, nem abominação.

i. “O homem vem ao mundo com um grito; e sai dele com um gemido, e tudo entre eles é mais ou menos entoado com um lamento desamparado… Mas as aleluias do mundo renovado abafarão a voz do lamento para sempre.” (Seiss)

e. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima: “‘Toda lágrima’, pois são muitas; – lágrimas de afeto enlutado, como Maria, Marta e a viúva de Naim choraram; – lágrimas de compaixão e misericórdia, como Jeremias e Jesus choraram por causa dos pecados e das calamidades de Jerusalém; – lágrimas de inocência perseguida, lágrimas de contrição e penitência por faltas e crimes contra a bondade e a majestade do céu; – lágrimas de desapontamento e negligência; – lágrimas de anseio pelo que agora não pode ser nosso; – essas e quaisquer outras que já tenham percorrido as faces dos mortais, serão secas para sempre.” (Seiss)

i. Mas a ideia de lágrimas no céu nunca deve ser usada como uma ferramenta de manipulação de culpa nesta terra. “Não há motivo justo para imaginar, a partir desse texto, que os santos derramarão lágrimas no céu a respeito dos fracassos de sua vida anterior na Terra. A ênfase aqui está no conforto de Deus, não no remorso dos santos.” (Walvoord)

3. (5) Todas as coisas novas.

Aquele que estava assentado no trono disse: “Estou fazendo novas todas as coisas!” E acrescentou: “Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança”.

a. Aquele que estava assentado no trono disse: Esse é um anúncio com autoridade, vindo do próprio trono de Deus. Essa é uma das poucas vezes em Apocalipse em que vemos claramente Deus falando diretamente de Seu trono.

b. Estou fazendo novas todas as coisas: Essa declaração está no tempo presente, “estou fazendo novas todas as coisas”. Essa é a consumação da obra de renovação e redenção de Deus, que começou aqui e agora, em nosso tempo presente.

i. Paulo viu essa transformação em ação deste lado da eternidade: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia…Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 4:16, 5:17)

c. Novas todas as coisas: Esta é uma breve olhada no pensamento por trás do plano eterno de Deus – permitir o pecado e sua destruição a fim de realizar uma obra maior de tornar novas todas as coisas. Nesse ponto de Seu plano das eras, o plano está completo. Todas as coisas são novas.

i. Nosso instinto é considerar romanticamente a inocência como o estado perfeito do homem e desejar que Adão nunca tivesse feito o que fez. Mas não conseguimos perceber que o homem redimido é maior do que o homem inocente, que ganhamos mais em Jesus do que perdemos em Adão. O estado perfeito de Deus é de redenção, não de inocência.

ii. Quando Deus finalmente concluir essa obra de tornar novas todas as coisas, elas permanecerão novas. “Presumivelmente, isso significa não apenas que tudo se tornará novo, mas também que tudo permanecerá novo. A lei da entropia será “revogada”. Nada se desgastará ou se deteriorará, e ninguém mais envelhecerá ou se atrofiará.” (H. Morris)

d. Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança: João provavelmente ficou tão atônito com essas palavras que se esqueceu de escrever– e precisou ter sido instruído a fazê-lo.

4. (6-8) O convite e uma advertência.

Disse-me ainda: “Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida. O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho. Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre. Esta é a segunda morte.”

a. Está feito: O propósito eterno de Deus em Jesus agora está cumprido. Efésios 1:10 foi cumprido: “Isto é, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos.” Nesse ponto, todas as coisas foram resolvidas ou resumidas em Jesus – está feito!

b. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida: Beber e ter sede são imagens comuns do suprimento de Deus e da necessidade espiritual do homem. Beber é uma ação, mas uma ação de receber – assim como a fé, vem de fazer algo, mas não é uma obra que gera mérito em si mesma.

i. “O que um homem sedento faz para se livrar de sua sede? Ele bebe. Talvez não haja melhor representação da fé em toda a Palavra de Deus do que essa. Beber é receber – tomar a bebida refrescante – e isso é tudo. O rosto de um homem pode estar sujo, mas ainda assim ele pode beber; ele pode ter um caráter muito indigno, mas ainda assim um gole de água vai tirar sua sede. Beber é uma coisa extremamente fácil, é até mais simples do que comer.” (Spurgeon)

c. O vencedor herdará tudo isto: Aqueles que vencem (pela fé em Jesus, como em 1 João 5:5) desfrutam de um relacionamento especial com Deus (eu serei seu Deus e ele será meu filho).

d. Mas os covardes, os incrédulos, os depravados… o lugar deles será no lago de fogo que arde com enxofre: Aqueles que rejeitam Jesus e se tornam apóstatas são especificamente proibidos de entrar na Nova Jerusalém.

i. Covardes: A covardia é suficiente para mandar uma pessoa para o inferno? “João não está falando da timidez natural, mas da covardia que, em última instância, escolhe o ego e a segurança antes de Cristo.” (L. Morris) John Trapp falou sobre esses “recreativos covardes, leiteiros de fígado branco, que puxam seus chifres para cada monte de grama que os toca, que têm medo de cada novo passo”.

B. A natureza da Nova Jerusalém.

1. (9-10) Um anjo mostrará a João a cidade em mais detalhes.

Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas aproximou-se e me disse: “Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro”. Ele me levou no Espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus.

a. Eu lhe mostrarei a noiva… mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém: Passagens como essa fazem com que alguns se perguntem se a Nova Jerusalém, afinal, é ou não um lugar literal. Alguns sugerem que ela é, na verdade, apenas um símbolo exótico da Igreja, a Noiva de Cristo.

b. Lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro: Essa cidade celestial é literal, mas é chamada de noiva, a esposa do Cordeiro, porque é o lugar onde todo o povo de Deus está reunido. Nesse sentido, a Nova Jerusalém é certamente como a noiva, mas essa associação não diminui a realidade por trás da imagem. A cidade é associada à noiva para nos maravilhar com o senso de sua beleza.

2. (11-14) O brilho, o muro, os portões e o alicerce da cidade.

Ela resplandecia com a glória de Deus, e o seu brilho era como o de uma jóia muito preciosa, como jaspe, clara como cristal. Tinha um grande e alto muro com doze portas e doze anjos junto às portas. Nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portas ao oriente, três ao norte, três ao sul e três ao ocidente. O muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

a. O seu brilho era como o de uma jóia muito preciosa: João ficou impressionado com a glória dessa cidade. Ela compartilhava da glória de Deus, e isso se expressava na luz radiante que brilhava dela.

b. Tinha um grande e alto muro: O muro não era necessário para a defesa, porque não havia mais inimigos. Mas o grande e alto muro dava à cidade uma definição (não se trata de um nirvana cósmico) e mostra que alguns serão excluídos da cidade (somente os justos podem entrar).

c. Doze portas… Nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel: Os nomes das tribos nos portões comunicam a unidade e a herança que o povo de Deus tem com Israel. Deus nunca se esquecerá das tribos de Israel, nem mesmo na eternidade.

i. Três portas ao oriente, três ao norte: Alguns acham que a disposição dos portões remete ao layout do acampamento usado durante o Êxodo (Números 2).

d. O muro da cidade tinha doze fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro: Os alicerces são um testemunho eterno dos apóstolos e de seu lugar permanente no plano de Deus. Se a cidade não for construída sobre o alicerce dos apóstolos, ela não é o lugar certo para o povo de Deus.

i. A Nova Jerusalém e a igreja são fundadas sobre os apóstolos (Efésios 2:20).

3. (15-17) As dimensões da cidade.

O anjo que falava comigo tinha como medida uma vara feita de ouro, para medir a cidade, suas portas e seus muros. A cidade era quadrangular, de comprimento e largura iguais. Ele mediu a cidade com a vara; tinha dois mil e duzentos quilômetros de comprimento; a largura e a altura eram iguais ao comprimento. Ele mediu o muro, e deu sessenta e cinco metros de espessura, segundo a medida humana que o anjo estava usando.

a. A cidade era quadrangular: O comprimento, a altura e a largura da Nova Jerusalém são iguais. Isso significa que ela é um cubo ou uma pirâmide. Um cubo é uma reminiscência do Lugar Santo do tabernáculo, sugerindo que a cidade inteira é o Lugar Santo.

b. Ele mediu a cidade com a vara: O tamanho da Nova Jerusalém é enorme; dois mil e duzentos quilômetros de comprimento. Essa é a mesma distância, mais ou menos, de Campo Grande – MS, até Fortaleza – CE; a metragem quadrada se aproximaria do tamanho da lua.

i. “Uma cidade desse tamanho é grande demais para a imaginação. John certamente está transmitindo a ideia de esplendor. E, o que é mais importante, de espaço para todos.” (L. Morris)

ii. Henry Morris, supondo que haverá 100 bilhões de pessoas na raça humana ao longo da história, e que 20% delas serão salvas, calculou que cada pessoa teria um “quarteirão” com cerca de 75 acres em cada face para chamar de seu. Isso é altamente especulativo, mas ilustra o fato de que há muito espaço na Nova Jerusalém.

c. Segundo a medida humana que o anjo estava usando: Nesse caso, a medida do côvado de um homem é a mesma medida de um côvado de um anjo.

4. (18-21) A beleza de sua estrutura.

O muro era feito de jaspe e a cidade era de ouro puro, semelhante ao vidro puro. Os fundamentos dos muros da cidade eram ornamentados com toda sorte de pedras preciosas. O primeiro fundamento era ornamentado com jaspe; o segundo com safira; o terceiro com calcedônia; o quarto com esmeralda; o quinto com sardônio; o sexto com sárdio; o sétimo com crisólito; o oitavo com berilo; o nono com topázio; o décimo com crisópraso; o décimo primeiro com jacinto; e o décimo segundo com ametista. As doze portas eram doze pérolas, cada porta feita de uma única pérola. A rua principal da cidade era de ouro puro, como vidro transparente.

a. O muro era feito de jaspe: Quando lemos sobre jaspe, ouro puro e toda sorte de pedras preciosas, devemos considerá-los como representações literais; no entanto, eles expressam realidades de outro mundo. Podemos ter um breve vislumbre do que João viu, mas não podemos sequer começar a vê-lo em sua plenitude até que o vejamos com nossos próprios olhos.

i. O uso que João faz das riquezas em sua descrição “é sua maneira de destacar o grande valor do que Deus tem para Seu povo”. (L. Morris)

b. Jaspe… safira… calcedônia: A identificação precisa dessas pedras preciosas em termos modernos é difícil, mas a impressão é de uma beleza infinita e impressionante.

i. “O simbolismo não tem a intenção de dar a impressão de riqueza e luxo, mas de apontar para a glória e a santidade de Deus.” (Johnson)

ii. Se há algum ponto de referência bíblico para essa variedade de pedras preciosas, provavelmente é o peitoral do sumo sacerdote (Êxodo 28:15-21).

c. Como vidro transparente: “A constante menção à transparência indica que a cidade foi projetada para transmitir a glória de Deus na forma de luz sem obstáculos”. (Walvoord)

i. Se as dimensões e as descrições parecerem confusas ou impossíveis, há dois princípios principais que devem ser lembrados. Primeiro, devemos entender as ideias comunicadas nos detalhes (glória, beleza, esplendor e assim por diante). Segundo, devemos entender que essa é a cidade cujo arquiteto e edificador é Deus (Hebreus 11:10). Devemos esperar que ela esteja além de nossa compreensão.

C. O templo da Nova Jerusalém.

1. (22-23) Deus é tudo na Nova Jerusalém.

Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia.

a. Não vi templo algum na cidade: No mundo antigo, era impensável ter uma grande cidade sem muitos templos diferentes. É como dizer hoje: “Vi uma grande cidade, mas não vi nenhum banco nela” ou “Vi uma grande cidade, mas não vi nenhum shopping center nela”. No entanto, nessa cidade não havia nenhum templo.

b. Pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo: Aqui, o templo não foi removido, mas ampliado. Tudo e todos os lugares são santos e a morada de Deus.

i. Antes de Jesus, o templo era uma profecia. Na era cristã, o povo de Deus é o Seu templo. No Milênio, o templo será um memorial. Aqui o templo está em toda parte.

ii. “Os habitantes não precisam de nenhum lugar de adoração ou sacrifício, pois o objeto de toda adoração está presente e o grande sacrifício está lá”. (Alford)

c. Não vi templo algum… não precisa de sol nem de lua: Isso nos lembra que o céu será um lugar de pura adoração. As coisas que usamos para nos ajudar a adorar, mas que muitas vezes acabam nos distraindo na adoração (como edifícios, sistemas de música, costumes e assim por diante) não serão mais um problema. Nosso foco estará totalmente voltado para a Pessoa que adoramos, o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro.

i. No céu, nenhuma de nossas alegrias, beleza ou conhecimento se baseará em coisas criadas, mas somente no Criador. Pela fé, você pode ter isso agora. Você pode decidir confiar em Deus tão completamente que sua alegria, o que você considera beleza e sua base de conhecimento sejam todos baseados em Jesus, e não em qualquer coisa criada.

d. O Cordeiro é a sua candeia: A luz fala de alegria, pois nas Escrituras luz e alegria andam juntas. A luz fala de beleza, porque sem luz não há beleza. A luz fala de conhecimento e, no céu, todos nós O conheceremos como Ele nos conhece.

2. (24-27) Acesso à cidade.

As nações andarão em sua luz, e os reis da terra lhe trarão a sua glória. Suas portas jamais se fecharão de dia, pois ali não haverá noite. A glória e a honra das nações lhe serão trazidas. Nela jamais entrará algo impuro, nem ninguém que pratique o que é vergonhoso ou enganoso, mas unicamente aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida do Cordeiro.

a. Os reis da terra lhe trarão a sua glória: E quanto a esses reis da terra? Quem são eles? Isso é difícil de entender, e diferentes comentaristas têm diferentes sugestões.

i. “É muito encorajador notar que nem todos foram destruídos quando as nações vieram para lutar contra Jerusalém e o próprio Senhor. Haverá também ‘reis da terra’ que farão parte do estado eterno.” (Hocking)

ii. “Entre os mistérios deste novo céu e nova terra, isto nos é revelado: que, além da igreja glorificada, ainda haverá nações habitando na terra renovada, organizadas por reis e [xxii. 2] salvas por meio das influências da cidade celestial.” (Alford)

b. Nela jamais entrará algo impuro: Isso significa que essas pessoas ameaçarão a cidade? Não é necessário dizer que essa é a ideia, porque todos os pecadores e a morte foram lançados no Lago de Fogo (Apocalipse 20:11-15). Em vez disso, “a exortação adverte os leitores atuais de que a única maneira de participar da futura cidade é voltar sua lealdade para o Cordeiro agora”. (Johnson)

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