2 Coríntios 8 – Incentivo e Exemplos na Doação
A. Exemplos e encorajamento.
1. (1-5) O exemplo dos cristãos macedônios.
Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos. E não somente fizeram o que esperávamos, mas entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus.
a. Da graça que Deus concedeu: Paulo agora escreverá sobre outras igrejas e seu exemplo de doação. Em suas primeiras palavras sobre este assunto, Paulo mostra que ele considera tanto a oportunidade quanto a disposição de dar um presente da graça que Deus concedeu.
b. Às igrejas da Macedônia: A parte norte da Grécia era chamada Macedônia. A parte sul chamava-se Achaia, e a cidade de Corinto estava na região de Achaia. Paulo escreve sobre o exemplo que ele vê nas igrejas da Macedônia. As igrejas da Macedônia estavam em cidades como Filipos, Tessalônica e Beréia.
c. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade: Paulo relata aos cristãos de Corinto o exemplo dos cristãos macedônios. Os macedônios, embora estivessem em meio da mais severa tribulação e em extrema pobreza, ainda davam generosamente (transbordaram em rica generosidade).
i. Por que Paulo escreveu sobre a doação? Para que ele estava coletando dinheiro? Paulo estava arrecadando dinheiro para ajudar os cristãos em Jerusalém, que eram muito pobres. Ele havia mencionado anteriormente este esforço em 1 Coríntios 16:1-4.
ii. A pobreza dos macedônios é confirmada pela história secular. Os romanos levaram a maior parte de sua riqueza quando conquistaram esta antiga pátria de Alexandre o Grande.
d. Pois dou testemunho: Paulo sabia que os macedônios davam de duas maneiras. Primeiro, de que eles deram tudo quanto podiam no sentido de que, no total, o que deram não era muito. Não era um presente “grande” no sentido de uma quantia dinheiro. Em segundo lugar, como seu coração estava disposto a dar até além do que podiam, e eles davam em proporção ao pouco que tinham, eles davam além do que podiam.
i. O relato da doação da viúva, em Lucas 21:1-4, ilustra o mesmo ponto. Ela deu apenas duas moedas de cobre, o que era uma quantia muito pequena de dinheiro. Nesse sentido, ela deu tudo quanto [ela] podia. No entanto, como ela deu tudo o que tinha – afinal, ela poderia ter guardado uma das moedas para si mesma – ela deu além do que [ela] podia dar. O mesmo princípio de dar era evidente nos cristãos macedônios.
ii. “Aquela moeda de cobre da viúva pobre estava além da magnificência do homem rico, porque saía de uma mente mais rica.” (Trapp)
e. Por iniciativa própria eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos: Paulo não precisava pedir dinheiro aos cristãos macedônios (o que ele não teria feito de qualquer forma). Ao invés disso, eles estavam implorando (nos suplicaram insistentemente) para participar da assistência aos santos!
i. Nos suplicaram significa que foram os macedônios que imploraram a Paulo pelo privilégio de dar, e não Paulo que lhes implorou por dinheiro.
ii. Portanto, embora os cristãos macedônios não tivessem muito a dar, eles realmente queriam dar. Eles viam isso como um privilégio de dar. A verdadeira generosidade cristã não pode ser medida pelo quanto se tem que dar. Muitas vezes aqueles que têm menos são mais generosos com o que têm.
iii. “O exemplo dos macedônios é uma prova prática de que a verdadeira generosidade não é uma prerrogativa daqueles que gozam de uma adequação de meios. A mais genuína liberalidade é frequentemente demonstrada por aqueles que têm menos a dar. A doação cristã é estimada em termos não de quantidade, mas de sacrifício.” (Hughes)
f. E não somente fizeram o que esperávamos: Os cristãos macedônios deram muito além do que Paulo esperava. O que fez com que sua doação fosse tão espetacular? Não foi a quantia de dinheiro. Foi que entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus. Por que os macedônios eram tão bons exemplos de doação? Porque entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor; depois, deram sua confiança a Paulo e aos outros apóstolos.
i. Ao dar, a verdadeira questão não é dar dinheiro. É dar a nós mesmos ao Senhor. Se realmente nos entregamos ao Senhor, então o tipo certo de doação material seguirá naturalmente.
2. (6-8) O encorajamento terno e sábio de Paulo ao dar.
Assim, recomendamos a Tito que, assim como ele já havia começado, também completasse esse ato de graça da parte de vocês. Todavia, assim como vocês se destacam em tudo: na fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação completa e no amor que vocês têm por nós, destaquem-se também neste privilégio de contribuir. Não lhes estou dando uma ordem, mas quero verificar a sinceridade do amor de vocês, comparando-o com a dedicação dos outros.
a. Assim, recomendamos a Tito que, assim como ele já havia começado, também completasse esse ato de graça da parte de vocês: O associado de Paulo, Tito, como portador desta carta, deveria encorajar os cristãos coríntios a realmente dar-lhe a coleta, então ele a daria a Paulo. Ele deveria certificar-se de que eles realmente dessem seguimento ao que tinham a intenção de fazer antes.
i. Poderíamos imaginar que os cristãos coríntios estavam dispostos a fazer uma coleta para os santos em Jerusalém e dar esse dinheiro a Paulo para levar com ele para Jerusalém. Mas quando as coisas se tornaram difíceis entre Paulo e os cristãos de Corinto, eles talvez estivessem menos dispostos a aceitar a coleta e a colocá-la nas mãos de Paulo. Uma razão pela qual Tito foi enviado com esta carta foi para completar esse ato de graça nos cristãos coríntios e ter certeza de que eles cumpriram com sua intenção original.
ii. Completasse esse ato de graça: Os cristãos coríntios podem ter tido a intenção de dar. Eles podem ter pensado em dar. Eles podem ter sido favoráveis à ideia de dar. No entanto, tudo isso seria inútil, a menos que eles tivessem completado esse ato de graça. Nossas intenções, nossos votos e nossas resoluções são inúteis sem ação. Era hora de os cristãos coríntios agirem, e Titus foi enviado para ajudá-los a fazer isso.
b. Assim como vocês se destacam em tudo: Paulo está sendo sarcástico aqui? Provavelmente. Se os cristãos coríntios de fato se destacam na fé, na palavra, no conhecimento, na dedicação completa e no amor por Paulo, eles tinham acabado de começar a fazer estas coisas. Mas os cristãos coríntios provavelmente se consideravam em destaque em todas essas coisas. Então é como se Paulo estivesse dizendo: “Muito bem, eu aceito sua palavra. Vocês se destacam em todas essas coisas. Portanto, agora, destaquem-se também neste privilégio de contribuir.”
i. Também neste privilégio de contribuir: Agora, pela quarta vez desde o início do capítulo, Paulo se refere a dar dinheiro como um privilégio de contribuir (graça de Deus… participar da assistência aos santos… completar esse ato de graça). O fato de Paulo usar a antiga palavra grega charis para descrever a doação financeira significa algumas coisas.
ii. A capacidade de dar e o coração de dar é um dom de Deus. Dar é uma obra da graça de Deus em nós. Quando você vê um crente que é verdadeiramente generoso, uma grande obra de Deus foi feita em seu coração. Nunca devemos dizer: “Bem, eles só querem assinar os cheques e não se envolver.” Não, dar é se envolver, e isso demonstra uma verdadeira obra da graça de Deus no coração.
iii. Nossa doação deve ser como a doação da graça de Deus para nós: dar de graça, generosamente, porque queremos dar. Quando Deus nos dá por graça, o motivo de sua doação está Nele, não baseado naquele que recebe. É assim que devemos dar – porque o motivo do amor e da generosidade de Deus é tão grande em nosso coração que devemos simplesmente dar.
iv. Nossa doação, como a graça de Deus para nós, deve ser oferecida sem expectativa de pagamento em troca. Deus não nos dá esperando “retribuição”. Nunca poderemos retribuir a Deus. Podemos simplesmente servi-Lo e amá-Lo em troca.
v. “Uma vez que você vê que a questão da doação está centrada nesta adorável palavra graça, ela afasta todo o ato mecânico, da pressão e do dever, da obrigação e do mero legalismo. Ela nos eleva à atmosfera mais bela de uma atividade que procura, dando para transmitir aos outros tudo o que é adorável, tudo o que é belo, tudo o que é bom e tudo o que é glorioso. Que palavra encantadora esta palavra é… Pois não há área na vida cristã em que a graça brilhe tanto, tão bela, tão deliciosamente e tão feliz como quando a doação vem do fundo da pobreza.” (Redpath)
c. Não lhes estou dando uma ordem: Paulo não está ordenando aos cristãos coríntios que deem. Paulo sabia que dar por ordem não é dar de forma alguma; podemos chamar este tipo de doação de imposto.
d. Mas quero verificar a sinceridade do amor de vocês, comparando-o com a dedicação dos outros: Paulo faz aqui dois pontos importantes. Primeiro, a doação pode medir a sinceridade do amor de vocês. Segundo, Paulo comparou abertamente a doação dos cristãos de Corinto com a doação dos cristãos macedônios (verificar a sinceridade do amor de vocês, comparando-o com a dedicação dos outros).
i. Muitos de nós gostamos de pensar que podemos amar sem dar, mas o que diz 1 João 3:17-18? Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade. Jesus disse muito o mesmo em Mateus 6:21: “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.” O que damos, e como cumprimos nosso compromisso de dar, são provas válidas de nosso amor.
ii. Além disso, não é injusto comparar nossa doação com a de outros, pelo menos em algum sentido. Jesus comparou a doação da pobre viúva com a doação de outros (Lucas 21:1-4). Mas não devemos pensar que Paulo está incentivando uma competição de arrecadação de fundos entre as igrejas da Macedônia e Corinto. Ele simplesmente usa os macedônios (que deram tanto mesmo em sua pobreza) como um exemplo de doação.
iii. Como os coríntios tinham mais do que os macedônios tinham, eles deveriam dar mais. Calvino coloca isso claramente: “Os homens ricos devem a Deus um grande tributo e os homens pobres não têm motivo para se envergonharem se o que eles dão é pequeno.”
3. (9) O segundo exemplo de dar: nosso Senhor Jesus.
Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos.
a. Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus: Pelo contexto e pela forma como Paulo usou a palavra graça nesta passagem, sabemos que Paulo quer dizer: “Vocês conhecem o dar do nosso Senhor Jesus.”
b. Que, sendo rico: Quando Jesus foi rico? Antes de Ele acrescentar a humanidade à Sua divindade e caminhar por esta terra. Aqui, Paulo sutilmente, mas definitivamente, aponta para a divindade de Jesus. De maneira alguma Paulo poderia escrever que, sendo rico, se Jesus começou sua existência no ventre de Maria.
i. E que riquezas! Jesus, como eterno Segundo Membro da Trindade, como Deus Filho, vivendo nas riquezas e esplendor dos palácios de marfim do céu (Salmo 45:8), cercado constantemente pela glória, poder e majestade de Deus. As riquezas que Jesus desfrutava antes de acrescentar a humanidade a Sua divindade fazem qualquer quantidade de riqueza na terra parecer pobre.
ii. Note que diz que Jesus se fez pobre quando era rico. Assim como Jesus acrescentou a humanidade, mas nunca perdeu Sua divindade, assim também Ele “acrescentou” a pobreza, mas nunca “perdeu” Suas riquezas. “Pois Ele assumiu a pobreza, mas não perdeu Suas riquezas. Interiormente Ele era rico, externamente pobre. Sua divindade estava escondida em sua riqueza, sua masculinidade aparente em sua pobreza.” (Hughes)
c. Se fez pobre por amor de vocês: Jesus viveu sua vida terrena como um homem pobre. Não devemos exagerar a pobreza de Jesus; afinal, Ele não era um mendigo indigente. No entanto, Ele pôde dizer de Si mesmo: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça.” (Mateus 8:20)
i. Quando contrastamos a vida simples de Jesus (se fez pobre) com sua existência antes de acrescentar humanidade à sua divindade (sendo rico), ficamos ainda mais maravilhados. É muito difícil lidar com a pobreza quando se é rico.
ii. O mais surpreendente de tudo é porque Jesus aceitou esta vida simples de pobreza: por amor de vocês. Esta foi a “doação” de Jesus. Ele deu financeiramente no sentido de que Ele aceitou uma vida humilde de pobreza (quando Ele tinha todo o poder para viver como o homem mais rico de toda a história), e Ele o fez por amor de [nós].
iii. Por que Jesus precisaria se tornar pobre por amor de vocês? Como Sua pobreza nos beneficia?
·Porque ele nos mostra o coração doador de Deus.
·Porque nos mostra a importância relativa das coisas materiais.
·Porque torna Jesus aberto e acessível a todos.
·Porque repreende o orgulho que poderia se recusar a vir a um pobre Salvador.
·Porque dá a outros o privilégio de dar a Jesus.
·Porque cumpriu o coração, a vontade e o plano de Deus, tornando possível nossa salvação.
d. Para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos: Por causa da pobreza de Jesus e de tudo o que estava relacionado a ela, podemos nos tornar ricos. Temos uma participação na riqueza eterna e celestial de Jesus, porque Ele veio e teve uma participação em nossa pobreza.
B. Palavras práticas de conselho a respeito do dar.
1. (10-12) Siga em frente com sua vontade anterior.
Este é meu conselho: convém que vocês contribuam, já que desde o ano passado vocês foram os primeiros, não somente a contribuir, mas também a propor esse plano. Agora, completem a obra, para que a forte disposição de realizá-la seja igualada pelo zelo em concluí-la, de acordo com os bens que vocês possuem. Porque, se há prontidão, a contribuição é aceitável de acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem.
a. Agora, completem a obra: Os cristãos coríntios expressaram anteriormente propor e estarem à disposição para dar. Agora, eles realmente tinham que entregar!
i. O Diabo o deixará resolver o quanto você quiser – quanto mais, melhor – desde que você nunca o faça. “A tragédia da vida é tão frequente, não que não tenhamos impulsos altos, mas que não consigamos transformá-los em ações.” (Barclay)
ii. John Trapp escreveu há mais de 300 anos: “Esta era está repleta de gente que fala muito, o que não tem muito valor. Mas um pequeno punhado valeria um grande número dessas bocas.” Quão mais verdadeiro é isto hoje!
b. Concluí-la, de acordo com os bens que vocês possuem: Não podemos dar o que não temos. Deus julga nossa doação contra os recursos que vocês possuem. Entretanto, a questão do que e como gastamos é relevante para o que você tem. Se você gasta demais e, portanto, nunca tem nada para dar, não pode desculpar diante de Deus dizendo: “Bem, eu não tenho nada para dar.”
c. Porque, se há prontidão: Quando damos, Deus procura a disposição e a prontidão. Estas são as verdadeiras marcas de um coração generoso diante de Deus e não são mais prováveis entre os ricos do que entre os pobres.
d. É aceitável de acordo com aquilo que alguém tem, e não de acordo com o que não tem: Mais uma vez, Deus não espera que demos o que não temos. A verdadeira doação cristã não pode ser medida pela quantidade. Um pode dar um milhão de Reais e ainda não dar o suficiente; outro pode dar um Real e dar com tremendo sacrifício e generosidade. A verdadeira doação é medida pela obediência, proporção e necessidade, não pela quantidade.
i. Quando a questão da doação é levantada, muitos perguntam: “Quanto eu devo dar?” Os princípios de Paulo ao longo desta carta e de outras cartas nos lembram que não há uma resposta a essa pergunta para cada crente.
ii. Muitos voltam à lei do Antigo Testamento do dízimo, a doação de dez por cento ao Senhor. Este é um bom princípio para dar e talvez uma ampla referência, mas o Novo Testamento em nenhum lugar comanda especificamente o dízimo. O Novo Testamento certamente fala do dízimo de uma forma positiva se for feito com um coração correto (Lucas 11:42).
iii. Mas o Novo Testamento fala com grande clareza sobre os princípios do dar. Ele nos ensina que a doação deve ser regular, planejada, proporcional e privada (1 Coríntios 16:1-4) e que deve ser generosa, livremente dada e alegre (2 Coríntios 9).
iv. Como o Novo Testamento não enfatiza o dízimo, não se pode ser rígido para os cristãos (embora alguns cristãos discordem do dízimo com base no interesse próprio). Entretanto, como a doação deve ser proporcional, devemos dar algum percentual, e dez por cento é uma boa referência ou meta. Entretanto, para alguns, dar dez por cento não é nem de longe suficiente; para outros, no seu momento atual, cinco por cento pode ser um grande passo de fé.
v. Se nossa pergunta é: “Quão pouco posso dar e ainda ser agradável a Deus?”, nosso coração não está no lugar certo. Deveríamos ter a atitude de alguns primeiros cristãos, que essencialmente disseram: “Não estamos limitados ao dízimo – podemos dar mais!” Dar e gestão financeira são questões espirituais, não apenas financeiras (Lucas 16:11).
2. (13-15) Entendam a causa à qual vocês dão.
Nosso desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês são sobrecarregados, mas que haja igualdade. No presente momento, a fartura de vocês suprirá a necessidade deles, para que, por sua vez, a fartura deles supra a necessidade de vocês. Então haverá igualdade, como está escrito: “Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco.”
a. Nosso desejo não é que outros sejam aliviados enquanto vocês são sobrecarregados: Os cristãos coríntios não estavam dando para que os cristãos de Jerusalém ficassem ricos e preguiçosos às suas custas. Paulo estava levando a coleta para que os cristãos de Jerusalém pudessem simplesmente sobreviver. O objetivo não era sobrecarregar os cristãos de Corinto, nem facilitar a vida dos cristãos de Jerusalém.
i. Alguns gostam de dizer: “Dê até doer. Então, continuem dando até que se sinta melhor novamente.” Mas o objetivo de Deus para nós não é “Dar até doer”. O objetivo não é afligir aqueles que dão, mas mostrar o coração doador e o amor de Jesus Cristo.
ii. “Este ensinamento é necessário para refutar os fanáticos que pensam que você não fez nada, a menos que você se despoje completamente e coloque tudo em um fundo comum.” (Calvin)
b. Mas que haja igualdade: Paulo vê que a fartura espiritual dos cristãos de Jerusalém tem abençoado os cristãos de Corinto. Portanto, deve ser uma coisa pequena para os cristãos de Corinto compartilhar com eles sua fartura material.
i. A igualdade que Paulo menciona aqui não pretende implicar socialismo ou comunismo, onde se diz que todos vivem no mesmo nível econômico, e nenhum deles deve ser mais rico do que os outros. É claro que o comunismo e o próprio socialismo são maus, sendo ideias nobres em teoria, mas tiranias absolutas quando o compartilhamento é comandado no fim de uma arma. Mas este não é o tipo de igualdade que Paulo quer dizer aqui de qualquer forma. “Reconheço, de fato, que não estamos vinculados a tal igualdade que tornaria errado para os ricos viver mais elegantemente do que os pobres; mas deve haver uma igualdade que ninguém passa fome e ninguém acumula sua abundância às custas de outro.” (Calvin)
ii. “Assim, as Escrituras evitam, por um lado, a injustiça e os males destrutivos do comunismo agrário, reconhecendo o direito de propriedade e tornando opcional toda esmola; e, por outro, o desprezo sem coração pelos pobres, inculcando a fraternidade universal dos crentes, e o consequente dever de cada um contribuir com sua abundância para aliviar as necessidades dos pobres. Ao mesmo tempo, eles inculcam nos pobres o dever de autossustento na medida de sua capacidade.” (Hodge)
c. No presente momento lembra aos cristãos coríntios que é assim mesmo que as coisas são agora. Pode haver um tempo mais tarde em que a abundância espiritual dos cristãos coríntios possa ministrar aos santos em Jerusalém, e a abundância material dos santos em Jerusalém possa ministrar aos cristãos coríntios.
i. Mas não há ideia de Jerusalém dar riquezas “espirituais” em troca de ajuda material. Os santos em Jerusalém não estavam “vendendo” coisas espirituais. “Uma ideia como a da transferência dos méritos dos santos é, naturalmente, bastante estranha ao contexto.” (Bernard)
d. Quem tinha recolhido muito não teve demais, e não faltou a quem tinha recolhido pouco: A citação de Paulo do Êxodo 16:18 ilustra seu princípio. Todos reuniram o que puderam, alguns mais e outros menos; mas todos eles compartilharam o que reuniram.
i. Hodge faz bem o ponto: “A propriedade é como o maná, não suportará açambarcamento.”
ii. “Tudo o que temos é maná… E assim como o maná, que foi acumulado em excesso por ganância ou falta de fé, imediatamente apodreceu, assim também não devemos ter dúvidas de que as riquezas que são acumuladas às custas de nossos irmãos são amaldiçoadas e logo perecerão e seu dono será arruinado com elas.” (Calvin)
3. (16-24) Como receber Titus quando ele e seus companheiros vêm para a coleta.
Agradeço a Deus ter ele posto no coração de Tito o mesmo cuidado que tenho por vocês, pois Tito não apenas aceitou o nosso pedido, mas está indo até vocês, com muito entusiasmo e por iniciativa própria. Com ele estamos enviando o irmão que é recomendado por todas as igrejas por seu serviço no evangelho. Não só por isso, mas ele também foi escolhido pelas igrejas para nos acompanhar quando formos ministrar esta doação, o que fazemos para honrar o próprio Senhor e mostrar a nossa disposição. Queremos evitar que alguém nos critique quanto ao nosso modo de administrar essa generosa oferta, pois estamos tendo o cuidado de fazer o que é correto, não apenas aos olhos do Senhor, mas também aos olhos dos homens. Além disso, estamos enviando com eles o nosso irmão que muitas vezes e de muitas maneiras já nos provou que é muito dedicado, e agora ainda mais, por causa da grande confiança que ele tem em vocês. Quanto a Tito, ele é meu companheiro e cooperador entre vocês; quanto a nossos irmãos, eles são representantes das igrejas e uma honra para Cristo. Portanto, diante das demais igrejas, demonstrem a esses irmãos a prova do amor que vocês têm e a razão do orgulho que temos de vocês.
a. Agradeço a Deus ter ele posto no coração de Tito o mesmo cuidado que tenho por vocês: A intenção de Paulo é recomendar Tito a eles como um portador confiável de seu dinheiro.
b. Com ele estamos enviando o irmão que é recomendado por todas as igrejas por seu serviço no evangelho: Os comentadores tiveram um dia de campo tentando identificar o irmão mencionado aqui. Quem é ele?
i. Este irmão acompanhou Tito quando ele foi a Corinto em nome de Paulo.
ii. Este irmão era bem conhecido e elogiado no evangelho em todas as igrejas.
iii. Este irmão também foi escolhido pelas igrejas para viajar com Paulo, carregando esta doação. Além destas coisas, não sabemos nada sobre este homem.
iv. Como era de se esperar, os comentaristas bíblicos têm estado prontos para dizer quem eles acreditam que o irmão seja. Alguns dos candidatos têm sido Lucas, Barnabé, Silas, Timóteo e uma variedade de outros, mas ninguém realmente sabe. Podemos dizer com confiança que isso não importa realmente, caso contrário, Deus teria deixado isso claro.
c. Queremos evitar que alguém nos critique quanto ao nosso modo de administrar essa generosa oferta: Paulo sabiamente evitou qualquer fofoca sobre seu papel na coleta, enviando Tito e seu companheiro para recolhê-la, e para acompanhar Paulo no seu transporte a Jerusalém.
i. Também aos olhos dos homens é um lembrete de que todas as coisas financeiras na igreja devem ser conduzidas acima da mesa e adequadamente. Paulo tomou todas as medidas necessárias para que ninguém pudesse culpá-lo de impropriedade financeira. Paulo podia escrever como um poeta e pensar como um teólogo; mas ele também podia agir com a meticulosa precisão e integridade do melhor contador.
d. Portanto, diante das demais igrejas, demonstrem a esses irmãos a prova do amor que vocês têm e a razão do orgulho que temos de vocês: Este é um forte incentivo de Paulo para dar. Ele diz que quando Tito e o irmão sem nome vierem, os coríntios devem demonstrar uma boa oferta.
·Demonstrem uma boa oferta porque as demais igrejas também saberão disso e agradecerão a Deus por seu trabalho entre os coríntios.
·Demonstrem uma boa oferta porque a oferta dada será uma prova do amor.
·Demonstrem uma boa oferta porque Paulo tem manifestado o seu orgulho aos outros sobre o quão generosos os cristãos coríntios tinham sido ao dar.
i. A ideia conclusiva é clara. Paulo pede a eles que agora se apresentem e ofereçam como os bons doadores que ele afirmou ser.
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