2 Pedro 3 – Vivendo como um “Cristão dos Últimos Dias”
A. A certeza dos últimos dias e a promessa de Deus.
1. (1-2) Outra referência à importância de ser lembrado
Amados, esta é agora a segunda carta que lhes escrevo. Em ambas quero despertar com estas lembranças a sua mente sincera para que vocês se lembrem das palavras proferidas no passado pelos santos profetas, e do mandamento de nosso Senhor e Salvador que os apóstolos de vocês lhes ensinaram.
a. Esta é agora a segunda carta que lhes escrevo: Pedro já escreveu sobre a importância de ser lembrado (2 Pedro 1:12-13). Mas aqui ele queria enfatizar o que deveria ser conhecido à luz da vinda de Jesus e as profecias sobre Sua vinda.
i. “As mentes mais puras precisam ser despertadas às vezes. Seria uma grande pena incitar mentes impuras. Isso seria apenas fazer travessuras; mas mentes puras podem ser estimuladas tanto quanto você quiser, e quanto mais, melhor.” (Spurgeon)
b. Para que vocês se lembrem das palavras proferidas no passado: Pedro sabia da importância de lembrarseus leitores da mensagem das Escrituras, tanto recebida do Antigo Testamento (proferidas no passado) quanto contemporânea de seus dias (edo mandamento).
i. Pedro acreditava claramente que as palavras da Escritura eram importantes; as próprias palavras, e não apenas o significado por trás das palavras.
ii. “Pedro acreditava na inspiração das próprias ‘palavras’ das Escrituras; ele não era um daqueles preciosos “pensadores avançados” que, se pudessem, arrancariam a própria alma do Livro e não nos deixariam absolutamente nada; mas ele escreveu: ‘Para que vocês se lembrem das palavras proferidas no passado pelos santos profetas.’ ‘Oh!’, diz alguém, ‘mas as palavras não significam; é o sentido interior que é realmente importante.’ Exatamente; isso é exatamente o que o tolo disse sobre cascas de ovos. Ele disse que eles não significavam; era apenas o germe de vida interior do pintinho que era importante; então ele quebrou todas as cascas e, assim, destruiu a vida… Se as palavras pudessem ser tiradas de nós, o próprio sentido teria desaparecido.” (Spurgeon)
c. Pelos santos profetas, e do mandamento de nosso Senhor e Salvador que os apóstolos de vocês lhes ensinaram: Ao colocar os mensageiros da nova aliança no mesmo nível dos mensageiros da antiga aliança, Pedro entendeu a autoridade do Novo Testamento, mesmo como estava sendo formado.
i. Pedro entendeu que Jesus deu a Seus apóstolos a autoridade inspirada para levar a mensagem de Deus à comunidade da nova aliança. Ele entendeu isso de passagens como Mateus 16:19, onde Jesus deu aos apóstolos autoridade para ligar e desligar, assim como os rabinos autorizados de seus dias.
ii. “Seus apóstolosnão significam apenas ‘seus missionários’, as pessoas que evangelizaram você. Quando os escritores do Novo Testamento querem dizer meramente ‘emissário da igreja’ por apóstolos, eles dizem isso, ou o contexto deixa claro (Filipenses 2:25). Pedro está se referindo aqui aos ‘apóstolos de Jesus Cristo’. São eles e somente eles que são colocados no mesmo nível dos profetas do Antigo Testamento”. (Green)
iii. Significativamente, Pedro viu essa autoridade investida nos apóstolos, não apenas nele. Ele acharia estranho que uma suposta autoridade papal fosse creditada a ele.
2. (3-4) A mensagem dos escarnecedores.
Sabendo disso primeiro que, nos últimos dias, surgirão escarnecedores zombando e seguindo suas próprias paixões. Eles dirão: “O que houve com a promessa da sua vinda? Desde que os antepassados morreram, tudo continua como desde o princípio da criação”.
a. Sabendo disso primeiro que: Os cristãos não devem se surpreender ao descobrir que existem aqueles que escarnecem da ideia da volta de Jesus. Pedro nos disse que surgirão escarnecedores. Este é o primeiro detalhe a saber.
i. “Toda vez que um blasfemador abre a boca para negar a verdade da revelação, ele ajuda a nos confirmar em nossa convicção da própria verdade que ele nega. O Espírito Santo nos disse, pela pena de Pedro, que seria assim; e agora vemos quão verdadeiramente ele escreveu.” (Spurgeon)
b. Nos últimos dias surgirão: Em certo sentido, os últimos dias começaram quando Jesus ascendeu ao céu. Desde aquela época, não corremos para o precipício da consumação de todas as coisas; mas corremos ao longo dessa borda – prontos para ir a qualquer momento, segundo a vontade de Deus.
i. “Com o advento de Jesus, o último capítulo da história humana foi aberto, embora ainda não estivesse concluído.” (Green)
c. Seguindo suas próprias paixões: Essas palavras nos lembram que os escarnecedores não têm apenas um problema intelectual com Deus e Sua palavra. Eles também têm um claro problema moral, querendo rejeitar o Senhorio de Jesus Cristo sobre suas vidas.
d. O que houve com a promessa da sua vinda? Esta é a mensagem dos escarnecedores. No pensamento desses escarnecedores, os cristãos têm falado sobre a vinda de Jesus por dois mil anos e Ele ainda não voltou.
e. Tudo continua como desde o princípio da criação: Os escarnecedores baseiam sua mensagem na ideia de que as coisas sempre foram como são agora e que Deus não fez e não fará nada de novo em Seu plano para a criação.
i. “O argumento dos falsos mestres é essencialmente naturalista – uma espécie de uniformitarismo que exclui a intervenção divina na história.” (Blum)
3. (5-7) O erro dos escarnecedores.
Mas eles deliberadamente se esquecem de que há muito tempo, pela palavra de Deus, existiam céus e terra, está formada da água e pela água. E pela água o mundo daquele tempo foi submerso e destruído. Pela mesma palavra os céus e a terra que agora existem estão reservados para o fogo, guardados para o dia do juízo e para a destruição dos ímpios.
a. Mas eles deliberadamente se esquecem: os escarnecedores presumem a misericórdia e a longanimidade de Deus, insistindo que, porque nunca viram um julgamento generalizado de Deus, nunca haverá um. Mas eles deliberadamente se esquecem da criação de Deus e do julgamento que Deus derramou sobre a terra nos dias de Noé.
i. Uma crença literal na Criação, em Adão e Eva e no Dilúvio de Noé é essencial para uma verdadeira compreensão da obra de Deus tanto naquela época quanto agora. Negar essas coisas mina os próprios fundamentos de nossa fé. Infelizmente, hoje são muitos os cristãos que deliberadamente se esquecem dessas coisas, colocando-se assim no lugar dos escarnecedores.
b. De que há muito tempo, pela palavra de Deus, existiam céus e terra: A Bíblia ensina claramente que o agente ativo na criação foi a palavra de Deus. Ele falou e a criação surgiu.
c. E pela água o mundo daquele tempo foi submerso e destruído: o ponto de Pedro é que as coisas nesta terra nem sempre continuaram do jeito que estão agora. A terra era diferente quando Deus a criou e depois do dilúvio voltou a ser diferente. Portanto, ninguém deve zombar da promessa de Deus de que Ele fará diferente mais uma vez, julgando-o não com água, mas com fogo. A mesma palavra de Deus que criou toda a matéria e julgou o mundo no dilúvio um dia trará um julgamento de fogo sobre a terra.
i. “A lição ensinada pelo dilúvio foi que este é um universo moral, que o pecado não ficará impune para sempre; e o próprio Jesus usou o dilúvio para apontar essa moral (Mateus 24:37-39). Mas esses homens preferiram negligenciá-lo.” (Green)
4. (8-10) Verdades que os escarnecedores negam, mas o povo de Deus se apega.
Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele tem longanimidade com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento. O dia do Senhor, porém, virá como ladrão. Os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor, e a terra, e tudo o que nela há, será desnudada.
a. Para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos como um dia: O que parece uma eternidade para nós é apenas um curto período para Deus, assim como uma hora pode parecer uma eternidade para uma criança, mas um momento para um adulto.
i. Pedro citou esta ideia do Salmo 90:4: “De fato, mil anos para ti são como o dia de ontem que passou, como as horas da noite.” “Todo o tempo é como nada diante dele, porque na presença como na natureza de Deus tudo é eternidade; portanto, nada é longo, nada curto, diante dele; nenhum lapso de tempo prejudica seus propósitos”. (Clarke)
ii. “Todas as coisas estão igualmente próximas e presentes à sua visão; a distância de mil anos antes da ocorrência de um evento não é mais para ele do que seria o intervalo de um dia. Com Deus, de fato, não há passado, presente ou futuro. Ele toma por seu nome o ‘EU SOU.’ … Ele é o EU SOU; EU SOU no presente; EU SOU no passado e EU SOU no futuro. Assim como dizemos que Deus está em toda parte, podemos dizer que ele está sempre; ele está em todo lugar no espaço; ele está em todo lugar no tempo.” (Spurgeon)
iii. Pedro não deu nenhuma fórmula profética, dizendo que um dia profético de alguma forma equivale a mil anos. Em vez disso, ele comunicou um princípio geral sobre como vemos o tempo e como Deus vê o tempo. Quando as pessoas usam esse versículo como uma chave profética rígida, isso abre a porta para um grande erro.
iv. “Deus vê o tempo com uma perspectivaque nos falta; até mesmo o atraso de mil anos pode parecer um dia contra o pano de fundo da eternidade. Além disso, Deus vê o tempo com uma intensidadeque nos falta; um dia para o Senhor é como mil anos”. (Green)
b. O Senhor não demora em cumprir a Sua promessa: A verdade é que Deus cumprirá Sua promessa, e sem demora de acordo com Seu tempo. Qualquer atraso percebido de nossa perspectiva é devido à longanimidade de Deus, que permite ao homem tanto tempo quanto possível para se arrepender.
i. Muitos dos que são cristãos hoje estão felizes porque Jesus não voltou há dez anos, ou cinco anos, ou dois anos, ou um ano, ou mesmo dois meses atrás. Há um propósito compassivo no tempo de Deus.
c. Não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento: Pedro aqui revelou um pouco do glorioso coração de Deus. A razão pela qual o retorno de Jesus não é mais cedo é para que todos cheguem ao arrependimento, porque Deus não quer que ninguém pereça.
i. Entendemos que Deus não quer que ninguém pereça no sentido de um decreto divino, como se Deus tivesse declaradoque nenhum pecador perecerá. Em vez disso, a declaração de Pedro reflete o coração de amor de Deus pelo mundo (João 3:16) e Sua tristeza compassiva mesmo no julgamento justo dos ímpios.
ii. É o mesmo pensamento expresso em Ezequiel 33:11: “Juro pela minha vida, palavra do Soberano Senhor, que não tenho prazer na morte dos ímpios, antes tenho prazer em que eles se desviem dos seus caminhos e vivam.”
iii. “Tão maravilhoso é o seu amor pela humanidade, que ele quer que todos sejam salvos, e está por si mesmo preparado para conceder a salvação aos perdidos.” (Calvino)
iv. “Como Deus não quer queninguém pereça,mas que todos cheguem ao arrependimento, consequentemente ele nunca planejou nem decretou a condenação de qualquer homem, nem tornou impossível que qualquer alma seja salva.” (Clarke)
d. O dia do Senhor, porém, virá como ladrão: embora o amor longânime do Senhor pelos perdidos faça parecer que talvez Ele atrase Sua vinda, a verdade é que Ele realmente virá. E quando Jesus voltar, Ele virá em um momento que surpreenderá a muitos (virá como ladrão). O resultado de Sua vinda será uma transformação total deste mundo atual (os céus desaparecerão com um grande estrondo, os elementos serão desfeitos pelo calor).
i. Deus poderiadestruir a terra novamente como fez nos dias do dilúvio. “Ainda há águasuficiente para afogar a terra, e há iniquidadesuficiente para induzir Deus a destruí-la e a seus habitantes.” (Clarke) No entanto, Deus prometeu lidar com este mundo com fogo, não com inundação.
B. Viver à luz dos últimos dias e da promessa de Deus.
1. (11-13) Vida santa e piedosa em antecipação a uma nova ordem criada.
Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Vivam de maneira santa e piedosa, esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda. Naquele dia os céus serão desfeitos pelo fogo, e os elementos se derreterão pelo calor. Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça.
a. Visto que tudo será assim desfeito, que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? Tendo em vista que esta ordem mundial e as coisas associadas a ela serão dissolvidas, devemos viver nossas vidas buscando primeiro o Reino de Deus e sua justiça – isto é, ter uma conduta santa e piedosa.
i. Tendemos a pensar que o mundo é mais duradouro e durará mais do que as pessoas. Isso não é verdade, e Pedro nos lembra disso. As pessoasviverão na eternidade, mais do que a terra.
ii. Será assim desfeito: “Todos serão separados, todos decompostos; mas nenhum deles destruiu.” (Clarke) “O sistema solar e as grandes galáxias, até mesmo as relações espaço-tempo, serão abolidas… Todos os elementos que compõem o mundo físico serão dissolvidos pelo calor e derreterão totalmente. É uma imagem que em um grau surpreendente corresponde ao que pode realmente acontecer de acordo com as teorias modernas do universo físico.” (Bo Reicke, citado em Green)
iii. “Este mundo, até onde sabemos, não deixará de existir; ele passará pela chama purificadora e então pode ser que o sopro suave e gentil do amor Todo-Poderoso sopre sobre ele e o esfrie rapidamente, e a mão divina o moldará enquanto esfria em um paraíso mais belo. (Spurgeon)
iv. Que tipo de pessoas é necessário que vocês sejam? “O rei está chegando; ele está chegando ao seu trono e ao seu julgamento. Ora, um homem não vai até a porta de um rei e ali fala de traição; e os homens não se sentam na câmara de audiência de um rei quando esperam que ele entre a todo momento, e ali falam mal dele. O Rei está a caminho, e quase chegando; você está na porta dele; ele está na sua. Que tipo de pessoa você deveria ser? Como você pode pecar contra aquele que está tão próximo?” (Spurgeon)
b. Esperando o dia de Deus e apressando a sua vinda: Pedro diz que há um sentido em que podemos apressara vinda do Senhor. É notável pensar que podemos realmente fazer coisas que afetarão o retorno de Jesus. No contexto imediato, Pedro diz que apressamos a vinda do Senhor por meio de nossa maneira santa e piedosa.
i. Também podemos apressar a vinda do Senhor por meio do evangelismo. Paulo disse que o foco profético de Deus em Israel será retomado quando a plenitude dos gentioschegar (Romanos 11:25).
ii. Também podemos apressar a vinda do Senhor por meio da oração. Assim como Daniel pediu um rápido cumprimento da profecia a respeito do Israel cativo (Daniel 9), também podemos orar: “Vem, Senhor Jesus!” (Apocalipse 22:20).
c. Naquele dia os céus serão desfeitos: Pedro nos diz que os próprios elementos desta ordem mundial serão desfeitos. Deus fará genuinamente novos céus e nova terra, assim como Isaías prometeu: “Criarei novos céus e nova terra, e as coisas passadas não serão lembradas. Jamais virão à mente!” (Isaías 65:17).
d. Nova terra, onde habita a justiça: A característica mais gloriosa deste novo céu e nova terra é que é um lugar onde habita a justiça. No plano das eras de Deus, isso acontece após a terra milenar governada por Jesus Cristo.
i. É a recriação desta ordem mundial, conforme descrito em Apocalipse 21:1: “Vi um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham passado.”
2. (14-15a) Mantenha-se diligente e não despreze a longanimidade de Deus.
Portanto, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imaculados e inculpáveis. Tenham em mente que a longanimidade de nosso Senhor significa salvação…
a. Amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se: Se nossos corações estão realmente colocados na glória do novo céu e da nova terra, nos esforçaremos para andar piedosamente em relação a nossos irmãos e irmãs (em paz) e em relação a Deus (imaculados e inculpáveis).
b. A longanimidade de nosso Senhor significa salvação: é fácil para os cristãos às vezes se ressentirem da longanimidade de Deus; afinal, em certo sentido, atrasa Sua vinda. No entanto, a longanimidade de nosso Senhor significa salvação para os outros e é salvação para nós.
i. “Ficamos intrigados com a longanimidade que causa uma demora tão cansativa. Uma das razões é que nós mesmos não temos muita paciência. Achamos que fazemos bem em ficar zangados com os rebeldes e, assim, provamos que somos mais parecidos com Jonas do que com Jesus. Alguns aprenderam a ser pacientes e misericordiosos com os ímpios, mas muitos mais são da mesma opinião de Tiago e João, que teriam chamado fogo do céu sobre os que rejeitaram o Salvador. Estamos com tanta pressa.” (Spurgeon)
3. (15b-16) Uma nota sobre as cartas do Apóstolo Paulo.
Como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais as pessoas ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
a. Como também o nosso amado irmão Paulo: Está na moda alguns críticos dizerem que o Apóstolo Pedro e o Apóstolo Paulo não estão de acordo. Esses mesmos críticos também costumam dizer que Pedro e Paulo não concordam com Jesus. No entanto, aqui Pedro afirmou o ensinamento de Paulo nos termos mais calorosos. Ele chamou Paulo de amado e disse que Paulo escrevia com sabedoria.
i. Esse elogio de Pedro é ainda mais maravilhoso quando lembramos que certa vez Paulo repreendeu publicamente Pedro por transigência pública (Gálatas 2:11-21).
b. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender: Embora Pedro elogiasse o ministério de Paulo, ele admitiu que algumas coisas nos escritos de Paulo eram difíceis de entender, e aquelas pessoas ignorantes e instáveis poderiam usar algumas das dificuldades para seus próprios fins, distorcendo as Escrituras.
c. Torcem… as demais Escrituras: Pedro nos lembra que as Escrituras podem ser distorcidas. Só porque alguém cita a Bíblia não significa que ela ensine a verdade bíblica. É possível que eles torcem… as Escrituras. É por isso que devemos ser como os bereanos: “…examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo.” (Atos 17:11).
i. “É digno de nota que as epístolas de Paulo estão classificadas entre as Escrituras; um termo aplicado aos escritos que são divinamente inspirados e apenas a eles.” (Clarke)
ii. “Posso apenas acrescentar que o verbo [torcem], que o apóstolo usa aqui, significa distorcer, colocar na roda, torturar, esticar demais e deslocar os membros; e, portanto, as pessoas aqui pretendidas são aquelas que procedem de acordo com nenhum plano justo de interpretação, mas impõem significados não naturais e sofísticos à palavra de Deus.” (Clarke)
iii. Destruição: “Pedro é muito firme. A ação dos falsos mestres em torcer Paulo para justificar sua própria libertinagem e rejeição da parousia é tão séria que os desqualifica da salvação.” (Green)
4. (17-18) Conclusão.
Portanto, amado, já que sabeis disso de antemão, cuidado para que não caias também de sua própria firmeza, sendo levados pelo erro dos ímpios; mas cresça na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A Ele seja a glória agora e para sempre. Amém.
a. Já que sabeis disso de antemão: nós, que conhecemos o Dia do Senhor e o esperamos com paciente expectativa, devemos perseverar para não cairmos de sua própria firmeza. Devemos tomar cuidado para continuar permanecendo em Jesus.
i. “Para que eles soubessem como permanecer em pé e serem preservados de cair, ele lhes deu esta orientação: ‘cresçam na graça’; pois o caminho para permanecer é crescer; o caminho para ser firme é seguir em frente. Não há posição exceto por progressão.” (Spurgeon)
b. Mas cresça na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: É possível evitar cair também de nossa própria firmeza se mantivermos um crescimento contínuo na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus.
i. A graça não é apenas a maneira como Deus nos atrai a Ele no começo. É também a forma como crescemos e nos mantemos firmes. Nunca podemos crescer separados da graça e do conhecimento de nosso Senhor, e nunca crescemos fora da graça de Deus.
ii. “Mas você observará que nosso texto não diz nada sobre o crescimento da graça; não diz que a graça cresce. Ela nos diz para ‘crescer na graça’. Há uma grande diferença entre a graça crescer e crescer na graça. A graça de Deus nunca aumenta; é sempre infinita, portanto, não pode ser mais; é sempre eterna; é sempre sem fundo; é sempre sem margem. Não pode ser mais; e, na natureza de Deus, não poderia ser menos. O texto nos diz para ‘crescer na graça’. Estamos no mar da graça de Deus; não podemos estar em um mar mais profundo, mas vamos crescer agora que estamos nele.” (Spurgeon)
iii. Devemos também crescer em nosso conhecimento de Jesus Cristo. Isso significa saber mais sobreJesus, mas mais importante, conhecer Jesus em um relacionamento pessoal.
c. A Ele seja a glória: Quando estamos prontos e firmes na graça e do conhecimento de nosso Senhor, isso dá glória a Deus.
i. Spurgeon observou que esta segunda carta de Pedro termina com “dois toques de trombeta”. Uma é do céu para a terra: cresça na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A outra é da terra ao céu: A Ele seja a glória agora e para sempre.
ii. Amém: Esta palavra final não está incluída em todos os manuscritos antigos de 2 Pedro, mas é apropriada para uma carta afirmando a verdade diante do perigo de falsos profetas e escarnecedores. Podemos dizer que há quatro significados para “Amém”:
·Expressa o desejo do coração.
·Expressa a afirmação da nossa fé.
·Expressa a alegria do coração.
·Expressa a declaração de resolução.
iii. Sob a lei, o Amém só era dito na declaração das maldições (Deuteronômio 27:14-26). Sob a Nova Aliança, dizemos “Amém” ao anúncio de uma grande bênção e louvor a Deus.
Adam Clarke acrescentou este perspicaz pós-escrito a Segundo Pedro:
“Já passamos por cima de todos os escritos canônicos de Pedro que existem; e é digno de nota que, em nenhum lugar das duas epístolas já examinadas, nem em qualquer um dos ditos deste apóstolo em qualquer outra parte dos escritos sagrados, encontramos qualquer um dos princípios peculiares da Igreja Romana: nem uma palavra da supremacia dele ou do papa; nenhuma palavra daqueles de afeto para ser seus sucessores; nada da infalibilidade reivindicada por esses supostos sucessores; nada de purgatório, penitências, peregrinações, confissão auricular, poder das chaves, indulgências, extrema-unção, missas e orações pelos mortos; e nem uma palavra sobre a doutrina mais essencial da Igreja Romana, a transubstanciação”. (Clarke)
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