1 Coríntios 12




1 Coríntios 12 – Diversidade e Unidade nos Dons Espirituais

A. O Espírito Santo é a fonte dos dons.

1. (1-3) Introdução ao tema dos dons espirituais.

Irmãos, quanto aos dons espirituais, não quero que vocês sejam ignorantes. Vocês sabem que, quando eram pagãos, de uma forma ou de outra eram fortemente atraídos e levados para os ídolos mudos. Por isso, eu lhes afirmo que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: “Jesus seja amaldiçoado”; e ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, a não ser pelo Espírito Santo.

a. Quanto aos dons espirituais: A palavra “dons” é acrescentada pelos tradutores. Literalmente, Paulo agora se dirige aos espirituais, depois de discutir todas as áreas da carnalidade coríntia. Mas adicionar dons é justificado pelo contexto.

i. Clarke define os dons espirituais como “dotações graciosas, levando a resultados miraculosos… todos eles vieram pelas influências extraordinárias do Espírito Santo”.

b. Não quero que vocês sejam ignorantes: os cristãos coríntios recebem um lembrete que é bom para nós também. Talvez sejamos ignorantes em relação aos dons espirituais, e não deveríamos ser.

i. Paulo, em suas cartas, cita três coisas que ele não quer que os cristãos ignorem:

·Não ignore o plano de Deus para Israel (Romanos 11:25).

·Não ignore os dons espirituais (1 Coríntios 12:1).

·Não ignore a Segunda Vinda de Jesus e o estado eterno (1 Tessalonicenses 4:13).

Infelizmente, muitos cristãos são ignorantes sobre esses pontos exatos.

c. Vocês sabem que, quando eram pagãos… Levados para os ídolos mudos: Paulo queria que os cristãos coríntios se lembrassem de que seu passado de idolatria pagã não os preparou para uma compreensão exata dos dons espirituais. Ele não queria que eles fossem ignorantes, mas porque eles eram pagãos, eles chegaram à questão dos dons espirituais como ignorantes.

i. Nossos ensinamentos e experiências passadas talvez tenham construído uma compreensão pobre do Espírito Santo e Seus dons. É fácil para nós levar nossas visões materialistas ou supersticiosas em nossa compreensão dos dons espirituais.

d. Por isso, eu lhes afirmo que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: “Jesus seja amaldiçoado”: Aqui, Paulo estabelece um princípio amplo para discernir assuntos relativos aos dons espirituais– julgue as coisas por como elas se relacionam com Jesus Cristo. Um suposto dom espiritual glorifica Jesus? Promove o verdadeiro Jesus ou um falso?

i. Jesus deixou bem claro, dizendo que quando o Espírito Santo vier, ele testemunhará a meu respeito (João 15:26), Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e o tornará conhecido a vocês (João 16:14). O ministério do Espírito Santo não é promover a Si mesmo ou a qualquer homem, mas glorificar e representar Jesus. Podemos, portanto, confiar que o verdadeiro ministério do Espírito Santo será de acordo com a natureza de Jesus.

2. (4-6) Diversidade e unidade dos dons.

Há diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diferentes tipos de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes formas de atividades, mas é o mesmo Deus quem efetua tudo em todos.

a. Há diferentes tipos de dons: Paulo irá listar nove dons espirituais nos versículos seguintes, e mais em outros lugares. Há de fato uma diversidade de dons! No entanto, há apenas um Doador, que opera através dos diversos dons.

b. Diferentes tipos de dons, mas o Espírito é o mesmo: Os dons são diversos, os ministérios são diferentes e as atividades são diversas. Mas é tudo o mesmo Espírito, o mesmo Senhor, o mesmo Deus fazendo a obra através dos dons, dos ministérios e atividades.

i. Ministérios provavelmente têm em mente os diferentes “ofícios talentosos” na igreja, como apóstolos, profetas, evangelistas e pastores-mestres, como Paulo também descreveu em Efésios 4. O ponto de Paulo é claro: embora existam diferentes ofícios, é o mesmo Senhor concedendo os ofícios e dirigindo o serviço.

ii. A palavra grega para atividades é energemata, de onde tiramos as palavras energia, energética e energizar. É uma palavra de poder ativo e milagroso. Atividades é a mesma palavra que operar em 1 Coríntios 12:10 (a obra de milagres). Diferentes formas de atividades significam que Deus exibe e derrama Seu poder milagroso de maneiras diferentes, mas é sempre o mesmo Deus fazendo a obra.

c. Dons, ministérios, atividades: Quais são as diferenças entre dons, ministérios, e atividades do Espírito (1 Coríntios 12:7)? Tudo isso são dons. Alguns dons são ministérios – cargos permanentes ou posições na igreja. Alguns dons são atividades – eventos milagrosos ou derramamentos em um determinado momento e lugar (como a manifestação do Espírito mencionada em 1 Coríntios 12:7).

i. “Hábitos e poderes, pelos quais os homens realizaram ofícios sagrados na igreja, ou operaram milagres, são chamados de dons. Os atos ou exercício desses poderes são chamados de administração e operação. Estes últimos diferem um do outro, pois os primeiros significam atos permanentes e contínuos na igreja; operações, sim, significam eventos milagrosos, como curar os doentes sem a aplicação de meios milagrosos, falar em diversas línguas, [e assim por diante].” (Poole)

d. Dons, ministérios, atividades: É fácil para nós focarmos em nossa própria “pequena área” de dons, ministérios ou atividades e acreditar que aqueles que têm outros dons, ministérios ou atividades não estão realmente andando ou trabalhando com Deus. No entanto, o único Deus tem uma gloriosa diversidade na maneira como Ele faz as coisas. Nunca devemos esperar que tudo seja de acordo com nossa própria ênfase e gosto.

e. Espírito, Senhor, Deus: Esta passagem também declara a Trindade em um fluxo típico e sutil do Novo Testamento. Os dons são obra do Espírito Santo, do Senhor Jesus e de Deus Pai.

3. (7-11) As variedades das manifestações do Espírito.

A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum. Pelo Espírito, a um é dada a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de conhecimento, pelo mesmo Espírito; a outro, fé, pelo mesmo Espírito; a outro, dons de cura, pelo único Espírito; a outro, poder para operar milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a outro, variedade de línguas; e ainda a outro, interpretação de línguas. Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, conforme quer.

a. É dada a manifestação do Espírito: O Espírito Santo está sempre presente entre nós os cristãos. Jesus disse sobre o Espírito Santo, Ele estaria com vocês para sempre (João 14:16). No entanto, em alguns momentos a presença do Espírito é mais aparente do que em outros momentos. Há momentos em que Ele pode optar por manifestarse, isto é, tornar-se aparente.

i. No entanto, nunca devemos pensar que o Espírito Santo está “mais” presente quando Ele se manifesta através dos dons. O Espírito Santo está sempre presente com os crentes, mas às vezes Ele é mais aparente através da manifestação do Espírito.

b. Visando ao bem comum: O propósito da manifestação do Espírito é beneficiar toda a família da igreja, não apenas um indivíduo em particular.

c. Manifestação do Espírito: Quando Paulo começa a mencionar diferentes manifestações do Espírito, ele começa mencionando a palavra de sabedoria. Esta é a capacidade única de falar a sabedoria de Deus, especialmente em uma situação importante, como mostrado por Estêvão (Atos 7) e Paulo (Atos 23).

d. A palavra de conhecimento: A capacidade única de declarar conhecimento que só poderia ser revelado sobrenaturalmente, como mostrado em Jesus (Mateus 17:24-27) ou Paulo (Atos 27:10, 27:23-26). Quando Charles Spurgeon foi salvo, foi na pregação de um homem que dirigiu uma parte de seu sermão diretamente ao jovem Spurgeon, e que sobrenaturalmente falou exatamente onde estava o coração de Spurgeon. Este é outro exemplo da palavra de conhecimento.

i. Fazemos bem em entender a diferença entre a palavra de sabedoria e a palavra de conhecimento. Alguém pode ter grande conhecimento, até mesmo conhecimento sobrenatural, mas não ter sabedoria de Deus na aplicação desse conhecimento.

ii. Da mesma forma, devemos sempre usar de discernimento ao receber uma palavra de conhecimento, lembrando que Deus não é a única fonte de conhecimento sobrenatural. Mesmo que uma palavra seja verdadeira, isso não significa que seja de Deus e que aquele que fala a palavra está realmente representando Deus.

e. O dom da fé: Embora a fé seja uma parte essencial da vida de todo cristão, o dom da é a capacidade única de confiar em Deus contra todas as circunstâncias, como Pedro fez quando saiu do barco para a água (Mateus 14:22-33). Outro exemplo poderoso do dom da fé foi o líder cristão e filantropo George Mueller, que na Inglaterra do século XIX sustentou milhares de órfãos completamente pela oração, sem nunca pedir doações.

f. Dons de cura: Este é o poder de cura de Deus, dado ou recebido, e tem sido repetidamente documentado no Novo Testamento e desde então.

i. Adam Clarke sobre os dons de cura: “O poder que em tempos particulares os apóstolos receberam do Espírito Santo para curar doenças; um poder que nem sempre residia neles; pois Paulo não podia curar Timóteo, nem remover seu próprio espinho na carne; por que foi dado apenas em ocasiões extraordinárias, embora talvez mais geralmente do que muitos outros.”

g. Poder para operar milagres: Literalmente dynameis, ou “atos de poder”. Isso descreve quando o Espírito Santo escolhe “substituir” as leis da natureza (como um piloto pode usar controles manuais), trabalhando em ou através de uma pessoa disponível.

i. Dons de cura e operação de milagres geralmente operam em conjunto com o dom de fé, como em Atos 3:1-8. Essas coisas não são feitas por capricho do indivíduo, como se o poder de curar ou fazer milagres estivesse à sua disposição permanente. Em vez disso, eles operam como um indivíduo que é inspirado por Deus e recebe a fé para realizar tal obra (outro exemplo disso está em Atos 14:8-10).

h. Profecia: A pregação da mensagem de Deus em uma situação particular, sempre de acordo com Sua Palavra e Sua obra atual. Às vezes isso tem o caráter de predizer o futuro, como em Atos 21:10-11 e Atos 27:21-26.

i. Muitas vezes, as pessoas que acreditam que os dons milagrosos foram removidos da igreja desejam definir profecia como “pregação”. Embora isso seja comum, é impreciso. Há uma palavra grega para pregação e uma palavra grega para discurso divinamente inspirado. Paulo usa a palavra para discurso divinamente inspirado, não pregação. Embora a boa pregação ungida pelo Espírito use frequentemente o dom espontâneo de profecia, é impreciso definir profecia como “boa pregação”.

i. Discernimento de Espíritos: A habilidade de dizer a diferença entre doutrina verdadeira e falsa, e entre o que é do Espírito Santo e o que não é (Atos 8:18-23 e 16:16-18).

i. Satanás aparece como um anjo de luz (2 Coríntios 11:14). Ele engana com uma mensagem falsa e tentadora (Gênesis 2:16-3:5). Pode haver espíritos mentirosos na boca dos profetas (1 Reis 22:21-23 e 2 Crônicas 18:20-22). Satanás pode falar logo após Deus falar (Mateus 16:23). Às vezes, as pessoas que parecem dizer as coisas certas são realmente do diabo (Atos 13:6-12 e 16:16-18). É importante testar a palavra de qualquer um que afirme falar da parte de Deus (1 João 4:1-3). Satanás pode operar milagres enganosos (2 Tessalonicenses 2:9-10 e Apocalipse 13:11-14). O diabo tentará se infiltrar na igreja com falsos mestres (Judas 4 e 2 Pedro 2:1-2). Como precisamos do dom de discernimento na igreja hoje!

j. Variedade de línguas: O dom de línguas é uma linguagem pessoal de oração dada por Deus, pela qual o crente pode se comunicar com Deus além dos limites do conhecimento e entendimento (1 Coríntios 14:14-15). A linguagem é um acordo entre as partes, onde se concorda que certos sons representam certos objetos ou ideias. Ao usar o dom de línguas, concordamos com Deus que, como o Espírito Santo ora através de nós, embora possamos não entender o que estamos orando, Deus entende.

i. As línguas têm um lugar importante na vida devocional do crente, mas um lugar pequeno na vida corporativa da igreja (1 Coríntios 14:18-19), especialmente em reuniões “públicas” (1 Coríntios 14:23).

ii. Quando as línguas são praticadas na vida corporativa da igreja, isso deve ser cuidadosamente controlado, e nunca sem uma interpretação dada pelo Espírito Santo (1 Coríntios 14:27-28).

iii. A capacidade de orar em uma língua desconhecida não é um dom dado a todo crente (1 Coríntios 12:20).

iv. A habilidade de orar em línguas não é evidência do enchimento do Espírito Santo; essa ênfase tem levado as pessoas a buscar o dom de línguas (e a falsificá-lo) meramente para provar a si mesmas e aos outros que elas realmente estão cheias do Espírito Santo.

v. Muitas pessoas acreditam que o dom de línguas morreu com os apóstolos. Curiosamente, muitos deles definem o dom de línguas como meramente a habilidade de falar em outras línguas com o propósito de espalhar o evangelho em outras línguas. Mas essa necessidade não mudou nem um pouco desde os dias dos apóstolos. Em vez disso, a Bíblia diz claramente que o dom de línguas se destina à comunicação de um indivíduo com Deus, não com o homem (1 Coríntios 14:2). Mesmo no dia de Pentecostes, quando os discípulos falaram em línguas, eles não estavam pregando para a multidão (Pedro fez isso na língua grega que era comum a todos eles). Em vez disso, eles estavam louvando a Deus (Nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua, Atos 2:11), e a multidão no dia de Pentecostes ouviu os discípulos louvando a Deus com entusiasmo.

vi. Frequentemente, aqueles que falam em línguas hoje são ridicularizados por aqueles que negam o dom com a acusação de que estão falando “falsidade”. Atos 2 é usado erroneamente para apoiar isso, porque Atos 2 nos diz que aqueles que falavam em línguas no dia de Pentecostes estavam falando línguas inteligíveis compreendidas por outros. Mas não nos diz que todos os cerca de 120 que falaram em línguas falaram em línguas que podiam ser compreendidas. E não devemos presumir que aqueles que não foram imediatamente compreendidos pelos espectadores falaram “absurdo”, como as línguas são referidas com escárnio. Eles podem ter louvado a Deus em uma linguagem completamente desconhecida, mas humana (como soaria a linguagem dos astecas aos ouvidos romanos?), ou em uma linguagem completamente única dada por Deus e compreendida por Ele e somente por Ele. Afinal, a comunicação com Deus e não com o homem, é o propósito das línguas (1 Coríntios 14:2). A repetição de frases simples, ininteligíveis e talvez sem sentido para os espectadores humanos, não significa que tal fala seja “absurda”. O louvor a Deus pode ser simples e repetitivo, e parte de toda a dinâmica das línguas é que ele passa por cima do entendimento do orador (1 Coríntios 14:14), sendo entendido por Deus e somente por Deus.

k. O dom de Interpretação de línguas: Este dom permite que o dom de variedade de línguas seja benéfico para aqueles que não são falantes, pois eles são capazes de ouvir e concordar com as palavras do falante de línguas a Deus.

l. Embora nesses versículos tenhamos a tendência de nos concentrar na lista de dons, Paulo não o faz. Como ele não dá uma descrição detalhada de cada dom, é provável que os cristãos coríntios estivessem familiarizados com todos eles. O que Paulo enfatizou é que cada um deles é pelo mesmo e único Espírito ou por meio dele, repetindo a ideia cinco vezes e concluindo com a afirmação: “Todas essas coisas, porém, são realizadas pelo mesmo e único Espírito”.

i. Aparentemente, a tendência à divisão entre os cristãos coríntios os fez pensar separadamente ou de forma competitiva sobre os dons. Talvez os “falantes de línguas” se julgassem superiores aos “profetizadores”, como se os dons tivessem vindo de dois deuses diferentes! Paulo enfatiza a eles que são realizadas pelo mesmo e único Espírito, então eles devem refletir essa mesma unidade entre si.

m. Distribui individualmente, a cada um, conforme quer: Aqui está outra razão para a unidade, e uma razão contra qualquer sentimento de superioridade em relação aos dons. Eles são distribuídos não de acordo com a vontade do homem, mas como o Espírito de Deus quer – conforme quer.

i. Como eles são dados conforme quer, e às vezes, se não frequentemente, a vontade e a sabedoria de Deus são diferentes da nossa vontade e sabedoria (Isaías 55:8-9), nunca devemos presumir que os dons são distribuídos como faríamos.

ii. Muitas vezes, assumimos que os dons espirituais são dados porque uma pessoa é especialmente madura espiritualmente ou mais próxima de Deus, mas isso pode não ser o caso. Nunca devemos presumir que a superdotação está ligada à maturidade. Deus pode e, para Sua própria glória e propósito, distribui dons espirituais para aqueles que não são especialmente maduros espiritualmente ou próximos a Ele. É por isso que o dom espiritual nunca é o critério para posições de liderança entre os cristãos, mas a maturidade e o caráter cristão são (1 Timóteo 3:1-13 e Tito 1:5-9). Deus pode conceder a qualquer um, dons espirituais notáveis em um momento, mas o caráter e a maturidade levam tempo para serem construídos.

n. Se o Espírito distribui individualmente, a cada um, conforme quer, por que Ele escolheria dar um dom específico em um momento específico? As razões maiores podem não ser aparentes, mas o objetivo da obra do Espírito Santo é sempre glorificar a Jesus e construir Sua natureza e caráter em nós. O objetivo do Espírito nunca é surpreender ou confundir, mas construir o fruto do Espírito, e Ele usará ou não usará qualquer dom que Ele achar certo para esse fim.

o. Distribui… Conforme quer: Embora as manifestações do Espírito sejam dadas conforme a vontade do Espírito, o crente ainda deve recebê-las com fé. Ele distribui e nós recebemos, e receber e exercer os dons muitas vezes é muito natural.

B. Alguns desses dons do Espírito Santo não são mais dados à Igreja hoje?

1. Esta é uma questão que dividiu grandemente o corpo de Cristo, tanto teológica quanto espiritualmente. Há alguns que pensam que aqueles que acreditam que todos os dons são para hoje (geralmente chamados de “carismáticos” ou “pentecostais”) são enganados por Satanás. Há outros que pensam que aqueles que acreditam que alguns dos dons não são mais dados não são espirituais e estão mortos em sua caminhada com Deus.

a. Muitas vezes, as igrejas Capela Calvário são respeitadas por seu equilíbrio bíblico quando se trata dos dons do Espírito Santo e seu lugar na vida da igreja. As igrejas, Capela Calvário, às vezes têm sido vistas com razão como “pentecostais demais para os batistas e batistas demais para os pentecostais”; fomos chamados de “Pentebatistas” ou “Bapticostal”.

b. No entanto, o equilíbrio não tem sentido a menos que seja um equilíbrio bíblico. Não queremos encontrar um equilíbrio entre heresia e verdade.

2. Primeiro, devemos entender a questão. Praticamente nenhum cristão acredita que todos os dons cessaram na igreja hoje. Todos os cristãos acreditam que os dons de ensino e administração são dados e necessários na igreja hoje. São os dons de natureza milagrosa que estão em disputa.

a. Por isso, muitas pessoas dividem os dons em diferentes categorias: comunicativos, administrativos, milagrosos. Então, eles costumam dizer que os dons milagrosos morreram com os apóstolos ou quando o Novo Testamento se uniu. No entanto, é importante observar que tais divisões e categorias não são bíblicas. Em nenhum lugar qualquer escritor bíblico categoriza os dons dessa maneira, e depois diz que algumas categorias de dons permaneceram, mas outras cessaram.

b. Então, mais precisamente, a pergunta seria: “todos os dons do Espírito Santo são para hoje? Alguns deles não estão mais sendo dados por Deus?” Aqueles que ensinam contra os dons milagrosos do Espírito Santo definitivamente acreditam que têm o dom de ensinar, e acreditam que Deus ainda dá esse dom hoje.

3. O que a Bíblia diz sobre a continuação de todos os dons do Espírito?

a. Jesus fez uma promessa em Marcos 16:17-18: “Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados”.

i. Esta é uma promessa simples e direta, no contexto, dada àqueles que estão envolvidos na propagação do evangelho – eles serão imparáveis, e Deus usará até meios milagrosos para protegê-los e torná-los eficazes.

b. Atos 2:33,39: “Exaltado à direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vocês agora vêem e ouvem. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus chamar”. A promessa do Espírito Santo – especificamente incluindo dons milagrosos – é uma promessa feita a todas as gerações.

c. 1 Coríntios 14:12: Visto que estão ansiosos por terem dons espirituais, procurem crescer naqueles que trazem a edificação para a igreja. O propósito dos dons espirituais, mesmo dos dons milagrosos, é a edificação do corpo de Cristo e dos cristãos individuais; essa necessidade permanece até hoje.

d. O testemunho natural e consistente do Novo Testamento é que os dons milagrosos descritos no Novo Testamento não foram retratados. Ninguém com uma nova leitura das Escrituras poderia chegar a tal entendimento.

i. Não há indicação de que os dons milagrosos desapareceriam quando os apóstolos morressem.

ii. Não há distinção entre “dons de sinais” ou “dons milagrosos” e outros dons no Novo Testamento; eles vêm sempre e apenas como um pacote.

iii. Pouco se fala sobre a continuação de todos os dons porque foi dado entre os apóstolos. Alguém poderia perguntar: “Onde está a evidência bíblica de que alguém pode ser salvo além do tempo dos apóstolos?” Seria difícil encontrar um versículo conclusivo para refutar o argumento, porque foi simplesmente presumido.

4. Por que alguns cristãos acreditam que alguns dons do Espírito Santo não são mais dados por Deus hoje?

a. Eles têm uma compreensão errada da história e acreditam que, historicamente, os dons milagrosos realmente cessaram quando os apóstolos morreram (ou talvez até antes).

b. Eles têm um entendimento errado de 1 Coríntios 13:8, que diz que as línguas cessarão (explicado nas notas de 1 Coríntios 13).

c. Eles têm uma compreensão errada de Hebreus 2:3-4, que diz que Deus deu testemunho com sinais, maravilhas e vários milagres pelos dons do Espírito Santo. A ideia é que a única razão real pela qual milagres e dons foram dados foi para autenticar a revelação, e não há mais necessidade disso. Além disso, é explicado que havia três áreas principais de revelação (os tempos de Moisés, Elias e Eliseu e os tempos do Novo Testamento), e que, na maioria das vezes, os milagres só aconteciam porque Deus precisava autenticar a revelação.

i. Mas se os milagres aconteceram apenas em torno de certos momentos de revelação, então há uma quantidade substancial de revelação que não é explicada por milagres – tudo, desde Juízes até Cânticos de Salomão.

ii. Se os milagres autenticam a revelação, então estamos em apuros, porque falsos profetas podem e realizam milagres de autenticação (Êxodo 7:11-12, 7:22, 8:7, Deuteronômio 13:1-3 e 2 Tessalonicenses 2:9-10).

iii. O propósito primário dos milagres, especialmente como são vistos no Novo Testamento, não era autenticar os mensageiros de Deus, embora esse seja um propósito secundário. O propósito principal dos milagres era atender humildemente as necessidades das pessoas.

iv. Em Mateus 12:38-40, Jesus condenou aqueles que procuravam autenticar a revelação por meio de sinais milagrosos; Ele não lhes ofereceu outro sinal além de Sua própria ressurreição. Em João 2:18-19, Jesus forneceu um sinal milagroso para a busca: Sua ressurreição. Em João 6:29-36, após a alimentação dos 5.000, as pessoas seguiram Jesus apenas para receber mais pão milagroso, e Jesus os repreendeu por sua recusa em crer Nele e ver o que Jesus já havia feito. E em 1 Coríntios 1:22, quando Paulo observa que os judeus pedem um sinal, ele não quer dizer isso em um sentido positivo!

v. Os milagres são uma evidência insuficiente de revelação autêntica. Eles sempre podem ser explicados pelo coração incrédulo, e o coração incrédulo sempre pedirá mais milagres para “provar”. “Mesmo depois que Jesus fez todos aqueles sinais miraculosos, não creram nele.” (João 12:37).

vi. Concordamos que os milagres têm o propósito de impressionar os incrédulos e crentes com o poder de Deus, mas esse é claramente seu propósito secundário. Se esse fosse o propósito principal dos milagres, alguém poderia argumentar que, uma vez que temos a revelação completa da palavra de Deus, não precisaríamos mais de milagres para autenticar mais revelações.

d. Eles fazem uma aplicação errada da verdade de que coisas como falar em línguas têm contrapartidas demoníacas e não são exclusivas do cristianismo. Isso é certamente verdade e reconhecido pelas Escrituras; no entanto, a existência de uma falsificação tende a provar a existência do genuíno, e não a negá-lo.

5. A história do cristianismo demonstra que alguns dos dons passaram? Se sim, quando e como?

a. Embora a questão seja finalmente resolvida com o que a Bíblia diz, a voz da história também é convincente. Aqueles que acreditam que os dons milagrosos cessaram afirmam que o testemunho da história os apoia.

i. Por exemplo, John MacArthur escreve em seu livro: Os Carismáticos: “No segundo século, os apóstolos se foram e as coisas mudaram. Alva McClain disse: “Quando a igreja aparece no segundo século, a situação em relação ao milagroso é tão mudada que parece que estamos em outro mundo” … A era apostólica foi única e terminou. A história diz isso, Jesus diz isso, a teologia diz isso, e o próprio Novo Testamento atesta o fato.”

b. Mas a história tem outro testemunho, e se deixarmos a história falar, ela nos dirá. Clemente de Roma, Inácio, Justino Mártir, Irineu e Tertuliano falam da existência de dons milagrosos do Espírito Santo em seus próprios dias.

c. Na verdade, a ideia de que os dons milagrosos de Deus cessaram com os apóstolos não surgiu na igreja até meados do século IV (350 d.C. mais ou menos). Mais tarde, no final do século IV e na Idade Média, os dons teriam cessado, e certamente foram negligenciados. Mas esse não era o desejo de Deus. Foi o resultado de pessoas que se convenceram de que a operação sobrenatural do Espírito Santo era muito “perigosa” para a igreja institucional. Outros fatores também estiveram envolvidos. Mas se você fosse até um cristão em 250 d.C. e lhe dissesse: “Todos nós sabemos que os dons milagrosos cessaram com os apóstolos”, ele provavelmente lhe diria: “Você não sabe do que está falando”.

C. A diversidade e unidade dos dons do Espírito Santo.

1. (12-14) O fato da unidade: todos os crentes pertencem a uma unidade maior, o corpo de Jesus Cristo.

Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito. O corpo não é composto de um só membro, mas de muitos.

a. Todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpoPois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: A unidade “corporal” dos cristãos não é um objetivo a ser alcançado; é um fato a ser reconhecido. Paulo diz claramente que todos nós, em um só corpo todos nós fomos batizados.

i. Passagens como essa levaram muitos a considerar o batismo como uma espécie de “cerimônia de iniciação na comunidade dos cristãos”. Embora isso possa ser um aspecto do batismo, não é o ponto principal. A ideia principal por trás do batismo cristão é a identificação do crente – sua “imersão” em Jesus Cristo (Romanos 6:3-5). A ideia de que o batismo é principalmente a cerimônia de iniciação na igreja levou e reforçou ideias antibíblicas, como o batismo de crianças (sobre o pensamento, “quem quer excluí-las da igreja?”).

ii. Mas aqui, Paulo não tem em mente o batismo nas águas, tanto quanto, o batismo no Espírito: Pois em um só corpo todos nós fomos batizados. Paulo aqui está escrevendo sobre a “imersão” comum que todos os crentes têm no Espírito Santo e em Jesus, uma “imersão” comum que os traz em um corpo.

b. Um só corpo… Muitos membros: Paulo usa a brilhante ilustração do corpo humano para relatar o funcionamento da comunidade dos cristãos. Mesmo que cada célula do corpo humano esteja ligada por uma raiz comum (um código de DNA comum), as partes do nosso corpo (membros) parecem diferentes, são tratadas de maneira diferente, funcionam de maneira diferente e realizam propósitos diferentes. Mesmo assim, há uma grande diversidade no corpo de Jesus Cristo, tanto na aparência quanto na função, mas cada membro tem uma raiz comum e um objetivo comum.

c. Quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres: Por causa da dinâmica do “corpo”, as linhas divisórias criadas pelos cristãos coríntios eram estritamente artificiais. Judeu, grego, escravo, livre, não importava mais, porque todos estavam em só um corpo.

2. (15-20) Elaboração da ilustração de um corpo.

Se o pé disser: “Porque não sou mão, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. E se o ouvido disser: “Porque não sou olho, não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de fazer parte do corpo. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Se todo o corpo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs cada um dos membros no corpo, segundo a sua vontade. Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Assim, há muitos membros, mas um só corpo.

a. Se o pé disser: Se o sentisse ou declarasse não fazer parte do corpo porque não era uma mão, o pé seria tolo e equivocado. A diversidade não desqualifica uma pessoa do corpo.

i. Aqui, Paulo coloca a pergunta na boca daquele que se sente excluído do corpo. É como se alguns cristãos coríntios dissessem: “Eu não tenho esse dom espiritual. Acho que não faço parte do corpo de Jesus Cristo.” Afinal, mãos e olhos parecem mais importantes e mais “glamourosos” do que pés e orelhas. Assim, Paulo quer que esses cristãos que se sentiram excluídos saibam que são de fato membros do corpo, e sua sensação de que não são é tão tola quanto o ou a audição que se sente excluído.

ii. No entanto, o mesmo princípio pode ser declarado para aqueles que desejam excluir outros do corpo. Paulo poderia muito bem ter dito: “A mão não pode dizer que o pé não é do corpo porque não é uma mão”. Paulo quer que cristãos que possam excluir outros porque não apreciam seu lugar no corpo reconheçam o fato da unidade.

b. Se todo o corpo fosse olho, onde estaria a audição? Essa diversidade no corpo de Jesus Cristo não é apenas aceitável, é essencial. O corpo não pode funcionar corretamente se todos forem mãos ou se todos forem olhos. O corpo deve ter diferentes partes e dons, ou não funcionaria efetivamente como um corpo.

c. Segundo a sua vontade: Por que o pé é um pé, e a mão, uma mão? Porque agradou ao Designer fazê-lo assim. Assim, a mão não pode ter “orgulho” em ser uma mão, e o pé não pode ter “vergonha” em ser um pé. Cada um serve a vontade do Designer.

i. No design, vemos a sabedoria do Designer: todos tem algo; mas ninguém tem tudo.

3. (21-26) Continuação da elaboração, mostrando que as partes menos “glamourosas” do corpo são igualmente importantes.

O olho não pode dizer à mão: “Não preciso de você!” Nem a cabeça pode dizer aos pés: “Não preciso de vocês!” Pelo contrário, os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis, e os membros que pensamos serem menos honrosos, tratamos com especial honra. E os membros que em nós são indecorosos são tratados com decoro especial, enquanto os que em nós são decorosos não precisam ser tratados de maneira especial. Mas Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta, a fim de que não haja divisão no corpo, mas, sim, que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros. Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele.

a. O olho não pode dizer à mão: Agora Paulo escreve aos tentados ao orgulho e ao sentimento de superioridade por causa de seus dons ou lugar no corpo. Eles não podem dizer a essas partes: “Não preciso de você!”.

b. Os membros do corpo que parecem mais fracos são indispensáveis: Muitas vezes, consideramos uma parte do nosso corpo desnecessário ou de pouca importância, até que se machuque – então percebe o quão importante é! A mão ou o olho podem parecer ser mais importantes, e podem ter mais “glamour” em sua posição, mas não são mais necessários ou importantes do que outras partes do corpo.

c. Menos honrosos, tratamos com especial honra: As partes de nossos corpos normalmente cobertas por roupas são muitas vezes consideradas menos honrosos, mas damos-lhes especial honra vestindo-as com tanto cuidado.

i. Clarke sobre as partes menos honrosos: “Parece significar as vísceras principais, como coração, pulmões, estômago e canal intestinal. Estes, quando comparados com os braços e membros, são comparativamente fracos; e alguns deles, considerados em si mesmos, indecorosos e menos honrosos; no entanto, estes são mais essenciais à vida do que qualquer um dos outros.”

ii. Mesmo assim, Deus estruturou o corpo dando maior honra aos membros que dela tinham falta: Se alguém se sente um membro “oculto” ou “sem glamour” do corpo de Jesus Cristo, Deus sabe conceder-lhe honra.

d. A fim de que não haja divisão no corpo: Visto da perspectiva de Deus, com a ilustração do corpo, nunca há razão para divisão no corpo. Verifica-se o “orgulho” do membro “honrado”, assim como a “vergonha” do membro “menos honrado”.

e. Que todos os membros tenham igual cuidado uns pelos outros: o ponto teológico de Paulo sobre a natureza do corpo de Jesus Cristo agora tem uma aplicação muito prática. Os cristãos coríntios deveriam ter cuidado uns pelos outros porque todos fazem parte do mesmo corpo.

i. As partes do corpo trabalham juntas. Os olhos e os ouvidos não servem apenas a si mesmos, mas a todo o corpo. As mãos não apenas se alimentam e se defendem, mas todo o corpo. O coração não apenas fornece sangue para si mesmo, mas serve todo o corpo. Às vezes há uma parte do nosso corpo que só vive para servir a si mesmo. Não contribui em nada para o resto do corpo, e tudo o que obtém é usado para se alimentar e crescer. Chamamos isso de câncer.

ii. “Quero que cada membro desta igreja seja um obreiro. Não queremos zangões. Se há algum de vocês que quer comer e beber, e não fazer nada, há muitos lugares em outros lugares onde você pode fazê-lo; há bancos vazios em abundância; vá e encha-os, pois não queremos você. Todo cristão que não é uma abelha é uma vespa. As pessoas mais briguentas são as mais inúteis, e as mais felizes são as pacíficas, geralmente são as que mais fazem por Cristo”. (Spurgeon)

f. Igual cuidado uns pelos outros: Paulo poderia ter, e alguns hoje pensam que ele deveria, simplesmente sair e dizer “cuidado uns pelos outros” e ignoram o fundamento espiritualmente verdadeiro para tal cuidado. “Vamos, Paulo. Não nos incomode com teologia. Apenas nos diga o que fazer.” Mas Paulo quer mais do que um resultado dos cristãos coríntios; ele também quer que eles tenham compreensão. Ele também sabe que, em última análise, os melhores resultados são baseados na compreensão!

g. Quando um membro sofre: O cuidado uns pelos outros mencionado no versículo anterior é agora explicado. Significa ter um coração e simpatia por nossos companheiros, embora sejam diferentes.

4. (27-31) Deus distribui dons e chamados de acordo com Sua vontade.

Ora, vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente, é membro desse corpo. Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois os que realizam milagres, os que têm dom de curar, os que têm dom de prestar ajuda, os que têm dons de administração e os que falam diversas línguas. São todos apóstolos? São todos profetas? São todos mestres? Têm todos o dom de realizar milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em línguas? Todos interpretam? Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons. Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente.

a. Vocês são o corpo de Cristo, e cada um de vocês, individualmente: Paulo resume seu ponto anterior. Assim como o corpo humano é um todo unificado com muitas partes diferentes, também o é o corpo de Jesus Cristo. Agora Paulo vai escrever sobre as diferentes partes do corpo.

i. “Poderíamos chamar um olho, por causa de sua observação aguda de homens e coisas, e penetração em casos de consciência e mistérios Divinos. Outra mão, de seus laboriosos esforços na Igreja. Outro pé, de suas industriosas viagens para difundir o conhecimento de Cristo crucificado: e assim de outros.” (Clarke)

b. Apóstolos: Estes são “embaixadores especiais” da igreja. Paulo e outros em seus dias tinham uma autoridade apostólica única, que nunca será repetida porque o fundamento da igreja já foi estabelecido (Efésios 2:20). No entanto, Deus ainda tem Seus “embaixadores especiais” na igreja hoje, embora não com a mesma autoridade dos apóstolos originais.

c. Profetas: Estes são aqueles particularmente chamados a falar em nome de Deus com o dom de profecia. Havia uma autoridade única e fundamental para este dom também (Efésios 2:19-20). No entanto, Deus levanta aqueles para falar à igreja e ao mundo com uma bênção e poderes especiais.

i. No entanto, se alguém reivindicar ou receber o título de “profeta” hoje, que seja mantido no padrão de um profeta: 100% de precisão, em cada palavra (Deuteronômio 18:20-22).

d. Os que realizam milagres: Aqueles usados por Deus para fazer milagres. No entanto, o padrão bíblico é que os milagres sejam feitos por iniciativa do Espírito Santo, não por iniciativa do indivíduo.

e. Ajuda: Tem em mente aqueles que ajudam, ou auxiliam, outros na obra do Senhor. O termo foi usado no contexto judaico desta forma: “Os levitas foram denominados pelos talmudistas ajuda dos sacerdotes”. (Clarke)

i. Spurgeon sobre aqueles com o dom de prestar ajuda: “Me parece que eles não eram pessoas que tinham qualquer posição oficial, mas que eles eram apenas movidos pelo impulso natural e pela vida divina dentro deles para fazer qualquer coisa e tudo que pudesse ajudar qualquer mestre, pastor ou diácono na obra do Senhor. Eles são o tipo de irmãos que são úteis em qualquer lugar, que sempre podem tapar uma lacuna e que ficam muito felizes quando descobrem que podem se tornar úteis à igreja de Deus em qualquer capacidade”.

ii. No livro Pelegrino, de John Bunyan, “Ajuda” veio o cristão quando ele estava atolado no “Pântano do Desânimo”. Isso é muitas vezes quando o dom de ajuda é mais útil. “Querida, muito querida para nós, deve ser sempre a mão que nos ajudou a sair das profundezas da lama onde não havia apoio; e enquanto atribuímos toda a glória ao Deus da graça, não podemos deixar de amar mais afetuosamente o instrumento que ele enviou para ser o meio de nossa libertação. (Spurgeon)

iii. Spurgeon também descreve as qualidades de alguém que é eficaz no dom de prestar ajuda:

·Um coração terno para realmente se importar.

·Um olhar rápido para ver a necessidade.

·Um pé rápido para chegar aos necessitados.

·Um rosto amoroso para animá-los e abençoá-los.

·Um pé firme para não cair.

·Uma mão forte para segurar os necessitados.

·As costas curvadas para alcançar o homem.

iv. Um velho pregador puritano certa vez fez um grande sermão sobre este texto: E Bartolomeu (Mateus 10:3). Seu ponto era que Bartolomeu nunca é mencionado por ele mesmo, mas sempre com a frase e Bartolomeu. Sempre se fala dele em fazer algo de bom com outra pessoa. Ele nunca foi o líder, mas sempre um ajudante.

f. Falam todos em línguas? O significado claro de Paulo é que o dom de línguas não é para todo crente, assim como o dom de apóstolos, profetas, mestres, operação de milagres ou curas e assim por diante não é para todo crente. Grande dano foi causado na igreja ao promover línguas como necessárias para realmente viver como um cristão, ou como a evidência da presença do Espírito Santo. Isso fez com que muitos buscassem o dom de línguas, ou “falsificassem” o dom de línguas, muitas vezes apenas para assegurar a si mesmo ou aos outros que eles estão realmente cheios do Espírito.

i. Visto que línguas é um dom comunicativo, usado para falar com Deus, o dom de línguas deve ser desejado quando o indivíduo sente falta de sua capacidade de se comunicar com Deus. Quando alguém se sente impedido em sua capacidade de falar com Deus usando sua linguagem, pode e deve pedir a Deus o poder de se comunicar com Deus em uma linguagem que Ele entende, mas que supera sua compreensão. Se alguém se sente satisfeito com sua capacidade de se comunicar com Deus, não há realmente necessidade do dom de línguas, e não deve ser desejado até que se queira uma comunicação com Deus que vá além do entendimento.

g. Busquem com dedicação os melhores dons: Embora o Espírito Santo dê os dons, é bom e apropriado para nós desejá-los e pedi-los, tudo em submissão ao plano de Deus.

h. Paulo explicará um caminho ainda mais excelente em 1 Coríntios 13, com foco no amor, não nos dons em si. As dádivas são apenas maneiras pelas quais podemos expressar e receber amor de Deus e amor uns pelos outros. Eles são os “recipientes”, e o que está no recipiente – o amor – é muito mais importante. “Uma loja cheia de barris não enriquece, a menos que esteja cheia de mercadorias.” (Trapp)

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